Há uns dois anos, eu e uma amiga de trabalho ficávamos sentadas nas muretas do jardim que havia na frente de um banco. Passávamos um tempo, minutos antes de voltar ao trabalho, às vezes estudando outras lamentando o mundo: trabalho, família e a inerente falta de dinheiro.
De repente um pedinte se aproxima:
- Calma! Não sou bandido, disse o cara todo sujo, cabelos e barbas bem grandinhos, vestido de camiseta, calça e chinelos.
De repente um pedinte se aproxima:
- Calma! Não sou bandido, disse o cara todo sujo, cabelos e barbas bem grandinhos, vestido de camiseta, calça e chinelos.
Num ato de reflexo, as duas seguram as bolsas e tentam se levantar. E ele continua:
- Eu vi que vocês estão de cabeça baixa. Estão chateadas? Posso fazer uma brincadeira... piada com vocês?
- Eu vi que vocês estão de cabeça baixa. Estão chateadas? Posso fazer uma brincadeira... piada com vocês?
- Como assim? As duas perguntam quase de pé.
- Eu vou fazer uma charada.
Sentamos. Não nos pareceu perigoso. E assim foram piadas, risos e insistentes apertos de mãos. Talvez porque Luiz, esse simpático morador de rua, estava extasiado por conversar com alguém que lembrasse o passado que deixou.
Antes de sair para as ruas, Luiz era encarregado de uma empresa. Fazia charadas que envolviam lógica, matemática, pegadinhas de português. Era casado, pai de dois filhos e morador de um sobrado na periferia de São Paulo.
Sim! Não é à toa quando dizem que uma mulher pode ser o sucesso ou a desgraça de um homem. Um dia, ao voltar para casa, ele encontra sua esposa e seu irmão numa situação onde ele deveria estar. Juntos na cama.
De tão louco, o cara resolveu sair de casa e cair no mundo. Pensou em matar os dois, mas logo em seguida disse que ia morrer na prisão. Preferiu a rua. Enquanto o irmão foi morar com a ex-cunhada. Quanto aos filhos, nunca entendi se ele os vê ou não.
Em quase 20 minutos de conversa com esse “anjo” chamado Luiz, nós duas levamos uma série de lições sobre a vida e muuuuuuuuitos apertos de mão. Sua presença, marcante pela “frangrância” que deixou na gente, permaneceu até chegarmos em casa e entrar no esperado banho. Mas a sua história não sai tão fácil.
(Fabiana Cassim)
Sentamos. Não nos pareceu perigoso. E assim foram piadas, risos e insistentes apertos de mãos. Talvez porque Luiz, esse simpático morador de rua, estava extasiado por conversar com alguém que lembrasse o passado que deixou.
Antes de sair para as ruas, Luiz era encarregado de uma empresa. Fazia charadas que envolviam lógica, matemática, pegadinhas de português. Era casado, pai de dois filhos e morador de um sobrado na periferia de São Paulo.
Sim! Não é à toa quando dizem que uma mulher pode ser o sucesso ou a desgraça de um homem. Um dia, ao voltar para casa, ele encontra sua esposa e seu irmão numa situação onde ele deveria estar. Juntos na cama.
De tão louco, o cara resolveu sair de casa e cair no mundo. Pensou em matar os dois, mas logo em seguida disse que ia morrer na prisão. Preferiu a rua. Enquanto o irmão foi morar com a ex-cunhada. Quanto aos filhos, nunca entendi se ele os vê ou não.
Em quase 20 minutos de conversa com esse “anjo” chamado Luiz, nós duas levamos uma série de lições sobre a vida e muuuuuuuuitos apertos de mão. Sua presença, marcante pela “frangrância” que deixou na gente, permaneceu até chegarmos em casa e entrar no esperado banho. Mas a sua história não sai tão fácil.
(Fabiana Cassim)
4 comentários:
Que sensibilidade, Fabi! A vida é realmente muito louca e a gente vive recebendo lições ou toques como este.
Nooossa Fabi...como vc disse, difícil mesmo esquecer esse dia. Caramba, nós duas ali reclamando das nossas vidas e chega o cara com essa história de vida, morador de rua e nem por isso carregado de mau humor. Mto pelo contrário, estampava um sorriso no rosto e demonstrou ser dotado de uma sensibilidade rara. Depois daquele dia, penso milhares de vezes antes de esboçar uma "cara fechada" seja qual for o motivo...sem dúvida, o Luiz me deu uma lição que vou carregar comigo e, claro, contar pra todos sempre que houver oportunidade.
Saudades, amiga!!
Bjs
Tem pessoas que, não importa o que aconteça, não perde a esperança e a felicidade por estar vivo, né?
A as aparências enganam...como a vidas nos trás sempre um aprendizado..com certeza nesse dia vocês aprenderam muito...
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