quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

22 de dezembro


Gente, 22 de dezembro e o trabalho ainda come solto por aqui. É um tal de entrevistar, escrever texto, atualizar site, criar notinha, sair para reunião de prospecção, editar boletim de notícias de tecnologia, enviar email das estreias teatrais de janeiro.... ufa!

Mal temos tempo de olhar para o lado, tomar um cafezinho. O bicho pegou neste final de ano, graças a Deus, que é preciso agradecer mesmo quando se tem trabalho. Trabalho gostoso e equipe unida e criativa - formada por talentos individuais, pessoas do bem, de bom coração, mente aberta, personalidade leve e divertida. Uma combinação saborosa para a receita de trajetória bem-sucedida de uma assessoria de imprensa cada vez mais comprometida com valores humanos.

A proposta é trabalhar com felicidade, mesmo nos momentos difíceis – que não são poucos - conseguindo fazer do cotidiano uma experiência mais prazerosa (ou menos dolorida) para todos. Algumas dessas lições foram aprendidas com meu pai, um cara querido por muita gente.

Ao longo dos anos, de tanto bater a cabeça, a gente vai acumulando conhecimento e sabedoria com todas as aventuras passadas. E conviver é bem difícil, sim. Mas vale experimentar essa espécie de arte onde somos aprendizes e, ao mesmo tempo, mestres. Doce ofício diário da convivência.

Bom, pessoal, arrumei 10 minutinhos para estes pensamentos, vamos encerrar o dia agora, voltando em 3 de janeiro de 2012. Lindos, aproveitem para descansar e um caminhãozinho carregado de muita energia positiva pra vocês e suas famílias!

Beijo da Fê Teixeira

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Arteplural deseja um Feliz Natal e um 2012 repleto de alegrias, saúde e muita harmonia!

 

É o que nós desejamos a você, família e amigos!

Fernanda Teixeira, Adriana Balsanelli, Douglas Picchetti, Helô Cintra, Renato Fernandes, Sandra Polaquini e Nair Teixeira.

E Dudu, nosso Cachorro!

Para cartão de natal 2012

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Mundo das ideias


Ando pela vida prestando atenção em tudo, distraída com detalhes. Rego ideias para projetos de trabalho, viagens, simples mudanças, livros que um dia lançarei.  Embaixo do chuveiro, no balcão da loja, deitada olhando o teto. Hipnotizo-me por situações diversas, pelo jeito cuidadoso do vendedor fazer o pacote, as mãos delicadas, dobrar o produto, cortar os frios, embrulhar o presente. Deito os olhos nas imagens selecionadas e as congelo em instantes quilométricos. Prazer que poderia durar mais que os poucos minutos de seu tempo real. Saio do pensamento satisfeita, extasiada.



Ando pela vida prestando atenção no geral e apertando o desligar. Costumo não seguir nem ser seguida por nenhum carro quando estou na direção. Perco o rumo e erro o caminho algumas vezes. Músicas conduzem pensamentos para lugares desconhecidos. Retomo a trajetória sem problema, que esse mundo é muito rico em personagens e histórias para contar. Ligo o gravador e registro o que é para lembrar e esquecer.



Ando por aí sem reparar quando a faxineira troca os tapetinhos limpos da cozinha sem necessidade. Também deixo de colocar água no vaso de flores lindas. Das próximas vezes, vou colar bilhetinhos para mim mesma, que não gosto de planta morrendo. Sem falar nos comprovantes de estacionamento que a gente nunca sabe em que bolso ou lugar da bolsa guardou e acaba por confundir com extratos bancários na hora de pagar. As chaves do carro, os documentos. Meu Deus, onde estão?



Sigo vivendo assim. Os quadros da minha casa moram no chão, escovo os dentes de meu cachorro diariamente, vou ao cinema para alimentar a alma, escuto música bem alto quando acordo, leio três páginas de qualquer livro antes de dormir, danço em frente ao espelho para acalmar o coração, me escondo debaixo da mesa ou atrás de portas para surpreender quem chega, acendo a luz durante o almoço na casa de minha mãe, faço desfiles de moda com meus sobrinhos. Gosto de alcachofra, pipoca e Coca-Cola. De lugar arejado, sol, mar, praia, piscina, sorvete, de andar de avião, do mês de janeiro em São Paulo, de andar de moto e pegar onda, do calçadão de Ipanema.



Distraída e alerta, prossigo prestando atenção em pequenos prazeres cotidianos. Só não pergunte se notei a cor do sofá da sala da minha analista.



(Fernanda Teixeira)

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Em seu quarto Nelson Rodrigues, Grupo Gattu provoca amor à primeira visita



SÃO PAULO – Com 10 anos de intensas atividades, desde sempre sob a direção da culta e talentosa Eloisa Vitz,  mestra na arte paradoxal de mesclar cartesianismo  e os devaneios da paixão, o Grupo Gattu (sobrinho involuntário do tiozão  TAPA) comemora sua 11ª encenação (a quarta de textos rodriguianos com A Serpente).
Com bom conceito por parte de um setor da crítica (o mais antenado) e de um público fiel (ainda reduzido, como nos tempos heróicos do TAPA ), a jovem diretora e sua numerosa e  empenhada equipe não conseguem esconder a perplexidade. Motivo: a “classe teatral” teima em se manter alheia aos belos frutos da rotina de 30 horas semanais de preparo das técnicas teatrais a que o conjunto se impôs nesse tempo todo de caminhada.
Para enfrentar os desafios da modernidade de encenação de um texto, o Grupo continua dedicando-se  às técnicas corporais, da dança, da voz, do canto, da música, das artes plásticas e agora, para A Serpente,  também da yôga e da circense corda bamba .
Fica, então, a critério de cada um do meio teatral aliviar essa constrangedora situação, alimentada, talvez, pela serpente do ciúme para com os  eleitos das musas.
A Serpente causa taquicardia e vertigens
Nelson Rodrigues escreveu A Serpente dois anos antes de falecer, com aquela postura narrativa hiperbólica que durante toda a vida o precipitou no redemoinho das polêmicas. Os personagens rodrigueanos invariavelmente espelhavam o avesso da classe média, segundo ele, mentirosa, dissimulada, preconceituosa, de erotismo voluptuoso além das religiões e do bom senso, um poço de defeitos, enfim.

Podemos não concordar totalmente com o autor na visão apocalíptica da realidade, colocada no palco com palavras candentes, diálogos lapídeos (que remetem à natureza da pedra) e ação vertiginosa serpenteando por vários locais com a leveza do cinema. Mas temos que reconhecer, aplaudir e reverenciar seu colossal instinto cênico. Nenhum autor, desde então, conseguiu tamanha e perene façanha no imaginário do brasileiro com o mínimo de informação cultural.
Deixemos o enredo por conta das surpresas contundentes  armadas  pelo próprio autor. Podemos adiantar que a direção de Eloisa Vitz consegue a façanha de tornar aquela sucessão de corpos que se atracam (não há poesia no sexo da mente rodrigueana) em pulsante estética de grandeza trágica, apolínea. O realismo fantástico perseguido confessadamente pela diretora é emoldurado por iluminação de cores sombrias e música pesada, com um grande achado: o do cenário móvel de escadas tortuosas, que obriga os atores a representar caminhando perigosamente como se fosse em corda bamba, daí a sensação de  vertigem provocada no público.Há ainda momentos de belíssimos efeitos  dramáticos com a alternância do ritmo  dos movimentos dos  personagens em confronto físico.

No reduzido elenco, na pele de Ligia, a irmã casada virgem, brilha Daniela Rocha Rosa, de perturbadora  sensualidade e  assustadora entrega aos descaminhos eróticos, nessa que marcou a derradeira transgressora da antológica galeria  feminina rodrigueana.

Não menos intensos são os desempenhos da Eloisa Vitz (a irmã bem casada) e de Elam Lima (de Boca de Ouro, onde foi impressionante na medida da imaginação desmesurada de Nelson Rodrigues,  penúltima montagem do Gattu). Diogo Pasquim (o marido falsamente impotente) e Laura Vidotto (a empregada crioula das “ventas triunfais”) também se entregam às coreografias eróticas com aquele equilíbrio que se espera dos bons fingidores, que ambos são.
Parafraseando Maria Lúcia Candeias, nossa colega de site e a crítica mais constante nas estreias, diante do que lhe parece deslumbrante vindo de um palco:  é conhecer o Gattu e  “morrer de paixão”
SERVIÇO:
A SERPENTE / Teatro Gil Vicente (dentro da Uniban) / Avenida Rudge, 315, Campos Elíseos/ fone 3618-9014/155 lugares / sábado 21 h e domingo 20h/ R$ 30,00/ 70 minutos/ 16 anos/ até 18 de dezembro. Sobre estacionamento ao lado informar-se na portaria da  Uniban  ou pelo telefone a partir de 2 horas antes da sessão.

Por Afonso Gentil, especial para o Aplauso Brasil

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

As histórias de Regina

Perdi o medo de ir ao dentista, é fato. Não sofro mais do mal-estar em deixar alguém enfiar a mão, algodões e todos aqueles instrumentos – motorizados ou não – dentro da minha boca. Já não me apavoro com a possibilidade iminente de ter um treco, morrer asfixiada na hora de moldar, a massa entre os dentes, primeiro a parte de cima e, ufa, ainda tem a parte debaixo, aquela ânsia de vômito.

A rotina mudou quando comecei a freqüentar o consultório da Dra. Regina Hitomi, pertinho de casa, sétimo andar de um prédio da alameda Santos. Indiquei-a para vários amigos – minha professora de inglês Lica e o Douglas, da Arteplural. Porque ela trabalha com uma equipe de mulheres muito engraçadas - e com histórias sempre divertidas para contar – passei a chamá-las de “as dentistas”.

De ascendência oriental, formada pela USP, Regina é a alma do consultório, sempre bem-humorada, vai cutucando o dente e a pessoa na cadeira nem sente. Parece tudo fácil, mecânico. A verdade é que doutora Regina é fera, um capricho danado em todos os procedimentos. Louca por dentes, tem um mini museu na sala de espera, com dentaduras, moldes, instrumentos, injeções de anestesia do tempo em que eu era criança.

Provando uma obturação definitiva, outro dia me afoguei experimentando a peça que, de repente, escapou e escorreu pela garganta. Sorte a minha estar deitada e não sentada na cadeira, dei um pulo, tossi, tossi, até conseguir cuspir longe o negócio e a chavinha de parafuso, não sem antes puxar todo o ar possível a fim de evitar a morte súbita no dentista. Exagerada.

Entre as histórias interessantes que escuto na cadeira, sem poder responder, estão curiosidades como ficar sabendo que, depois da Segunda Guerra, para evitar a falência os sócios de uma indústria na Inglaterra criaram um tecido inovador, diferente de tudo o que existia até então. O negócio deu tão certo que os irmãos resolveram ganhar o mercado americano, abrindo uma filial nos Estados Unidos, em Nova York. Nascia o nylon, batizado com esse nome por conta da divisão das sílabas remeter a Nova York e Londres. Ny e Lon.

Ir ao dentista ficou interessante mesmo. Regina sempre tira da cartola a história relacionada a um de seus pacientes. Sabia que o zíper foi inventado no Japão? No começo, seus próprios criadores não botavam muita fé no sucesso, aceitação do novo produto. Temiam que fosse machucar as pessoas, pegando a pele, os pêlos. Mal sabiam eles que a YKK hoje é uma das maiores fabricantes de zíper do mundo, ainda pertencente à família Chaccur.

 
As dentistas são alegres e simpáticas. Gostam de dar e receber presentes. Assim, sempre que temos cortesias para peças de teatro, não hesito em convidá-las. Todas aceitam. Carinhosas, fazem questão de retribuir. No Inverno, Dra. Dani confeccionou de presente para mim dois lindos cachecóis, e ganhei da Regina uma planta linda.

(Fernanda Teixeira) 

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

MAIS DE VINTE ANOS DE CARREIRA MAIS DE VINTE PRÊMIOS!!!




É o caso de Gabriel Villela. A maioria deles referentes às suas em geral brilhantes encenações, como essa atual “Hécuba” de Eurípedes,mas há outros que premiam suas atuações como cenógrafo ou como figurinista. Essa amplitude de conhecimento talvez explique os fantásticos acertos dessa extraordinária tragédia grega, do século V a.C., em cartaz no Teatro Vivo, que no seu comando enche os olhos, ouvidos e o coração. Pessoas mais tocadas por essa experiência como eu, provavelmente terão momentos em que julgam estar diante de um coro grego original.

Vários motivos: coro extremamente afinado. Canções desconhecidas e bonitas, em língua diferente (não se parecem com as da Umbanda paulista), mérito também de Babaya e Ernani Maletta. Máscaras e adereços de Shicó do Mamulengo, Giovanna Vilela e José Rosa. Figurinos deslumbrantes utilizando tecidos que não se tem certeza se são africanos ou orientais (o diretor).

Como se isso fosse pouco, os atores cantores arrasam. Destacam-se aqueles que incorporam as principais personagens. Walderez de Barros continua com tudo em cima, mas a rodeiam jovens muito talentosos e promissores: é o caso de Nábia Vilela (linda, voz excelente) e Luiz Araújo que se encarregam dos filhos de Hécuba. Todos dão conta do recado incluso os menos jovens como Léo Diniz, Fernando Neves e Flávio Tolezani.

Vale destacar ainda a cenografia, assinada por Márcio Vinícius, de super bom gosto, discreta e totalmente funcional. Nota dez.

Por tudo o que foi dito, é pra lá de imperdível.

Não deixe de ver.

Maria Lúcia Candeias
                                                 Doutora em teatro pela USP
                                                 Livre Docente pela Unicamp

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Visitas inesperadas


Minha avó Carmen veio me visitar ontem à noite, de madrugada me acordou, olhos de um azul suave  como as tardes carinhosas do começo do Verão. Os dentes branquinhos, descortinou uma saudade de coisas que nao vivi. Nada disse, sorriu, depois foi embora como chegou, devagarinho. Restou um perfume de violeta e a lembrança de sua pele chocolate,  cor de índio.

Assim que partiu, avistei longe uma paisagem de felicidade. Fiquei com a sensação reconfortante  do reencontro com alguém com quem não tive  tempo suficiente de conviver. Agora sei como eram fortes aqueles sentimentos. Eu e meus irmaos costumávamos brincar nos fins de semana no imenso quintal da casa dela e do vovô Jayme, na rua Fernando de Albuquerque, entre Augusta e Haddock Lobo.

Éramos  muito pequenos, sempre no jardim, atrás de uns bichinhos minúsculos que nunca mais vi, espécie de tatu-bola, que meu primo mais velho gostava de matar colocando fogo em todos amontoados, apenas pelo sádico prazer de ver minha prima chorar de dó.

No porta-retrato, a foto em branco e preto amarelada guarda instantes iguais a esses no casarão dos meus avós - meu pai elegante,  calça de alfaiataria; minha mãe lindíssima, sorridente, cabelo Chanel castanho escuro, uma saia bem cortada. Gosto de ter  fotografias antigas e escuras na  minha nova casa cheia de luz. Elas trazem surpresas, convidam visitas queridas como a da minha avó Carmen.  Hoje vou dormir cedo, torcendo para abrir a porta do apartamento e me surpreender com as piadas de meu pai, que foi um grande e ingênuo gozador. 

Agora, licença, vou pegar a bolsa que tenho que ir.


quarta-feira, 16 de novembro de 2011

NOVA AUTORA SURPREENDENTE!



Está em cartaz o espetáculo “Salvo em Rascunho”, primeiro texto da jovem Tatiana Ribeiro, no  Viga Espaço Cênico, na rua Capote Valente, travessa da Doutor Arnaldo. Baseando-se em autores famosos como Oscar Wilde entre outros, ela construiu uma peça em que três moças (ela, Bebel Ribeiro e Cica Carvalho)  conversam delicadamente e muitas vezes com humor, sobre a decepção de ter crescido.  A perda das ilusões dos adolescentes que acreditam que atingirão a felicidade assim que virarem adultos e donos de seus próprios narizes.

É difícil entender que a vida é composta de momentos de extrema felicidade e outros de muita alegria, mas que nada é constante, absoluto,  nem eterno. Creio que a peça capta com brilho aspectos que englobam todos nós, homens, mulheres, crianças e velhos.  Elas estarão em cartaz por mais duas semanas, se não prorrogarem a temporada nem re-estrearem noutro teatro. Não deixe de ver. Ainda mais que foram guiadas por Carlos Meceni que as dirige de modo extremamente singelo e de muito bom gosto, ocupando com a competência de anos de profissão, um palco complicado porque muito pequeno.

É um espetáculo tocante e que envolve totalmente a platéia.
                          
 Maria Lúcia Candeias
                           Doutora em teatro pela USP
                          Livre Docente pela Unicamp

VINTE E UM ANOS, MUITOS APLAUSOS E GARGALHADAS



A Cia Razões Inversas comemorou seus 21 anos com novo espetáculo  “A Ilusão Cômica” que já saiu de cartaz no CCBB e também com esse maior sucesso do grupo desde 1990 – imperdível até pra quem já assistiu – “A Bilha Quebrada”,  do pré-romântico alemão Heirich Von Kleist, encenada pela primeira vez em 1811. É de morrer de rir, mostrando-nos que depois de tantos anos, continua muito atual. A direção é assinada por Márcio Aurélio, criador do grupo e de suas montagens, o encenador mais premiado de sua geração (Mambembe, Molière que já não existem mais, assim como APCA e Shell entre outros).

Ele sempre soube selecionar os atores (muitos dos quais ex-alunos seus na Unicamp e os dessa peça não são exceção: Seu elenco constante (Joca Andreazza e Paulo Marcello) e além deles, Antônio de Campos, Lavínia Pannunzio, Maria Stella Tobar e Regina França, assim como os menos conhecidos, Gonzaga Pedrosa, Júlio Machado e Renata Araujo. Todos arrasando em seus papéis pra lá de divertidos.

Márcio assina ainda cenário, figurinos ( auxiliado em detalhes por Helô Cardoso) e iluminação. Você poderá ter o prazer de vê-los em cena no Espaço dos Parlapatões até dezembro, e no próximo ano, o grupo porá em cartaz no mesmo teatro, outros sucessos como “Agreste” e “Anatomia Frozen” que voltam depois de terem recebido inúmeros prêmios.

Não perca tempo, sugiro que vejam todos.

                                             Maria Lúcia Candeias
                                             Doutora em teatro pela USP
                                              Livre-Docente pela Unicamp

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Loyola Brandao

Ignácio de Loyola Brandão bate papo com público de O Menino que Vendia Palavras na última sessão da peça no Frei Caneca     Para comemorar o final da temporada do espetáculo protagonizado por Eduardo Moscovis,  a produção convidou Ignácio de Loyola Brandão  para um bate papo com o público depois da sessão do dia 19 de novembro, domingo, 16 horas, no Teatro Shopping Frei Caneca. O escritor é autor do livro O Menino que Vendia Palavras ( vencedor do prêmio Jabuti de 2008), no qual a peça é baseada.  

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

MAMMA MIA! faz 1 ano em cartaz
amanhã, sexta, dia 11 de novembro


Mais de US$ 2 bilhões de bilheteria no mundo inteiro e acima de 42 milhões de espectadores,  MAMMA MIA!, também faz carreira no Brasil. Em cartaz no Teatro Abril até 18 de dezembro. E não volta mais! As talentosas Andrezza Massei e Rachel Ripani dão um show ao lado do brilhante elenco que conta com as protagonistas Kiara Sasso, Pati Amoroso, Saulo Vasconcelos, Cleto Bacic, Thiago Machado e Carlos Arruza, em um elenco de mais de 30 atores e músicos.

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

COMÉDIA COM C MAIÚSCULO



A comédia aqui em São Paulo é uma evolução do teatro de revista, que é praticado a partir das farsas. Por essa razão, grande parte dos atores conhecem (desde o TBC) bem as técnicas do teatro ridículo e ignoram as interpretações que não sejam satíricas. Quem me explicou isso foi Wolney de Assis (ator, diretor e professor de teatro) lá pela década de 80. Mas as coisas continuam iguais na maioria das vezes. Não é o caso das encenadas pelo grupo TAPA e nem de “O Libertino” de Eric-Emmanuel Shimidtt, dirigida com extrema competência por Jô Soares, em cartaz no Cultura Artística Itaim de quinta a domingo, o que a torna simplesmente imperdível.

O elenco, composto por dois atores e quatro atrizes está com tudo em cima, principalmente Luiza Lemmertz (filha da Júlia e neta da Lilian) e Luciana Carnieli. Mas quem está arrasando como protagonista é Cássio Scapin. Imagine que ele é Diderot, um dos filósofos da ilustração francesa que alterna frases filosóficas e orgias divertidas, tudo isso ficcional. Parece que ele foi um conquistador, mas a peça foi escrita sem se ater a fatos reais.

Além dessas qualidades, a iluminação é do campeão Maneco Quinderé, os figurinos são do premiadíssimo Fábio Namatame, o ótimo cenário é de Chriz Aizner e música adequadíssima de Eduardo Queiroz. Uma comédia muito engraçada e sem baixarias.
                         
Maria Lúcia Candeias
Doutora em teatro pela USP
Livre Docente pela UNICAMP

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Reunião de pauta

Esta semana tem estreia de Cidade, do grupo de dança OMSTRAB, na quinta, na Galeria Olido. A SERPENTE, pelo Grupo Gattu (Daniela Rocha e Eloisa Vitz), estreia dia 5 de novembro. Já vimos ensaio e é de arrepiar, bem sensual! No Gil Vicente, para admiradores de Nelson Rodrigues e público que gosta de BOM teatro.

Hoje tem o esperado ensaio do espetáculo HÉCUBA, tragédia grega de Eurípedes, pela ...lente de Gabriel Villela, com Walderez de Barros, Nábia Villela, Leo Diniz, Flávio Tolezani, grande elenco. Amanhã veremos ensaio de ÁGUA, com João Paulo Lorenzon, peça que traça paralelo entre afogamento e amor. De tirar o fôlego. Estreia dia 12 de novembro.

A semana agitada tem matéria nos bastidores do musical Mamma Mia!, que termina temporada em breve, sem volta, depois de um ano em cartaz no Teatro Abril, com Saulo Vasconcelos, Kiara Sasso, Rachel Ripani, Andrezza Massei, ao todo 30 atores + orquestra no palco. Com Mira Haar e Carlinhos Moreno, Florilégio continua fazendo carreira, no Museu da Casa Brasileira, sábados e domingos.

Os Fofos voltaram com a estonteante Assombrações do Recife Velho, de Newton Moreno. Literalmente uma viagem, espetáculo itinerante, no Espaço dos Fofos. Du Moscovis segue com seu Menino que Vendia Palavras, no Frei Caneca, aos sábados e domingos. No Teatro das Artes, no Shopping Eldorado, tem Estranho Casal, com Carmo Dalla Vecchia, que gravou para o site do Cesar Giobbi no fim de semana.

A semana segue recheada com papo com As Graças e a turma da Serpente Verde, Sabor Maçã - a diretora Lavínia Pannunzio e a atriz e produtora Angela Figueiredo, mulher do titã Branco Melo, que assina a trilha da peça (em cartaz no Espaço dos Parlapatões).

Fernanda Teixeira

sábado, 8 de outubro de 2011

O Beijo, com Cia Nova Danca 4

TEMPORADA CIA NOVA DANÇA 4 0
SESC Pompeia

A Cia. Nova Dança 4 nasceu no Estúdio Nova Dança, em São Paulo em 1996, fruto da parceria entre Cristiane Paoli Quito (direção) e Tica Lemos (pensamento corporal). Essa união deu origem a uma forma de pensamento cênico concretizado em 25 criações, entre espetáculos e performances. A essência do espetáculo está no corpo do intérprete, matéria-prima da dramaturgia cênica. Entre 2008 e 2010 a companhia realizou a Trilogia Influência, composta por “Influência, primeiros estudos” (2008), “O Beijo” (2009) e “Tráfego” (2010). Do mergulho em gêneros teatrais, cinema e literatura, emergiu a dança. A Trilogia rendeu indicação ao Prêmio Bravo 2009 pelo espetáculo "O Beijo" e o Prêmio Governador Estado de São Paulo 2010 em sua totalidade.
espetáculos
Dia(s) 08/10, 09/10, 15/10, 16/10, 29/10, 30/10, 12/11, 13/11, 19/11, 20/11 Sábados, às 21h. Domingo, às 19h.
Segundo movimento da trilogia Influência, O Beijo foi criado a partir de textos literários e teatrais de autores como Sa... [leia mais]

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Peças divulgadas pela Arteplural

1. CRÔNICA DA CASA ASSASSINADA, com Xuxa Lopes, dir Gabriel Villela

2. ESTRANHO CASAL, com Carma Dalla Vecchia, dir Celso Nunes

3.O MENINO QUE VENDIA PALAVRAS, com Du Moscovis

4. MAMMA MIA!, musical 30 c/ 30 atores, Teatro Abril.

5. SERPENTE VERDE SABOR MAÇÂ, com Lulu Pavarin, dir Lavínia Pannunzio

6. O BOSQUE, dir Alvise Camozzi, CCBB

7. O BEIJO, Cia Nova Dança 4, dir Cristiane Paoli-Quito, Sesc Pompeia

8. MEU TRABALHO É UM PARTO, com Veriadiana Toledo

9. SEM CONCERTO, com Circo Amarillo, dir Carla Candiotto

10. E O VENTO NÃO LEVOU, com Isser Korik, dir Roberto Lage, Parlapatões

11. PALAVRA DE MULHER, T. Cleyde Yáconis

12. DESCONHECIDOS, direção Gus Machado, Teatro Ruth Escobar

13. AS FEIOSAS - dir Marília Toledo, Teatro Eva Herz

14. 12 Homens e uma Sentença - dir Eduardo Tolentino, Tuca Arena

Vem aí:

1. ASSOMBRAÇÕES DO RECIFE VELHO - c/ Os Fofos, dia 14

2. JOÃO E O PÉ DE FEIJÃO - c/ Circo Mínimo, dir Carla Candiotto, dia 15

3. A SERPENTE – de Nelson Rodrigues, c/ Grupo Gattu, Teatro Gil Vicente, dia 5/11

4. ÁGUA – c/ João Paulo Lorenzon, dia 12/11

5. HÉCUBA – c/ Walderez de Barros, dir Gabriel Villela, Teatro Vivo, dia 18/11

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

terça-feira, 23 de agosto de 2011

DIREÇÃO DO LAGE? SEMPRE É BOM ASSISTIR


Com direção de Roberto Lage (prêmios: Molière, APCA e APETESP) está em cartaz “Espartilho” que merece ser visto porque é obra de dois profissionais super competentes: dele e de José Antônio de Souza, autor de muitas peças, sendo a mais famosa “Cantos Peregrinos.”
O texto é interessante porque foca um encontro de casal em plenos anos 50, (época em que a virgindade era a virtude obrigatória) com um romantismo e delicadeza, dificilmente encontrados nos dias de hoje. Mas não se pense que por isso a forma seja antiquada, a peça é tão aberta que pode ser realista, fantasia da personagem feminina ou da masculina.


O casal de atores – Dani Mustafci e Fábio Ock – está arrasando e consegue envolver totalmente a platéia. Além de todas essas qualidades, a trilha sonora de Aline Meyer traz raridades cantadas por Elvis Presley, a preparação de atores leva a assinatura de Renata Zhaneta , Wagner Freire comanda a luz, Heron Medeiros o cenário e Luciano Ferrari os trajes.
Por essas e outras é melhor reservar logo o ingresso, porque eles estão em cartaz no Espaço Parlapatões, aos sábados (21hs) e domingos (20hs), que não é tão grande assim. É imperdível.


Maria Lúcia Candeias
Doutora em teatro pela USP
Livre Docente pela UNICAMP

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Teatro é boa parte de nossas vidas

Veja no www.artepluralweb.com.br e escolha o que quer ver. Tem, adulto, infantil, musical, comédia, drama e as novidades que vem por aí.

Crônica da Casa Assassinada (direção Gabriel Villela, com Xuxa Lopes e grande elenco - 4 indicações poara o prêmio Shell), A Serpente Verde-Sabor Maçã (direção Lavinia Pannunzzio, produção Angela Figueiredfo, música de Branco Mello, com Lulu Pavarin), Palavra de Mulher, (direção de Fernando Cardozo, Mesa 2, com Virgínia Rosa, Lucinha Lins), Depois Daquela Viagem (produção de Roseli Tardelli, texto de Dib Carneiro Neto), Sonho de um Homem Ridículo (com Celso Frateschi), Cia Nova Dança (de Cristane Paoli-Quito), O Bosque (de Alvise Camozzi), Desconhecidos (direção de Gustavo Machado), 12 Homens e 1 Sentença (direção e Eduardo Tolentino), O Silêncio em Apuros, Sem Concerto (direção de Débora Dubois), TeatroStageFest (Os Órfãos, Bob Sanábria e Limón Dance Company).


Memória da Cana (com Os Fofos Encebam, direção e autoria de Newton Moreno), Um Porto para Elizabeth Bishop (com Regina Braga, direção de Possi Neto, texto de Marta Goes), Mamma Mia! (produção t4f, com Kiara Sasso, Rachel Ripani, Saulo Vasconcelos e grande elenco), As Feiosas (direção de Marilia Toledo, com Veridiana Toledo e Marcelo Galdino), Espartilho, O Contrato, As Eruditas, Meu Trabalho é um Parto, Sonho de um Homem Ridículo, Anjo de Pedra (de Tennessee Williams).



domingo, 14 de agosto de 2011

Homenagem ao meu pai

Porque hoje é Dia dos Pais, resolvi publicar novamente texto de 2007 sobre meu pai, que morreu em setembro de 2002, dez dias antes de fazer aiversário, e até hoje é presença constante no coração e no pensamento,. um grande cara na minha vida.


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Recebi a notícia mais triste da minha vida em setembro de 2002, no dia 8, a 10 dias de seu aniversário. Era uma tarde cinzenta e chuvosa, domingo fatídico aquele. Na UTI do Hospital Oswaldo Cruz, eu e meus irmãos abraçados, a dor na alma e na carne, como se alguém tivesse arrancado nossos corações pela garganta, nos sufocando. Durante muitos anos lutei para apagar da memória essas imagens, visíveis mesmo de olhos bem fechados.


Depois de cinco anos, hoje lido melhor com recordações e não passa um dia sequer sem que me lembre dele. O sorriso doce, os olhos meigos, o jeito brincalhão, sempre pronto para fazer uma graça, soltar uma piadinha. Daí tomei coragem e resolvi escrever este texto para me lembrar cada vez mais, me certificar de que jamais esquecerei sua voz, mesmo que não a tenha gravada na caixa postal do meu celular, como várias vezes pensei em fazer com as mensagens deixadas por ele.Engenheiro, sublimou o talento para o desenho mas não perdeu a sensibilidade.


Lia o jornal toda manhã, sem perder as tirinhas de Hagar, o Horrível, o adorável viking do cartunista Dick Browne. Lembro dele deitado depois do almoço, na sala de som, escutando música, de preferência um Paulinho da Viola, Clara Nunes, porque o cara tinha bom gosto musical. Ou tomando um uisquinho para relaxar depois do trabalho, passeando com o cachorro que ele me deu - mas que escolheu ele como dono.


Lembro dele com cara de gaiato, sempre tentando uma pegadinha, dando gargalhadas com O Gordo e o Magro, com o humor ingênuo do trio mais biruta da TV, Os Três Patetas, e com o desenho animado Pink Panther, a pantera magra e desengonçada, apelido depois dado por mim e pelo Beto ao nosso irmão do meio.

Companheiro da minha mãe por mais de 50 anos, com ele, aprendi a ser mais paciente, menos intransigente. De herança, ele também deixou a força para vencer os vários desafios: a perna quebrada em acidente quando ainda era garoto, a internação em Campos do Jordão para tratar a tuberculose adquirida na fábrica de lâmpadas onde trabalhava, o câncer de próstata, a osteoporose na coluna... O cara era forte como uma rocha, o são-paulino que escutava futebol pela Jovem Pan e acordava a casa toda pela manhã com a famosa vinheta da rádio “vambora, vambora, tá na hora, tá na hora...”


Deu duro a vida inteira e quando se aposentou abriu um negócio. Quando não deu mais, foi administrar a Arteplural. E eu, influenciada por seu espírito moderno, entre o Jornalismo e o Direito, escolhi o primeiro. Por isso, dedico a ele cada dia de trabalho com bom humor e brindo vida longa à Arteplural.É muita história pra colecionar. O passeio de ônibus por Copacabana quando moramos no Rio, os pacotes de biscoitos devorados logo depois do jantar.


A emoção da primeira vez que o homem pisou na Lua, a farra com a vitória da seleção da Copa de 70 pelas ruas do bairro, ele dirigindo nosso primeiro Fusca. Os tanques de Guerra na porta de casa, em frente ao quartel da Manoel da Nóbrega em 64, a estranheza ao ver fotos de amigos da família procurados como “subversivos” em cartazes na padaria. O governo militar e a inocência de meus irmãos marchando como os soldados.


E hoje, ele dando cambalhotas no sonho do Flávio ou atendendo o telefone na casa da minha mãe, desta vez no meu sonho, e dizendo para eu não me preocupar que ele estava cuidando direitinho dela. O orgulho de ter o mesmo nome, ter nascido no dia 18. Meu pai era uma figura e eu aproveitei bastante o tempo que pude ao seu lado, tenho certeza.


(Fernanda Teixeira)

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Homem de teatro


Há mais de 22 anos, ele andava armado. Dois trinte e oitões, um de cada lado da cintura. Tudo para guardar a mansão do homem no bairro chique da Capital. Lembra, ainda, de quando entrou no show dos Menudos, em São Paulo, com as filhas do patrão, a mais nova sobre seus ombros. A vida tomou outro rumo. Era da segurança particular, hoje é homem que mexe com as artes, a cultura. O olhar mudou, o coração continuou sensível. Fez a vida no teatro.


Ainda vou dedicar muitas linhas a ele.


(Fernanda Teixeira)

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Um espetáculo muito afetivo e otimista



Um grupo de jovens já com formação teatral se candidatou a um curso ministrado pela encenadora francesa Léa Dant e promovido pelo Instituto Cultural Capobianco, cujo resultado é a semente do espetáculo “Antes de Partir” em cartaz somente às terças-feiras no teatro do mesmo nome. Esteve em cartaz durante dois meses na terça e quarta, mas amplia a bem sucedida temporada num só dia por semana. O tocante e bem elaborado texto trata das lembranças mais marcantes de cada um dos participantes, numa criação coletiva.

Cada memória tem um protagonista e transcorre numa das salas da casa da rua Álvaro de Carvalho 97. Há uma grande interação entre atores e público, que é convidado a fazer intervenções e contribuir com suas opiniões. Não é um tipo de espetáculo nunca visto nestas questões, mas é a primeira vez que assisto - em vinte e cinco anos como crítica, - a uma montagem como essa, que valoriza a vida e o amor entre as pessoas, tocando profundamente ao espectador e sem considerar tudo sem sentido.

A atuação do grupo de atores é excelente, em cenas às vezes faladas, outras cantadas, outras dançadas. São eles: Alejandra Sampaio, Ernesto Filho, Gabriela Fontana, Ismael Caneppele, Patrícia Gordo, Thaís Roji. Contribuem para esses acertos vários técnicos, entre os quais Marcos Tadeu. Por suas qualidades, é uma encenação que merece ser assistida. Isso, a despeito de sua simplicidade, e de ser “um espetáculo percurso” (ou seja, que começa andando meia quadra pela calçada e depois de uma sala para outra).

por Maria Lúcia Candeias
Doutora em teatro pela USP
Livre Docente pela Unicamp

Bixiga ou Zona Oeste?

Por incrível que pareça, hoje em dia é difícil saber se há mais teatros no Bixiga ao na zona oeste. É claro que não há tantas casas reunidas como na Praça Roosevelt, em nenhum outro bairro. Mesmo assim, temos, de memória SESI Leopoldina, SESC Pinheiros, Cultura Inglesa, SESC Pompeia, Cacilda Becker, Bradesco, Viga, Crisantempo, o Centro da Terra e duas novas: o Amandodito Espaço Cênico e o Viradalata, ambos na rua Apinagés nas Perdizes. Também há recentes na Bela Vista, por exemplo, na rua 13 de maio há o Espaço Elevador e a Sede do Teatro da Vertigem, além do Teatro Ivo60 na Teodoro Baima, próximo ao Arena. Em síntese, até parece uma competição.

Ainda não conheci alguns como o Ivo60 e o Amandodito, mas já estive no Elevador que é muito simpático e no Viradalata que quando estiver completamente pronto vai arrasar. Mas que mesmo agora é excelente. Tem bar, com sala de espera, um ótimo palco com iluminação e som de primeira. Vale a pena conhecer. O espetáculo que está estreando o espaço é “Mamy” com texto e direção de Alexandra Golik. Trata do caso de uma senhora de idade cuja casa pegou fogo e que tem de se hospedar com um dos dois filhos Laura (Luciana Ramanzini) e Felipe (Fabiano Geueli) ou com a nora, Suzi (a autora e diretora). O texto capta o interesse da plateia sem postular nenhuma tese. Os atores dão conta do recado. A cenografia é de extremo bom gosto (Moshe Motta é a autora) assim como o figurino (Diego Endo e Gabriela Pinesso). A eficiente iluminação é de Miló Martins e a música é de Marcelo Pellegrini. Não se trata de uma montagem imperdível, mas é boa diversão. O que é imperdível mesmo é o espaço, o teatro.


Maria Lúcia Candeias
Doutora em teatro pela USP
Livre Docente pela UNICAMP

terça-feira, 19 de julho de 2011

Delícia de peça, sob a batuta de Carla Candiotto



A Volta ao Mundo em 80 Dias



Desta vez, Carla Candiotto não economizou no repertório adquirido em mais de quinze anos de bagagem com a Cia Le Plat Du Jour. Em sua segunda direção fora do grupo este ano (a anterior foi Histórias por Telefone), a atriz imprimiu sua assinatura de forma ainda mais legível na inédita A Volta ao Mundo em 80 Dias. Quem conhece seu trabalho, reconhece a mão da atriz em toda a peça (nos mínimos detalhes), em cartaz no Teatro Alfa, aos sábados e domingos, 17h30.

Com inspiração na clássica obra de Júlio Verne, tem texto de Carla e Pedro Guilherme (mesma parceria de Histórias por Telefone) e criação de Carla e Cia Solas de Vento, formada por Bruno Rudolf e Ricardo Rodrigues, excelentes atores que coreografaram a peça também. Munida de conteúdo e das ferramentas estocadas nesses anos de estrada, Carla Candiotto criou um espetáculo divertido do começo ao fim.

Com um ritmo impressionante e boas tiradas de brincadeiras do universo infantil, a peça arranca boas risadas de crianças e adultos. Mais importante: seu conceito de encenação foi assimilado completamente pelos criativos da equipe (o mestre Wagner Freire na iluminação Olintho Malaquias no figurino, Exentrimusic na trilha sonora e Lu Bueno na cenografioa), que deram forma e unidade a todas as ideias de Carla Candiotto. Da cenografia ao figurino, toda a direção de arte é fruto do conceito concebido pela criatividade da diretora.

Ponto alto da montagem é o recurso de três câmeras de vídeo e projeção ao vivo, o que cria imagens inusitadas e traz uma dimensão fantástica aos episódios da historia. As imagens são transferidas do chão diretamente para a parede de fundo do teatro, dando a sensação de os atores estarem em um trem ou barco.

Para contar essa história, os atores partem de um lugar não definido e, ao longo do tempo, como tem necessidade de chegar em 80 dias, inventam e transformam seus transportes de um país ao outro para podere realizar essa aventura. Assim, manipulam sucatas de metal que ora viram vagão de trem ora se transformam em um barco ou até mesmo num elefante. Tudo para transportá-los para os diversos lugares dessa viagem.



(Maria Eduarda Toledo)

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Nem foram só Freud e Célia Forte que disseram


Que o mito de Édipo é muito anterior à tragédia de Sófocles (sec.V AC) todo mundo sabe. Quem conhece o Livro Tibetano dos Mortos, que se acredita antecede a Cristo por quatro mil anos, também o encontra lá, vindo de tradição oral. O complexo de Édipo está em todo lugar, até na maravilhosa peça “Ciranda”, de Célia Forte, recém-estreada no Teatro Eva Hertz de sexta a domingo.

O foco no caso é entre mãe e filha que competem entre si, como quase sempre ocorre entre progenitores e filhos do mesmo sexo. Quando filho ou filha tem afinidade maior com progenitores do mesmo sexo deles a rivalidade pode mudar a situação, como não é o caso da peça, e é bem mais raro.

Difícil não se identificar com a mãe (Tânia Bondezan), uma hippie, e não se lembrar de uma filha (Daniela Galli), mesmo que não seja tão perua quanto a personagem. Na segunda parte, elas se transformam em uma mãe mais normal, e numa filha mais hippie do que a falecida avó. As duas dão um verdadeiro show de interpretação o tempo todo, dirigidas com a competência de sempre de José Possi Neto.

Só esses acertos já seriam motivos para se apressar em assistir, mas há muitos mais. O cenário hippie traz paredes lotadas de fotos dos anos 60 e 70, os figurinos são sensacionais (às vezes dá vontade de comprar um traje igual e não é à toa), pois tudo isso leva a assinatura de Fábio Namatame.

A luz perfeita é do mais do que experiente Wagner Freire e o mesmo pode ser dito da trilha sonora, criada pela dupla Tunica e Aline Meyer. Não perca tempo que o teatro é muito pequeno para tanto talento. Não percam!!!!!!!

Por Maria Lúcia Candeias
Doutora em teatro pela USP
Livre Docente pela UNICAMP

domingo, 17 de julho de 2011

Extraído da Folha de S Paulo/ Cotidano

São Paulo, sábado, 16 de julho de 2011

ilustrada em cima da hora

Teatro Imprensa fecha para reduzir custos do Grupo SS

DE SÃO PAULO - O Teatro Imprensa fechará suas portas no dia 31 de julho. O local, na Bela Vista (região central de São Paulo), reúne a sala que leva seu nome e o Espaço Vitrine e também é conhecido como Centro Cultural Silvio Santos.


Cintia Abravanel, filha de Silvio Santos e responsável pelo espaço, e outros representantes do grupo preferiram não se pronunciar. Mas os funcionários foram comunicados sobre o fechamento há cerca de um mês.

"Foi uma choradeira danada, nosso 11 de Setembro", diz um dos oito técnicos do espaço, que rabalha no local há 12 anos e não quis se identificar. "Pediram que não disséssemos nada para não atrapalhar a imagem do grupo, mas ninguém está pensando na gente", diz o funcionário.



A Folha apurou que o espaço deve ser negociado e que já existem interessados. Segundo Fernanda Teixeira, assessora de imprensa do teatro, o espaço será fechado para diminuir os custos do Grupo Silvio Santos, que enfrenta dificuldades financeiras.

O espaço, porém, não é deficitário; em 2009, por exemplo, as atividades geraram R$ 2 milhões em mídia espontânea. (GABRIELA MELLÃO)

quinta-feira, 14 de julho de 2011

FIT Rio Preto 2011













Gente é pra brilhar (Caetano Veloso)

Ana Elisa Paz, Mario Jose Paz, Regina Braga, Edmundo Lippi, Beth Costa, Gabriel Villela, Marta Goes, Calígula, Cia Limite 151, Cats, Eduardo Tolentino, Glaucia Rodriguies, Os Fofos, Thiago Lacerda, Camila Val, José Renato, Casa\Cabul, Cintia Abravanel, Raquel Ripani, Saulo Vasconcelos, Maria Dressler, Brian Penido, Fernanda Capobianco, Um Porto para Elizabeth Bishop, Newton Moreno, Instituto Cultural Capobianco, Claudio Fontana, Cia Delas, Isser Korik, Enes Rezende,Vera Mancini, Ailton Graça, Lua Cambará, Cristina Cavalcanti, Blackbird, Ricardo Dantas, Edu Reys, Cia Le Plat du Jour (Andréa), Zé Henrique de Paula, Kiara Sasso, Sônia Kavantan, Carlos Moreno, FILTE, As Meninas, Gigi Magno, Yara Novaes, Florilégio, Centro Cultural Grupo Silvio Santos (Rose, Edu, Cris, Fabiana), Mira Haar, Ricardo Dantas, Helô Cintra, Alvise Camozzi, Antes de Partir, Grupo Gattu, Sergio Mastropasqua, A Firma (Claudia), José Maria Pereira, Célia Forte, Pinókio, Teatro Imprensa, Andreza Mazzei, Genézio de Barros, Roseli Tardelli, Mauricio Barreira, Boca de Ouro, Renata Alvim, Augusto Cesar, Pinóquio, Carla Candiotto, Candida, Teatro Ágora, Noel Rosa o Poeta da Vila e Seus Amores, André Garolli, Alexandra Golik, Eduardo Semerjian, Cibele Forjaz, Lea Dant, Lúcia Romano, Babel, Otávio Martins, Melissa Vettore, Ed Júlio, Vamos, Ivo Muller, Marici Salomão, Riba, Pati Amoroso, Sonho de um Homem Ridículo, Thais Medeiros, Cecília Brennand, Fernando Padilha, Mamma Mia!, Aria Social, Os Crespos, Celso Frateschi, Bia Seidl, Viradalata, Dani Rocha, Memória da Cana, Elisa Saintive, FIT Rio Preto 2011 (Edimeire, Marcelo, Mayla, Ingrid) Roberta Della Noce, As Eruditas, Fernando Fialho, Eloisa Vitz, Cabaret Luxúria, Kléber Montanheiro, O Anjo de Pedra, Marília Toledo, Miniteatro, Veridiana Toledo, 12 Homens e uma Setença, Rosana Maris, A Vida que eu Pedi, Adeus, Mesa 2 (Roberto Monteiro, Fernando Cardozo), Marcelo Galdino Erika Montanheiro, Brancaleone Produções (Edinho e Elza), Daniel Maia, Mozart Apaga a Luz, Virginia Rosa, Jorge Garcia, Um Porco Sentado, Marcha para Zenturo, Grupo 19, Tríptico, Roberto Alvim, Juliana Gaudino, A Brava, Tablado de Arruar.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Um Strindberg imperdível



Por Maria Lúcia Candeias
Doutora em teatro pela USP, Livre Docente pela Unicamp

August Strindberg (1849-1912) foi um dos dramaturgos mais polêmicos da história do teatro. Nascido na Suécia (um dos nossos exemplos de país onde não haveria corrupção), acabou por ser expulso de sua terra devido ao livro “As Pessoas de Hëmso” (arquipélago do qual sua terra faz parte) e na ocasião foi declarado impublicável. Migrou para a França onde fez grande sucesso como autor de “Srta Júlia” e de muitos outros textos (58 no total).

Acho que faria enorme sucesso por aqui uma adaptação para teatro feita por ele mesmo de seu romance censurado com o título “O Povo da Suécia”. Um de seus temas favoritos é o triângulo amoroso. Presente em boa parte de suas peças, inclusive em “Credores”, atualmente em cartaz às segundas e terças às 21hs no Teatro da FAAP, com o título “Cruel”, devido a poucas e discretas adaptações efetuadas por Elias Andreato - que também assina a ótima direção. Os atores (Reynaldo Gianecchini, Maria Manoela e Erik Marmo) estão dando total conta do recado, com destaque para Erik Marmo, que interpreta um personagem mais difícil: por ser frágil, tímido e susceptível - provavelmente autobiográfico

É um drama de ato único, gênero que foi dos primeiros, ou talvez o primeiro a adotar para ser montado no teatro que dirigia na época, o Teatro Íntimo. O cenário e os figurinos são excelentes, como costumam ser todos os que são assinados por Fábio Namatame. O mesmo pode ser dito da iluminação, de Wagner Freire.

Em síntese, “Cruel” é simplesmente imperdível. Não perca tempo, vá ver.

No mínimo, surpreendente. Não perca!

Fábio Assunção e Norival Rizzo

Por Maria Lúcia Candeias
Doutora em teatro pela USP, Livre Docente pela Unicamp

Quem já admira muito os trabalhos de Fábio Assunção e Norival Rizzo como atores vai ficar de queixo caído se e quando for assistir ao espetáculo “Adultérios”, de Woody Allen. O galã da Globo - que interpreta um morador de rua - abdica de seus olhos azuis com uma maquiagem que esconde muito de seu charme e consegue convencer a plateia de que é seu personagem. O mesmo pode ser dito de Norival. Seus personagens costumam aparentar ser extremamente inteligentes e cheios de malícia, mas não é o caso. Convence a plateia interpretando um comportado pobre de espírito, se quiserem um “panaca” ou na linguagem jovem um “nerd”.

Essa leitura não parece criação do autor, mas ótima ideia do diretor Alexandre Heinecke, pois ambos são publicitários, um bem-sucedido e outro sem emprego - e por isso morador de rua. É fantástico, pois ambos assumem papéis opostos aos quais nos acostumamos a identificá-los, e colocam em xeque a imagem que fazíamos dele. Não citei Carol Moriottini, que contracena com a dupla masculina, pois tem aparição rápida, mas ela está ótima, além de bonita como o papel exige.

Quem costuma se ligar no visual pode estranhar o cenário (André Cortez) a princípio (todo em tiras de madeira), mas funciona muito bem como cama, banco de jardim e fundo de cena. Os figurinos (Leopoldo Pacheco) são também de bom gosto e adequados, assim como iluminação (Eduardo Queiróz) e a música (Caetano Vilela).

Enfim, é um espetáculo que tem tudo para agradar e está em cartaz nas sextas às 21,30hs, nos sábados em duas sessões às 20 e 22hs e nos domingos às 19hs no Teatro Shopping Frei Caneca, sexto andar. Ninguém deve perder.