terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Santos, 462 anos

Como um bom santista, não poderia deixar passar em branco o aniversário da minha cidade, que por sinal é mais velha que São Paulo. No sábado, dia 26 de janeiro, Santos fez 462 anos. Aproveitei o fim de semana prolongado para ficar na cidade em que nasci.

E para quem não sabe, Santos possui muito mais atrativos que os seus sete quilômetros de praias e seus jardins. Do outro lado da cidade, o centro velho reserva boas surpresas para os interessados em história ou apenas num bom passeio. Para começar, pegue o bonde turístico na praça Mauá. O passeio custa R$1,00 e dura cerca de 15 minutos. Uma guia bem preparada conta casos curiosos e explica um pouco dos prédios históricos, como a Casa Azulejada, a Igreja de Santo Antônio do Valongo, a Bolsa do Café e o Panteão dos Andradas (onde estão os restos mortais de José Bonifácio e seus irmãos), entre outros.

A Bolsa do Café vale uma visita separada. Lá você pode apreciar diversos tipos de café, além de visitar o prédio, o que já vale o passeio. Não deixe de ir ao Carioca (misto de bar e café) em frente ao prédio da Prefeitura, que serve um delicioso pastel. Depois da pausa para o lanche, dê uma volta pela rua XV de Novembro para apreciar os prédios restaurados (a rua e seus arredores serviram de cenário para as minisséries Um Só Coração e JK, da Rede Globo). Se der, volte a noite, pois inúmeros barzinhos e casas noturnas fazem a festa dos que curtem uma balada.

Se ainda tiver fôlego, suba o Monte Serrat. Situado a 157 metros do nível do mar, possibilita uma visão de 360 graus de toda a cidade. O acesso pode ser por bondinho, que funciona sobre trilhos em sistema funicular, ou por escadaria com 415 degraus, que começa na Fonte do Itororó (a mesma da canção infantil). No alto está localizada a capela de Nossa Sra do Monte Serrat, padroeira da cidade. Para finalizar o passeio, o Teatro Coliseu, recentemente restaurado é obrigatório.

Muitas outras atrações também podem ser conferidas. Volte outro dia e aproveite os bons passeios que o centro antigo oferece. Apesar de morar desde 2000 em São Paulo e adorar a metrópole, meu coração ainda bate forte pela cidade litorânea, onde está a minha família, lembranças da minha infância e muitos amigos. Parabéns Santos!

(Frederico Paula)

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Vozes femininas

Ultimamente, volto toda a minha atenção musical para duas mulheres (desculpe, Rita Lee, mas não é você dessa vez): Fernanda Takai e Amy Winehouse.

A primeira, Fernanda Takai - a única pessoa que conheço nascida em Serra do Navio, cidade do Amapá em que morei -, empresta toda a sua doçura para músicas que fizeram sucesso na voz de Nara Leão. O CD Onde Brilhem Os Olhos Meus é uma bossa com pitadas de Pato Fu. Pudera: John Ulhoa está presente nos arranjos, produção e alguns instrumentos do disco, que também conta com os teclados de Lulu Camargo, integrante do grupo mineiro desde o CD Ao Vivo - MTV. E isso é bom. Fernanda traz um novo ar para canções como Insensatez, Debaixo dos Caracóis dos Seus Cabelos, Diz que Fui por Aí e outras.

Já a londrina Amy Winehouse me seduz pela potência de sua voz e a capacidade que tem para adaptá-la a canções românticas ou nervosas. O seu DVD Amy Winehouse: I Told You I Was Trouble - Live in London é o registro de uma das apresentações mais bacanas que eu já vi. Além de ter uma banda impecável (destaque para os backing vocals, que cantam e dançam durante todo o show), assim como um cenário e uma iluminação perfeitos, o DVD mostra que Amy é digna da comparação a divas como Nina Simone, Ella Fitzgerald, Billie Holiday e outros grandes nomes. Pena que ela está se acabando em drogas, mas isso é assunto para outro post. Minhas faixas prediletas são Tears Dry on Their Own, Valerie, He Can Only Hold Her (com um pedacinho de That Thing) e Me & Mr Jones, além da parte que ela conta como perdeu o canino direito.

Fica a dica de duas grandes vozes femininas. Estilos diferentes, mas o nível de qualidade é o mesmo.
(Vanessa Fontes)

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Jeito de verão carioca

Os anjos do bem certamente traçaram seu mapa. Quando pequena, tudo já entregava. A cor da pele, o sotaque carregado, os olhinhos pretos espertos, os cabelos escorridos e negros. Nascida e criada no pedaço de areia abençoado por Deus, foi um pulinho se tornar rata de praia. De espírito livre (mas ligadíssima na família), apaixonada pela natureza, crescida no quadrilátero mais charmoso do Rio, compreendido pela Visconde de Pirajá, Vieira Souto, Garcia D’Ávila e Farme de Amoedo, nasceu picada pelo bichinho “do quem sabe o que quer da vida”.

Viajou, conheceu outros países, estudou fora, virou mestre (agora é doutora) e deu asas ao talento de empreendedora. Entre a Veterinária, a carreira acadêmica e os negócios gastronômicos da família, ficou com os três. Especializou-se em endoscopia animal e ainda toca a Pastrella, casa de massas na Ataulfo de Paiva, divisa do Leblon com Ipanema.

Sangue bom, a garotinha sem nojo de bicho algum cresceu e rala o dia a dia na administração da loja com o mesmo carinho com que desengasga gatos e cachorros entalados com objetos estranhos. Jeito maneiro, também aprendeu a pegar onda e gosta de andar de skate aos domingos, quando a rua da praia é fechada para os carros. Ela é carioca, linda e sabe viver. Flávia Silva Raja Gabaglia Toledo, minha prima, com muito orgulho.

Com o verão carioca bombando, ver o Morro Dois Irmãos e as Ilhas Cagarras do deck do seu apartamento é bálsamo, alimento para a alma, paisagens jobinianas. Como pousar no Santos Dumont e avistar a Baía de Guanabara e o Corcovado, Cristo Redentor. Ou andar de carro pelo Aterro do Flamengo, passando pelas praias até o Leblon. Não faltou nada no fim de semana: mergulho no mar, Mate Leão gelado e o clássico biscoito de polvilho Globo, bolinho de bacalhau e chope do Bracarense, almoço depois da praia no casarão anos 40 do Gula Gula da Aníbal de Mendonça, com direito à caipirinha de frutas vermelhas.

Teve até bolo surpresa, em companhias especialíssimas. Sem esquecer da convivência divertida com um ser de uma espécie com a qual eu não tinha a mínima intimidade, a Mia, Mia Farrow, uma gata adolescente de dentes afiadíssimos, de quem sinto saudades agora. Valeu, Flavita, pelos dias inesquecíveis do meu melhor aniversário! Meu amor eterno.

(Fernanda Teixeira)




quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

A Fila da Febre Amarela

Ficar mais de duas horas numa fila para tomar a vacina contra a Febre Amarela, já que viajo para o Mato Grosso do Sul no carnaval, deixa de ser entediante quando se tem um Saramago e ouvidos apurados em captar a conversa alheia. Entre um capítulo e outro, uma abanada para espantar o calor e uma pausa para olhar as horas que correm, tive a "felicidade" de ouvir conversas absurdas, algumas até engraçadas.

Uma mulher na fila comenta com suas filhas em voz alta na expectativa de que alguém desista:
- Será que todo esse povo vai viajar paras as zonas de risco? Não é todo mundo que precisa tomar a vacina. Povo desesperado!
Ela consegue o que quer e alguém responde:
- Eu vi ontem no jornal que essa doença é contagiosa.
- Sim, mas só se o mosquito picar alguém infectado e depois te picar. Isso só acontece em regiões onde tem foco da doença. Não aqui em São Paulo.
- Ah minha filha, mosquito "avoa", viu.
Uma outra tentando entrar no assunto:
- Mesmo ficando em SP, correndo risco ou não vou tomar a vacina. Quando tinha 15 anos (hoje devia ter uns quarenta) não tomei o reforço da de sarampo e peguei a doença no primeiro surto que teve. Vai que esse mosquito chegue até São Paulo e me pegue. Do jeito que sou azarada...
Momentos antes de tomar a vacina, uma enfermeira vai até a fila e grita:
- Pessoas que fazem uso de medicamentos com corticóides, para tratamento de HIV, gestantes e alérgicos a ovo e derivados não podem tomar a vacina.
- Ufa! Não tenho nada disso. Nossa, como será para quem tem AIDS?
- AIDS? HIV não é AIDS? HIV é aquela doença de mulher.
- Fala baixo amiga, você tá pagando mico. É AIDS sim.
- Não é.
Cansado do que ouve, o homem de trás delas exclama:
- A doença que você diz ser de mulher é HPV. HIV é AIDS.
- Nossa! Paguei mico. kkkkkkkkkk (Obs.: nem a amiga viu graça em tamanha igorância. Só ela)
Enfim, sobra informação e falta conhecimento. Cada um entende o que pode e sai falando o que quer.
(Fabiana Cassim)

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Alfajor com pão de queijo

Com mil e uma ótimas indicações partimos de São Paulo rumo a Buenos Aires no dia 31 de dezembro com a ansiedade que precede qualquer viagem. A primeira impressão foi uma quase perfeita mistura de grandes cidades brasileiras. Avenidas e arranha-céus de São Paulo com ruas do centro do Rio de Janeiro e até de Copacabana, o que nos dava a sensação de que iríamos encontrar a praia a qualquer momento. Dá-lhe bater perna debaixo de um céu azul e sol escaldante, visitar pontos turísticos, encontrar os amigos, ceia de ano novo e começar 2008 desbravando a capital portenha. De museu a cemitério, das galerias a feira de antiguidades, dos famosos cafés ao bife de chouriço, de estádio de futebol ao tango na rua, de teatro a livrarias, de alfajor a media luna, de portenhos a brasileiros. Tudo bom, bonito e mais ou menos barato, mas que a todo tempo nos lembrava a nossa linda, gostosa, assustadora e acolhedora São Paulo.

Incrível como estas duas cidades tem tantas coisas em comum e ao mesmo tempo diferenças gritantes. Quem dera poder caminhar tranqüilamente pela madrugada paulista, percorrer longas avenidas sem trânsito e ir a pé do centro velho ao bairro boêmio sem precisar pegar ônibus ou metrô. Quem dera ser bem atendido num bar ou restaurante portenho com a eficiência paulista, comer arroz com feijão acompanhado do tradicional chouriço, tomar café com pão de queijo e abraçar desconhecidos no reveillon desejando feliz ano novo até raiar o dia.

Bairrismos à parte, Buenos Aires é mesmo um destino obrigatório para qualquer paulista, brasileiro e latino americano. Para admirar e curtir tudo que existe de bom lá e para fazer enxergar tanta coisa boa que às vezes deixamos de valorizar aqui.
Buenos Aires para todos!!

(Adriana Balsanelli e Maria Carolina Dressler)

Casas coloridas de El Caminito no bairro de La Boca

Puerto Madeiro

Delícias do Café Tortoni

Casal dançando tango na feira de San Telmo

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

2008, aqui vou eu!

Aqui estamos nós, turistas de guerra, como diria Rita Lee, simples mortais, começando tudo de novo. Terminamos 2007 aos beijos e abraços, em casa, na praia, na avenida, estourando champanhe à meia-noite, picando papelzinho, esvaziando as gavetas, nos despedindo, nos encontrando, fazendo planos de parar de fumar, ler mais, emagrecer, voltar à ginástica e ao inglês, arrumar os armários, trabalhar menos, viajar mais, ter mais tempo para os amigos, terminar de escrever aquele livro, começar aquele curso, nadar todas as manhãs no Verão, colocar o cachorro no adestramento...ufa!

A virada do ano traz sonhos de uma vida milhões de vezes mais feliz. A gente acredita piamente. Contar o tempo é o jeito (ele não pára) e no final de 2008 será a mesma coisa e nós nos sentiremos novamente mais emotivos, faremos aquela listinha de resoluções e renovaremos as esperanças de um mundo melhor. Com outro número na folhinha, o desejo de que tudo vai ser diferente daqui pra frente e um velho sabor de novidade. O ser humano realmente é único.

Este ano, nada de promessas que não cumprirei e me deixarão cheia de culpa e frustração. Decidi apenas que em 2008 meu olhar será cada vez mais tranqüilo, mas não menos instigante, curioso e obstinado. Quero continuar perto de gente do bem, ter paz de espírito (mas manter o espírito inquieto), ser cada dia mais tolerante com as pessoas, trabalhar me divertindo - por satisfação pessoal, para ganhar dinheiro, saciar pequenos grandes prazeres, conhecer pessoas interessantes e achar que a vida vale a pena por isso. Finalmente, espero continuar com a capacidade aguçada de me indignar com nossos políticos e suas safadezas.

Cheia de vontades novamente, 2008, aqui vou eu!

(Fernanda Teixeira)