segunda-feira, 18 de julho de 2011

Nem foram só Freud e Célia Forte que disseram


Que o mito de Édipo é muito anterior à tragédia de Sófocles (sec.V AC) todo mundo sabe. Quem conhece o Livro Tibetano dos Mortos, que se acredita antecede a Cristo por quatro mil anos, também o encontra lá, vindo de tradição oral. O complexo de Édipo está em todo lugar, até na maravilhosa peça “Ciranda”, de Célia Forte, recém-estreada no Teatro Eva Hertz de sexta a domingo.

O foco no caso é entre mãe e filha que competem entre si, como quase sempre ocorre entre progenitores e filhos do mesmo sexo. Quando filho ou filha tem afinidade maior com progenitores do mesmo sexo deles a rivalidade pode mudar a situação, como não é o caso da peça, e é bem mais raro.

Difícil não se identificar com a mãe (Tânia Bondezan), uma hippie, e não se lembrar de uma filha (Daniela Galli), mesmo que não seja tão perua quanto a personagem. Na segunda parte, elas se transformam em uma mãe mais normal, e numa filha mais hippie do que a falecida avó. As duas dão um verdadeiro show de interpretação o tempo todo, dirigidas com a competência de sempre de José Possi Neto.

Só esses acertos já seriam motivos para se apressar em assistir, mas há muitos mais. O cenário hippie traz paredes lotadas de fotos dos anos 60 e 70, os figurinos são sensacionais (às vezes dá vontade de comprar um traje igual e não é à toa), pois tudo isso leva a assinatura de Fábio Namatame.

A luz perfeita é do mais do que experiente Wagner Freire e o mesmo pode ser dito da trilha sonora, criada pela dupla Tunica e Aline Meyer. Não perca tempo que o teatro é muito pequeno para tanto talento. Não percam!!!!!!!

Por Maria Lúcia Candeias
Doutora em teatro pela USP
Livre Docente pela UNICAMP

4 comentários:

Fernanda Teixeira disse...

Gente, a foto é do João Caldas.

Jairo Montezi disse...
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Nanete Neves disse...

Vida longa a mais esse sucesso da Celia Fortíssima! Fico orgulhosa de ser amiga dela, e feliz em ver todos os amigos dando a maior força, como vocês aí da Arteplural. Beijos a todos.

Anônimo disse...

Revi a Célia há uns meses num espetáculo. Que figurinha! Ela sabe das coisas. Com esse cacife, deve ser boa a peça! Beijo Fê.

Renata Figueira