quinta-feira, 29 de novembro de 2007

♪ Samba, a gente não perde o prazer de cantar ♪

Entra ritmo sai ritmo e o tradicional samba, criado pelos antigos escravos, ainda permanece firme e forte ecoando pelos quatro cantos do nosso Brasil. Desde a primeira música lançada, Pelo Telefone (1917), essa gostosa mistura de estilos musicais, de origens africana e brasileira, consegue fazer com que até os mais acanhadinhos arrisquem sacolejar o esqueleto.

Por ser uma das manifestações mais importantes de nossa cultura, uma lei, sancionada em 2005, decretou o 2 de dezembro como o Dia Nacional do Samba. E para celebrar essa data tão importante, a casa Traço de União, http://www.tracodeuniao.com.br/, antecipa as comemorações e prepara uma super festa open bar no dia 30 de novembro, com direito a cervejas, caipirinhas, petiscos e claro, água e refrigerante para dar respiro ao fígado. Mas o melhor de tudo são os convidados: Arlindo Cruz, Almir Guineto, Luiz Carlos da Vila, Serginho Meriti, Dorina, Bira da Vila e Toninho Gerais, além da Banda Traço de União.
Enfim, não dá para perder. Quer dizer, não daria se nós da ArtePlural não tivéssemos um congresso nesse final de semana para discutir as estratégias e o planejamento de 2008. ;-)

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Natal de solidariedade


O clima do Natal já está tomando São Paulo. Faltando pouco menos de um mês para uma das grandes festas cristã, empresas, instituições, ONGS e entidades religiosas começam a efetuar campanhas solidárias com o objetivo de beneficiar crianças carentes e a comunidade mais pobre em geral. As famosas “sacolinhas” de Natal aparecem numa velocidade incrível e, pelo menos uma vez por ano, as pessoas lembram que existe alguém que precisa de um apoio, uma palavra amiga ou um gesto de solidariedade.

Quero deixar claro que não estou reclamando. Pelo contrário. Acho a iniciativa muito boa, mas poderia se estender durante todo o ano. Uma contribuição mensal para uma entidade ou ONG deixaria você, não só no fim de ano, mas durante todo os 12 meses, um pouco mais feliz.

Se você ainda não tinha pensado nisso, ai vai uma dica. Duas ONGS maravilhosas que precisam de ajuda sempre:

AACD – (11) 5576-0847 – http://www.aacd.org.br/
GRAAC – (11) 5080-8400 - http://www.graac.org.br/

E não esqueça. Solidariedade é bem vinda de janeiro a dezembro. Comece agora no Natal e estenda sua contribuição durante todos os meses de 2008.

(Frederico Paula)

domingo, 18 de novembro de 2007

Vitrine no Café Cultural CCBB

Sábado acompanhei a gravação de uma matéria sobre o projeto Café Cultural CCBB para o programa Vitrine, da TV Cultura. O projeto, idealizado pelo produtor Sergio Escamilla, pretende resgatar a atmosfera dos cafés dos anos 30 como um ambiente de encontro intelectual. Aos sábados e domingos, quem passar pelo café do CCBB, além de saborear um delicioso cafezinho, pode assistir apresentações musicais com a cantora Priscila Figueiredo, ouvir histórias contadas pela atriz Lu Brites, em clima de confidências, e manusear um Ipod que contém textos de jornais e fotos de Nova Iorque, Buenos Aires e Berlim, além de assistir um documentário inédito Um Café em Berlim. Destaque do projeto, o Ipod foi pauta da matéria que deve ir ao ar daqui a duas semanas. O Vitrine é transmitido pela TV Cultura, aos sábados, às 20 horas. Abaixo alguns momentos da apresentadora Sabrina Parlatore em ação.
(Adriana Balsanelli)
Sergio Escamilla e Sabrina se preparam para a entrevisa
O garçom, que oferece o Ipod numa bandeja, participa da matéria

Uma frequentadora do café também foi entrevistada

A atriz Lu Brites em intervenção intimista para Parlatore




sexta-feira, 16 de novembro de 2007

Na Carona do Dudu - Um Carlão no Céu

Convidei um amigo para assistir a peça, Um Boêmio no Céu. No sábado, por volta das 20 h, Matheus me ligou e disse que não poderia ir ao teatro. Como já estava quase no horário, resolvi ir sozinha. Peguei o primeiro táxi que passou próximo a minha casa e pedi ao motorista que me levasse ao Sesc Vila Mariana. Durante todo o percurso, fui conversando com o Carlão, que se mostrou uma pessoa muito agradável. Ele me contou que gostava muito de teatro e falou um pouco sobre suas dificuldades financeiras.

O motorista contou que trabalhava em uma companhia telefônica e sempre levava sua família para assistir a alguma peça. Há alguns anos, foi demitido da empresa e se tornou taxista. Como seu salário diminuiu, nunca mais foi ver peças com sua família. Fiquei comovida com a situação e resolvi convidar o Carlão para assistirmos a peça juntos. Ele ficou extremamente feliz com o convite!

Ao entrarmos no teatro, vi nos olhos do taxista uma alegria contagiante. Sentamos em frente ao palco e ao nosso lado estava a atriz Nicete Bruno. Carlão olhava para todos os lados, observava as pessoas e, antes mesmo do espetáculo começar, já estava entusiasmado por se sentar perto de uma atriz consagrada. Parecia uma criança!

José Mayer abriu a peça com uma canção e o taxista se emocionou. Durante todo o tempo, Carlão comportou-se como um grande admirador. Os olhos fixos no palco, deslumbrado ele aplaudia os atores. Ao término da peça, olhei para Carlão e me senti uma pessoa privilegiada por poder compartilhar tamanha alegria!

(Candice Frederico)

(Candice esqueceu de relatar que, quando chegaram ao teatro, o taxista não queria cobrar a corrida, mas ela fez questão de pagar. Na volta, ele perguntou se poderia fazer uma gentileza e levou-a em casa.)

Na Carona do Dudu - Como Ganhar Tempo

Uma das coisas mais tristes que existem nos últimos tempos é justamente a falta de tempo. Nunca temos tempo para ser. Assim como nunca temos tempo para não ser. O nosso tempo transformou-se, curiosamente, em falta de tempo. Pressa, rotina, desamor e desapego são sinônimos da falta de tempo.

Perdemos tempo correndo sem respirar, sem ouvir e sem doar. Perdemos tempo sem sentidos, e, quando não há exploração de ser, não há tempo. Viver a loucura do cotidiano sem humor, sem sorriso e sem tato é tempo perdido, um tempo inexistente que colabora para a falta do olhar e para a falta do amor.

Todos reclamam da falta de tempo. Uma falta que dói. Uma falta que traz saudade, tristeza, dúvidas, sentimentos de culpa, solidão. A falta de tempo é sempre uma desculpa. A principal desculpa, talvez. Parece um vício. Cada vez mais estamos com menos tempo.

Como organizar ou desorganizar hábitos, lembranças e pensamentos sem tempo? Não faz sentido. Dizem que para construir é preciso “desconstruir”, mas como construir se não há tempo para a “desconstrução”? Como podemos ganhar tempo para construir?

Dizem que não temos tempo a perder, mas digo que não temos tido tempo para ganhar. Falta aproveitar o tempo “que temos” para nos amar. Falta tempo para se apaixonar e se respeitar.

Paixão, o melhor antídoto para a falta de tempo. Quando estamos apaixonados abrimos mão do tempo. Tudo é adiado. Ganhamos horas se perfumando, escolhendo programas, preparando surpresas, escrevendo cartas de amor e contando histórias. Ganhamos tempo esperando o tempo de o encontro chegar. Nestas condições, o tempo não tem distância, não é questão.

A dor da falta de tempo é substituída por sentidos, gargalhadas, suspiros, olhares, silêncios e troca. Não há nada melhor do que gastar todo o tempo das nossas vidas de uma forma cheia de vida. Aconselho a todos que não têm tempo: apaixonem-se. Percam a cabeça e ganhem tempo para ganhar vida. O tempo sobra. E como sobra!
(Bel Duva)

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Extra! Extra! DJ Adri mergulha no mundo de Caras

Na próxima semana, a internacionalmente famosa DJ Adri dá uma pausa nas apresentações e embarca para um descanso glamuroso em Cruzeiro patrocinado pela Revista Caras. Enquanto relaxa com massagens, aulas de lambaeróbica e mergulhos na piscina, Adri comanda as pick-ups de festas com famosos e celebridades, entre elas estão as motherns Camila Rafantti, Melissa Vettore e Juliana Araripe. Não perca a cobertura da viagem nas páginas das próximas edições de caras.



(Fabiana Cassim e Vanessa Fontes)

sexta-feira, 9 de novembro de 2007

Peter e Wendy, para você descobrir que não cresceu

Sábado passado levei minha amiguinha de 4 anos para assistir Peter Pan e Wendy com Alexandra Golik e Carla Candioto, da premiada Cia Le Plat du Jour, em cartaz no teatro Alpha. Confesso que levar uma criança para assistir essa divertida montagem do clássico do escritor escocês J.M. Barrie foi apenas um pretexto, na verdade, eu estava louca para ver um infantil dessa dupla que tem um respeitado trabalho. Sem efeitos especiais mirabolantes, vôos fantásticos ou uma super produção arrasa quarteirão, as competentes atrizes contam a história com incrível bom humor, incorporando uma linguagem atual capaz de instigar a imaginação da criançada. Cenário, figurinos e adereços assumem múltiplas funções, como a cama de Wendy que se transforma em nuvem, em casa e até no navio do Capitão Gancho. A fada Sininho é uma bolinha de luz que ganha vida através da movimentação que as atrizes dão a ela. Alexandra e Carla interpretam Peter Pan e Wendy, respectivamente, além de se revezarem em vários outros personagens com surpreendente agilidade, aliás, como tudo nessa montagem. Difícil saber quem se diverte mais, as crianças ou os adultos. Vale a pena conferir. Se você não tem filhos, convide um amiguinho. Você vai descobrir que não cresceu.

(Adriana Balsanelli)

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Espaço dos Fofos Encenam

A cia teatral Os Fofos Encenam vão inaugurar sua sede no próximo dia 16 de novembro. O lugar, assim como os integrantes do grupo, é uma fofura só. O mais bacana é ver que todos estão colocando a mão na massa para tudo ficar do jeitinho que eles querem.

Peguei emprestado as fotos da Ligia Jardim para mostrar alguns detalhes que eu gostei.

As placas que indicam os banheiros dos meninos e das meninas.
O mosaico do banheiro.
Sant'Ana, pode-se dizer a padroeira do espaço.

Sal grosso, pimenta e alho para espantar
a inveja e proteger (essa foto é minha)


Alex Gruli colocando a mão na massa
(esse também é um clique meu).


(Vanessa Fontes)

segunda-feira, 5 de novembro de 2007

A menina do raio e do trovão

De repente, a menina levantava sobressaltada da cama. No terreno descampado onde ficava a fazenda em que a família morava, administrada por seu pai, a ventania varria as árvores recém-plantadas, deixando no ar um zumbido aterrorizante. No céu, os raios riscavam de amarelo vivo as nuvens cor de chumbo. Cada estrondo de trovão arrepiava até a alma. O dia virava noite. Com o coração na boca, os olhinhos negros arregalados, ela morria de medo. Um medo assim quase paralisante, quase. Tinha oito anos e na hora desses temporais não sei o que passava pela cabeça dela, talvez o pensamento de que alguém tinha de fazer o serviço de proteger a mãe, o pai e o irmão menor. Tanto que não deixava ninguém levantar da cama. Tremendo mas determinada, se armava de coragem para ir fechar janelas e garantir que portas estavam fechadas. Depois, respirando um tantinho mais aliviada, voltava e se agarrava aos três na mesma cama de madeira. Era sempre assim quando chovia forte na fazenda, no Interior de São Paulo.

Depois, com 11 para 12 anos, o pai ensinou-a a dirigir o caminhãozinho usado por ele para buscar e levar os bóias frias da cidade para a fazenda. Certo dia, ele - que passava o dia trabalhando na sede ou cuidando de questões adminsitrativas na cidade, com o fazendeiro - demorou a retornar e os trabalhadores não tinham como voltar para casa. Ela não pensou duas vezes, mandou todos subirem na caçamba do caminhão e assumiu a direção, sem nem bem alcançar os pedais, na ponta dos pés, guiando pela estradinha de terra cheia de solavancos, o peito estufado de orgulho. Depois levou bronca do pai, que não escondeu a pontinha de orgulho pela filha. Pegou gosto pela coisa e sempre que dava uma chance dirigia o carro do dono da fazenda. Para ela, era uma grande brincadeira. Quando ouvia, ao longe, o barulho do motor do avião, indicando que o fazendeiro estava chegando, ela pedia ao pai se poderia buscá-lo. Ao primeiro sim, corria para pegar as chaves do Opala quatro portas, hidramático, e seguia para buscar o patrão no campo de pouso construído na fazenda.

A vida era boa. Como não tinha luz elétrica, a família - formada também pelos tios e primos que moravam na casinha vizinha, na mesma fazenda - se reunia em volta de lamparinas para contar histórias. Durante o dia, sentavam no pomar com a mãe para comer frutas - pêras, pêssego, maça, manga. As crianças gostam de brincar de estilingue e de pegar vagalumes. Aos domingos, todo mundo se arrumava para ir à missa, na cidade. Todos iam a cavalo ou de charrete. Ela lembra muito bem do dia em que ganhou uma bicicleta que o Papai Noel havia deixado na casa da avó. No primeiro passeio, um tombo levou-a para o Degrande, um senhor conhecido na cidade por consertar, ou melhor, dar um jeito no mal jeito. Com um polegar avantajado, ele resolveu o problema do nervo encavalado da menina.

Quando chegou a idade de ir para a escola, aos 6 anos, a menina passou por maus bocados. Como a casa ficava longe da cidade, para poder estudar ela teve de ir morar com a avó, perto do colégio. Foram dias muito difíceis aqueles. Toda noite era uma choradeira danada. Ela não se conformava, e nunca se acostumou, morria de saudade da mãe e do pai. Além do que não entendia direito por que, de uma hora para outra, tinha de ficar longe deles e a vida ficou tão triste. Foram várias tentativas de arrumar uma carona com vizinhos para poder dormir na fazenda. Algumas vezes, mesmo sem ter que sair, um ou outro amigo não resistia e levava a menina.


O tempo passou, a menina cresceu e foi morar na capital, em uma pensão na Bela Vista. Tinha 19 anos e começou a trabalhar para juntar dinheiro e fazer uma faculdade. No começo, era uma dureza enfrentar a hora de voltar para casa e encarar a solidão na pensão que ficava numa travessa da rua Frei Caneca, perto da Praça 14 Bis. Chorava toda noite. Esperta que era, experimentou testar o trajeto do ônibus para o trabalho no dia anterior para não errar e chegar atrasada no primeiro dia. Mas sem nenhuma familiaridade com a cidade grande, pegou muito ônibus errado.

Da pensão para a república, dividida com dois amigos do peito, foi um pulo. Apartamento alugado, os três saíram para comprar um colchão de solteiro para o único deles que não tinha descolado onde dormir. A aventura aconteceu na Teodoro Sampaio. O colchão foi alvo de todos os olhares, já que voltou para casa de ônibus, enrolado em uma corda. De tão felizes, os três resolveram estrear a nova casa mesmo sem ter a luz ligada. Depois de 15 anos em São Paulo, a menina que tinha medo de raio e trovão conseguiu comprar seu apartamento. Obstinada, mais tarde construiu uma casa na mesma cidade onde sua família mora até hoje. Gente boa, um serzinho apaixonante, abençoado por Deus e rodeado de bons amigos, continua a levar uma vida simples e feliz. De vez em quando, o medo de enchentes nas ruas de São Paulo ainda a faz lembrar de quando era pequena e detestava tempestade.
(Fernanda Teixeira)