quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

As histórias de Regina

Perdi o medo de ir ao dentista, é fato. Não sofro mais do mal-estar em deixar alguém enfiar a mão, algodões e todos aqueles instrumentos – motorizados ou não – dentro da minha boca. Já não me apavoro com a possibilidade iminente de ter um treco, morrer asfixiada na hora de moldar, a massa entre os dentes, primeiro a parte de cima e, ufa, ainda tem a parte debaixo, aquela ânsia de vômito.

A rotina mudou quando comecei a freqüentar o consultório da Dra. Regina Hitomi, pertinho de casa, sétimo andar de um prédio da alameda Santos. Indiquei-a para vários amigos – minha professora de inglês Lica e o Douglas, da Arteplural. Porque ela trabalha com uma equipe de mulheres muito engraçadas - e com histórias sempre divertidas para contar – passei a chamá-las de “as dentistas”.

De ascendência oriental, formada pela USP, Regina é a alma do consultório, sempre bem-humorada, vai cutucando o dente e a pessoa na cadeira nem sente. Parece tudo fácil, mecânico. A verdade é que doutora Regina é fera, um capricho danado em todos os procedimentos. Louca por dentes, tem um mini museu na sala de espera, com dentaduras, moldes, instrumentos, injeções de anestesia do tempo em que eu era criança.

Provando uma obturação definitiva, outro dia me afoguei experimentando a peça que, de repente, escapou e escorreu pela garganta. Sorte a minha estar deitada e não sentada na cadeira, dei um pulo, tossi, tossi, até conseguir cuspir longe o negócio e a chavinha de parafuso, não sem antes puxar todo o ar possível a fim de evitar a morte súbita no dentista. Exagerada.

Entre as histórias interessantes que escuto na cadeira, sem poder responder, estão curiosidades como ficar sabendo que, depois da Segunda Guerra, para evitar a falência os sócios de uma indústria na Inglaterra criaram um tecido inovador, diferente de tudo o que existia até então. O negócio deu tão certo que os irmãos resolveram ganhar o mercado americano, abrindo uma filial nos Estados Unidos, em Nova York. Nascia o nylon, batizado com esse nome por conta da divisão das sílabas remeter a Nova York e Londres. Ny e Lon.

Ir ao dentista ficou interessante mesmo. Regina sempre tira da cartola a história relacionada a um de seus pacientes. Sabia que o zíper foi inventado no Japão? No começo, seus próprios criadores não botavam muita fé no sucesso, aceitação do novo produto. Temiam que fosse machucar as pessoas, pegando a pele, os pêlos. Mal sabiam eles que a YKK hoje é uma das maiores fabricantes de zíper do mundo, ainda pertencente à família Chaccur.

 
As dentistas são alegres e simpáticas. Gostam de dar e receber presentes. Assim, sempre que temos cortesias para peças de teatro, não hesito em convidá-las. Todas aceitam. Carinhosas, fazem questão de retribuir. No Inverno, Dra. Dani confeccionou de presente para mim dois lindos cachecóis, e ganhei da Regina uma planta linda.

(Fernanda Teixeira) 

Um comentário:

Douglas disse...

Também sou fã das dentistas! Ler esse texto me fez lembrar que daqui a pouco é hora de voltar. Já faz um ano que conclui meu tratamento.

Adorei o texto! Parabéns!
beijo,
Doug