sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Purgatório virtual

Com o sucesso dos sites de relacionamentos, onde as pessoas expõem suas intimidades, conversas e preferências, ter uma página no Orkut é uma maneira de estar conectado com o mundo ou uma forma de existir. Pensando nisso uma dúvida me bateu na cabeça. E se, de uma hora para outra você não estiver mais aqui pra administrar o seu profile? O que acontece com sua página de Orkut depois que você canta pra subir? Se alguém morre e ninguém tem a senha, o perfil dessa pessoa fica lá como se nada tivesse acontecido. Sua página fica vagando com sua foto sorrindo para sempre no seu álbum de retratos.

O curioso é que existem comunidades dedicadas a administrar perfis de quem já passou desta para a melhor. A mais importante e conhecida delas é a PGM -Profiles de Gente Morta com 2.784 associados, até a última vez que entrei. Funciona assim: os membros ficam sabendo da morte de alguém, investigam para saber se a pessoa faz parte do Orkut e colocam um link para o profile da pessoa. Sua vida não é apenas uma página aberta como também sua morte. E a comoção toma conta de todos os freqüentadores que deixam recados, mensagens de incentivo para a família e analisam as causas da morte.

Alguns amigos deixam recado direto para a pessoa como se o morto pudesse ler. Quem sabe?! E porque deixam recados? Seria uma forma de manter a lembrança, uma maneira de prestar homenagem ao amigo querido ou a curiosidade que a morte sempre atrai? Em principio parece uma forma de desabafar, aliviar a saudade, sentir conforto ou prestar homenagens. Até que, com o passar do tempo, os recados vão ficando escassos e os spams, esse lixo virtual, enterram as mensagens de dor e saudades. Por isso, acho bom você começar a pensar em quem confiar não só a senha do banco ou o segredo do cofre, mas também o seu login e senha do Orkut, para quando você abotoar o paletó de madeira alguém deletar o seu perfil.

Você pode evitar que aquele seu amigo de infância encontre sua página e deixe lá um recadinho “E aí fulano, quanto tempo? Como vai a vida?” ou aquele mais desavisado “Pô! Tô com saudades! Apareça!!!” Que Medo! Outra coisa me faz pensar: vai que existe alguma maldição da internet que deixe você preso, vagando por entre comunidades como “Tenho medo da Gina dos palitos”, “Eu odeio dormir com os pés gelados” ou “Só morro depois do fim de Lost”. É algo como um inferno virtual. Por isso, por mais que você não queira pensar no assunto comece a analisar em quem vai confiar sua senha do Orkut.
(Adriana Balsanelli)

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Quem sabe faz muito bem ao vivo

Tem certas bandas e/ou cantores que simpatizo e ficam naquela categoria "gosto de ouvir, mas não sei se vou comprar o CD". Pato Fu era assim. Até que fui a um show e, então, não consegui mais parar de ouvir. Desde então, sempre que tenho a oportunidade, vou ao show da banda, que, além de diversão, me trouxe dois amigos muito queridos - um deles, o Caio, é o autor da foto abaixo.

É incrível vê-los no palco. Não sei bem o que acontece, mas fico encatada com as músicas, a luz, o cenário, com eles tocando seus instrumentos e até com as danças desengonçadas da Fernanda Takai e do Ricardo Koctus. O Pato Fu conhece o verdadeiro significado da palavra espetáculo.

Saio do show gostando mais ainda das músicas que já gostava e canto até as que não me empolgavam muito. Com os dois últimos CDs da banda foi assim: só me empolguei e comecei a escutar mais depois que fui no show.

Eu recomendo o show do Pato Fu para os que nunca viram a banda ao vivo. Quem quiser tentar, neste final de semana, dia 30, às 12h30, eles se juntam ao Trash Pour 4 em uma apresentação no Shopping Anália Franco. Nos vemos lá!

(Vanessa Fontes)

terça-feira, 25 de setembro de 2007

Hagar, Pink Panther e Os Três Patetas

Recebi a notícia mais triste da minha vida em setembro de 2002, no dia 8, a 10 dias de seu aniversário. Era uma tarde cinzenta e chuvosa, domingo fatídico aquele. Na UTI do Hospital Oswaldo Cruz, eu e meus irmãos abraçados, a dor na alma e na carne, como se alguém tivesse arrancado nossos corações pela garganta, nos sufocando. Durante muitos anos lutei para apagar da memória essas imagens, visíveis mesmo de olhos bem fechados.

Depois de cinco anos, hoje lido melhor com recordações e não passa um dia sequer sem que me lembre dele. O sorriso doce, os olhos meigos, o jeito brincalhão, sempre pronto para fazer uma graça, soltar uma piadinha. Daí tomei coragem e resolvi escrever este texto para me lembrar cada vez mais, me certificar de que jamais esquecerei sua voz, mesmo que não a tenha gravada na caixa postal do meu celular, como várias vezes pensei em fazer com as mensagens deixadas por ele.

Engenheiro, sublimou o talento para o desenho mas não perdeu a sensibilidade. Lia o jornal toda manhã, sem perder as tirinhas de Hagar, o Horrível, o adorável viking do cartunista Dick Browne. Lembro dele deitado depois do almoço, na sala de som, escutando música, de preferência um Paulinho da Viola, Clara Nunes, porque o cara tinha bom gosto musical. Ou tomando um uisquinho para relaxar depois do trabalho, passeando com o cachorro que ele me deu - mas que escolheu ele como dono. Lembro dele com cara de gaiato, sempre tentando uma pegadinha, dando gargalhadas com O Gordo e o Magro, com o humor ingênuo do trio mais biruta da TV, Os Três Patetas, e com o desenho animado Pink Panther, a pantera magra e desengonçada, apelido depois dado por mim e pelo Beto ao nosso irmão do meio.

Companheiro da minha mãe por mais de 50 anos, com ele, aprendi a ser mais paciente, menos intransigente. De herança, ele também deixou a força para vencer os vários desafios: a perna quebrada em acidente quando ainda era garoto, a internação em Campos do Jordão para tratar a tuberculose adquirida na fábrica de lâmpadas onde trabalhava, o câncer de próstata, a osteoporose na coluna... O cara era forte como uma rocha, o são-paulino que escutava futebol pela Jovem Pan e acordava a casa toda pela manhã com a famosa vinheta da rádio “vambora, vambora, tá na hora, tá na hora...” Deu duro a vida inteira e quando se aposentou abriu um negócio. Quando não deu mais, foi administrar a Arteplural. E eu, influenciada por seu espírito moderno, entre o Jornalismo e o Direito, escolhi o primeiro. Por isso, dedico a ele cada dia de trabalho com bom humor e brindo vida longa à Arteplural.

É muita história pra colecionar. O passeio de ônibus por Copacabana quando moramos no Rio, os pacotes de biscoitos devorados logo depois do jantar. A emoção da primeira vez que o homem pisou na Lua, a farra com a vitória da seleção da Copa de 70 pelas ruas do bairro, ele dirigindo nosso primeiro Fusca. Os tanques de Guerra na porta de casa, em frente ao quartel da Manoel da Nóbrega em 64, a estranheza ao ver fotos de amigos da família procurados como “subversivos” em cartazes na padaria. O governo militar e a inocência de meus irmãos marchando como os soldados.



E hoje, ele dando cambalhotas no sonho do Flávio ou atendendo o telefone na casa da minha mãe, desta vez no meu sonho, e dizendo para eu não me preocupar que ele estava cuidando direitinho dela. O orgulho de ter o mesmo nome, ter nascido no dia 18. Meu pai era uma figura e eu aproveitei bastante o tempo que pude ao seu lado, tenho certeza.

(Fernanda Teixeira)

sexta-feira, 21 de setembro de 2007

Na carona do Dudu - Prefiro os gatos

Nunca gostei de gatos. Sempre achei os felinos pouco interessantes, até mesmo pouco inteligentes se comparados aos cães. Acreditava que entre os gatos e as galinhas não havia muita diferença, ambos eram para mim animais inferiores. Seria capaz de enumerar toda uma fauna com capacidade de ser superior a de um gato.

Já o cachorro era o “melhor amigo do homem”, “o rei das selvas”, ou melhor da humanidade. Este sim, o único fiel e companheiro amigo de todas as horas, sempre ali, disponível, pronto para dar o melhor de si: abanar o rabo requebrando metade de seu corpo para expressar a felicidade e alegria apenas por ter a companhia humana. A imagem do cão de Ligia - aquele que numa esquina, morto de frio, espera seu dono que um dia partiu para guerra e nunca mais fez o caminho de volta pra casa - era perfeita, neste meu universo

Quanto ao gato, este para mim, não compreendia o ser humano, não havia nenhuma possibilidade de aproximação. Não entendia porque algumas amigas gostavam tanto dos gatos. Achava mesmo suspeita tal preferência. E duvidava daqueles jovens que chamavam um ao outro de “meu gato”, “minha gata”. Pensava que a referência ao felino era pela sua aparência sensual e traiçoeira... Ops! Só agora percebo que, na verdade, já tinha, sim, algumas adjetivações para os gatos. E talvez por essas, não estivesse disponível para eles, meu olhar era de reprovação àquele seu mundo perverso.

Recusei durante muito tempo estes felinos, mas hoje penso seriamente em adotar um. Conviver diariamente com um gato. A minha mudança, após tantos anos negando esta estranha atração, vem de um engano cometido no passado, não com o gato, mas com a humanidade. O gato era humano demais, e desta humanidade trazida pelo gato eu não sabia. O gato é um estrategista, um jogador de xadrez, um estadista quando se trata de seus domínios. O seu andar é manso, os seus movimentos sutis, sua respiração imperceptível e seu olhar sempre duvidoso.

O gato para ser entendido e amado tem que ser, se faz ser observado. Demarca seu território, define sua moradia, escolhe sua comida e o melhor lugar para dormir. O dono do gato? Ora, deve estar em algum lugar da casa (que lhe restou) lendo um jornal, disponível para atender a sedução insustentável de seu gato. O animal é mesmo especial, não é para qualquer um, em qualquer momento. É o gato quem define o tempo de sua companhia. Há um ritual para que sejamos aprovados e finalmente convivermos com eles. Mais ainda: poderemos ter surpresas com esta relação. Para estar com um gato nada devemos esperar, afinal um gato é quase humano. Hoje prefiro os gatos. Não aos cachorros, afinal os cães têm seu status assegurado muito antes da minha opinião - fico com os gatos aos humanos quase gatos.


(Tânia Garcia)

quarta-feira, 19 de setembro de 2007

"Ela tá em tudo quanto é canto"

Se os créditos do filme sobem e me vem a sensação de nunca mais querer vê-lo, pode ter certeza de que ali a arte foi bem representada. Caso contrário, nem dou chance de chegar aos créditos. Para mim, filme bom é aquele que vai lá no fundo mexer com nossos sentimentos e angústias, provocando reflexões e mudanças de comportamento. Em alguns casos, revê-lo pode remexer nessas sensações e causar desconforto.

Assim foi quando assisti a uma obra muito recomendada por colegas de diversos setores da sociedade, como psicólogos, educadores, ambientalistas, filósofos, jornalistas etc. Estou falando de Estamira, um documentário dirigido por Marcos Prado, que conta a história de uma mulher de 63 anos que sofre de distúrbios mentais.

Essa mulher, que vive e trabalha há mais de 20 anos no Aterro Sanitário do Jardim Gramacho - local que recebe diariamente mais de 8 mil toneladas de lixo produzido no Rio de Janeiro -, é dona de um discurso tão profundo e poético que chega a ser um tapa na cara de todos nós, considerados sadios. Por meio de sua história, Estamira levanta questões de interesse global, como o destino do lixo, o desamparo humano, social, econômico e político. "Isso aqui é um depósito de restos. Às vezes é só resto e às vezes vem também descuido. Resto e descuido", afirma a protagonista em referência ao Jardim Gramacho.

Nada escapa aos seus olhos atentos. Na sua "lucidez", Estamira nos propõe uma reflexão sobre a medicina, a educação, a religião e o comportamento humano. "Não existem mais inocentes, mas sim espertos ao contrário", diz.

Para definir o seu distúrbio mental e o atendimento que recebe por meio do serviço público de saúde, ela é enfática: "Eles estão dopando quem quer que seja com um só remédio" Estamira é sábia e tem plena consciência de que seus problemas mal são ouvidos. "Eles só copiam... eu vou lá todo dia, todo mês, cada consulta é o mesmo remédio... Esses remédios são da quadrilha da armação, dos dopantes".

Fica aqui a dica de um filme que faz jus à sétima arte, por emocionar e modificar o ser que a contempla. E a certeza de que todos nós temos um pouco de Estamira.

"Deficiência mental eu acho que quem tem é imprestável, né. Bem, pertubação também, mas não é deficiência, né. Pertubação é pertubação. Por que não pode ser pertubado?"

"Isso até meu neto sabe. Ele nem foi na escola copiar o que aqueles hipócritas manda"

"Eu, Estamira, sou a visão de cada um"

(Fabiana Cassim)

segunda-feira, 17 de setembro de 2007

Cinema mais barato

Já faz alguns meses que produtores e donos de estabelecimentos de entretenimento (cinemas, casas de shows e teatro) lançaram uma campanha – com amplo apoio dos veículos de comunicação, que ganham grana com os anúncios milionários – que denunciava o uso de carteirinhas falsas de estudantes. O coro dos empresários é que a meia-entrada para estudantes é uma das principais causas para o alto valor dos ingressos, principalmente em São Paulo.

A campanha já mostra resultados, pois a rigidez em se vender ingressos para pessoas com carteirinhas estudantis é notória. Meu sobrinho de 11 anos não pagou meia-entrada para assistir o novo filme de Harry Potter, pois ele não tem a carteirinha. Conclusão: o cinema não concedeu o ingresso mais barato. Será que um garoto de 11 anos não está na escola? Hoje em dia, além da carteirinha, é exigido também o atestado de matrícula e, no caso de faculdades pagas, o boleto do mês vigente devidamente quitado.

Agora vem a pergunta. Quando teremos ingressos mais baratos? Atualmente a fiscalização é maior e a justificativa para os preços abusivos (R$ 17,00 a média de uma sessão de cinema, R$ 80,00 o ingresso mais barato para ver Marisa Monte e R$ 100,00 a apresentação de Madeleine Peyroux) era a quantidade absurda de meias-entradas com carteirinhas falsas. Será que ficarei sonhando com redução de preços? Temo que sim.

O que eu queria ver é a imprensa começar a fazer matérias sobre o impacto dessa campanha. Quantas meias-entradas foram vendidas? Houve uma diminuição ou foi a mesma coisa? Uma comparação com outros meses também seria bem vinda nesse momento. Mas será que os veículos de comunicação podem “bater de frente” com seus anunciantes?

Pelo menos esse buxixo todo trouxe a tona um debate interessante sobre a meia-entrada, benefício que existe desde os anos 30, com o fim de facultar aos estudantes acesso menos oneroso a produtos culturais em complemento à sua formação. Vamos aguardar e exigir ingressos mais baratos. Afinal foi uma promessa da campanha dos empresários. Não quero acreditar que eles são iguais aos nossos políticos que prometem, mentem e não cumprem.
(Frederico Paula)

sexta-feira, 14 de setembro de 2007

Misteriosa Dona Esperança




A foto acima é a capa do novo CD da cantora Vania Abreu, Misteriosa Dona Esperança, o sexto de sua carreira. Produzido por Serginho Rezende, co-produzido por Vania, já está nas lojas, com distribuição da Tratore. As onze faixas, escolhidas com o carinho e respeito à música que Vania sabe tão bem fazer, trazem duas regravações, Embola Bola, música do primeiro LP de Djavan, de 1976, e as canções O Que Foi Feito Devera (Milton Nascimento/Fernando Brant) e O que foi feito de Vera (Milton Nascimento/Marcio Borges), reunidas em uma única faixa - cuja primeira gravação foi no Clube da Esquina e belissimamente interpretada por Elis Regina e Milton Nascimento - que ganha força e emoção na releitura de Vania, privilegiada pela utilização sensível e eficiente de percussão. Destaque, ainda, para as inéditas Diga Que Me Ama (Péri), Moda de Viola (J. Veloso) e Misteriosa Dona Esperança (Carlos Careqa).

O repertório do disco e sucessos de sua carreira podem ser conferidos em shows nos dias 29 e 30 de setembro no Sesc Pinheiros.


(Adriana Balsanelli)

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Mundo animal

Às vezes, é difícil lembrar que estou trabalhando pertinho da avenida Brigadeiro Luis Antônio, 23 de maio e a poucos quarteirões da avenida Paulista. O fato desse trecho da Manoel da Nóbrega ser bem tranqüilo aliado com a proximidade do Parque do Ibirapuera me faz esquecer que estou encravada no centro de uma grande metrópole.

Algumas visitas ilustres também costumam contribuir para esse sentimento. Em algumas tardes de trabalho, costumo parar o que estou fazendo e presto atenção nos periquitos verdes que pousam no telhado da casa vizinha. Apesar do tamanho, os pequenos pássaros fazem um enorme barulho e alegram meu dia.
(Vanessa Fontes)


segunda-feira, 10 de setembro de 2007

20 anos para comemorar uma vida inteira pela frente

Depois de fazer 50 anos, o amigo Carlos Jong anda feliz da vida. Cheio de planos, resolveu comemorar a vitória depois de tanta barra pesada, que a vida nunca deu mole pra ele, não. Cara de sorte, abençoado pelos deuses, sobrevivente do fundo do poço, resolveu dar um pé no inferno astral e aproveitar cada minuto deste segundo ato. Não imaginava chegar aos 50 anos, pensou que morreria na faixa dos 30. Por tamanha felicidade, decidiu fazer um balanço geral, da família, dos amigos, dos amores, das dores, das alegrias e tristezas, dos vícios, enfim, de tudo.

Paciente terminal ao 30 e poucos anos, venceu o prazo de validade de três meses, decretado pelo primeiro médico, o especialista frio e preconceituoso logo substituído pelo profissional humano e afetuoso que se tornou amigo e confidente. Dos primeiros sintomas ao diagnóstico, as passagens mais importantes desta trajetória serão resgatadas com o humor e a força, marcas tatuadas de sua personalidade.

As dolorosas lembranças do rigoroso setor de isolamento do hospital, onde foi protagonista de filme de ficção científica - a cama envolta em uma espécie de bolha de proteção, com orifícios por onde enfermeiros ministravam remédios e alimentação. A infecção generalizada, sedação, drogas para apagar e acordar, UTI, contato zero com o mundo exterior. A família, acabada; os amigos, transtornados.

Chegado numa terapia alternativa - reike, cromoterapia e meditação –, ele teve de encarar o choque da medicina alopata e tirou de letra. Ele passou por cada uma! Merecia mesmo um livro a incrível história desse cara sensível, humano e engraçado, biólogo de formação, descendente de italianos. Da dedicação ao trabalho com controle de qualidade em uma grande empresa do ramo alimentício ao carinho com os animais, esse devoto de São Francisco de Assis também perdeu casa e carro em enchente, depois de superar um câncer, outro grande desafio.

Só não perdeu a garra, porque seu santo é forte, deve ter o corpo fechado, o danado, e a cabeça feita. Cabeça feita pelo carinho e apoio da família, além dos amigos, sempre por perto e dentro do coração. Ainda não tem data, mas você provavelmente vai ler sua história de dor e alegria, coragem, amor e, acima de tudo, a história desse homem bonito, bem-humorado, generoso e especial. Em breve você vai se emocionar e rir com esse ser que, provavelmente, chegará aos 90 dando cambalhota e tapa na pantera.

(Fernanda Teixeira)

quinta-feira, 6 de setembro de 2007

Futebol, teatro e batizado

Já que a coisa está difícil nos gramados daqui, depois de perder para São Paulo (1 a 0) e Cruzeiro (5 a 0), precisamos acreditar na vitória do Palmeiras contra os adversários cariocas. O Verdão vai me dar muita alegria se bater o Botafogo hoje à noite, como fez com o Flamengo (4 a 2) e Fluminense (1 a 0).

Enquanto dou um tempo dos estádios - que eu gosto mesmo de ir para ver o Palmeiras ganhar - aproveito para recomendar Amigas pero No Mucho, de Célia Forte, em cartaz no Teatro Frei Caneca, às terças-feiras. Supersticiosa, vou guardar de recordação o ingresso da primeira peça da minha amiga. Que venham muitas outras!

Por enquanto é isso. Estou ansiosa e de malas prontas para pegar a estrada rumo ao curso de batismo. Para ser madrinha do Pedro Miguel, terei umas aulinhas. Não estou me agüentando de tanta felicidade. Fui.

(Sandra Polaquini)



quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Mas não é charme?

Desde que entrei na Arteplural descobri que é fundamental saber o passado, o presente e, se puder, o futuro de quem é pauta na mídia. Principalmente se eu não quiser ser motivo de risos na hora do café com os meus colegas de trabalho.

Cheguei a essa conclusão depois de uma trauma que sofri. Com tanta polêmica em torno da biografia não autorizada do Roberto Carlos, acabei descobrindo que ele não tinha uma perna. Fiquei chocada. "Como?" Caso semelhante eu só conhecia o do Vagner Montes.

Agora tudo se encaixa. Sempre vi que naqueles shows de final de ano ele não se movimentava muito pelo palco. Mas para quem tem título de Rei e fama de galanteador da Jovem Guarda, eu achava que aquela gingadinha no andar era um charminho. Assim como a risada, o corte do cabelo... Para mim, tudo fazia parte do caricato rei do iê-iê-iê.
(Fabiana Cassim)


segunda-feira, 3 de setembro de 2007

Turbilhão de emoções

Tudo começou em novembro de 2006, mais especificamente no dia 29 do penúltimo mês do ano. Depois de alguns meses de tentativas, alarmes falsos e muita ansiedade, finalmente o resultado tinha dado positivo. Paula e eu estávamos grávidos. A notícia foi muito comemorada por todos: família, amigos e o pessoal do trabalho. Foi exatamente ai que comecei a passar pelas melhores emoções da minha vida. Claro que nem tudo foram flores, mas, posso afirmar que as coisas boas superam as que não foram tão boas assim.

Imediatamente, começamos a comprar coisas e ganhar outras. O escritório de casa foi sendo desalojado para dar lugar ao quarto do futuro herdeiro. A barriga dava sinais de crescimento, mas nossa expectativa era maior, e para nós já era a maior barriga do mundo. Em janeiro, a primeira grande notícia. Depois de um ultra-som o médico confirmava: É um menino!

Foi assim que o Caio foi chegando a nossas vidas. Vê-lo no ultra-som era uma delícia. Sim, eu como pai coruja, fui a todas as consultas do ginecologista. Curti cada momento da gravidez da Paula. As mexidas, os pontapés, as conversas. Até comprei um livro e lia histórias todas às noites para ele. E o danado, mesmo dentro da barriga, já ditava algumas mudanças. Compramos um carro novo (com quatro portas, para melhor locomoção dele), além de outros acessórios como máquina digital e TV a cabo (já que a Paula passaria um bom tempo em casa), entre outras coisas. Minha avó dizia que filho traz prosperidade, mas na época dela não havia cheque especial!!!

E foi assim, que no dia 2 de julho às 22 horas, o Caio nasceu. Percebi, então, que o cara ia ser boêmio. Tremi. Lá se vão as minhas noites. Assisti ao parto, fotografei, chorei, ri e rezei para que Deus abençoasse esse pequeno menino. Depois da enxurrada de visitas, em três dias estávamos em casa. Ontem ele completou dois meses. Teve bolo, parabéns e brigadeiro. Nesses 60 dias, descobri como um ser humano tão pequeno pode encher tanto meu coração de alegria. Cada risada que ele dá (é, ele já me reconhece!) é um bálsamo. Não há cansaço ou tristeza que não se dissipe.

Muitas pessoas me perguntam se estou dormindo bem e se uma coisinha tão pequena não dá trabalho. Eu só posso afirmar que entre fraldas sujas, noites mal dormidas e um choro, às vezes incessante, eu sinto uma alegria sem fim. Caio, seja bem vindo a esse mundo. Te amo.

(Frederico Paula)

PS: o desenho abaixo é obra dos competentes e maravilhosos publicitários Nani Gaspar e Felipe Racca, que coincidentemente, são os padrinhos do Caio.