terça-feira, 23 de agosto de 2011

DIREÇÃO DO LAGE? SEMPRE É BOM ASSISTIR


Com direção de Roberto Lage (prêmios: Molière, APCA e APETESP) está em cartaz “Espartilho” que merece ser visto porque é obra de dois profissionais super competentes: dele e de José Antônio de Souza, autor de muitas peças, sendo a mais famosa “Cantos Peregrinos.”
O texto é interessante porque foca um encontro de casal em plenos anos 50, (época em que a virgindade era a virtude obrigatória) com um romantismo e delicadeza, dificilmente encontrados nos dias de hoje. Mas não se pense que por isso a forma seja antiquada, a peça é tão aberta que pode ser realista, fantasia da personagem feminina ou da masculina.


O casal de atores – Dani Mustafci e Fábio Ock – está arrasando e consegue envolver totalmente a platéia. Além de todas essas qualidades, a trilha sonora de Aline Meyer traz raridades cantadas por Elvis Presley, a preparação de atores leva a assinatura de Renata Zhaneta , Wagner Freire comanda a luz, Heron Medeiros o cenário e Luciano Ferrari os trajes.
Por essas e outras é melhor reservar logo o ingresso, porque eles estão em cartaz no Espaço Parlapatões, aos sábados (21hs) e domingos (20hs), que não é tão grande assim. É imperdível.


Maria Lúcia Candeias
Doutora em teatro pela USP
Livre Docente pela UNICAMP

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Teatro é boa parte de nossas vidas

Veja no www.artepluralweb.com.br e escolha o que quer ver. Tem, adulto, infantil, musical, comédia, drama e as novidades que vem por aí.

Crônica da Casa Assassinada (direção Gabriel Villela, com Xuxa Lopes e grande elenco - 4 indicações poara o prêmio Shell), A Serpente Verde-Sabor Maçã (direção Lavinia Pannunzzio, produção Angela Figueiredfo, música de Branco Mello, com Lulu Pavarin), Palavra de Mulher, (direção de Fernando Cardozo, Mesa 2, com Virgínia Rosa, Lucinha Lins), Depois Daquela Viagem (produção de Roseli Tardelli, texto de Dib Carneiro Neto), Sonho de um Homem Ridículo (com Celso Frateschi), Cia Nova Dança (de Cristane Paoli-Quito), O Bosque (de Alvise Camozzi), Desconhecidos (direção de Gustavo Machado), 12 Homens e 1 Sentença (direção e Eduardo Tolentino), O Silêncio em Apuros, Sem Concerto (direção de Débora Dubois), TeatroStageFest (Os Órfãos, Bob Sanábria e Limón Dance Company).


Memória da Cana (com Os Fofos Encebam, direção e autoria de Newton Moreno), Um Porto para Elizabeth Bishop (com Regina Braga, direção de Possi Neto, texto de Marta Goes), Mamma Mia! (produção t4f, com Kiara Sasso, Rachel Ripani, Saulo Vasconcelos e grande elenco), As Feiosas (direção de Marilia Toledo, com Veridiana Toledo e Marcelo Galdino), Espartilho, O Contrato, As Eruditas, Meu Trabalho é um Parto, Sonho de um Homem Ridículo, Anjo de Pedra (de Tennessee Williams).



domingo, 14 de agosto de 2011

Homenagem ao meu pai

Porque hoje é Dia dos Pais, resolvi publicar novamente texto de 2007 sobre meu pai, que morreu em setembro de 2002, dez dias antes de fazer aiversário, e até hoje é presença constante no coração e no pensamento,. um grande cara na minha vida.


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Recebi a notícia mais triste da minha vida em setembro de 2002, no dia 8, a 10 dias de seu aniversário. Era uma tarde cinzenta e chuvosa, domingo fatídico aquele. Na UTI do Hospital Oswaldo Cruz, eu e meus irmãos abraçados, a dor na alma e na carne, como se alguém tivesse arrancado nossos corações pela garganta, nos sufocando. Durante muitos anos lutei para apagar da memória essas imagens, visíveis mesmo de olhos bem fechados.


Depois de cinco anos, hoje lido melhor com recordações e não passa um dia sequer sem que me lembre dele. O sorriso doce, os olhos meigos, o jeito brincalhão, sempre pronto para fazer uma graça, soltar uma piadinha. Daí tomei coragem e resolvi escrever este texto para me lembrar cada vez mais, me certificar de que jamais esquecerei sua voz, mesmo que não a tenha gravada na caixa postal do meu celular, como várias vezes pensei em fazer com as mensagens deixadas por ele.Engenheiro, sublimou o talento para o desenho mas não perdeu a sensibilidade.


Lia o jornal toda manhã, sem perder as tirinhas de Hagar, o Horrível, o adorável viking do cartunista Dick Browne. Lembro dele deitado depois do almoço, na sala de som, escutando música, de preferência um Paulinho da Viola, Clara Nunes, porque o cara tinha bom gosto musical. Ou tomando um uisquinho para relaxar depois do trabalho, passeando com o cachorro que ele me deu - mas que escolheu ele como dono.


Lembro dele com cara de gaiato, sempre tentando uma pegadinha, dando gargalhadas com O Gordo e o Magro, com o humor ingênuo do trio mais biruta da TV, Os Três Patetas, e com o desenho animado Pink Panther, a pantera magra e desengonçada, apelido depois dado por mim e pelo Beto ao nosso irmão do meio.

Companheiro da minha mãe por mais de 50 anos, com ele, aprendi a ser mais paciente, menos intransigente. De herança, ele também deixou a força para vencer os vários desafios: a perna quebrada em acidente quando ainda era garoto, a internação em Campos do Jordão para tratar a tuberculose adquirida na fábrica de lâmpadas onde trabalhava, o câncer de próstata, a osteoporose na coluna... O cara era forte como uma rocha, o são-paulino que escutava futebol pela Jovem Pan e acordava a casa toda pela manhã com a famosa vinheta da rádio “vambora, vambora, tá na hora, tá na hora...”


Deu duro a vida inteira e quando se aposentou abriu um negócio. Quando não deu mais, foi administrar a Arteplural. E eu, influenciada por seu espírito moderno, entre o Jornalismo e o Direito, escolhi o primeiro. Por isso, dedico a ele cada dia de trabalho com bom humor e brindo vida longa à Arteplural.É muita história pra colecionar. O passeio de ônibus por Copacabana quando moramos no Rio, os pacotes de biscoitos devorados logo depois do jantar.


A emoção da primeira vez que o homem pisou na Lua, a farra com a vitória da seleção da Copa de 70 pelas ruas do bairro, ele dirigindo nosso primeiro Fusca. Os tanques de Guerra na porta de casa, em frente ao quartel da Manoel da Nóbrega em 64, a estranheza ao ver fotos de amigos da família procurados como “subversivos” em cartazes na padaria. O governo militar e a inocência de meus irmãos marchando como os soldados.


E hoje, ele dando cambalhotas no sonho do Flávio ou atendendo o telefone na casa da minha mãe, desta vez no meu sonho, e dizendo para eu não me preocupar que ele estava cuidando direitinho dela. O orgulho de ter o mesmo nome, ter nascido no dia 18. Meu pai era uma figura e eu aproveitei bastante o tempo que pude ao seu lado, tenho certeza.


(Fernanda Teixeira)

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Homem de teatro


Há mais de 22 anos, ele andava armado. Dois trinte e oitões, um de cada lado da cintura. Tudo para guardar a mansão do homem no bairro chique da Capital. Lembra, ainda, de quando entrou no show dos Menudos, em São Paulo, com as filhas do patrão, a mais nova sobre seus ombros. A vida tomou outro rumo. Era da segurança particular, hoje é homem que mexe com as artes, a cultura. O olhar mudou, o coração continuou sensível. Fez a vida no teatro.


Ainda vou dedicar muitas linhas a ele.


(Fernanda Teixeira)