segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Valeu, Fofos!

Espaço dos Fofos, cenário mais que perfeito para a confraternização da nossa equipe com clientes, pessoas com quem convivemos intensamente durante o ano. Acolhedor e charmoso, propiciou um banho de energia positiva para encerrar 2007 com o espírito elevado e a alma em paz. Um brinde às caprichadas e deliciosas caipirinhas do Edu Reyes, ao competente e gentilíssimo serviço de bar da Cris, à calorosa presença e decoração da Carol Badra, à música do Fernando Esteves e da Dri e à recepção carinhosa do José Roberto Jardim e Alex Gruli. Uma honra para nós receber convidados nesse espaço pra lá de especial e saudar o final de mais um ano com os queridos Bel Gomes e Leo Pacheco, Melissa Vettore e Otávio Martins, Domingos Quintiliano, Juliana Araripe e Alê, Rachel Ripani e Joca Andreatta, Elizabeth Iozzi, Alexandre Lacava, Franz Keppler, Verinha Toledo Piza, Flávio e Penha, Gigi Magno, Wladyr Nader, Maria Carolina Dresler, Tereza Pagliaro, Eduardo Jacsenis, Dadá, Ando Camargo, Sandra Almeida, Ricardo Monastero e todos do grupo Os Fofos Encenam.

(Fernanda Teixeira)







sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Corpo Orgânico Eletrônico Coletivo

Não lembro há quanto tempo conheço Juliana Carnasciali, mas, convidada por sua mãe, grande amiga de longa data, me abalei até um barzinho em Osasco, onde a cantora Juliana e o músico Tata Muniz se apresentavam. Em meio a cervejas, gente falando alto, cigarros e bate-papos, o que poderia ser apenas a trilha sonora desse ambiente cativou o público presente. Chamou-me a atenção ouvir Equalize, da roqueira Pitty, com arranjo e interpretação doce e, ao mesmo tempo, forte. Pela primeira vez entendi e gostei da letra desta canção, que já era hit nas rádios.

Tempos depois, Juliana, Tata, Pipo Pegoraro, Rob Cox e Nelsinho Black formaram o coletivo Julia Car e colocaram o pé na estrada, com a idéia de mostrar um show orgânico, incorporando a figura do dj à banda e aprimorando o repertório que deu origem ao primeiro, CD Urbano. Uma das grandes sacadas foi produzir o disco de forma independente, com custo baixo, arte gráfica caprichada, vendido nos shows a meros R$ 5,00. Juliana, agora Julli Pop, assina dez das onze faixas do CD, em letras sobre a rotina das grandes cidades, com olhar moderno, poético e até uma dose de inconformismo. A combinação de guitarras, distorções, efeitos e ruídos poucas vezes foram tão bem empregados, colocando a canção acima das experimentações.

Depois de faturar o 3º lugar no Festival da Canção de São Luis do Paraitinga, a banda se apresenta amanhã, na Livraria da Esquina. Esta é a última oportunidade do ano para conferir ao vivo o som da Julia Car. A dica é: Festa Show Chá e Poesia com Julia Car, amanhã, dia 8 de dezembro, sábado, às 23 horas, na Livraria da Esquina, rua do Bosque, 1254 - Barra Funda. Ingressos a R$10,00. Para saber mais http://www.juliacar.com/
(Adriana Balsanelli)

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Ser mãe é uma aventura radical

Não sou mãe ainda, mas cada vez mais tenho a certeza de que ser mãe é uma aventura mais do que radical. No nosso final de semana em Brotas, escutei histórias de arrepiar e fazer pensar se quero mesmo ser mãe.

Ana Paula, a consultora da turma e única representante do movimento materno, ficou falando sobre a sensação de ver uma vida crescendo dentro de você. Além de descrever em detalhes o dia em que o Caio resolveu virar dentro da barriga e se posicionar para o nascimento, Paula falou minuciosamente sobre a hora do parto e o pós-parto. Por que mulher precisa sofrer tanto? E o que sobrou para os homens? Aparentemente, nada.

Mesmo depois de engordar, aprender a amamentar, ficar noites sem dormir, levar banhos de xixi, ter que limpar "cacas", superar medos, não ter nojo de nada, e tudo mais, nunca ouvi uma mulher dizer que ser mãe é algo menor do que maravilhoso.

Ser mãe não é somente função, é um dom divino.

PS: A foto é uma homenagem à Ana Paula e ao Caio, a dupla que me faz pensar que ser mãe de um bebê fofo é bem legal.


(Vanessa Fontes)

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

Brotas, viagem energizante

Nada como um fim de semana prolongado, longe do escritório, para fortalecer o espírito de grupo, a união, o companheirismo e a amizade. Compartilhar pequenas férias com a equipe da Arteplural – pessoas que passam a maior parte do dia-a-dia juntas – configurou-se como uma experiência enriquecedora, divertida e emocionante. Escolhido o destino, o comboio de três carros partiu na manhã de sexta-feira (enforcada) rumo a Brotas. Na bagagem dos 11, uma vontade do tamanho da torcida do Flamengo de aproveitar cada minuto da nova aventura.

Na estrada, a parada estratégica para a mamada do mascote Caio, 5 meses, filho do Fred e da Paula, e a ansiedade pelos três dias de convivência pela frente. Céu azulão, sol de rachar, tudo indicava que a diversão estava garantida. Já na Pousada do Lago, todos instalados – cada um (Fred, Adriana, Vanessa, Fabiana) com seu acompanhante (mais a nossa simpática, gentil, competente e educadíssima estagiária Candice) - o batismo com o mergulho na piscina abriu os trabalhos, regado a cerveja para refrescar. O talentoso iluminador Domingos Quintiliano e sua mulher, a bailarina Renata Aspesi, com o filho Lucas, juntaram-se à nossa trupe.

De short ou biquíni, atender os celulares sobre assuntos de trabalho foi tarefa fácil. Depois do almoço no Malagueta, um passeio pela charmosa e arborizada rua que vai dar na graciosa igrejinha de Santa Cruz, o encontro com a Celinha na Casa Jordani, para apresentar a turma, e a sobremesa na sorveteria mais gostosa da cidade. Carne macia, arroz delicioso, saladinha, farofa, o churrasco oferecido pelos Polaquini na casa da Cláudia (irmã da Sandra) e feito pelo César (irmão do Joel, o marido da Cláudia, que estava em SP fazendo show com Daniel), fechou o dia em grande estilo. Em Brotas, o pessoal já era quase local, sem contar Vanessa e Fabiana, que deram a volta na cidade para fazer o caminho do supermercado até a pousada - na mesma rua.

O sábado ainda reservava extensa programação, sempre registrada em fotos desde o café da manhã coletivo até a inauguração da árvore de Natal na praça principal, com direito a música de orquestra e tudo, passando pela visita ao Salto e o energizante banho nas duas cachoeiras do Recanto das Cachoeiras. Lavamos a alma. No domingo, o sol continuava escaldante e quem agüentou o tranco encarou, ainda, um esporte radical e desceu o rio Jacaré Pepira na expedição bem organizada pela Eco Ação. Depois de jogar conversa fora e dar risada o tempo todo, voltamos com uma sensação de prazer, corpo e mente revigorados. A viagem foi uma delícia! Se Deus quiser, ano que vem a gente repete.

(Fernanda Teixeira)

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

♪ Samba, a gente não perde o prazer de cantar ♪

Entra ritmo sai ritmo e o tradicional samba, criado pelos antigos escravos, ainda permanece firme e forte ecoando pelos quatro cantos do nosso Brasil. Desde a primeira música lançada, Pelo Telefone (1917), essa gostosa mistura de estilos musicais, de origens africana e brasileira, consegue fazer com que até os mais acanhadinhos arrisquem sacolejar o esqueleto.

Por ser uma das manifestações mais importantes de nossa cultura, uma lei, sancionada em 2005, decretou o 2 de dezembro como o Dia Nacional do Samba. E para celebrar essa data tão importante, a casa Traço de União, http://www.tracodeuniao.com.br/, antecipa as comemorações e prepara uma super festa open bar no dia 30 de novembro, com direito a cervejas, caipirinhas, petiscos e claro, água e refrigerante para dar respiro ao fígado. Mas o melhor de tudo são os convidados: Arlindo Cruz, Almir Guineto, Luiz Carlos da Vila, Serginho Meriti, Dorina, Bira da Vila e Toninho Gerais, além da Banda Traço de União.
Enfim, não dá para perder. Quer dizer, não daria se nós da ArtePlural não tivéssemos um congresso nesse final de semana para discutir as estratégias e o planejamento de 2008. ;-)

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Natal de solidariedade


O clima do Natal já está tomando São Paulo. Faltando pouco menos de um mês para uma das grandes festas cristã, empresas, instituições, ONGS e entidades religiosas começam a efetuar campanhas solidárias com o objetivo de beneficiar crianças carentes e a comunidade mais pobre em geral. As famosas “sacolinhas” de Natal aparecem numa velocidade incrível e, pelo menos uma vez por ano, as pessoas lembram que existe alguém que precisa de um apoio, uma palavra amiga ou um gesto de solidariedade.

Quero deixar claro que não estou reclamando. Pelo contrário. Acho a iniciativa muito boa, mas poderia se estender durante todo o ano. Uma contribuição mensal para uma entidade ou ONG deixaria você, não só no fim de ano, mas durante todo os 12 meses, um pouco mais feliz.

Se você ainda não tinha pensado nisso, ai vai uma dica. Duas ONGS maravilhosas que precisam de ajuda sempre:

AACD – (11) 5576-0847 – http://www.aacd.org.br/
GRAAC – (11) 5080-8400 - http://www.graac.org.br/

E não esqueça. Solidariedade é bem vinda de janeiro a dezembro. Comece agora no Natal e estenda sua contribuição durante todos os meses de 2008.

(Frederico Paula)

domingo, 18 de novembro de 2007

Vitrine no Café Cultural CCBB

Sábado acompanhei a gravação de uma matéria sobre o projeto Café Cultural CCBB para o programa Vitrine, da TV Cultura. O projeto, idealizado pelo produtor Sergio Escamilla, pretende resgatar a atmosfera dos cafés dos anos 30 como um ambiente de encontro intelectual. Aos sábados e domingos, quem passar pelo café do CCBB, além de saborear um delicioso cafezinho, pode assistir apresentações musicais com a cantora Priscila Figueiredo, ouvir histórias contadas pela atriz Lu Brites, em clima de confidências, e manusear um Ipod que contém textos de jornais e fotos de Nova Iorque, Buenos Aires e Berlim, além de assistir um documentário inédito Um Café em Berlim. Destaque do projeto, o Ipod foi pauta da matéria que deve ir ao ar daqui a duas semanas. O Vitrine é transmitido pela TV Cultura, aos sábados, às 20 horas. Abaixo alguns momentos da apresentadora Sabrina Parlatore em ação.
(Adriana Balsanelli)
Sergio Escamilla e Sabrina se preparam para a entrevisa
O garçom, que oferece o Ipod numa bandeja, participa da matéria

Uma frequentadora do café também foi entrevistada

A atriz Lu Brites em intervenção intimista para Parlatore




sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Na Carona do Dudu - Um Carlão no Céu

Convidei um amigo para assistir a peça, Um Boêmio no Céu. No sábado, por volta das 20 h, Matheus me ligou e disse que não poderia ir ao teatro. Como já estava quase no horário, resolvi ir sozinha. Peguei o primeiro táxi que passou próximo a minha casa e pedi ao motorista que me levasse ao Sesc Vila Mariana. Durante todo o percurso, fui conversando com o Carlão, que se mostrou uma pessoa muito agradável. Ele me contou que gostava muito de teatro e falou um pouco sobre suas dificuldades financeiras.

O motorista contou que trabalhava em uma companhia telefônica e sempre levava sua família para assistir a alguma peça. Há alguns anos, foi demitido da empresa e se tornou taxista. Como seu salário diminuiu, nunca mais foi ver peças com sua família. Fiquei comovida com a situação e resolvi convidar o Carlão para assistirmos a peça juntos. Ele ficou extremamente feliz com o convite!

Ao entrarmos no teatro, vi nos olhos do taxista uma alegria contagiante. Sentamos em frente ao palco e ao nosso lado estava a atriz Nicete Bruno. Carlão olhava para todos os lados, observava as pessoas e, antes mesmo do espetáculo começar, já estava entusiasmado por se sentar perto de uma atriz consagrada. Parecia uma criança!

José Mayer abriu a peça com uma canção e o taxista se emocionou. Durante todo o tempo, Carlão comportou-se como um grande admirador. Os olhos fixos no palco, deslumbrado ele aplaudia os atores. Ao término da peça, olhei para Carlão e me senti uma pessoa privilegiada por poder compartilhar tamanha alegria!

(Candice Frederico)

(Candice esqueceu de relatar que, quando chegaram ao teatro, o taxista não queria cobrar a corrida, mas ela fez questão de pagar. Na volta, ele perguntou se poderia fazer uma gentileza e levou-a em casa.)

Na Carona do Dudu - Como Ganhar Tempo

Uma das coisas mais tristes que existem nos últimos tempos é justamente a falta de tempo. Nunca temos tempo para ser. Assim como nunca temos tempo para não ser. O nosso tempo transformou-se, curiosamente, em falta de tempo. Pressa, rotina, desamor e desapego são sinônimos da falta de tempo.

Perdemos tempo correndo sem respirar, sem ouvir e sem doar. Perdemos tempo sem sentidos, e, quando não há exploração de ser, não há tempo. Viver a loucura do cotidiano sem humor, sem sorriso e sem tato é tempo perdido, um tempo inexistente que colabora para a falta do olhar e para a falta do amor.

Todos reclamam da falta de tempo. Uma falta que dói. Uma falta que traz saudade, tristeza, dúvidas, sentimentos de culpa, solidão. A falta de tempo é sempre uma desculpa. A principal desculpa, talvez. Parece um vício. Cada vez mais estamos com menos tempo.

Como organizar ou desorganizar hábitos, lembranças e pensamentos sem tempo? Não faz sentido. Dizem que para construir é preciso “desconstruir”, mas como construir se não há tempo para a “desconstrução”? Como podemos ganhar tempo para construir?

Dizem que não temos tempo a perder, mas digo que não temos tido tempo para ganhar. Falta aproveitar o tempo “que temos” para nos amar. Falta tempo para se apaixonar e se respeitar.

Paixão, o melhor antídoto para a falta de tempo. Quando estamos apaixonados abrimos mão do tempo. Tudo é adiado. Ganhamos horas se perfumando, escolhendo programas, preparando surpresas, escrevendo cartas de amor e contando histórias. Ganhamos tempo esperando o tempo de o encontro chegar. Nestas condições, o tempo não tem distância, não é questão.

A dor da falta de tempo é substituída por sentidos, gargalhadas, suspiros, olhares, silêncios e troca. Não há nada melhor do que gastar todo o tempo das nossas vidas de uma forma cheia de vida. Aconselho a todos que não têm tempo: apaixonem-se. Percam a cabeça e ganhem tempo para ganhar vida. O tempo sobra. E como sobra!
(Bel Duva)

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Extra! Extra! DJ Adri mergulha no mundo de Caras

Na próxima semana, a internacionalmente famosa DJ Adri dá uma pausa nas apresentações e embarca para um descanso glamuroso em Cruzeiro patrocinado pela Revista Caras. Enquanto relaxa com massagens, aulas de lambaeróbica e mergulhos na piscina, Adri comanda as pick-ups de festas com famosos e celebridades, entre elas estão as motherns Camila Rafantti, Melissa Vettore e Juliana Araripe. Não perca a cobertura da viagem nas páginas das próximas edições de caras.



(Fabiana Cassim e Vanessa Fontes)

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Peter e Wendy, para você descobrir que não cresceu

Sábado passado levei minha amiguinha de 4 anos para assistir Peter Pan e Wendy com Alexandra Golik e Carla Candioto, da premiada Cia Le Plat du Jour, em cartaz no teatro Alpha. Confesso que levar uma criança para assistir essa divertida montagem do clássico do escritor escocês J.M. Barrie foi apenas um pretexto, na verdade, eu estava louca para ver um infantil dessa dupla que tem um respeitado trabalho. Sem efeitos especiais mirabolantes, vôos fantásticos ou uma super produção arrasa quarteirão, as competentes atrizes contam a história com incrível bom humor, incorporando uma linguagem atual capaz de instigar a imaginação da criançada. Cenário, figurinos e adereços assumem múltiplas funções, como a cama de Wendy que se transforma em nuvem, em casa e até no navio do Capitão Gancho. A fada Sininho é uma bolinha de luz que ganha vida através da movimentação que as atrizes dão a ela. Alexandra e Carla interpretam Peter Pan e Wendy, respectivamente, além de se revezarem em vários outros personagens com surpreendente agilidade, aliás, como tudo nessa montagem. Difícil saber quem se diverte mais, as crianças ou os adultos. Vale a pena conferir. Se você não tem filhos, convide um amiguinho. Você vai descobrir que não cresceu.

(Adriana Balsanelli)

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Espaço dos Fofos Encenam

A cia teatral Os Fofos Encenam vão inaugurar sua sede no próximo dia 16 de novembro. O lugar, assim como os integrantes do grupo, é uma fofura só. O mais bacana é ver que todos estão colocando a mão na massa para tudo ficar do jeitinho que eles querem.

Peguei emprestado as fotos da Ligia Jardim para mostrar alguns detalhes que eu gostei.

As placas que indicam os banheiros dos meninos e das meninas.
O mosaico do banheiro.
Sant'Ana, pode-se dizer a padroeira do espaço.

Sal grosso, pimenta e alho para espantar
a inveja e proteger (essa foto é minha)


Alex Gruli colocando a mão na massa
(esse também é um clique meu).


(Vanessa Fontes)

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

A menina do raio e do trovão

De repente, a menina levantava sobressaltada da cama. No terreno descampado onde ficava a fazenda em que a família morava, administrada por seu pai, a ventania varria as árvores recém-plantadas, deixando no ar um zumbido aterrorizante. No céu, os raios riscavam de amarelo vivo as nuvens cor de chumbo. Cada estrondo de trovão arrepiava até a alma. O dia virava noite. Com o coração na boca, os olhinhos negros arregalados, ela morria de medo. Um medo assim quase paralisante, quase. Tinha oito anos e na hora desses temporais não sei o que passava pela cabeça dela, talvez o pensamento de que alguém tinha de fazer o serviço de proteger a mãe, o pai e o irmão menor. Tanto que não deixava ninguém levantar da cama. Tremendo mas determinada, se armava de coragem para ir fechar janelas e garantir que portas estavam fechadas. Depois, respirando um tantinho mais aliviada, voltava e se agarrava aos três na mesma cama de madeira. Era sempre assim quando chovia forte na fazenda, no Interior de São Paulo.

Depois, com 11 para 12 anos, o pai ensinou-a a dirigir o caminhãozinho usado por ele para buscar e levar os bóias frias da cidade para a fazenda. Certo dia, ele - que passava o dia trabalhando na sede ou cuidando de questões adminsitrativas na cidade, com o fazendeiro - demorou a retornar e os trabalhadores não tinham como voltar para casa. Ela não pensou duas vezes, mandou todos subirem na caçamba do caminhão e assumiu a direção, sem nem bem alcançar os pedais, na ponta dos pés, guiando pela estradinha de terra cheia de solavancos, o peito estufado de orgulho. Depois levou bronca do pai, que não escondeu a pontinha de orgulho pela filha. Pegou gosto pela coisa e sempre que dava uma chance dirigia o carro do dono da fazenda. Para ela, era uma grande brincadeira. Quando ouvia, ao longe, o barulho do motor do avião, indicando que o fazendeiro estava chegando, ela pedia ao pai se poderia buscá-lo. Ao primeiro sim, corria para pegar as chaves do Opala quatro portas, hidramático, e seguia para buscar o patrão no campo de pouso construído na fazenda.

A vida era boa. Como não tinha luz elétrica, a família - formada também pelos tios e primos que moravam na casinha vizinha, na mesma fazenda - se reunia em volta de lamparinas para contar histórias. Durante o dia, sentavam no pomar com a mãe para comer frutas - pêras, pêssego, maça, manga. As crianças gostam de brincar de estilingue e de pegar vagalumes. Aos domingos, todo mundo se arrumava para ir à missa, na cidade. Todos iam a cavalo ou de charrete. Ela lembra muito bem do dia em que ganhou uma bicicleta que o Papai Noel havia deixado na casa da avó. No primeiro passeio, um tombo levou-a para o Degrande, um senhor conhecido na cidade por consertar, ou melhor, dar um jeito no mal jeito. Com um polegar avantajado, ele resolveu o problema do nervo encavalado da menina.

Quando chegou a idade de ir para a escola, aos 6 anos, a menina passou por maus bocados. Como a casa ficava longe da cidade, para poder estudar ela teve de ir morar com a avó, perto do colégio. Foram dias muito difíceis aqueles. Toda noite era uma choradeira danada. Ela não se conformava, e nunca se acostumou, morria de saudade da mãe e do pai. Além do que não entendia direito por que, de uma hora para outra, tinha de ficar longe deles e a vida ficou tão triste. Foram várias tentativas de arrumar uma carona com vizinhos para poder dormir na fazenda. Algumas vezes, mesmo sem ter que sair, um ou outro amigo não resistia e levava a menina.


O tempo passou, a menina cresceu e foi morar na capital, em uma pensão na Bela Vista. Tinha 19 anos e começou a trabalhar para juntar dinheiro e fazer uma faculdade. No começo, era uma dureza enfrentar a hora de voltar para casa e encarar a solidão na pensão que ficava numa travessa da rua Frei Caneca, perto da Praça 14 Bis. Chorava toda noite. Esperta que era, experimentou testar o trajeto do ônibus para o trabalho no dia anterior para não errar e chegar atrasada no primeiro dia. Mas sem nenhuma familiaridade com a cidade grande, pegou muito ônibus errado.

Da pensão para a república, dividida com dois amigos do peito, foi um pulo. Apartamento alugado, os três saíram para comprar um colchão de solteiro para o único deles que não tinha descolado onde dormir. A aventura aconteceu na Teodoro Sampaio. O colchão foi alvo de todos os olhares, já que voltou para casa de ônibus, enrolado em uma corda. De tão felizes, os três resolveram estrear a nova casa mesmo sem ter a luz ligada. Depois de 15 anos em São Paulo, a menina que tinha medo de raio e trovão conseguiu comprar seu apartamento. Obstinada, mais tarde construiu uma casa na mesma cidade onde sua família mora até hoje. Gente boa, um serzinho apaixonante, abençoado por Deus e rodeado de bons amigos, continua a levar uma vida simples e feliz. De vez em quando, o medo de enchentes nas ruas de São Paulo ainda a faz lembrar de quando era pequena e detestava tempestade.
(Fernanda Teixeira)

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Um Boêmio no Céu - Bastidores

Após sete anos longe dos palcos de São Paulo, o ator José Mayer estreou o espetáculo Um Boêmio no Céu, no SESC Vila Mariana. O assédio da imprensa ao galã global foi intenso desde a chegada dele a capital paulista no dia 16 de outubro. Inúmeros pedidos de entrevistas “pipocam” diariamente nos nossos e-mails. São emissoras de TVs e rádios, sites, jornais e revistas. Todos querem falar com o ator, que teve aulas de canto para interpretar as 10 canções do espetáculo.
A peça, único texto de Catullo da Paixão Cearense para o teatro, toda em versos decassílabos, fica em cartaz até 18 de novembro e mostra o encontro no céu de um trovador boêmio (José Mayer) com São Pedro (Antonio Pedro Borges) e Santo Onofre (Aramis Trindade), observado por um anjo (Kátia Brito).
(Frederico Paula)

encontro com jornalistas

batalhão de fotógrafos

entrevista para TV

sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Oniforma

Está em cartaz no Centro Cultural São Paulo a exposição Oniforma, que apresenta o resultado da atividade desenvolvida por Claudinei Roberto e Eurico Lopes desde 1997. As exposições já foram apresentadas em diversos espaços alternativos da cidade de São Paulo. A mostra no CCSP reúne a obra de 32 artistas participantes deste projeto e pretende revelar a força de um trabalho alternativo de artistas jovens, arrojados e oriundos, em sua maioria, do Depto. de Artes Plásticas da ECA-USP. Recomendo, principalmente pela obra de Andréia Lucena, artista que começou há pouco tempo nas artes plásticas e vem exibindo sua arte em diversas galerias.
De terça a sexta, das 10h às 20h; sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h - Piso Flávio de Carvalho

(Adriana Balsanelli)

quinta-feira, 25 de outubro de 2007

É tudo uma questão de respeito

Não sou fumante e detesto o cheiro de qualquer tipo de cigarro. Estou acostumada a ir em shows e sair com o cheiro de cinzeiro (menos no SESC). Fui à apresentação da banda Incubus no antigo Palace e uma cena me espantou: como de costume, lá estavam os avisos gigantescos para não fumar. Ficam pendurados de enfeite, comentei com meu namorado, pois as pessoas têm o péssimo hábito de não respeitar.
Começou o show e umas gurias na minha frente riam com seus bastões fedidos queimando entre os dedos. Aquilo foi me irritando, me irritando, quando apareceu o segurança e pediu para elas apagarem o cigarro. As moças reclamaram, fizeram bico, chamaram o rapaz por nomes nada delicados,mas, devido à insistência do héroi da minha noite, apagaram o cigarro. Isso se repetiu algumas vezes ao longo do show.
Não tenho nada contra os fumantes, mas acho que, a partir do momento que uma pessoa resolve usar algo que faça mal não somente a ela, mas às pessoas que estão ao seu redor, a minha opção saudável tem que prevalecer. É uma questão de direito e respeito. Pena que muita gente não entende isso e me chama de careta.
(Vanessa Fontes)

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Trocando idéias

A dona de casa e o pintor
- Vou ficar de olho no seu trabalho, para garantir que o serviço vai sair direitinho e não sobrará um cantinho sem pintura, disse a mulher.
- É eu sei, trabalhar para mulher é pior que trabalhar para homem. Mulher tem olho acrílico.

A dona de casa e pintor 2
- Até quando você me dá o orçamento para fazer o serviço?
- Pode deixar que até quarta-feira eu dou uma exposição pra senhora.

O encanador
- Tranqüila, dona. Pode deixar que vou consertar toda a encanação do seu apartamento.

A arrumadeira para a dona de casa
- Eu não sou dessas pessoas que acordam de mal amor, não.
(Sandra Polaquini)

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Ao encontro da tecnologia

Na semana passada, uma banda de rock causou "frisson" no mercado fonográfico com o lançamento de seu trabalho. Desde o dia 10 de outubro, os fãs do Radiohead podem baixar diretamente do site oficial do grupo as músicas do seu sétimo álbum, intitulado In Rainbows.

A proposta é bacana. Segue a tendência do mercado com a expansão da tecnologia. Mas a grande sacada é o preço desse álbum. Quer dizer, não tem preço. Com a frase "it´s up to you" (cabe a você), estampada no site
http://www.radiohead.com/, a banda joga nas mãos dos fãs a responsabilidade de decidir o quanto vale esse trabalho artístico.

Por qualquer preço de 0 a 100 libras (cerca de R$ 370), você faz o pedido e recebe via e-mail as músicas para download. E não é enrolação, conheço quem não deu preço e recebeu as músicas por e-mail. Depois bateu o peso na consciência de fã e acabou deixando lá seus cascalhos. E recebeu as músicas de novo.

Já quem valoriza o trabalho paupável, também não fica de fora. A banda preparou um box com o novo álbum em CD, um disco duplo de vinil e um CD multimídia com sete faixas adicionais, fotos, arte e letras. O pacote custa 40 libras (cerca de US$ 80 dólares).

Fora da EMI/Parlophone desde 2005, o Radiohead torna-se uma das primeiras bandas do alto escalão do rock a lançar um disco sem ajuda de grandes gravadoras. Há quem diga que a banda quis firmar sua rebeldia contra o sistema com essa atitude. Outros acreditam que foi uma grande jogada de marketing. Pode ser, porque não?

Independente do que seja, a proposta é bacana por levantar questões inerentes ao mercado audiovisual, como a pirataria e o crescimento do download ilegal. Enquanto bandas criam seus próprios selos, campanhas e procuram driblar os prejuízos que surgiram com a expansão da tecnologia, a indústria musical me parece perdida ao ver sua mina de ouro secar. Todos os anos programas de downloads despontam e desaparecem na internet. E o mercado insiste nessa perseguição entre gatos e ratos.

(Fabiana Cassim)

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

O Senhor dos Palcos

Na semana retrasada lendo o jornal Folha de São Paulo vi uma foto do Paulo Autran na entrega do premio Bravo. Achei estranha aquela cadeira-de-rodas, mas como alguns meses atrás ele cancelou as apresentações de O Avarento por problemas de saúde, pensei ser uma alternativa para evitar o cansaço desses eventos.

Porém, a grande surpresa aconteceu na sexta passada. A televisão anunciava que ele estava internado e o estado era grave. Algumas horas depois, a notícia que ninguém que ama teatro queria ouvir. O senhor dos palcos havia morrido.

Tive a oportunidade, na Arteplural, de fazer assessoria de imprensa para duas peças do nosso mais brilhante ator: Quadrante, em 2003, na reinauguração do Teatro Aliança Francesa e em Adivinhe quem vem para Rezar, em 2005. Também tive a oportunidade de encontrá-lo em várias estréias e apresentações, pois ele era figura cativa na cena teatral paulistana.

Da Praça Roosevelt ao Teatro Alfa, Paulo Autran não perdia nada relacionado ao teatro. Prestigiava os novos dramaturgos e atores, sem esquecer os antigos amigos, lia textos enviados, dirigia espetáculos e o melhor de tudo, atuava. Foram 90 peças, além de filmes e TV. Sua lição, de viver a vida intensamente, ficará para sempre em minha lembrança.

Paulo Autran, mais uma vez aplaudo você de pé.

(Frederico Paula)

Pequenos grandes encontros

Teatro Aliança Francesa, maio de 2004. A tarde de entrevistas com Tônia Carrero havia terminado. Apenas um fotógrafo permanecia no saguão quando um homem saltou do táxi em frente à porta e foi caminhando devagarzinho em direção à atriz, sentada no sofá perto da porta da sala de espetáculos. Depois do caloroso abraço, "eu vim saber como você está", disse Paulo Autran, recepcionando a amiga recém-chegada do Rio para a temporada do solo Amigos para Sempre. A partir dali, desenrolou-se uma deliciosa e reveladora conversa, aproveitada na íntegra por mim e pelo sortudo jornalista. "Ele tinha uns ombros, umas pernas!" Impagável o diálogo de bastidores. No mesmo ano, mesmo teatro, outro encontro, desta vez no solo Quadrante. A cena de Paulo Autran, já aos 82, se jogando no chão do palco é impressionante. 2005, sala do apartamento de Paulo Autran, nos Jardins. Na leitura do texto de Adivinhe Quem Vem para Rezar, ao lado de Elias Andreato, Dib Carneiro Neto, Cláudio Fontana, Célia Forte e Selma Morente, notei que ele tinha um olho de cada cor. No dia da coletiva de imprensa, outra imagem registrada: ele saindo do fusquinha café com leite na porta do Teatro Procópio Ferreira, uma figura! Nas entrevistas e fotos na coxia, no programa da Hebe, na emocionada direção de Elias durante os ensaios. Depois, durante a temporada, nos camarins as brincadeiras com Claudio Fontana e Elias Andreato. Maravilhoso ter tido essas oportunidades de convívio com ele.

(Fernanda Teixeira)

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Bastidores, camarins, coxias e cortinas

“Anjo da Guarda
Doce companhia
Me protege de manhã
A tarde e a noite
Principalmente essa noite”
O verso acima é cantado pelos atores da Cia Estável de Teatro antes de entrarem em cena para mais uma apresentação do espetáculo Auto do Circo.
Muitas são as formas de um artista se preparar para entrar no palco, seja ele ator, músico, bailarino ou qualquer profissional que exibe sua arte diante de uma platéia. Rezar, ouvir música, aquecer a voz, aquecer o corpo ou até mesmo ficar alguns instantes em silêncio são exemplos de alguns rituais mais comuns. Quem está lá na platéia, pra se divertir, não faz idéia do que acontece na coxia. É a preparação que o público, em geral, não participa. Para ilustrar alguns desses momentos que antecedem aquelas locuções em off e o abrir das cortinas para iniciar o espetáculo observem as imagens abaixo.

(Adriana Balsanelli)


As atrizes da peça Toalete se preparam para entrar em cena


A Cia Estável em seu bem humorado ritual de concentração

Foto: Jonatas Marques

A cantora Vania Abreu recebe os músicos da sua banda em seu camarim e reza um Pai Nosso. A imagem do Santo Antonio vai com ela para o palco.
Foto: Maria Carolina Dressler

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Será?

Esse era para ser um post falando sobre como ainda existem pessoas que se preocupam com os outros e com os animais. Era. A pessoa sobre quem eu iria falar me decepcionou bastante. Os amigos taxistas da Fê (eu ainda lanço a candidatura dela) nos contaram um caso bem triste.

Aqui na região existe um senhor que possui uma carrocinha com 8 cachorros (2 machos e 6 fêmeas). Todo mundo se sensibiliza com esse senhor, pois ele passa a idéia de que se preocupa mais com os bich os do que com ele próprio. Eu gosto de gente que segue a filosofia de que os cachorros são melhor companhia que os homens, porque, muitas vezes, ela se aplica perfeitamente.

Mas vamos aos fatos: descobri que esse senhor meio São Francisco pode ser bem cruel. Algumas pessoas já viram ele judiando dos cães, que, segundo a maioria, ele usa para conseguir dinheiro. Tudo gasto em bebidas e outros tipos de drogas. Não sei se é verdade, pois não presenciei a cena. Porém, fico chocada só de pensar na hipótese de alguém usar animais para alimentar vícios.

Abaixo, uma foto do protagonista da história.

(Vanessa Fontes)

terça-feira, 9 de outubro de 2007

Bastidores do sequestro

Nos bastidores da estréia de Últimas Notícias de uma História Só, o autor e diretor Otávio Martins respirou aliviado no camarim ao lado de Alex Gruli (o narrador), Luciano Gatti (Lelo, o seqüestrador) e Melissa Vettore (Vânia, a seqüestrada). Estreando como diretor e autor, suava em bicas no backstage. Sofreu durante todo o “seqüestro” e saiu satisfeito com o resultado. Montagem ágil, direção precisa e bem marcada, com timimg e atores muito bem em seus papéis, o espetáculo deixou a platéia da sessão coruja de olhos bem abertos. Depois, para refrescar o calor da noite de sexta passada, a atriz Juliana Araripe (que cuidou dos figurinos) recebeu os convidados para champanhes e cervejinhas no porão do teatro da Praça Roosevelt, onde criou a ambientação do lounge. Os amigos apareceram: Os Fofos Encenam Fernando Neves, Eduardo Reyes e José Roberto Jardim, a jornalista Érika Reidel e Ivam Cabral (dos Satyros), entre outros.

(Fernanda Teixeira)


sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Fôlego para o fim de semana

Véspera de fim de semana, tempo de começar a relaxar. Só impressão. Meia-noite tem teatro na boêmia Praça Roosevelt, Últimas Notícias de Uma História Só, de Otávio Martins. Sábado à tarde tem sessão leitura no Café Cultural do Centro Cultural do Banco do Brasil. O capuccino de lá é uma delícia! Dá também para aproveitar e visitar a exposição com obras de Aleijadinho. Entre o futebol e a festa de aniversário, sobra domingo para descansar, assistindo o Grande Prêmio de F1 da China. Ufa, quanta programação! Para quem estava curioso para conhecer o Dudu, o boa pinta está aí embaixo.

(Sandra Polaquini)

quinta-feira, 4 de outubro de 2007

Contatos formam pessoas

Há uns dois anos, eu e uma amiga de trabalho ficávamos sentadas nas muretas do jardim que havia na frente de um banco. Passávamos um tempo, minutos antes de voltar ao trabalho, às vezes estudando outras lamentando o mundo: trabalho, família e a inerente falta de dinheiro.

De repente um pedinte se aproxima:
- Calma! Não sou bandido, disse o cara todo sujo, cabelos e barbas bem grandinhos, vestido de camiseta, calça e chinelos.
Num ato de reflexo, as duas seguram as bolsas e tentam se levantar. E ele continua:
- Eu vi que vocês estão de cabeça baixa. Estão chateadas? Posso fazer uma brincadeira... piada com vocês?
- Como assim? As duas perguntam quase de pé.
- Eu vou fazer uma charada.

Sentamos. Não nos pareceu perigoso. E assim foram piadas, risos e insistentes apertos de mãos. Talvez porque Luiz, esse simpático morador de rua, estava extasiado por conversar com alguém que lembrasse o passado que deixou.

Antes de sair para as ruas, Luiz era encarregado de uma empresa. Fazia charadas que envolviam lógica, matemática, pegadinhas de português. Era casado, pai de dois filhos e morador de um sobrado na periferia de São Paulo.

Sim! Não é à toa quando dizem que uma mulher pode ser o sucesso ou a desgraça de um homem. Um dia, ao voltar para casa, ele encontra sua esposa e seu irmão numa situação onde ele deveria estar. Juntos na cama.

De tão louco, o cara resolveu sair de casa e cair no mundo. Pensou em matar os dois, mas logo em seguida disse que ia morrer na prisão. Preferiu a rua. Enquanto o irmão foi morar com a ex-cunhada. Quanto aos filhos, nunca entendi se ele os vê ou não.

Em quase 20 minutos de conversa com esse “anjo” chamado Luiz, nós duas levamos uma série de lições sobre a vida e muuuuuuuuitos apertos de mão. Sua presença, marcante pela “frangrância” que deixou na gente, permaneceu até chegarmos em casa e entrar no esperado banho. Mas a sua história não sai tão fácil.

(Fabiana Cassim)

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Teremos vez no Oscar?

Na quarta-feira passada foi anunciado que o longa-metragem O Ano em que meus Pais Saíram de Férias é o candidato do Brasil a uma indicação na categoria de filme estrangeiro no Oscar. O filme – segundo da carreira do diretor Cao Hamburger, que já fez Castelo Rá-Tim-Bum, o Filme – conta através do futebol, a vida de um menino, que muda drasticamente quando seus pais saem de férias e o deixam com o avô paterno.

Uma fábula que prima pela delicadeza, o filme tem como cenário o bairro do Bom Retiro, em São Paulo, e mescla com muito bom humor e suspense, o clima de euforia pela ótima campanha da seleção brasileira na Copa do Mundo de futebol – em 1970 quando conquistou o tri-campeonato – com a repressão decorrida da ditadura.
Acho que O Ano em que meus Pais Saíram de Férias tem boas chances na corrida de melhor filme estrangeiro. Apesar da ditadura já ser um tema meio batido no cinema nacional, Cao Hamburger foca um olhar particular e extremamente sensível sobre os acontecimentos políticos que o país atravessava.

Eu, que só fui ver o Brasil ganhar Copa do Mundo em 1994, fiquei fascinado de como o filme descreve a euforia da população durante os jogos, que naquela época era de 90 milhões. Estou confiante na indicação do longa e acho que merece estar entre os cinco finalistas. Ingredientes para tal façanha temos, afinal, a história, triste, que ganha leveza, graciosidade e tons de comédia por ser contada por meio da visão de uma criança, sem nunca perder essa inocência do olhar infantil é prato cheio para os votantes da academia.

Agora é só torcer! Para quem ainda não viu, o filme deve voltar aos cinemas ainda este ano, mas também pode ser encontrado em DVD.

(Frederico Paula)

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Purgatório virtual

Com o sucesso dos sites de relacionamentos, onde as pessoas expõem suas intimidades, conversas e preferências, ter uma página no Orkut é uma maneira de estar conectado com o mundo ou uma forma de existir. Pensando nisso uma dúvida me bateu na cabeça. E se, de uma hora para outra você não estiver mais aqui pra administrar o seu profile? O que acontece com sua página de Orkut depois que você canta pra subir? Se alguém morre e ninguém tem a senha, o perfil dessa pessoa fica lá como se nada tivesse acontecido. Sua página fica vagando com sua foto sorrindo para sempre no seu álbum de retratos.

O curioso é que existem comunidades dedicadas a administrar perfis de quem já passou desta para a melhor. A mais importante e conhecida delas é a PGM -Profiles de Gente Morta com 2.784 associados, até a última vez que entrei. Funciona assim: os membros ficam sabendo da morte de alguém, investigam para saber se a pessoa faz parte do Orkut e colocam um link para o profile da pessoa. Sua vida não é apenas uma página aberta como também sua morte. E a comoção toma conta de todos os freqüentadores que deixam recados, mensagens de incentivo para a família e analisam as causas da morte.

Alguns amigos deixam recado direto para a pessoa como se o morto pudesse ler. Quem sabe?! E porque deixam recados? Seria uma forma de manter a lembrança, uma maneira de prestar homenagem ao amigo querido ou a curiosidade que a morte sempre atrai? Em principio parece uma forma de desabafar, aliviar a saudade, sentir conforto ou prestar homenagens. Até que, com o passar do tempo, os recados vão ficando escassos e os spams, esse lixo virtual, enterram as mensagens de dor e saudades. Por isso, acho bom você começar a pensar em quem confiar não só a senha do banco ou o segredo do cofre, mas também o seu login e senha do Orkut, para quando você abotoar o paletó de madeira alguém deletar o seu perfil.

Você pode evitar que aquele seu amigo de infância encontre sua página e deixe lá um recadinho “E aí fulano, quanto tempo? Como vai a vida?” ou aquele mais desavisado “Pô! Tô com saudades! Apareça!!!” Que Medo! Outra coisa me faz pensar: vai que existe alguma maldição da internet que deixe você preso, vagando por entre comunidades como “Tenho medo da Gina dos palitos”, “Eu odeio dormir com os pés gelados” ou “Só morro depois do fim de Lost”. É algo como um inferno virtual. Por isso, por mais que você não queira pensar no assunto comece a analisar em quem vai confiar sua senha do Orkut.
(Adriana Balsanelli)

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Quem sabe faz muito bem ao vivo

Tem certas bandas e/ou cantores que simpatizo e ficam naquela categoria "gosto de ouvir, mas não sei se vou comprar o CD". Pato Fu era assim. Até que fui a um show e, então, não consegui mais parar de ouvir. Desde então, sempre que tenho a oportunidade, vou ao show da banda, que, além de diversão, me trouxe dois amigos muito queridos - um deles, o Caio, é o autor da foto abaixo.

É incrível vê-los no palco. Não sei bem o que acontece, mas fico encatada com as músicas, a luz, o cenário, com eles tocando seus instrumentos e até com as danças desengonçadas da Fernanda Takai e do Ricardo Koctus. O Pato Fu conhece o verdadeiro significado da palavra espetáculo.

Saio do show gostando mais ainda das músicas que já gostava e canto até as que não me empolgavam muito. Com os dois últimos CDs da banda foi assim: só me empolguei e comecei a escutar mais depois que fui no show.

Eu recomendo o show do Pato Fu para os que nunca viram a banda ao vivo. Quem quiser tentar, neste final de semana, dia 30, às 12h30, eles se juntam ao Trash Pour 4 em uma apresentação no Shopping Anália Franco. Nos vemos lá!

(Vanessa Fontes)

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Hagar, Pink Panther e Os Três Patetas

Recebi a notícia mais triste da minha vida em setembro de 2002, no dia 8, a 10 dias de seu aniversário. Era uma tarde cinzenta e chuvosa, domingo fatídico aquele. Na UTI do Hospital Oswaldo Cruz, eu e meus irmãos abraçados, a dor na alma e na carne, como se alguém tivesse arrancado nossos corações pela garganta, nos sufocando. Durante muitos anos lutei para apagar da memória essas imagens, visíveis mesmo de olhos bem fechados.

Depois de cinco anos, hoje lido melhor com recordações e não passa um dia sequer sem que me lembre dele. O sorriso doce, os olhos meigos, o jeito brincalhão, sempre pronto para fazer uma graça, soltar uma piadinha. Daí tomei coragem e resolvi escrever este texto para me lembrar cada vez mais, me certificar de que jamais esquecerei sua voz, mesmo que não a tenha gravada na caixa postal do meu celular, como várias vezes pensei em fazer com as mensagens deixadas por ele.

Engenheiro, sublimou o talento para o desenho mas não perdeu a sensibilidade. Lia o jornal toda manhã, sem perder as tirinhas de Hagar, o Horrível, o adorável viking do cartunista Dick Browne. Lembro dele deitado depois do almoço, na sala de som, escutando música, de preferência um Paulinho da Viola, Clara Nunes, porque o cara tinha bom gosto musical. Ou tomando um uisquinho para relaxar depois do trabalho, passeando com o cachorro que ele me deu - mas que escolheu ele como dono. Lembro dele com cara de gaiato, sempre tentando uma pegadinha, dando gargalhadas com O Gordo e o Magro, com o humor ingênuo do trio mais biruta da TV, Os Três Patetas, e com o desenho animado Pink Panther, a pantera magra e desengonçada, apelido depois dado por mim e pelo Beto ao nosso irmão do meio.

Companheiro da minha mãe por mais de 50 anos, com ele, aprendi a ser mais paciente, menos intransigente. De herança, ele também deixou a força para vencer os vários desafios: a perna quebrada em acidente quando ainda era garoto, a internação em Campos do Jordão para tratar a tuberculose adquirida na fábrica de lâmpadas onde trabalhava, o câncer de próstata, a osteoporose na coluna... O cara era forte como uma rocha, o são-paulino que escutava futebol pela Jovem Pan e acordava a casa toda pela manhã com a famosa vinheta da rádio “vambora, vambora, tá na hora, tá na hora...” Deu duro a vida inteira e quando se aposentou abriu um negócio. Quando não deu mais, foi administrar a Arteplural. E eu, influenciada por seu espírito moderno, entre o Jornalismo e o Direito, escolhi o primeiro. Por isso, dedico a ele cada dia de trabalho com bom humor e brindo vida longa à Arteplural.

É muita história pra colecionar. O passeio de ônibus por Copacabana quando moramos no Rio, os pacotes de biscoitos devorados logo depois do jantar. A emoção da primeira vez que o homem pisou na Lua, a farra com a vitória da seleção da Copa de 70 pelas ruas do bairro, ele dirigindo nosso primeiro Fusca. Os tanques de Guerra na porta de casa, em frente ao quartel da Manoel da Nóbrega em 64, a estranheza ao ver fotos de amigos da família procurados como “subversivos” em cartazes na padaria. O governo militar e a inocência de meus irmãos marchando como os soldados.



E hoje, ele dando cambalhotas no sonho do Flávio ou atendendo o telefone na casa da minha mãe, desta vez no meu sonho, e dizendo para eu não me preocupar que ele estava cuidando direitinho dela. O orgulho de ter o mesmo nome, ter nascido no dia 18. Meu pai era uma figura e eu aproveitei bastante o tempo que pude ao seu lado, tenho certeza.

(Fernanda Teixeira)

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Na carona do Dudu - Prefiro os gatos

Nunca gostei de gatos. Sempre achei os felinos pouco interessantes, até mesmo pouco inteligentes se comparados aos cães. Acreditava que entre os gatos e as galinhas não havia muita diferença, ambos eram para mim animais inferiores. Seria capaz de enumerar toda uma fauna com capacidade de ser superior a de um gato.

Já o cachorro era o “melhor amigo do homem”, “o rei das selvas”, ou melhor da humanidade. Este sim, o único fiel e companheiro amigo de todas as horas, sempre ali, disponível, pronto para dar o melhor de si: abanar o rabo requebrando metade de seu corpo para expressar a felicidade e alegria apenas por ter a companhia humana. A imagem do cão de Ligia - aquele que numa esquina, morto de frio, espera seu dono que um dia partiu para guerra e nunca mais fez o caminho de volta pra casa - era perfeita, neste meu universo

Quanto ao gato, este para mim, não compreendia o ser humano, não havia nenhuma possibilidade de aproximação. Não entendia porque algumas amigas gostavam tanto dos gatos. Achava mesmo suspeita tal preferência. E duvidava daqueles jovens que chamavam um ao outro de “meu gato”, “minha gata”. Pensava que a referência ao felino era pela sua aparência sensual e traiçoeira... Ops! Só agora percebo que, na verdade, já tinha, sim, algumas adjetivações para os gatos. E talvez por essas, não estivesse disponível para eles, meu olhar era de reprovação àquele seu mundo perverso.

Recusei durante muito tempo estes felinos, mas hoje penso seriamente em adotar um. Conviver diariamente com um gato. A minha mudança, após tantos anos negando esta estranha atração, vem de um engano cometido no passado, não com o gato, mas com a humanidade. O gato era humano demais, e desta humanidade trazida pelo gato eu não sabia. O gato é um estrategista, um jogador de xadrez, um estadista quando se trata de seus domínios. O seu andar é manso, os seus movimentos sutis, sua respiração imperceptível e seu olhar sempre duvidoso.

O gato para ser entendido e amado tem que ser, se faz ser observado. Demarca seu território, define sua moradia, escolhe sua comida e o melhor lugar para dormir. O dono do gato? Ora, deve estar em algum lugar da casa (que lhe restou) lendo um jornal, disponível para atender a sedução insustentável de seu gato. O animal é mesmo especial, não é para qualquer um, em qualquer momento. É o gato quem define o tempo de sua companhia. Há um ritual para que sejamos aprovados e finalmente convivermos com eles. Mais ainda: poderemos ter surpresas com esta relação. Para estar com um gato nada devemos esperar, afinal um gato é quase humano. Hoje prefiro os gatos. Não aos cachorros, afinal os cães têm seu status assegurado muito antes da minha opinião - fico com os gatos aos humanos quase gatos.


(Tânia Garcia)

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

"Ela tá em tudo quanto é canto"

Se os créditos do filme sobem e me vem a sensação de nunca mais querer vê-lo, pode ter certeza de que ali a arte foi bem representada. Caso contrário, nem dou chance de chegar aos créditos. Para mim, filme bom é aquele que vai lá no fundo mexer com nossos sentimentos e angústias, provocando reflexões e mudanças de comportamento. Em alguns casos, revê-lo pode remexer nessas sensações e causar desconforto.

Assim foi quando assisti a uma obra muito recomendada por colegas de diversos setores da sociedade, como psicólogos, educadores, ambientalistas, filósofos, jornalistas etc. Estou falando de Estamira, um documentário dirigido por Marcos Prado, que conta a história de uma mulher de 63 anos que sofre de distúrbios mentais.

Essa mulher, que vive e trabalha há mais de 20 anos no Aterro Sanitário do Jardim Gramacho - local que recebe diariamente mais de 8 mil toneladas de lixo produzido no Rio de Janeiro -, é dona de um discurso tão profundo e poético que chega a ser um tapa na cara de todos nós, considerados sadios. Por meio de sua história, Estamira levanta questões de interesse global, como o destino do lixo, o desamparo humano, social, econômico e político. "Isso aqui é um depósito de restos. Às vezes é só resto e às vezes vem também descuido. Resto e descuido", afirma a protagonista em referência ao Jardim Gramacho.

Nada escapa aos seus olhos atentos. Na sua "lucidez", Estamira nos propõe uma reflexão sobre a medicina, a educação, a religião e o comportamento humano. "Não existem mais inocentes, mas sim espertos ao contrário", diz.

Para definir o seu distúrbio mental e o atendimento que recebe por meio do serviço público de saúde, ela é enfática: "Eles estão dopando quem quer que seja com um só remédio" Estamira é sábia e tem plena consciência de que seus problemas mal são ouvidos. "Eles só copiam... eu vou lá todo dia, todo mês, cada consulta é o mesmo remédio... Esses remédios são da quadrilha da armação, dos dopantes".

Fica aqui a dica de um filme que faz jus à sétima arte, por emocionar e modificar o ser que a contempla. E a certeza de que todos nós temos um pouco de Estamira.

"Deficiência mental eu acho que quem tem é imprestável, né. Bem, pertubação também, mas não é deficiência, né. Pertubação é pertubação. Por que não pode ser pertubado?"

"Isso até meu neto sabe. Ele nem foi na escola copiar o que aqueles hipócritas manda"

"Eu, Estamira, sou a visão de cada um"

(Fabiana Cassim)

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Cinema mais barato

Já faz alguns meses que produtores e donos de estabelecimentos de entretenimento (cinemas, casas de shows e teatro) lançaram uma campanha – com amplo apoio dos veículos de comunicação, que ganham grana com os anúncios milionários – que denunciava o uso de carteirinhas falsas de estudantes. O coro dos empresários é que a meia-entrada para estudantes é uma das principais causas para o alto valor dos ingressos, principalmente em São Paulo.

A campanha já mostra resultados, pois a rigidez em se vender ingressos para pessoas com carteirinhas estudantis é notória. Meu sobrinho de 11 anos não pagou meia-entrada para assistir o novo filme de Harry Potter, pois ele não tem a carteirinha. Conclusão: o cinema não concedeu o ingresso mais barato. Será que um garoto de 11 anos não está na escola? Hoje em dia, além da carteirinha, é exigido também o atestado de matrícula e, no caso de faculdades pagas, o boleto do mês vigente devidamente quitado.

Agora vem a pergunta. Quando teremos ingressos mais baratos? Atualmente a fiscalização é maior e a justificativa para os preços abusivos (R$ 17,00 a média de uma sessão de cinema, R$ 80,00 o ingresso mais barato para ver Marisa Monte e R$ 100,00 a apresentação de Madeleine Peyroux) era a quantidade absurda de meias-entradas com carteirinhas falsas. Será que ficarei sonhando com redução de preços? Temo que sim.

O que eu queria ver é a imprensa começar a fazer matérias sobre o impacto dessa campanha. Quantas meias-entradas foram vendidas? Houve uma diminuição ou foi a mesma coisa? Uma comparação com outros meses também seria bem vinda nesse momento. Mas será que os veículos de comunicação podem “bater de frente” com seus anunciantes?

Pelo menos esse buxixo todo trouxe a tona um debate interessante sobre a meia-entrada, benefício que existe desde os anos 30, com o fim de facultar aos estudantes acesso menos oneroso a produtos culturais em complemento à sua formação. Vamos aguardar e exigir ingressos mais baratos. Afinal foi uma promessa da campanha dos empresários. Não quero acreditar que eles são iguais aos nossos políticos que prometem, mentem e não cumprem.
(Frederico Paula)

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Misteriosa Dona Esperança




A foto acima é a capa do novo CD da cantora Vania Abreu, Misteriosa Dona Esperança, o sexto de sua carreira. Produzido por Serginho Rezende, co-produzido por Vania, já está nas lojas, com distribuição da Tratore. As onze faixas, escolhidas com o carinho e respeito à música que Vania sabe tão bem fazer, trazem duas regravações, Embola Bola, música do primeiro LP de Djavan, de 1976, e as canções O Que Foi Feito Devera (Milton Nascimento/Fernando Brant) e O que foi feito de Vera (Milton Nascimento/Marcio Borges), reunidas em uma única faixa - cuja primeira gravação foi no Clube da Esquina e belissimamente interpretada por Elis Regina e Milton Nascimento - que ganha força e emoção na releitura de Vania, privilegiada pela utilização sensível e eficiente de percussão. Destaque, ainda, para as inéditas Diga Que Me Ama (Péri), Moda de Viola (J. Veloso) e Misteriosa Dona Esperança (Carlos Careqa).

O repertório do disco e sucessos de sua carreira podem ser conferidos em shows nos dias 29 e 30 de setembro no Sesc Pinheiros.


(Adriana Balsanelli)

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Mundo animal

Às vezes, é difícil lembrar que estou trabalhando pertinho da avenida Brigadeiro Luis Antônio, 23 de maio e a poucos quarteirões da avenida Paulista. O fato desse trecho da Manoel da Nóbrega ser bem tranqüilo aliado com a proximidade do Parque do Ibirapuera me faz esquecer que estou encravada no centro de uma grande metrópole.

Algumas visitas ilustres também costumam contribuir para esse sentimento. Em algumas tardes de trabalho, costumo parar o que estou fazendo e presto atenção nos periquitos verdes que pousam no telhado da casa vizinha. Apesar do tamanho, os pequenos pássaros fazem um enorme barulho e alegram meu dia.
(Vanessa Fontes)


segunda-feira, 10 de setembro de 2007

20 anos para comemorar uma vida inteira pela frente

Depois de fazer 50 anos, o amigo Carlos Jong anda feliz da vida. Cheio de planos, resolveu comemorar a vitória depois de tanta barra pesada, que a vida nunca deu mole pra ele, não. Cara de sorte, abençoado pelos deuses, sobrevivente do fundo do poço, resolveu dar um pé no inferno astral e aproveitar cada minuto deste segundo ato. Não imaginava chegar aos 50 anos, pensou que morreria na faixa dos 30. Por tamanha felicidade, decidiu fazer um balanço geral, da família, dos amigos, dos amores, das dores, das alegrias e tristezas, dos vícios, enfim, de tudo.

Paciente terminal ao 30 e poucos anos, venceu o prazo de validade de três meses, decretado pelo primeiro médico, o especialista frio e preconceituoso logo substituído pelo profissional humano e afetuoso que se tornou amigo e confidente. Dos primeiros sintomas ao diagnóstico, as passagens mais importantes desta trajetória serão resgatadas com o humor e a força, marcas tatuadas de sua personalidade.

As dolorosas lembranças do rigoroso setor de isolamento do hospital, onde foi protagonista de filme de ficção científica - a cama envolta em uma espécie de bolha de proteção, com orifícios por onde enfermeiros ministravam remédios e alimentação. A infecção generalizada, sedação, drogas para apagar e acordar, UTI, contato zero com o mundo exterior. A família, acabada; os amigos, transtornados.

Chegado numa terapia alternativa - reike, cromoterapia e meditação –, ele teve de encarar o choque da medicina alopata e tirou de letra. Ele passou por cada uma! Merecia mesmo um livro a incrível história desse cara sensível, humano e engraçado, biólogo de formação, descendente de italianos. Da dedicação ao trabalho com controle de qualidade em uma grande empresa do ramo alimentício ao carinho com os animais, esse devoto de São Francisco de Assis também perdeu casa e carro em enchente, depois de superar um câncer, outro grande desafio.

Só não perdeu a garra, porque seu santo é forte, deve ter o corpo fechado, o danado, e a cabeça feita. Cabeça feita pelo carinho e apoio da família, além dos amigos, sempre por perto e dentro do coração. Ainda não tem data, mas você provavelmente vai ler sua história de dor e alegria, coragem, amor e, acima de tudo, a história desse homem bonito, bem-humorado, generoso e especial. Em breve você vai se emocionar e rir com esse ser que, provavelmente, chegará aos 90 dando cambalhota e tapa na pantera.

(Fernanda Teixeira)

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Futebol, teatro e batizado

Já que a coisa está difícil nos gramados daqui, depois de perder para São Paulo (1 a 0) e Cruzeiro (5 a 0), precisamos acreditar na vitória do Palmeiras contra os adversários cariocas. O Verdão vai me dar muita alegria se bater o Botafogo hoje à noite, como fez com o Flamengo (4 a 2) e Fluminense (1 a 0).

Enquanto dou um tempo dos estádios - que eu gosto mesmo de ir para ver o Palmeiras ganhar - aproveito para recomendar Amigas pero No Mucho, de Célia Forte, em cartaz no Teatro Frei Caneca, às terças-feiras. Supersticiosa, vou guardar de recordação o ingresso da primeira peça da minha amiga. Que venham muitas outras!

Por enquanto é isso. Estou ansiosa e de malas prontas para pegar a estrada rumo ao curso de batismo. Para ser madrinha do Pedro Miguel, terei umas aulinhas. Não estou me agüentando de tanta felicidade. Fui.

(Sandra Polaquini)



quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Mas não é charme?

Desde que entrei na Arteplural descobri que é fundamental saber o passado, o presente e, se puder, o futuro de quem é pauta na mídia. Principalmente se eu não quiser ser motivo de risos na hora do café com os meus colegas de trabalho.

Cheguei a essa conclusão depois de uma trauma que sofri. Com tanta polêmica em torno da biografia não autorizada do Roberto Carlos, acabei descobrindo que ele não tinha uma perna. Fiquei chocada. "Como?" Caso semelhante eu só conhecia o do Vagner Montes.

Agora tudo se encaixa. Sempre vi que naqueles shows de final de ano ele não se movimentava muito pelo palco. Mas para quem tem título de Rei e fama de galanteador da Jovem Guarda, eu achava que aquela gingadinha no andar era um charminho. Assim como a risada, o corte do cabelo... Para mim, tudo fazia parte do caricato rei do iê-iê-iê.
(Fabiana Cassim)


segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Turbilhão de emoções

Tudo começou em novembro de 2006, mais especificamente no dia 29 do penúltimo mês do ano. Depois de alguns meses de tentativas, alarmes falsos e muita ansiedade, finalmente o resultado tinha dado positivo. Paula e eu estávamos grávidos. A notícia foi muito comemorada por todos: família, amigos e o pessoal do trabalho. Foi exatamente ai que comecei a passar pelas melhores emoções da minha vida. Claro que nem tudo foram flores, mas, posso afirmar que as coisas boas superam as que não foram tão boas assim.

Imediatamente, começamos a comprar coisas e ganhar outras. O escritório de casa foi sendo desalojado para dar lugar ao quarto do futuro herdeiro. A barriga dava sinais de crescimento, mas nossa expectativa era maior, e para nós já era a maior barriga do mundo. Em janeiro, a primeira grande notícia. Depois de um ultra-som o médico confirmava: É um menino!

Foi assim que o Caio foi chegando a nossas vidas. Vê-lo no ultra-som era uma delícia. Sim, eu como pai coruja, fui a todas as consultas do ginecologista. Curti cada momento da gravidez da Paula. As mexidas, os pontapés, as conversas. Até comprei um livro e lia histórias todas às noites para ele. E o danado, mesmo dentro da barriga, já ditava algumas mudanças. Compramos um carro novo (com quatro portas, para melhor locomoção dele), além de outros acessórios como máquina digital e TV a cabo (já que a Paula passaria um bom tempo em casa), entre outras coisas. Minha avó dizia que filho traz prosperidade, mas na época dela não havia cheque especial!!!

E foi assim, que no dia 2 de julho às 22 horas, o Caio nasceu. Percebi, então, que o cara ia ser boêmio. Tremi. Lá se vão as minhas noites. Assisti ao parto, fotografei, chorei, ri e rezei para que Deus abençoasse esse pequeno menino. Depois da enxurrada de visitas, em três dias estávamos em casa. Ontem ele completou dois meses. Teve bolo, parabéns e brigadeiro. Nesses 60 dias, descobri como um ser humano tão pequeno pode encher tanto meu coração de alegria. Cada risada que ele dá (é, ele já me reconhece!) é um bálsamo. Não há cansaço ou tristeza que não se dissipe.

Muitas pessoas me perguntam se estou dormindo bem e se uma coisinha tão pequena não dá trabalho. Eu só posso afirmar que entre fraldas sujas, noites mal dormidas e um choro, às vezes incessante, eu sinto uma alegria sem fim. Caio, seja bem vindo a esse mundo. Te amo.

(Frederico Paula)

PS: o desenho abaixo é obra dos competentes e maravilhosos publicitários Nani Gaspar e Felipe Racca, que coincidentemente, são os padrinhos do Caio.