A comédia aqui em São Paulo é uma evolução do
teatro de revista, que é praticado a partir das farsas. Por essa razão, grande
parte dos atores conhecem (desde o TBC) bem as técnicas do teatro ridículo e
ignoram as interpretações que não sejam satíricas. Quem me explicou isso foi
Wolney de Assis (ator, diretor e professor de teatro) lá pela década de 80. Mas
as coisas continuam iguais na maioria das vezes. Não é o caso das encenadas
pelo grupo TAPA e nem de “O Libertino” de Eric-Emmanuel Shimidtt, dirigida com
extrema competência por Jô Soares, em cartaz no Cultura Artística Itaim de
quinta a domingo, o que a torna simplesmente imperdível.
O elenco, composto por dois atores e quatro atrizes
está com tudo em cima, principalmente Luiza Lemmertz (filha da Júlia e neta da
Lilian) e Luciana Carnieli. Mas quem está arrasando como protagonista é Cássio
Scapin. Imagine que ele é Diderot, um dos filósofos da ilustração francesa que
alterna frases filosóficas e orgias divertidas, tudo isso ficcional. Parece que
ele foi um conquistador, mas a peça foi escrita sem se ater a fatos reais.
Além dessas qualidades, a iluminação é do campeão
Maneco Quinderé, os figurinos são do premiadíssimo Fábio Namatame, o ótimo
cenário é de Chriz Aizner e música adequadíssima de Eduardo Queiroz. Uma
comédia muito engraçada e sem baixarias.
Maria Lúcia Candeias
Doutora em teatro pela USP
Livre Docente pela UNICAMP
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