sexta-feira, 21 de outubro de 2011

COMÉDIA COM C MAIÚSCULO



A comédia aqui em São Paulo é uma evolução do teatro de revista, que é praticado a partir das farsas. Por essa razão, grande parte dos atores conhecem (desde o TBC) bem as técnicas do teatro ridículo e ignoram as interpretações que não sejam satíricas. Quem me explicou isso foi Wolney de Assis (ator, diretor e professor de teatro) lá pela década de 80. Mas as coisas continuam iguais na maioria das vezes. Não é o caso das encenadas pelo grupo TAPA e nem de “O Libertino” de Eric-Emmanuel Shimidtt, dirigida com extrema competência por Jô Soares, em cartaz no Cultura Artística Itaim de quinta a domingo, o que a torna simplesmente imperdível.

O elenco, composto por dois atores e quatro atrizes está com tudo em cima, principalmente Luiza Lemmertz (filha da Júlia e neta da Lilian) e Luciana Carnieli. Mas quem está arrasando como protagonista é Cássio Scapin. Imagine que ele é Diderot, um dos filósofos da ilustração francesa que alterna frases filosóficas e orgias divertidas, tudo isso ficcional. Parece que ele foi um conquistador, mas a peça foi escrita sem se ater a fatos reais.

Além dessas qualidades, a iluminação é do campeão Maneco Quinderé, os figurinos são do premiadíssimo Fábio Namatame, o ótimo cenário é de Chriz Aizner e música adequadíssima de Eduardo Queiroz. Uma comédia muito engraçada e sem baixarias.
                         
Maria Lúcia Candeias
Doutora em teatro pela USP
Livre Docente pela UNICAMP

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