quinta-feira, 7 de abril de 2011

Crítica de Evita

Por Maria Lúcia Candeias

Doutora em teatro pela USP

Livre Docente pela Unicamp


Diferente dos musicais que têm sido encenados por aqui Evita não contem falas, pois tudo é cantado. É uma espécie de ópera popular de muito bom gosto. Conta história da mulher do Peron em detalhes, coisa que como eu, provavelmente muitos desconhecem.


Dirigida pelo consagrado Jorge Takla (My Fair Lady; O Rei e Eu, West Side Story) Evita inova seu estilo, apresentando filmes e slides ao fundo, com extrema competência. Dá saudade de Buenos Aires, mesmo sendo da década de 50. Mas o grande acerto do musical assinado por Tim Rice e Andrew Webber, em sua versão brasileira são os protagonistas maravilhosos.


O carisma de Paula Capovilla é assombroso. Impossível deixar de admirá-la e de embarcar em suas ações (ainda que cantando o tempo todo).Ela consegue uma empatia total com a platéia. Fred Silveira que interpreta Che Guevara também impressiona muito. Todo mundo sabe que Che De todo modo, colocá-lo como narrador e por vezes comentando as situações. Se mostrou um idéia brilhante na medida em que a peça se exime de criticar ou de elogiar a atuação dos caudilhos do período (também tivemos Vargas).


Daniel Boaventura se encarrega de Peron e se sobressai mais menos pois a peça enfoca sua esposa. Afinal são quarenta e cinco atores (e ninguém desafina sequer uma nota), vinte músicos que compõem uma orquestra regida com maestria por Vânia Pajares que se encarregou da direção musical como um todo. Impossível não destacar os figurinos (são 350) do mais que tarimbado Fábio Namatame. Enfim, por essas e por outras não deixe de assistir. Vale cantar “don`t cry for me Argentina”, mesmo que no palco cante-se em português. Acho que todos irão gostar.

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