domingo, 28 de junho de 2009

São-paulina inconformada

Ainda não me conformei com a saída do técnico Muricy Ramalho do time do São Paulo. Tricampeão brasileiro, Muricy não merecia. Nem ele, nem a torcida, nem muitos dos jogadores. A diretoria do clube não entende mesmo de futebol e nem respeita o profissional que Muricy é. Deixa só ele assumir o comando de outro time e ser tetra. Assim os cartolas do São Paulo vão aprender. E pau nos intelectuais, ou melhor, em alguns pseudo-intelectuais, que dizem não entender por que um ser humano gosta de futebol.
(Fernanda Teixeira)

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Amigos, aguentem firme!

Sacanagem do Michael Jackson morrer assim. Acho que ele até já vinha me avisando devagarinho que ia morrer, mas morrer mesmo, assim, deixando minha adolescência órfã? Sinceramente, eu acho sacanagem. Super da minha geração. Não deveria ser assim.

Ainda tenho os long plays (para quem não sabe, LP, filho do 78 rotações e pai do CD, deve ter tido alguma coisa aí no meio) da Família Jackson Five,Thriller, Bad... Já perdi ídolos. Muitos... mas quando Elis morreu, eu era completamente adolescente e me dividia entre o Trem Azul, querendo ser mais interessante do que eu realmente era, e o boy, aquele BAD, que hoje se foi.

Quando Cazuza morreu, eu era tão pós-adolescente quanto ele. Chorei, mas era de igual para igual. Os mesmos medos, os mesmos segredos de liquidificador, sem nunca ter entendido quais eram os segredos de liquidificador. Só para citar alguns ídolos que me deixaram à deriva.

Agora, o que faço quando constado que o tempo é implacável porque Michael, que me acompanhou da infância à vida pra lá de adulta, esfrega na minha cara que o tempo faz os dias voarem e que tenho que me cuidar, porque senão a Velha Senhora acorda.

Amanhã vou ligar pra minha turma lá do colégio. Eles vão me entender, porque devem estar lá, congelados no tempo, dançando Bem, sem ter noção de que um dia o cantor-mirim-prodígio-negro não só deixaria de ser negro como morreu branco. E qual a graça, qual a vantagem? Por quê? Pra quem? Será que não tinha ninguém muito próximo pra dizer que ele era amado incondicionalmente, independente da cor, credo, raça? Que era amado porque era um ídolo, acima de tudo, acima dos horrores cometidos contra pequenos anjos, com pais não tão anjos assim. Ah, quem sou eu pra julgar a conduta humana. Não estou aqui por isso, estou aqui pra dizer que descobri hoje, vejam só, justo hoje, que sou falível, que não sou imune à morte. Só que corro mais, muito mais rápido que a Velha Senhora e ela vai ter que suar muito pra me fazer participar de Thriller.

Vá em Paz, rapaz, que tantas alegrias me trouxe em baladas inconsequentes. Obrigada por entreter-me numa época em que, se eu tivesse escolhido seguir os passos de outros ídolos que me fascinavam pela contundência das letras e do pesar da história, como Janis Joplin, Jimi Hendrix, eu talvez não estivesse aqui hoje celebrando sua vida e chorando sua morte. Vá em Paz. John Lennon vai estar esperando você, com flores nas mãos, devolver pra ele os direitos autorais de Let it be.

Ah, por favor Michael, dê um abraço bem apertado na Farrah Fawcett, a Deusa Loira das Panteras que se foi num dia ruim, pois até nas minhas linhas dei menos pra ela. A vocês, amigos queridos, um abraço em cada um e obrigada por aguentarem firmes.
Sempre, Forte.

(Célia Forte - Na Carona do Dudu)

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A breve vida dos ícones do rock

Célia, my love, nossa geração viu muitos de seus ídolos desaparecerem cedo demais, deixando um rombo em corações e mentes. Suicidaram-se, morreram de Aids, de overdose, assassinados, loucos com a barra pesada do sucesso. Lembro do baque quando recebi a notícia de John Lennon, morto quando eu tinha 20 anos e trabalhava no Canja, jornal de música de Sergio de Souza e José Trajano. Olhei pro céu, a perna bambeou, passou um tempo até conseguir entrar na redação.

Na época da Elis Regina, trabalhava na Rádio Mulher, fiquei com o ouvido grudado no rádio para saber de todos os detalhes. A maior cantora do País também não agüentou a pressão e cheirou todas numa noite só. Outro golpe foi quando Cazuza se foi, em 1990, quando eu já estava entrando nos 30. Recebi a notícia pelo jornal da TV, no Rio, soco no estômago. Os outros golpes foram Renato Russo, que partiria seis anos depois, e Cássia Eller, em 2002. Não dá pra esquecer do Raul Seixas, que até hoje tem uma das mais apaixonadas legiões de fãs do país. Era alcoólatra e morreu em decorrência dessa doença, agravada pela diabete, em 1989, aos 44 anos.

Antes, outros "heróis", para usar palavras que Cazuza gostava, já tinham pegado o bilhete azul - Jim Morison, líder do The Doors, morreu na década de 70. Na virada dos anos 70 para os 80, outros artistas encerraram bruscamente suas carreiras - o baixista do Sex Pistols, Sid Vicious, não pegou a onda e embarcou numa overdose de heroína em Nova York aos 21. Um ano depois, em 1980, o baterista do Led Zeppelin, John Bonhan, foi encontrado morto aos 32 anos. Kurt Cobain, líder do Nirvana, grupo de vida curta mas importantes na história do rock, se matou em abril de 1994.

Voltando a Michael Jackson, quando ele cantava Ben eu ainda não tinha sofrido sequer uma dor de amor e cabulava aula pela rua Pamplona, com aquela saia xadrez, uniforme do Colégio Assunção. Ele acompanhou minha adolescência e juventude. Fui vê-lo no Morumbi, em 1993, megashow, megahisteria no estádio para ver Maicô.

Escândalos, álcool, drogas e sexo na era da Aids sempre andaram de mãos dadas com o rock'n'roll. Para alguns, o doce gosto da transgressão era mais ácido que usar um macacão de jeans surrado e fumar um cigarrinho escondido na lanchonete da esquina. Viver intensa e freneticamente e morrer jovem. Será esta a máxima de ícones do pop ou do rock?
(Fernanda Teixeira)

segunda-feira, 22 de junho de 2009

O circo é pop

Meu primeiro post neste blog foi para falar sobre o lançamento do livro Circo Teatro, da Ermínia Silva, só para introduzir um pouco da minha admiração por essa arte. O meu interesse sobre o assunto aumentou por conta do trabalho com a Cia Estável de Teatro e seu belíssimo espetáculo O Auto do Circo. De lá pra cá, já trabalhamos com a Cooperativa Paulista de Circo, Panorama do Circo, Palhaçaria e outros projetos que permeiam o universo circense. Agora tivemos o privilégio de divulgar o CNAC - Centre National des Arts du Cirque da França - em sua rápida passagem por São Paulo.

O espetáculo 20e Première fez cinco apresentações no Memorial da América Latina e acompanhei de perto a seriedade, o compromisso e o talento de jovens artista franceses que acabaram de se formar numa das principais escolas de circo do mundo. O espetáculo é inspirado em lembranças da infância e do circo de antigamente, confrontados com o imaginário contemporâneo. Nele, se utilizam múltiplas linguagens como a música, coreografia, jogo, disciplinas circenses com a imagem narrativa do cinema.

Como esperávamos desde nossa primeira reunião para traçar as estratégias de assessoria de imprensa do projeto, o evento foi um prato cheio para as emissoras de televisão. Separei uma matéria feita pelo programa Metrópolis, TV Cultura, para mostrar aqui, pois ela sintetiza um pouco do trabalho do CNAC. A melhor notícia, que deixei para contar no final, é que o CNAC vai abrir uma escola de circo no Brasil até o ano que vem. Espero que, assim como outras escolas de circo, o CNAC também ajude a formar nossos artistas e novas linguagens, com mais opções de espetáculos para o nosso respeitável público.




Para ver mais: www.youtube.com/arteplural

(Adriana Balsanelli)

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Oi Dudu,

Sou Bolota. Nasci em 23 de abril de 2009. Touro, acho. Tenho perebas na pele, que mamãe já está tratando. Ainda não posso te conhecer porque faltam as vacinas. Uma pena. Mamy diz que sou baguncenta. Adoro bagunça. Já tenho cama, cobertor de ursinho e três brinquedos. Mas gosto mesmo é de roer cadarços. Pela primeira vez, ontem dormi sozinha na cozinha. Nem foi tão ruim, porque mamãe às vezes ronca. Foi bem bom, por sinal. Ainda erro xixi e cocô. Muito complicada esta história de jornal. Também minha memória é curta. Quando penso em ir ao jornal, escapou. Sigam-me no twitter. https://twitter/bolotice.
(Marcia Pinheiro Na Carona do Dudu)

quarta-feira, 17 de junho de 2009

terça-feira, 16 de junho de 2009

Festa Junina no Miniteatro


Pau no Jogo Duro da TV

Depois da violência da bomba caseira jogada no Largo do Arouche, ferindo mais de 20 pessoas, e do espancamento de outras duas (que seguem em estado grave), no final da Parada Gay, tristeza foi ver Jogo Duro. Apresentado de forma "qualquer nota" pelo surfista Paulinho Vilhena, na Globo, depois do Fantástico, foi jogo duro engolir tanta porcaria. E o pior é que a emissora copiou da TV ameriana. Deve ter pagado os tubos pelos direitos... E ainda implicam com Silvio Santos quando ele imita o que os outros fazem lá fora. Sem palavras ver pessoas contracenando com ratos, cobras, minhocas, baratas, sapos, argh! Um nojo, zero de elegância e bom gosto apresentar atração de nível tão rasteiro. E ainda tem gente que se presta a participar. É tudo por dinheiro? Os fins justificam os meios? Eu não entendo. O ser humano, realmente....
(Fernanda Teixeira)

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Palmas para Roseli Tardelli

A militância não faz meu estilo. Sempre preferi o low profile. Em todas as áreas. Ao mesmo tempo, sempre tentei lutar pelos meus direitos. Em todas as áreas também. (Até quando era pré-adolescente e quebrei o maior pau com meus pais porque eles não deixaram que eu fosse para a Bahia sozinha de ônibus. Não entendia porque meu irmão, de 15 anos, podia e eu não.) Por isso, depois de anos, é uma alegria renovada ir à nova edição da Parada Gay de São Paulo. A de domingo foi a 13a, e até parece que foi ontem quando a gente ainda conseguia ocupar um espaço considerável na rua, no vão livre do masp, para combinar de encontrar os amigos. Não tinha prefeito, nem governador, e já era um compromisso importante. Nos anos seguintes, minha claustrofobia permitia, ao máximo, ficar parada em uma das esquinas da Paulista, na Rocha Azevedo, Peixoto Gomide, olhando tudo e todos.

Homossexuais, travestis, héteros de todos os tipos – vovôs, vovós, titias, cachorros, crianças e até bebês – já freqüentavam. Mesmo que no dia seguinte as plumas e os paetês eram o que mais se via nos jornais e nas TVs. Compreensível, porque as fantasias coloridas sempre fizeram mais a alegria de fotógrafos e emissoras que a gente comum, sem maquiagem, sem graça, sem o glamour (?) esperado pela mídia. Os estereótipos chamam mais a atenção, rendem pauta, assim como as notícias de tragédias despertam mais a curiosidade do ser humano (ô gente esquisita!).

Ontem, pelo segundo ano consecutivo, aceitei o convite da jornalista Roseli Tardelli, diretora da Agência de Notícias da Aids, para ficar no Camarote Solidário, promovido por ela, e assistir ao desfile do mezanino do Conjunto Nacional. A iniciativa da jornalista já tem 7 anos e agora conta com o apoio DKT do Brasil e do Programa Municipal de DST/Aids e tem por objetivo recolher alimentos para as casas de apoio às pessoas que vivem com HIV/aids, como a Casa Brenda Lee e o Grupo de Apoio e Prevenção à Aids, o Gapa, entre outros. Os convidados precisam levar 5 quilos de alimento não perecível para ver a parada lá de cima, lugar privilegiado, com visão deslumbrante do evento. A avenida lotada, colorida de pessoas de todos os tipos. Ainda mais num dia claro de sol, céu azul, a luz refletindo nos prédios. Um bufê de comidinhas, bebidas e caldos era servido enquanto a DKT distribuía preservativos Prudence, sabor chocolate.

Toda orgulhosa, não sem motivo, Rosely nos apresentou a vice-prefeita de São Paulo Alda Marco Antônio, que disse ser "uma emoção diferente ver a parada do Camarote". Entre jornalistas a trabalho e um batalhão a paisana, assim como produtores, atores e gente, muita gente desconhecida andava de mãos dadas com seus pares. Discreta em seu canto, a cantora Wanderléa se mostrava solícita a cada pedido para tirar fotos.

Também foram à parada, mas não ao Camarote, o prefeito de São Paulo Gilberto Kassab e o governador do Estado de São Paulo José Serra, além de Martha Suplicy. Fico pensando que isso quer dizer alguma coisa. Que os caras não iam sair de casa num domingão gelado de junho à toa. Eles não iam é deixar de aproveitar a oportunidade de aparecer e se mostrar favoráveis à causa. Santa ingenuidade, Batman! De acordo com o que li pela internet assim que cheguei em casa, projeções da SP Turis, que gerencia o Turismo em São Paulo, davam conta que a cidade recebeu 400 mil turistas. Ainda pelos dados da empresa, que li no Uol, o impacto na economia deverá ser de R$ 200 milhões e a taxa de ocupação dos hotéis foi cerca de 90%. Financeiramente falando, os dados são mais que atraentes – e devem fazer qualquer político perder o preconceito rapidinho. A expectativa dos organizadores é ter reunido 3,5 milhões de pessoas.

Também pesquei na internet que José Serra disse apoiar a união estável entre pessoas do mesmo sexo. Na entrevista coletiva, realizada ontem de manhã, envolvendo lideranças das comunidades LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais) e dirigentes e organizadores da 13ª Parada Gay de São Paulo, ele afirmou: "A união estável, que inclusive já tem um processo sobre isso, e está realmente rolando, nós apoiamos". O tom marcante da entrevista, dizia a matéria publicada no site da própria Agência de Notícias da Aids, foi a crítica em relação à demora por parte do Senado em aprovar um projeto de lei que criminaliza a homofobia. O texto já foi aprovado pelos deputados federais e depende agora de análise do Senado, onde encontra resistência. Essa demora faz com que a intolerância continue rolando livre, humilhando, matando gente do bem. É a arma dos covardes, ignorantes, reacionários, xiitas, dos desprovidos de inteligência, respeito e humanidade.

Voltando ao preconceito, se hoje a meninada na faixa dos vinte e poucos anos já se arrisca a andar naturalmente de mãos dadas pelas ruas de São Paulo, com suas namoradas e namorados, muita água teve que rolar nas últimas duas décadas para o cenário ter mudado um pouco de figura. Mesmo que gays ainda sejam alvo de crimes bárbaros e que o projeto de lei acima mencionado precise ser sancionado, o medo de ser descriminado nas ruas parece que diminuiu, pelo menos sinto no ar. Assim como dá para notar, está na cara, o orgulho nos olhos das pessoas. Cabeça erguida, nariz empinado, a certeza de que a batalha pela conquista do respeito valeu a pena, e que sair do armário era necessário para isso acontecer.

Parabéns, Roseli Tardelli, você é muito responsável por essa mudança de comportamento.

Fotos de Adriana Balsanelli e Vera Toledo Piza.
(Fernanda Teixeira)

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Coisas irritantes

  1. Barulhinho de papel de bala durante a sessão de cinema ou teatro.
  2. Reunião de condomínio no meu prédio.
  3. Flagrar neguinho jogando lixo pela janela do carro.
  4. Pisar em cocô de cachorro na rua.
  5. Dono que não cata o cocô de seu cachorro na rua.
  6. Carro do vizinho chato estacionado na porta da garagem.
  7. Estar embaixo do chuveiro e lembrar que esqueceu de pegar a toalha.
  8. Não enxergar o ralo do box do chuveiro por ser míope.
  9. Se machucar ao raspar o braço no banho de chuveiro, também por ser míope.
  10. Tentar marcar exame em laboratório, esperar três dias para alguém atender a ligação e depois ter de dar mil vezes as mesmas informações sobre o plano de saúde.
  11. Deitar para dormir e perceber que está usando óculos.
  12. Chegar em casa de táxi e notar que esqueceu que estava de carro.

(Fernanda Teixeira)

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Carta para dona Fahrid

Chega ao fim uma era. Nos últimos dez anos convivi com Dona Fahrid, minha vizinha de porta, aquela que os amigos certamente irão se lembrar, pois ela aparecia de camisola e pantufas tocando a campainha da minha casa e pedindo silêncio nas noites de festa. Dona Fahrid faleceu na última quarta-feira, vítima de infecção intestinal, aos 71 anos.
Era uma doce senhora - que eu dizia detestar porque não tolerava minha vida de jovem festeira -, que vai fazer falta. Apesar de sempre reclamar das festas e do barulho, mesmo quando estávamos em quatro ou cinco pessoas, apenas conversando e bebendo uma garrafa de vinho, ficarão as memórias das vezes em que ela me ajudou cedendo ora um punhado de açúcar, ora um copo de leite para inteirar uma receita de bolo, um comprimido para dor de cabeça, ou emprestando o jornal do dia, para forrar o chão ao pintar a casa ou checar o horário do cinema.
Dona Fahrid deixa uma filha, Renata, minha xará, que, até onde me lembro é advogada e mora nos Estados Unidos. Guardo as lembranças das brigas, discussões e causos criados entre nós, por conta, muitas vezes, de detalhes insignificantes, como o lixo deixado na porta em horário errado, o volume alto da música e outros pormenores. E fará falta quando, nas próximas festas, não aparecer de camisola para tocar a campainha e pedir silêncio aos jovens baderneiros. Fique em paz, querida vizinha!
(Renata Lopes)

quarta-feira, 3 de junho de 2009

A Dama Indigna

Dona de vozeirão que carimba sua identidade musical, Cida Moreira fará tudo para arrasar corações no show inédito A Dama Indigna - Um Cabaré com Cida Moreira, apresentado no dia dos namorados, 12 de junho, sexta-feira, às 22 horas, na Comedoria da Unidade Provisória do Sesc Avenida Paulista.

Que não se espere baladas ingênuas para romances açucarados de primeiro grau. Cida Moreira avisa que será "um cabaré absolutamente contemporâneo e desconcertante, com canções fortes e dramáticas". A começar pelo coquetel com músicas "de sangrar, de cortar os pulsos", bem ao estilo da intérprete, que reúne clássicos dos cabarés dos anos 20 e 30. O repertório será desfiado por meio dos principais compositores dessa época, como Hollander, Spolianski, Weill.

Também têm lugar os músicos mais pops como Tom Waits e Leonard Cohen, além de brasileiros cancionistas como Guarnieri, Chico Buarque, Luiz Tatit e Zé Miguel Wisnik. No novo espetáculo - que estreou no verão deste ano em Porto Alegre -, Cida usa seu timbre grave de voz para cantar, ainda, Marianne Faithful, a cantora americana de 59 anos, que grava há quatro décadas, descoberta pelo empresário dos Rolling Stones (ela teve um caso duradouro com Mick Jagger).

"Meu maior sonho sempre foi ser uma cantora de cabaré de verdade, nos anos 20, 30. Acho que minha alma de cantora habita, em sua gênese, nessa época; a época do entretenimento, do comentário ácido e cínico, do afeto rasgado. Então, criei em mim essa persona que atua nos dias de hoje. Uma cabaretière contemporânea, livre de rótulos, que canta o que bem quer; Neste precioso e contundente caldeirão estão a alegria, a dor, a melancolia, a loucura, e a liberdade... como caminhar só entre escombros antigos e modernas ruínas construídas e destruídas por nós todos, em todos os tempos de nossas vidas. Uma mulher a cantar... sem concessões, sem amarras, em busca do encanto eterno de ser artista e exercer isso com liberdade e alegria totais."
(Fernanda Teixeira)