quarta-feira, 13 de julho de 2011

Um Strindberg imperdível



Por Maria Lúcia Candeias
Doutora em teatro pela USP, Livre Docente pela Unicamp

August Strindberg (1849-1912) foi um dos dramaturgos mais polêmicos da história do teatro. Nascido na Suécia (um dos nossos exemplos de país onde não haveria corrupção), acabou por ser expulso de sua terra devido ao livro “As Pessoas de Hëmso” (arquipélago do qual sua terra faz parte) e na ocasião foi declarado impublicável. Migrou para a França onde fez grande sucesso como autor de “Srta Júlia” e de muitos outros textos (58 no total).

Acho que faria enorme sucesso por aqui uma adaptação para teatro feita por ele mesmo de seu romance censurado com o título “O Povo da Suécia”. Um de seus temas favoritos é o triângulo amoroso. Presente em boa parte de suas peças, inclusive em “Credores”, atualmente em cartaz às segundas e terças às 21hs no Teatro da FAAP, com o título “Cruel”, devido a poucas e discretas adaptações efetuadas por Elias Andreato - que também assina a ótima direção. Os atores (Reynaldo Gianecchini, Maria Manoela e Erik Marmo) estão dando total conta do recado, com destaque para Erik Marmo, que interpreta um personagem mais difícil: por ser frágil, tímido e susceptível - provavelmente autobiográfico

É um drama de ato único, gênero que foi dos primeiros, ou talvez o primeiro a adotar para ser montado no teatro que dirigia na época, o Teatro Íntimo. O cenário e os figurinos são excelentes, como costumam ser todos os que são assinados por Fábio Namatame. O mesmo pode ser dito da iluminação, de Wagner Freire.

Em síntese, “Cruel” é simplesmente imperdível. Não perca tempo, vá ver.

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