terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Cariocas, o melhor assunto dessa crônica

Dezembro passa rápido. Nem bem atravessamos incólumes o clima emotivo estressante do Natal, pimba!, acordamos em 2010 achando tudo diferente. Entre os dois, a brisa light do Réveillon. Na casa da Flávia, a doce e amada prima veterinária resgatada há alguns anos para todo o sempre, vislumbramos o brilho dos fogos riscando o céu negro. Thanks always for your love e deliciosa recepção para a "paulistada" na virada.

Abençoada pela meia lua, o barulho das ondas, a vista do Morro Dois Irmãos bem pertinho e a presença acolhedora do Cristo Redentor, fizemos festa dos sonhos com direito à paisagem privilegiada. Amigas cariocas – sim, elas são a fina flor de um tipo de gente generosa e cheia de atenção com visitantes -, agradeço pela hospitalidade e carinho. Vocês fazem o Rio ficar ainda mais especial (deixa minha alma tranquila saber que Flávia está rodeada de gente boa).

De volta a São Paulo, casa nova, vizinhos novos, o janeiro sempre esperado, promissor, gosto de quero mais, apesar da mesma rinite de todo começo de ano. Penso só ter inferno astral nos primeiros cinco minutos do dia em que nasci. O calor do verão mostra suas unhas afiadas. Não anda nada fácil dormir ultimamente. Mesmo assim, é a estação preferida. Pouca roupa, sensação de oxigênio com aroma de lavanda, os fins de tarde convidativos - e meu amor sempre por perto. E Dudu, olhos amedoados, minha sombra.

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Demorei a retomar as crônicas tamanha avalanche de notícia triste. Confesso ter ficado abalada. As mesmas enchentes de todos os anos, as catástrofes, a dor, a miséria, a fome. Sei lá, a gente fica mal. Já se foi o tempo em que falavam que, "apesar dos políticos, pelo menos, no Brasil a gente não tinha catástrofes naturais, como vulcões, maremotos, tsunamis, furacões". Agora, além dos políticos, já temos o que faltava. Com isso, chegamos no 1. mundo – pela porta dos fundos.

Enquanto cada vez mais o mundo cria sistemas de alerta para prevenir a população contra a ação devastadora dessas forças da natureza -, aqui no Brasil continuamos nas trevas. E olhe que os cientistas brazucas garantem termos a tecnologia necessária para tomar as providências. Para eles, agora é só integrar essa ferramenta com a ação humana. O quanto antes, cara.

Do contrário, tragédias como as enchentes que assolaram cidades do Brasil na virada de 2010 vão continuar matando muita gente. Pobres e ricos. E os gestores, homens do poder público, continuam a culpar uns aos outros (independente de partido, deixo claro que não vou usar o espaço aqui para falar de ninguém em especial), e sempre a administração passada etc e tal. Enche, não tenho mais saco para políticos. Cansei de todas as ideologias. Que ideologias, cara pálida?

Pagamos impostos e queremos viver sem medo da casa cair em cima de nossas cabeças, soterrar nossos filhos, despencar morro abaixo, matando enlameadas nossas famílias, queimando sonhos, sonhos, sonhos. Não consigo dormir, fico pensando que o pedido de todo ano novo na virada teria de ser um só para todas as pessoas. Como se o povo fosse às ruas, com energia, para exigir o mínimo: que apareçam grupos de políticos honestos e com força para acabar com a corrupção generalizada e fazer algo por todos os brasileiros, ricos e pobres. Enquanto morremos afogados pela força das águas, eles escondem dinheiro nas meias, elaboram estratégias mirabolantes para a próxima eleição, na mente sempre o que pode angariar mais votos. Nada a fazer. Populismo é isso.

Eles têm o dever cívico de soltar o dinheiro das propinas para acudir esse povo, ta tanta gente que precisa ter suas casas novamente, reconstruir suas cidades, suas identidades, referências, seus planos, catar os caquinhos. É hora dos governos agirem para ajudar essas pessoas. De nada adianta fazer Olimpíada e Copa do Mundo aqui. Ou o presidente ser escolhido personalidade do ano pelo presidente francês. Sabemos que a visão que os outros países têm dele não é real. Foi plantada nas inúmeras viagens desde a posse. O clipping impresso do nosso presidente deve encher salas e salas. Mas será que a palavra Brasil também?

É tempo ainda de fazer alguma coisa na Educação para que, pelo menos, essas tragédias possam ser minimizadas, se não prevenidas. Só com Educação teremos instrumentos para formar opinião e sair dessa santa ignorância de achar que ganhar esmola é o melhor que pode acontecer na vida de cada um. Desejos vão mais longe. Abaixo a apologia da ignorância. Pobre também quer estudar e melhorar de vida.
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Nos 10 dias do novo ano, a Arteplural trabalhou a estreia de cinco espetáculos - sendo uma reestreia. O sexto está a caminho. 2010 promete novidades, planos que desejamos concretizar para continuar dando cada vez mais trabalho digno às pessoas. Esse é um dos combustíveis de minha vida. Quero passar dos 80 fazendo planos, projetos, sempre projetos, como Baudelaire escreveu.

Depois do Manhattan Connection, na primeira tentativa de dormir, noite passada, desliguei a TV quando Fernanda Young tentava entrevistar Marcelo Tas. Muito chato, centrado na apresentadora e sua vida pessoal, com inserts de cenas em sua casa, seus filhos. Egotrip total. O nome do programa deveria ser mudado para "Irritando o telespectador".

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Enquanto isso, leio na Folha que o governo quer reeditar plano sem referência a torturadores. O presidente terá de administrar o confronto entre os que atacam o Programa Nacional dos Direitos Humanos (liderados pelo ministro Nelson Jobim) e os que defendem a apuração dos crimes dos militares, capitaneados pelos familiares de desaparecidos.

"O governo estuda a exclusão da expressão "repressão política" do Programa Nacional de Direitos Humanos para acabar com os conflitos gerados pelo decreto", informa a colunista Eliane Cantanhêde na Folha de ontem. "O texto passaria a prever a investigação da violação aos direitos humanos na ditadura, sem especificar se dos militares ou da esquerda. A proposta é do ministro Nelson Jobim (Defesa) e poderá ser aceita por Paulo Vannuchi (Direitos Humanos).

Fora o calor, dá para dormir com um barulho desses?

(Fernanda Teixeira)

5 comentários:

Unknown disse...

Fê, apesar dos vários assunto, tenho que concordar que carioca é tudo gente boa mesmo. E modesto. ;)

Sobre a Fernanda Young, odeio tudo que ela faz (menos Os Normais). Acho ela chata, chata...

Fê disse...

Uma miscelânea, eu diria. beijinhos procê.

Renata Odilon disse...

Bom Dia! Acabei de ler o blog inteirinho (de cabo a rabo – risos). Ótimo! Beijinhos e inté

Cleide disse...

Fê,

Tantos assuntos...
Visão geral...
Lí tudo....
Continue...
E nunca esqueça de me chamar pra ler...
bjs

Fê disse...

cleidoca, onde anda você? saudade.