quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Feliz aniversário, Cintia Abravanel!

Dá para perceber, no fim de ano os dias têm outra cor. Festas pipocam por todos os cantos. Do pé pra fora mais bagaceiro a bares e restaurantes, passando pelos quintais das casas, garagens, puxadinhos, lajes e no que hoje chamam de espaços gourmets de chiques apartamentos. Dá para ver de longe onde está tendo comemoração – pela iluminação, música alta, empolgação, garrafas de cerveja, batuque e olhos brilhantes.

Admito, sou festeira e gosto desse clima de champanhe espocando. Entre as festas que fui nesse finalzinho de 2009, já falei aqui do amigo secreto do pessoal da peça As Meninas, na casa da Clarissa Abujamra. Agora, o espaço é da turma do Centro Cultural Grupo Silvio Santos. Um dia antes, ganhamos um peru que já está no congelador. Minha mãe gostou muito.

Pele bronzeada, vestido branco, os cabelos loiros, olhos bem azuis, Cintia Abravanel comemorou com a galera do CCGSS no Michelina, na rua atrás do Teatro Imprensa. Bonita e alegre, reuniu atores, técnicos, produtores e amigos. Na entrada, pulseirinha vip para identificar todo mundo. Vivi, a filha mais nova de Cintia, preocupava-se em nos avisar - eu, Adriana e Ligia -para retirar a cesta de natal no teatro, na hora de ir embora.

Carla Candioto e Alexandra Golik, da Cia Le Plat du Jour; os atores de Pinóquio, espetáculo que está com 7 indicações ao Prêmio Coca-Cola Femsa; os produtores Eduardo, Cris, Rose e Fabiana, Enes (administrador do Teatro Imprensa), o iluminador Ciso, o diretor Paulo Ribeiro e o gestor cultural Wilton Ormundo ... todos deram muitas risadas. Ao lado dos filhos, Ligia, Tiago e Vivian, apagou velinha de aniversário e subiu na cadeira para fazer discurso. A esfuziante anfitriã - que só parou para atender o telefonema do pai - não deixou por menos e quase todo mundo levou banho de espumante. Confesso que, com o pratinho de bolo nas mãos, me escondi debaixo da mesa para comer sem me molhar.

Uma delícia, muito astral. Tudo no clima espontâneo e simples da própria Cintia e equipe. Uma simplicidade, aliás, que faz toda a diferença, é o molho que tempera nossa parceria de trabalho e amizade. Termino agradecendo o carinho sincero, generosidade e fidelidade dessa pessoa incrível que temos o prazer de conhecer e a privilégio de conviver. Um dia, se você leitor estiver no Teatro Imprensa comigo faço questão de apresentá-la.


(Fernanda Teixeira)

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Ensaio geral "O Quebra Nozes"

O ensaio geral da montagem do Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro para o clássico de Natal “O Quebra Nozes” aconteceu ontem, no palco do Teatro Abril. A Arteplural acompanhou o ensaio e recebeu repórteres e jornalistas que fizeram cobertura.

Antes de tudo, a Globo News fez um link ao vivo às 14 horas, com o principal casal do elenco, Roberta Marquez - atual primeira bailarina do Royal Ballet de Londres - e Arionel Vargas - primeiro bailarino do English National Ballet de Londres.

Depois, à noite, a equipe da Arteplural contava com Fernanda, Adriana, Douglas e a Lígia - que estava super ansiosa, para que tudo desse certo, depois de tanto empenho e dedicação.

Enquanto esperávamos os jornalistas e repórteres convidados, os bailarinos faziam o aquecimento. Sem figurino e cenário, passavam alguns passos tranquilamente. Alguns aparentavam estar nervosos, mas o tombo de um dos professores logo aliviou as tensões, descontraindo a todos.

Os convidados da CAJEC – Casa José Eduardo Cavichio, que dá apoio à criança com câncer - foram os primeiros a chegar. Cinquenta crianças esperavam ansiosas pelo espetáculo. Algumas no colo, outras brincando. Mas todas felizes e empolgadas.

A repórter Neide Duarte e sua equipe do Jornal Nacional, logo chegaram para registrar esses momentos de bastidores. Ana Botafogo – primeira bailarina da companhia – explicava para os pequenos, com muita delicadeza, sobre a montagem do espetáculo. As crianças olhavam com uma expectativa muito grande. Muito atenciosa, Ana levou alguns para o palco, onde puderam se aproximar de diversos personagens, previamente preparados para recebê-los, e também trouxe o quebra nozes para as crianças brincarem. Era perceptível o encantamento da bailarina com cada criança. Tudo registrado, a matéria para o Jornal Nacional deve ir ao ar no dia 24, véspera de Natal.

Nesse meio tempo, os veículos convidados foram chegando e adiantando suas matérias. Alguns fotografaram os camarins, outros entrevistaram a Ana Botafogo.

Começou o ensaio e tudo estava tão perfeito que parecia que já estava em seu formato definitivo. De repente, ouvimos algumas vozes interrompendo. Todos curiosos para saber de onde vinha, quando surge, acompanhada de seu microfone, a coreógrafa Dalal Achcar - a estrela da primeira versão levada ao palco do Teatro João Caetano por Eugênia Feodorova no papel de Fada Açucarada, em 1957. Preocupada com cada detalhe, Dalal atentava para todos os bailarinos e exigia que refizessem as cenas que não beiravam a perfeição. O divertido foi Dalal, irritada, com os bailarinos não seguindo suas instruções nos primeiros minutos. Só depois ela percebeu que o elenco estava sem retorno de seu microfone no palco.

Como saldo final, tivemos matérias ótimas, uma coreógrafa ensandecida, crianças da fundação famintas, mas felizes, e a equipe Arteplural muito cansada e com a sensação de dever cumprido.

Hoje é a estreia oficial do espetáculo: boa sorte para toda a equipe e bom espetáculo para quem for assistir!

por Douglas Picchetti

Fotos: Adriana Balsanelli

Pelo direito dos ciclistas

Diz o Artigo 58 do Código de Trânsito Brasileiro: “Nas vias urbanas e nas rurais de pista dupla, a circulação de bicicletas deverá ocorrer, quando não houver ciclovia, ciclofaixa, ou acostamento, ou quando não for possível a utilização destes, nos bordos da pista de rolamento, no mesmo sentido de circulação regulamentado para a via, com preferência sobre os veículos automotores”.

Só que a lei, como muitas outras leis brasileiras, não é seguida. A galera já tentou ir pra praia pedalando dezenas de vezes e os amiguinhos policiais sentem o bizarro prazer de fazê-los voltar ou mesmo agredir os pobres e inofensivos ciclistas, causando trânsito e poluição.Mas como a resistência ciclista é forte e tem gente disposta a lutar por nosso direito de ir e vir -Renata Fanzoni, André Pasqualini do Instituto Ciclobr e muitos outros anônimos que pedalam diariamente para o trabalho, numa dificuldade dos diabos, teremos a chance de ir de São Paulo a Santos de bicicleta a partir de sábado!

Dia 19 de dezembro será feita por um grupo de bikeiros, pela primeira vez com "autorização", a Rota Marcia Prado, nome dado em homenagem à ciclista que morreu atropelada na avenida Paulista em janeiro deste ano. E "autorização" está entre aspas porque, oficialmente, não há ainda nenhum papel que libere a passagem dos ciclistas, mas tudo indica que nenhuma "autoridade" vá contestar a organização do passeio, já que as prefeituras de São Paulo, São Bernardo e São Vicente, o pessoal da Imigrantes e do Parque Estadual da Serra do Mar estão todos de acordo.

Mas vamos ao que interessa: a Rota Marcia Prado começa com 30 km de planalto desde a Estação Grajaú da CPTM até a rodovia de Interligação entre a Anchieta e a Imigrantes, onde fica o acesso ao Parque da Serra do Mar que vai descendo a serra por mais 25 km até Cubatão. E aí, só no retão, mais 21 km da saída do Parque em Cubatão até a entrada de Santos... algumas pedaladas mais e estamos na areia! No total, são 77 km que merecem champanhe para comemorar! Se der tudo certo, teremos em breve a saudável e ecológica opção de padalar ao mar! Pela primeira vez fora da "ilegalidade".

Valeu, Ciclobr, pela insistência! E em breve, treinada, estarei lá, saindo junto com vocês do Grajau!



Mais:
http://www.ciclobr.com.br/rota_marcia_prado.asp
http://espnbrasil.terra.com.br/renatafalzoni



(Renata Lopes)

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Folias homenageia Reinaldo Maia

A Mostra do Grupo Folias presta homenagem ao dramaturgo, ator e co-fundador do grupo, Reinaldo Maia, um dos nomes mais respeitados no teatro contemporâneo nacional, que faleceu em abril deste ano. Leituras de cenas e textos de algumas de suas peças serão feitas por importantes grupos do cenário teatral, como a Cia. Estável, A Brava Cia., Farândula Trupe e Cia. São Jorge de Variedades. Celso Frateschi e Marco Antonio Rodrigues farão leitura de cena de um texto montado pelo Núcleo Independente. Na quarta, acontece a exibição do filme O Que É Teatro concebido e dirigido por Maia.

Galpão do Folias
Rua Ana Cintra, 213 – Santa Cecília – Centro.
Confira abaixo a programação.

(Adriana Balsanelli)

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Clarisse Abujamra faz festa para As Meninas



Um Darcy Penteado divide o espaçoso e confortável ambiente com fotos e pôsteres com imagens da dona da casa, de sua família, de Antonio Fagundes e de Antonio Abujamra, entre outras fotografias saborosas, em branco e preto. Em outra parede, um óleo sobre tela de grandes dimensões retrata a esguia atriz nua, com longos cabelos. Livros de arte e de teatro espalham-se organizadamente pela imensa – nem por isso menos aconchegante – sala. No apartamento da grande e generosa atriz Clarisse Abujamra, elenco, produção e equipe técnica da peça As Meninas comemoram a última sessão do ano e aproveitam para brincar de amigo oculto.

Subo no elevador com a atriz Luciana Brittes e o cenógrafo André Cortês. A atriz nos recebe com seu cachorro no colo, o Frederico. No imenso bar, em formato de U, a dramaturga Maria Adelaide Amaral (autora da adaptação), sentada num banco, petisca castanha e damasco enquanto todos, famintos depois da sessão de domingo, esperam as pizzas, encomendadas pelo produtor Fernando Padilha e sua mulher, a atriz Clarissa Rockenbach, uma das talentosas "meninas" do espetáculo. O sorriso do filho estampado no rosto, chega dona Neusa, camareira e costureira , mãe do produtor.

Uma música convida alguns a dançar. Júlio Machado é o primeiro. Logo, a casa fica coalhada do grupo que trabalha junto no espetáculo baseado no livro homônimo de Lygia Fagundes Telles. O designer gráfico Halan Moulin diz que precisa tomar alguns goles de vinho para se soltar. Silvinha Lourenço está feliz, assim como a carinhosa diretora Yara Novaes, o amigo figurinista Fabio Namatame, a sempre esfuziante Tuna Dwek, o músico Daniel Maia e a atriz Helô Castilho (amigos mais antigos, agora com o filhote Gabriel), Dr Morris (responsável pela trilha sonora, com a filha Ana), o contra-regra Raoni, André Acciolly (da administração do Eva Herz), Jonas e Juliana (operadores de luz) e o fotógrafo Ronaldo Aguiar. Namorados e namoradas também se sentem em casa. Uma noite alegre, gostosa, abençoada pelos deuses do teatro. Obrigada por proporcionar a todos nós esse encontro, Clarissse!


(Fernanda Teixeira)

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

APCA - 2009

Prêmio APCA 2009 (Teatro Adulto)
Destaque em azul para as peças divulgadas pela Arteplural:
Autor - Fábio Mendes (THE CACHORRO MANCO SHOW)
Atriz - Rosaly Papadopol (HILDA HILST – O ESPIRITO DA COISA)
Ator - Elias Andreato (DOIDO)
Diretor - Marcio Aurelio (ANATOMIA FROZEN)
Espetáculo - MEMORIA DA CANA (OS FOFOS ENCENAM)
Prêmio Especial - Oswaldo Mendes, pela pesquisa e autoria do livro “Bendito-Maldito – Uma Biografia de Plínio Marcos”
Grande Prêmio da Crítica: Charles Möeller e Claudio Botelho, pela contribuição ao Teatro Musical Brasileiro


segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Cadeia, tragédia, festa e futebol

O ritmo acelerado de dezembro – com o agravante da internação de minha mãe há 15 dias – afastou-me do blog, o que gerou um acúmulo de fatos para serem registrados. Para começar, quero contar que tenho uma prima na cadeia. Isso mesmo, ela está presa e essa é uma situação estranha. Trata-se da filha adotada de um dos irmãos da minha mãe, Agostinho, já falecido. Quando ela ficou órfã (a mulher do meu tio, Zoraide, também morreu), eu e meus irmãos (Roberto e Flávio) continuamos a ajudar a moça, mandando uma quantia para garantir seus estudos. Até o dia em que soubemos que a grana estava sendo desviada para financiar seu vício, crack. Ainda mobilizados para ajudar, não desistimos e internamos a prima problemática em uma clínica de recuperação. Isso depois de presenciar seu estado deplorável – machucada na cabeça em função de uma queda na rua, magérrima, o olhar perdido, sem brilho.

Depois de várias fugas e mais de uma dúzia de mentiras, ela resolveu que estava curada. Continuamos colaborando, só que sem mandar dinheiro diretamente para ela, e sim por intermédio da dona de um mercadinho na cidade de Jacareí (onde a garota mora). Pela conta bancária da pequena comerciante, mandávamos a cesta básica de cada mês. Até que, por um telefonema do carcereiro da delegacia de Jacareí, soube que ela estava presa, ou melhor, está. Foi em cana porque estava em companhia de dois caras suspeitos, flagrados com uma pistola. Ela dançou. De lá pra cá, recebo suas cartas toda semana. Às vezes chega mais de uma. O papel ralo, barato, mas a letra redondinha, bem feita. Toda vez eu gelo, a respiração fica curta. Contrariando a opinião e orientação de muita gente, continuo enviando uma grana para a moça do supermercado levar cigarro, comida e produtos de higiene pessoal até a delegacia. Ontem pensei em escrever uma carta, rendendo-me às suas chantagens de que é a única presa que não recebe visita nem carta. Todas pedem alguma coisa. Nem decide responder, acabo de receber outra. Talvez me anime e crie coragem, ainda hoje, mais tarde. Vamos ver. Às vezes penso que, pelo menos no xadrez, não recebo a notícia de sua morte por overdose.

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Não dá para deixar passar batido o show de gravação do primeiro DVD da cantora baiana Vânia Abreu, no Teatro Bradesco, Shopping Bourbon, no final de novembro. Intérprete de timbre gostoso, repertório de qualidade e carisma no palco, Vânia mandou bem como marinheira de primeira viagem em gravação de DVD. Mesmo com as inevitáveis pausas durante o show, para a edição do filme, a plateia ficou até o final, pediu bis e ovacionou Vânia. A Arteplural tinha mais de 200 convidados, entre produtores, jornalistas e artistas, recepcionados por mim, pela Adriana Balsanelli e pelo Douglas Picchetti. O Metrópolis, da TV Cultura, fez link, isto é, entrou ao vivo com trechos da apresentação. Fomos ao camarim com a cantora Klébi, ganhei o novo CD. Enfim, foi uma noite muito feliz.

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Impagável o show do Chalalá é Chic, na festa de fim de ano da Arteplural, quinta, 3 de dezembro, no Miniteatro, sede dos amigos e clientes Marilia Toledo, Kleber Montanheiro, Veridiana Toledo e Cia da Revista. A princesinha da Praça Roosevelt presenciou cenas memoráveis e engraçadíssimas. Miriam Ramos, da Rádio USP, interpretou Chuva de Prata, a produtora e dramaturga Célia Forte cantou Caça e Caçador. As duas deram um show de desinibição. O momento interativo da noite também teve a participação da Lígia, do Douglas, da Carla (do DataFolha) e da Flávia. O quarteto mandou bala em Menina Veneno, e a atriz Maria Dressler e Luciene foram de Fogo e Paixão. Com o auxílio luxuoso da banda, capitaneada pela baixista e produtora musical Gigi Magno, que assina a idealização do projeto e a direção do projeto. Ao microfone, a cantora e MC Gigi Trujillo, com visual Amy Winehouse, segurou todas ao microfone.

Em noite de grande tempestade na cidade, passaram pelo Miniteatro os atores Melissa Vettore, Rachel Ripani, Joca Andreazza, Otávio Martins, o escritor Wladyr Nader, o dramaturgo e arquiteto Duílio Ferronato, a cantora Vânia Abreu e o músico Marcelo Quintanilha, a bailarina e amiga Renata e o iluminador Domingos Quintiliano (com o filho Lucas), minha cunhada Peha e meu irmão Flávio (ele de sandália Havaiana), o diretores Zé Henrique de Paula, o ator Sergio Mastropasqua e a turma do Núcleo Experimental e da Firma, os produtores Guete e Luque Daltrozo, o assessor de imprensa Tuca Notarnicola (da Gambiarra), os amigos Cleide Bardauil, Briba (da Universal Music), Marcello (da CM Express, serviço de motoboy), Beth Iozzi (da Support Contabilidade), Lica Keunecke, Rosana Rodrigues, Renata Pinheiro, Pricila, Teca, Rosa Virgínia e os atores da Cia Rodamoinho.

Outra noite feliz.

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Falando em Praça Roosevelt, era dezembro de 2000 e o grupo teatral vindo de Curitiba, mas que já tinha excursionado pela Europa e trabalhado muito por aí, preparava a inauguração do Espaço dos Satyros em São Paulo, na carcomida e mal tratada praça do centro da cidade de São Paulo. Para a estreia, a trupe vinha com o espetáculo “Retábulo da Avareza, Luxúria e Morte”. Deitada na cama, me recuperando da hepatite A que me tirou de combate por um mês, recebi o ator Ivam Cabral para acertarmos a assessoria de imprensa do lançamento do espetáculo e da abertura da sede própria. Começava ali a revitalização de um local da cidade, que depois veio abrigar outros grupos de artistas e suas companhias. Praticamente, Ivam e Rodolfo García Márquez foram os pioneiros.

Todo esse nariz de cera para comentar a tragédia ocorrida na madrugada de sexta para sábado, dias 4 e 5 de dezembro, no coração da Praça Roosevelt, exatamente no Espaço dos Parlapatões, quando o dramaturgo Mário Bortolotto – com quem trabalhei em Santidade, peça de José Vicente, com direção de Fauzi Arap, na década de 90, no Teatro Crowne Plaza – levou quatro tiros durante um assalto na sede dos Parlapa. Recebi a notícias pela internet. O primeiro pensamento: os fatos só viram notícia e saem no jornal quando as pessoas são baleadas e morrem. Porque todo dia tem neguinho desconhecido levando tiro por aí. A importância da Praça – que, mesmo sem segurança, é reduto de intelectuais, mendigos e as prostitutas que sobraram - e o nome do dramaturgo fizeram com que o fato fosse noticiado.

Fora a questão da classe artística – principalmente a teatral – estar consternada e torcendo pela melhora do Marião, precisamos pressionar o poder público para revitalizar a praça. O local era muito mais violento e perigosa antes dos artistas se instalarem lá. Foram exatamente os teatros, as sedes das companhias que se alojaram ali, que deram cara nova, vida nova ao local. A Roosevelt passou a ser freqüentada por artistas, jornalistas e intelectuais em geral. Antes do movimento teatral, a gente andava com medo por ali. Hoje é ponto de encontro.

O problema da violência é geral. Atinge desde as metrópoles, passando pelas capitais menores até as cidades do interior do Brasil. Você, leitor, sabe quantas pessoas são baleadas por dia/noite na cidade? Mas é triste precisar acontecer mais uma tragédia, entre milhares, para o poder público pensar em agilizar a reforma da praça, investindo em iluminação e infraestrutura.

Voltando ao crime nos Parlapatões, fecho com a Célia Forte, quando ela diz que o assaltante é um covarde. Está com a arma na mão, quando alguém peita, ele atira e sai correndo, sem levar nada. É covarde. Torcemos pela melhora do Mário.

Noite de muita aflição.

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Na decisão do Brasileirão, ponto para o Grêmio. Contra o Flamengo, perdeu por 2 a 1, lutou até os últimos segundos e valorizou com sua dignidade a conquista do título pelo Flamengo. Bem diferente do que fez o Corinthians no jogo contra o Flamengo na semana passada. Pelo menos minha mãe, carioca e rubro-negra, ficou contente.

Flores para Nair , que saiu do hospital. Noite mais calma.

(Fernanda Teixeira)