segunda-feira, 11 de maio de 2009

Cinema e viagem

Antes de tirar uns dias de férias, o prazer de ir ao cinema e ver um bom filme. Sábado, no HSBC Belas Artes, encontramos o casal Xuxa Lopes e Marcos Loureiro, aproveitamos para comentar a peça vista no dia anterior (Vestido de Noiva) e compartilhar um cafezinho, enfim, nos preparar para o ritual de entrar na magia da sala escura e assistir um filme. É uma loucura pensar que a história de Harvey Milk (retratada no filme Milk, com Sean Penn), ativista gay americano assassinado na década de 70, tem pouco mais de 30 anos. Que quando eu era adolescente, a polícia invadia os bares nos Estados Unidos e batia até matar homossexuais. "É muito pouco tempo", como analisa minha amiga Vera Toledo Piza depois da sessão.

De funcionário do mercado financeiro que disfarçava sua homossexualidade a primeiro gay assumido a ser eleito a um cargo público, em 1977, Milk (1930-1978) elevou a militância pelos direitos de homossexuais a um novo patamar. Por isso, o filme é imperdível, e deve ser visto por todo mundo. Sair do armário, fazer-se respeitar pelos outros foi a estratégia usada por Harvey para recrutar seus seguidores. Eram tempos difíceis, mais difíceis que hoje, com certeza. No século 21, penso que a estratégia continua sendo uma arma muito eficaz. A luta começa em casa.

Enfrentar preconceito não é mole, não. Precisa ter coragem. Nossa geração sabe bem. Um dia, numa boate gay dos Jardins, a Polícia Federal entrou para dar uma batida. Neguinho gelou lá dentro. Homens e mulheres encostados na parede, obedeciam ordens de policiais (homens e mulheres) arrogantes, prontos para humilhar quem quer que fosse. Foi barra. Mulheres em um banheiro, homens no outro, revistaram todo mundo. Com a desculpa de procurar drogas, aproveitavam para passar a mão, constranger.

Para a nova geração poder ter mais liberdade e menos medo, muitas águas rolaram. Bom, mas essa é uma história que pode ficar depois, para minha volta. Este post é só pra dizer que ficarei uns dias na Ilha Bela, dando um tempo dessa agitação. Fiquem por aí.
(Fernanda Teixeira)

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