Por Maria Lúcia Candeias
Doutora em teatro pela USP
Livre Docente pela Unicamp
Em primeiro lugar é uma peça musical que homenageia a musa da Bossa Nova. Foi escrita por Márcio Araújo e Fernanda Couto (que também interpreta a protagonista). Totalmente baseada em dados da vida da cantora, consegue ser tão gentil e delicada como ela foi e apresentar alguns de seus maiores sucessos.
Fernanda além de cantar de forma muito semelhante a da personagem, apresenta o tempo todo gestual delicado e, aparentemente tímido como o dela, com feminilidade igual. Todas essas são características que mostram porque ela foi considerada a musa do movimento. Pra quem não sabe ou não se lembra, a bossa nova se insurgiu contra o excesso de melodrama que caracterizava os samba-canções e suas letras na época antecedente, o batuque talvez um tanto desenfreado dos sambões do período e o vozeirão dos cantores que acentuava o exagero das emoções retratadas.
Nara, assim como João Gilberto, era bossa nova no jeito de cantar e agir, mesmo longe dos microfones. É claro que a turma que ficou apelidada de velha guarda não gostou a princípio. Quem viveu aquele momento deve lembrar da antipatia inicial até de um músico brilhante como Ary Barroso, por aquela geração cantando tão mansinho e mais mexendo os olhos e o rosto do que requebrando.
O autor da “Aquarela do Brasil”,cansou de ironizar esses então jovens “com voz de apartamento” no programa de TV que comandava na época. A ponto de Carlos Lyra compor uma música querendo se livrar de “Influência do Jazz”. Pois Nara, de aparência tímida como a bossa começou a gravar justamente os sambas de Zé Ketty e Nelson Cavaquinho, com a mesma aparente inconsciência e delicadeza que sempre foi sua marca registrada e a de João Gilberto.
Posteriormente enturmou com a jovem guarda e sua geração não a acompanhou. O espetáculo apresenta tudo isso e muito mais graças à maravilhosa atriz/cantora e aos três músicos impecáveis e talentosos: Rogério Romera, Silvio Venosa e Rodrigo Sanches.
Isso sem citar a eficiente direção de Márcio Araújo (também autor já citado) do como sempre ótimo diretor musical de Pedro Paulo Bogossian, Vale mencionar ainda os figurinos de Cássio Brasil e a cenografia de Valdy Lopes tudo muito discreto e de bom gosto, como o da protagonista e da bossa em si.
Todo mundo que foi ver gostou muito, ou como eu, amou. Destaco como um único senão, o fato de não citarem o nome do Sivuca durante o espetáculo. Foi ele que compôs a melodia de “João e Maria”. O saudoso Sivuca além exímio sanfoneiro, era uma pessoa de uma alegria e de um humor inigualáveis. Duvido que Chico Buarque tivesse escrito “agora eu era herói e meu cavalo só falava inglês”, não fosse em parceria com Sivuca, o grande brincalhão.
Doutora em teatro pela USP
Livre Docente pela Unicamp
Em primeiro lugar é uma peça musical que homenageia a musa da Bossa Nova. Foi escrita por Márcio Araújo e Fernanda Couto (que também interpreta a protagonista). Totalmente baseada em dados da vida da cantora, consegue ser tão gentil e delicada como ela foi e apresentar alguns de seus maiores sucessos.
Fernanda além de cantar de forma muito semelhante a da personagem, apresenta o tempo todo gestual delicado e, aparentemente tímido como o dela, com feminilidade igual. Todas essas são características que mostram porque ela foi considerada a musa do movimento. Pra quem não sabe ou não se lembra, a bossa nova se insurgiu contra o excesso de melodrama que caracterizava os samba-canções e suas letras na época antecedente, o batuque talvez um tanto desenfreado dos sambões do período e o vozeirão dos cantores que acentuava o exagero das emoções retratadas.
Nara, assim como João Gilberto, era bossa nova no jeito de cantar e agir, mesmo longe dos microfones. É claro que a turma que ficou apelidada de velha guarda não gostou a princípio. Quem viveu aquele momento deve lembrar da antipatia inicial até de um músico brilhante como Ary Barroso, por aquela geração cantando tão mansinho e mais mexendo os olhos e o rosto do que requebrando.
O autor da “Aquarela do Brasil”,cansou de ironizar esses então jovens “com voz de apartamento” no programa de TV que comandava na época. A ponto de Carlos Lyra compor uma música querendo se livrar de “Influência do Jazz”. Pois Nara, de aparência tímida como a bossa começou a gravar justamente os sambas de Zé Ketty e Nelson Cavaquinho, com a mesma aparente inconsciência e delicadeza que sempre foi sua marca registrada e a de João Gilberto.
Posteriormente enturmou com a jovem guarda e sua geração não a acompanhou. O espetáculo apresenta tudo isso e muito mais graças à maravilhosa atriz/cantora e aos três músicos impecáveis e talentosos: Rogério Romera, Silvio Venosa e Rodrigo Sanches.
Isso sem citar a eficiente direção de Márcio Araújo (também autor já citado) do como sempre ótimo diretor musical de Pedro Paulo Bogossian, Vale mencionar ainda os figurinos de Cássio Brasil e a cenografia de Valdy Lopes tudo muito discreto e de bom gosto, como o da protagonista e da bossa em si.
Todo mundo que foi ver gostou muito, ou como eu, amou. Destaco como um único senão, o fato de não citarem o nome do Sivuca durante o espetáculo. Foi ele que compôs a melodia de “João e Maria”. O saudoso Sivuca além exímio sanfoneiro, era uma pessoa de uma alegria e de um humor inigualáveis. Duvido que Chico Buarque tivesse escrito “agora eu era herói e meu cavalo só falava inglês”, não fosse em parceria com Sivuca, o grande brincalhão.
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