terça-feira, 10 de agosto de 2010

Você já foi à Amazônia?


Não? Então vá. Se já foi, não vai porque não quer, ou não pode ir, não deixe de assistir à peça “As Folhas de Cedro”, escrita e dirigida por Samir Yazbek. Em primeiro lugar porque o texto se passa por lá, e tem como personagens imigrantes e filhos de imigrantes vindos do Líbano e imediações, o que é um retrato fiel da região, por incrível que pareça. Um pessoal verdadeiramente desbravador. É impressionante! A gente não espera por isso. E, como os textos de Yazbek, é bem escrito e não se restringe apenas àquele local. Acompanha uma família que vive tendo que contrapor os valores da cultura de origem aos do local onde se estabeleceu criando novas sínteses, coisa que deve ser comum a todos os que mudam para países tão diferentes dos de sua origem.

A obra foi escrita também em homenagem à comemoração dos 130 anos da imigração libanesa para o Brasil. E é uma bela homenagem também devido ao excelente espetáculo, o primeiro dirigido por ele a que assisti. Contribuem para esse acerto a direção de atores assinada por Janô (Antonio Januzelli, professor da USP), o cenário que consegue tornar íntimo o grande palco do SESC Vila Mariana e os ótimos figurinos de Laura Carone e Telumi Hellen. Merecem referência também a música de Marcello Amalfi, assim como a excelente iluminação de Domingos Quintiliano.

Mas o ponto mais alto é sem dúvida a interpretação do elenco. E não é só Hélio Cícero, como sempre arrasando. O mesmo pode ser dito de Daniela Duarte, Douglas Simon, Gabriela Flores, Mariza Virgolino e Rafaella Puopolo. E quem mais encanta é Marina Flores, que, como as demais crianças em cartaz nos musicais, como “Gipsy”, dá a sensação de que o nosso teatro do futuro será imbatível. Você não pode perder.

Crítica por M Lúcia Candeias
Doutora em teatro pela USP
Livre Docente pela UNICAMP

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