quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Tributo a Monsueto não é importante?

Depois de 8 anos de redação, hoje transito do outro lado, na Arteplural, uma assessoria de imprensa. De qualquer forma, antes de tudo, sou jornalista, gosto de notícia. Ofereço pautas dos nossos clientes, sempre procurando ficar isenta. Escolhemos trabalhar com assuntos de qualidade que sempre despertem a atenção dos coleguinhas do lado de lá do balcão, alguns deles com quem dividi a mesma redação.

Então, acontece que a cantora Virgínia Rosa acaba de lançar um disco em homenagem a Monsueto. O CD Baita Negão tem participação especial de Martinho da Vila, um dos mais fiéis amigos do artista, e Oswaldinho da Cuíca. As 11 faixas foram produzidas, cada uma, por um produtor diferente: Geraldo Flach, Jair de Oliveira, Dino Barioni, Douglas Alonso, Skowa, Che, Celso Fonseca, Swami Jr. , Quinteto em Branco e Preto, Quinteto da Paraíba e Nailor “Proveta” Azevedo

Capa preta com marca d’água que reproduz um disco de vinil, a apresentação do CD é caprichada. Patrocinado pela Petrobrás, com direção artística e concepção geral de Virgínia Rosa e Fernando Cardoso, produção executiva da Mesa 2 Produções e Selo SESC, o disco é lançado agora, nos 35 anos da morte do sambista (1/11/1924 – 17/2/1973), que transitava por todas as escolas de samba sem ser diretamente vinculado a nenhuma, autor de sambas clássicos como Mora na Filosofia e Me Deixa em Paz.

Como a obra de Monsueto não foi reeditada em CD (Monsueto gravou apenas um LP, Mora na Filosofia dos Sambas de Monsueto, pela Odeon em 1962), esta homenagem ganha valor maior, pois recupera músicas desse sambista, cantor e compositor carioca, que também foi ator (trabalhou no cinema e na tv, onde interpretava o popular personagem Comandante, que lhe valeu o apelido, na TV Rio) e artista plástico (com a pintura primitivista participou de exposição e chegou a ganhar prêmios).

Tem muita gente que não sabe que Monsueto foi autor de canções que se tornaram clássicos da MPB, como Mora na Filosofia (em parceira com Arnaldo Passos), A Fonte Secou (com Marcelo e Raul Moreno) e Me Deixa em Paz (com Ayrton Amorim), algumas delas regravadas: Alaíde Costa gravou Me Deixa em Paz no disco Clube da Esquina, de Milton Nascimento; Caetano Veloso gravou Mora na Filosofia no disco Transa, e muitos outros. Curiosidade: para o CD, o poeta Tiago de Mello refez trecho da letra de Faz Escuro Mas Eu Canto, composta na época da Ditadura.

Gastei todo esse espaço para falar de Monsueto a propósito da resposta de um amigo jornalista de uma importante (e careta na mesma proporção) revista semanal de informação. Especializado em música, conheço-o desde o final dos anos 80, quando eu trabalhava na Folha da Tarde e ele no Notícias Populares, do mesmo Grupo Folha. Depois de encontrá-lo na cantina Nelo's, no fim do ano passado, quando ele me cobrou o disco da Virgínia, liguei para saber se haveria interesse em dar um registro da obra na revista - já que o produto é bom e Monsueto é tudo o que disse lá em cima. Ele simplesmente respondeu que não gostou do disco. Eu acatei e acato, afinal o espaço é dele. Mas fico com a sensação esquisita de que um veículo não pode privar um monte de gente de conhecer quem foi Monsueto apenas por uma questão de gosto de um jornalista.

(Fernanda Teixeira)

8 comentários:

Anônimo disse...

fernandinha, belo texto, bela apresentaçao do monsueto e excelente colocação. a cara da nossa imprensa 'cultural' tá cada vez mais esquisita e ilógica. grande abraço! e vá me ver lá no satyros 1, no 'monólogo da velha apresentadora', do marcelo mirisola. beijão. alberto guzik

Anônimo disse...

Oi Guzik, que gostoso receber mensagem sua! Com certeza vou te ver. beijos, amgo!

Anônimo disse...

Conheço, gosto e costumo cantarolar as músicas do Monsueto. A Virginia Rosa tem um trabalho sério e de bom gosto. Fico triste ao tomar conhecimento de que uma notícia é cerceada em função do gosto pessoal de uma pessoa. E eu que aprendi que o papel do jornalista é informar.

Anônimo disse...

Para começar ele deveria escutar de novo. A sorte é que as pessoas vão ouvir em outras mídias e os shows falarão por si mesmos.

Mais do que imaginamos acaba sendo decidido em impressões pessoais e a primeira vista.

Mas temos opções, ainda bem!

Bjs Fernanda,

teu blog já esta adicionado aos favoritos e linkado no meu.

Anônimo disse...

oi danilo, obrigada pela visita, rapaz. ainda bem que existem outras mídias que valorizam a cultura brasileira, não é mesmo! qual o link do que blog para eu te adicionar? bejinho.

Mary Hellen disse...

Oi Fê,as opiniões estão aí para serem discordadas né? Encontrei a Virginia no SPFW e ela me falou do projeto, fiquei muito feliz, já que fui embalada com as canções do Monsueto. Sua voz grave me emociona até hoje. Tenho que tirar o chapéu por mais este projeto cultural.
bjss. Mary Hellen

Anônimo disse...

Marynha, bom encontrar você por aqui! Vamos dar andamento naquele projeto. Afinal, você é a mulher que veste as moças do Saia Justa!
beijinho!

veronica menezes maia disse...

Ola foi muito bom ler o que vc escreveu sobre o meu pai Monsueto e não só ele como muitos compositores não são reconhecidos como autores de obras famosas estou montando com meu marido um super projeto sobre a vida e obra do meu pai um abraço