segunda-feira, 28 de junho de 2010

Alberto Guzik e seu legado


Por Maria Lúcia Candeias

Conheci Alberto Guzik quando, de volta dos Estados Unidos, onde fez curso de teatro, nos deu aula de Crítica Teatral na ECA. Éramos da segunda turma daquela escola, tendo prestado vestibular no ano de 1968. Foram explanações muito interessantes sobre o teatro e a crítica americanos. Um professor que regulava de idade com muitos dos alunos, o que tornava suas aulas mais próximas e divertidas. Naquela época também foram seus alunos, entre outros, Mariângela Alves Lima e José Possi. Posteriormente, tivemos aulas com o Sábato Magaldi que, ao invés de aulas teóricas, nos mandava criticar peças em cartaz, método que sempre usei quando lecionei crítica e que era bem menos agradável do que aulas do futuro grande crítico do Jornal da Tarde.

Seu mestrado sobre o TBC é um trabalho que tem o reconhecimento de todos os que conhecem o período dos anos 50 e costuma ser consultado pelos alunos. Suas críticas durante do tempo do JT e Estadão, deveriam ser editadas para ficarem à disposição daqueles que pretendem conhecer o teatro posterior, sem se basear apenas nos mais que consagrados Décio Almeida Prado e Sábato. Ainda mais que ambos deixaram de escrever em jornais acompanhando as temporadas. Primeiro o Décio, no início dos anos 60, e depois o próprio Sábato, a quem Guzik substituiu com brilho.

Me lembro de ter sido dirigida por Alberto – ainda na graduação – numa peça chamada “Marcelo e Marcela”, eu é claro, era do coro. Depois de deixar a mídia impressa, Guzik se dedicou de maneira mais constante à atuação, integrando os grupo dos Satyros e também à direção teatral. Falta mencionar seu legado como autor, que não é pouco. São peças extremamente bem escritas entre as quais destacaria “Um Deus Cruel” e nos brindou com um romance que depois adaptou para o palco “Risco de Vida”.

Creio dever a ele e a Aimar Labaki (então crítico da Folha) minha indicação para integrar a comissão do prêmio Shell de teatro, onde estivemos muitos anos juntos e nem sempre concordando com as indicações, como só acontece a todos que votam em premiações bem como nos que se candidatam aos incentivos do tipo Fomento e Proac.

Guzik foi uma pessoa íntegra, sincera e competente em todas as atividades que exerceu, Sua morte foi uma grande perda para nosso querido teatro.

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