Chega ao fim uma era. Nos últimos dez anos convivi com Dona Fahrid, minha vizinha de porta, aquela que os amigos certamente irão se lembrar, pois ela aparecia de camisola e pantufas tocando a campainha da minha casa e pedindo silêncio nas noites de festa. Dona Fahrid faleceu na última quarta-feira, vítima de infecção intestinal, aos 71 anos.
Era uma doce senhora - que eu dizia detestar porque não tolerava minha vida de jovem festeira -, que vai fazer falta. Apesar de sempre reclamar das festas e do barulho, mesmo quando estávamos em quatro ou cinco pessoas, apenas conversando e bebendo uma garrafa de vinho, ficarão as memórias das vezes em que ela me ajudou cedendo ora um punhado de açúcar, ora um copo de leite para inteirar uma receita de bolo, um comprimido para dor de cabeça, ou emprestando o jornal do dia, para forrar o chão ao pintar a casa ou checar o horário do cinema.
Dona Fahrid deixa uma filha, Renata, minha xará, que, até onde me lembro é advogada e mora nos Estados Unidos. Guardo as lembranças das brigas, discussões e causos criados entre nós, por conta, muitas vezes, de detalhes insignificantes, como o lixo deixado na porta em horário errado, o volume alto da música e outros pormenores. E fará falta quando, nas próximas festas, não aparecer de camisola para tocar a campainha e pedir silêncio aos jovens baderneiros. Fique em paz, querida vizinha!
(Renata Lopes)
2 comentários:
renata, lindo o que você escreveu. dona fahrid vai receber essas energias positivas onde quer que ela esteja. fiquei com os olhos molhados. beijinho.
Fê, lembro dela..figurinha. Bom é que você tem dela também boas lembranças. Quem sabe agora surge a chance de sermos vizinhas...rs
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