sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Na carona do Dudu - Prefiro os gatos

Nunca gostei de gatos. Sempre achei os felinos pouco interessantes, até mesmo pouco inteligentes se comparados aos cães. Acreditava que entre os gatos e as galinhas não havia muita diferença, ambos eram para mim animais inferiores. Seria capaz de enumerar toda uma fauna com capacidade de ser superior a de um gato.

Já o cachorro era o “melhor amigo do homem”, “o rei das selvas”, ou melhor da humanidade. Este sim, o único fiel e companheiro amigo de todas as horas, sempre ali, disponível, pronto para dar o melhor de si: abanar o rabo requebrando metade de seu corpo para expressar a felicidade e alegria apenas por ter a companhia humana. A imagem do cão de Ligia - aquele que numa esquina, morto de frio, espera seu dono que um dia partiu para guerra e nunca mais fez o caminho de volta pra casa - era perfeita, neste meu universo

Quanto ao gato, este para mim, não compreendia o ser humano, não havia nenhuma possibilidade de aproximação. Não entendia porque algumas amigas gostavam tanto dos gatos. Achava mesmo suspeita tal preferência. E duvidava daqueles jovens que chamavam um ao outro de “meu gato”, “minha gata”. Pensava que a referência ao felino era pela sua aparência sensual e traiçoeira... Ops! Só agora percebo que, na verdade, já tinha, sim, algumas adjetivações para os gatos. E talvez por essas, não estivesse disponível para eles, meu olhar era de reprovação àquele seu mundo perverso.

Recusei durante muito tempo estes felinos, mas hoje penso seriamente em adotar um. Conviver diariamente com um gato. A minha mudança, após tantos anos negando esta estranha atração, vem de um engano cometido no passado, não com o gato, mas com a humanidade. O gato era humano demais, e desta humanidade trazida pelo gato eu não sabia. O gato é um estrategista, um jogador de xadrez, um estadista quando se trata de seus domínios. O seu andar é manso, os seus movimentos sutis, sua respiração imperceptível e seu olhar sempre duvidoso.

O gato para ser entendido e amado tem que ser, se faz ser observado. Demarca seu território, define sua moradia, escolhe sua comida e o melhor lugar para dormir. O dono do gato? Ora, deve estar em algum lugar da casa (que lhe restou) lendo um jornal, disponível para atender a sedução insustentável de seu gato. O animal é mesmo especial, não é para qualquer um, em qualquer momento. É o gato quem define o tempo de sua companhia. Há um ritual para que sejamos aprovados e finalmente convivermos com eles. Mais ainda: poderemos ter surpresas com esta relação. Para estar com um gato nada devemos esperar, afinal um gato é quase humano. Hoje prefiro os gatos. Não aos cachorros, afinal os cães têm seu status assegurado muito antes da minha opinião - fico com os gatos aos humanos quase gatos.


(Tânia Garcia)

2 comentários:

Anônimo disse...

tânia,
muito bom receber seu texto em nosso blog. mande notícias do Chile. beijo, Fernanda

Anônimo disse...

Adoro todos os animais. Galinha nem tanto. E concordo... Gatos são gatos. Peludos, macios, amigos, inteligentes, brincalhões, fiéis e incondicionalmente felizes quando têm a nós, os donos, e a sua casa.
Mas eu adoro o Dudu...e seu blog.
celia jordani