segunda-feira, 10 de setembro de 2007

20 anos para comemorar uma vida inteira pela frente

Depois de fazer 50 anos, o amigo Carlos Jong anda feliz da vida. Cheio de planos, resolveu comemorar a vitória depois de tanta barra pesada, que a vida nunca deu mole pra ele, não. Cara de sorte, abençoado pelos deuses, sobrevivente do fundo do poço, resolveu dar um pé no inferno astral e aproveitar cada minuto deste segundo ato. Não imaginava chegar aos 50 anos, pensou que morreria na faixa dos 30. Por tamanha felicidade, decidiu fazer um balanço geral, da família, dos amigos, dos amores, das dores, das alegrias e tristezas, dos vícios, enfim, de tudo.

Paciente terminal ao 30 e poucos anos, venceu o prazo de validade de três meses, decretado pelo primeiro médico, o especialista frio e preconceituoso logo substituído pelo profissional humano e afetuoso que se tornou amigo e confidente. Dos primeiros sintomas ao diagnóstico, as passagens mais importantes desta trajetória serão resgatadas com o humor e a força, marcas tatuadas de sua personalidade.

As dolorosas lembranças do rigoroso setor de isolamento do hospital, onde foi protagonista de filme de ficção científica - a cama envolta em uma espécie de bolha de proteção, com orifícios por onde enfermeiros ministravam remédios e alimentação. A infecção generalizada, sedação, drogas para apagar e acordar, UTI, contato zero com o mundo exterior. A família, acabada; os amigos, transtornados.

Chegado numa terapia alternativa - reike, cromoterapia e meditação –, ele teve de encarar o choque da medicina alopata e tirou de letra. Ele passou por cada uma! Merecia mesmo um livro a incrível história desse cara sensível, humano e engraçado, biólogo de formação, descendente de italianos. Da dedicação ao trabalho com controle de qualidade em uma grande empresa do ramo alimentício ao carinho com os animais, esse devoto de São Francisco de Assis também perdeu casa e carro em enchente, depois de superar um câncer, outro grande desafio.

Só não perdeu a garra, porque seu santo é forte, deve ter o corpo fechado, o danado, e a cabeça feita. Cabeça feita pelo carinho e apoio da família, além dos amigos, sempre por perto e dentro do coração. Ainda não tem data, mas você provavelmente vai ler sua história de dor e alegria, coragem, amor e, acima de tudo, a história desse homem bonito, bem-humorado, generoso e especial. Em breve você vai se emocionar e rir com esse ser que, provavelmente, chegará aos 90 dando cambalhota e tapa na pantera.

(Fernanda Teixeira)

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