sexta-feira, 29 de maio de 2009

Sophie Calle, a mulher está dando o que falar


A artista francesa mais pop da atualidade lavou a alma de todos os apaixonados (não só das mulheres) que levaram um fora um dia na vida. O namorado terminou o romance por email e ela transformou em arte o literal pé na bunda. Agora toda posuda, vem para o Brasil em julho, no Sesc Pompeia. Nem precisa falar que a exposição Cuide de Você será imperdível. Tem fotos, vídeos, escritos etc de gente anônima e de bacanas como Carla Bruni, Maria de Medeiros e Victoria Abril.


(Fernanda Teixeira)

quarta-feira, 27 de maio de 2009

De Vita Sua, antes Teatro Enlatado

Se os Satyros e os Parlapatões deram um upgrade e tanto ao espaço, quando ali instalaram a sede de seus grupos de teatro, Marilia Toledo, Kleber Montanheiro e os atores da Cia da Revista estão colorindo ainda mais o cenário com idéias criativas. Apelido que o Miniteatro ganhou da vizinhança, "a princesinha da Praça Roosevelt" (eu diria Penélope Charmosa, em referência ao desenho animado A Corrida Maluca) recebeu o público na sexta-feira passada, estreia da peça De Vita Sua, com uma caneca de vinho e uma fatia de pão italiano. Charme para convidar o público a entrar no clima do espetáculo de Marilia, dirigido por Kleber, com base no livro O Monge no Divã, do psiquiatra e psicanalista David Levisky.

Lançado em 2007, faz uma análise psicanalítica do monge beneditino Guibert de Nogent a partir da autobiografia deixada por ele, intitulada De Vita Sua. Guibert, que viveu na Normandia entre 1055 e 1125, escreveu, durante todos os seus dias de dedicação à religião, um diário relatando suas percepções e dificuldades sobre os quatro estágios básicos da vida, infância, adolescência, idade adulta e velhice.

A encenação recria a atmosfera de um mosteiro católico na Idade Média Central, onde um monge – Guibert de Nogent -, prometido por sua mãe a Deus desde o nascimento, relata sua rotina, seus mais profundos sentimentos, medos, dúvidas, fraquezas, seus pecados, suas penitências e seu esforço sobre-humano em tentar compreender a vida que lhe foi imposta. Passeiam, pelas lembranças e imaginário do monge, a mãe adorada (imaculada, santa e ao mesmo tempo objeto de desejo, tentação e pecado), o pai morto, o tutor e carrasco, os companheiros de monastério, o divino e seus próprios anjos e demônios.

Cenário e figurinos mantem a estética da Idade Média, fazendo o público sentir como se entrasse no monastério, mas, ao mesmo tempo, há elementos imagéticos que trazem informações contemporâneas à cena. O contraponto moderno a essa atmosfera medieval também é dado pela trilha sonora, assinada pelo maestro Roberto Minczuk, atual diretor artístico e regente titular da Orquestra Sinfônica Brasileira da Cidade do Rio de Janeiro, do Theatro Municipal carioca, da Filarmônica de Calgary e diretor artístico do Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão.

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Antes da peça começar, o teatro ainda de portas abertas, uma estrutura, espécie de cabine individual, lembrando aqueles espaços onde se tira foto na hora, com as inscrições Drive-Thru, despertava a curiosidade de quem ia chegando. Tudo em frente ao Miniteatro. Um cardápio oferecia o menu de monólogos, ao valor de R$ 1,99 individualmente a cada espectador. De cara, ganhei um "combo", que o Marcio resolveu me dar de cortesia para que eu ficasse conhecendo melhor todos micro trabalhos de seu Teatro Enlatado.

Genial, incrível a proposta. Você entra, fecha a cortina e um ator interpreta só para você, em três minutos, um dos textos/pratos do dia. Trata-se de uma micro peça intervenção, em formato de drive-thru de lanchonete. Para ajudar na escolha, há uma vitrine em que os produtos (atores) ficam expostos. Os monólogos foram criados pelos próprios atores/intérpretes da cia, partindo do conceito inicial do grupo: provocar nas pessoas a sensação de suprir com rapidez e impessoalidade a sua necessidade do momento. Quem quiser experimentar, o pessoal do Teatro Enlatado monta sua tenda na Roosevelt, 108, sempre às sextas e sábados a partir das 21h. Valeu a noitada, nós quatro - eu, Sandra, Nei Nardi e Lica Keunecke – voltamos para casa de alma lavada, depois de comer uma pizza no Camelo, da Pamplona, e dar muita risada, aproveitando a sensação de alegria ingênua de um encontro de grandes amigos.

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Bola Preta

Na sexta, depois da notícia triste da morte do músico Zé Rodrix, falei com Lucia Rodrigues, ex-programadora artística do Supremo Musical. Por falar na casa de shows mais intimista e charmosa que São Paulo já teve, aconteceu de no dia seguinte a gente almoçar no restaurante do Américo Marques da Costa, o Bola Preta, na José Maria Lisboa esquina com alameda Campinas.

Foi uma delícia rever Américo – com quem tive contato por 8 anos seguidos, quando éramos a assessoria de imprensa do Supremo Musical. Uma caipirinha especial (de tangerina com limão siciliano), fora do cardápio, foi preparada pelo barman Ricardo, que me atendia no antigo restaurante da Oscar Freire com Consolação. Veio de lá também o cozinheiro, responsável pela receita da Picatta al Limone, prato preferido que eu costuma pedir antes dos shows.

Fomos atendidas com todo carinho pelo maitre Francisco. Quadros de Aldemir Martins nas paredes, os detalhes em madeira das portas, o balcão do bar, o segundo andar para os dias de calor, a área ao ar livre – ótima para happy hours -, o Bola Preta tem uma comida maravilhosa e um ambiente muito gostoso. Parabéns, Américo!
(Fernanda Teixeira)

terça-feira, 26 de maio de 2009

A Vida que Eu Pedi, Adeus

A cineasta Eliane Caffé (premiada pelos filmes Kenoma e Narradores de Javé) estreia na direção teatral, com o espetáculo A Vida que eu Pedi, Adeus. Com texto de Sérgio Roveri (amigo querido e talentoso com quem já trabalhamos em outros espetáculos, como Andaime e O Encontro das Água, e que quando não está em cartaz nos atura nas sugestões de pauta), a comédia traz Aílton Graça, Vera Mancini, Antoniela Canto e Paulo Américo no elenco. A estreia está prevista para o dia 19 de junho, no Teatro Cosipa Cultura.

A coluna da Mônica Bergamo, na Folha Ilustrada, esteve nos ensaios para registrar um portrait de Elianne Caffé e Vera Hamburger, responsável pela cenografia do espetáculo. Na foto abaixo, o momento do registro. Roberto Monteiro, da Mesa 2 Produções, também estava por lá e garantiu a direção da foto.


(Adriana Balsanelli)

domingo, 17 de maio de 2009

Lições do Sítio - por Malu Mota, na Carona do Dudu

- De novo?
- Naquele dia eu não te falei?
- Falou, mas eu esqueci.
- Tá bom, vê se presta atenção agora, hein? O moral da história do Sitio é que as pessoas não podem falar muito, feito a Emília...
- Isso mesmo, sua avó dizia que em boca fechada não entra mosquito.
- Não importa, Tia Lu, você lembra da amizade que eu te falei também?
- Claro, a do Pedrinho e da Emília.
- Não senhora, tem a amizade do Pedrinho e da Narizinho.
- É tudo a mesma coisa, meu bem.
- Mas não é mesmo, eles são unidos pelo amor e pela amizade. A Narizinho é uma garota muito cuidadosa, tanto com os meninos, quanto com as meninas...
- E o Pedrinho é um menino corajoso, não é?
- Tia Lu, vou levar você – de novo – para assistir o Sitio do Picapau Amarelo no teatro. Você não entendeu nada...
- Não precisa, agora já entendi tudo, afinal não é todo dia que uma criança assim feito você, do alto dos seus seis anos, pode ensinar tantas coisas... Acho que você é uma criança muito doce.
- Doce, não, Tia Lu, meiga...


segunda-feira, 11 de maio de 2009

Cinema e viagem

Antes de tirar uns dias de férias, o prazer de ir ao cinema e ver um bom filme. Sábado, no HSBC Belas Artes, encontramos o casal Xuxa Lopes e Marcos Loureiro, aproveitamos para comentar a peça vista no dia anterior (Vestido de Noiva) e compartilhar um cafezinho, enfim, nos preparar para o ritual de entrar na magia da sala escura e assistir um filme. É uma loucura pensar que a história de Harvey Milk (retratada no filme Milk, com Sean Penn), ativista gay americano assassinado na década de 70, tem pouco mais de 30 anos. Que quando eu era adolescente, a polícia invadia os bares nos Estados Unidos e batia até matar homossexuais. "É muito pouco tempo", como analisa minha amiga Vera Toledo Piza depois da sessão.

De funcionário do mercado financeiro que disfarçava sua homossexualidade a primeiro gay assumido a ser eleito a um cargo público, em 1977, Milk (1930-1978) elevou a militância pelos direitos de homossexuais a um novo patamar. Por isso, o filme é imperdível, e deve ser visto por todo mundo. Sair do armário, fazer-se respeitar pelos outros foi a estratégia usada por Harvey para recrutar seus seguidores. Eram tempos difíceis, mais difíceis que hoje, com certeza. No século 21, penso que a estratégia continua sendo uma arma muito eficaz. A luta começa em casa.

Enfrentar preconceito não é mole, não. Precisa ter coragem. Nossa geração sabe bem. Um dia, numa boate gay dos Jardins, a Polícia Federal entrou para dar uma batida. Neguinho gelou lá dentro. Homens e mulheres encostados na parede, obedeciam ordens de policiais (homens e mulheres) arrogantes, prontos para humilhar quem quer que fosse. Foi barra. Mulheres em um banheiro, homens no outro, revistaram todo mundo. Com a desculpa de procurar drogas, aproveitavam para passar a mão, constranger.

Para a nova geração poder ter mais liberdade e menos medo, muitas águas rolaram. Bom, mas essa é uma história que pode ficar depois, para minha volta. Este post é só pra dizer que ficarei uns dias na Ilha Bela, dando um tempo dessa agitação. Fiquem por aí.
(Fernanda Teixeira)

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Cindi Hip-Hop em nova temporada

O Núcleo Bartolomeu de Depoimentos volta a apresentar, em curta temporada, Cindi Hip-Hop – Pequena Ópera Rap. A peça estreou no ano passado no Sesc Avenida Paulista dentro do projeto Teatro Hip-Hop, que incluía a apresentação de cinco peças inéditas do grupo. Cindi Hip-Hop faturou o Prêmio Femsa de Melhor Espetáculo Jovem e Prêmio de Melhor Dramaturgia pela Cooperativa Paulista de Teatro.

Com direção de Roberta Estrela D’Alva, o elenco é formado por jovens atores do Núcleo e conta a saga de quatro cinderelas urbanas. A trilha sonora é criada e cantada ao vivo pelo grupo. O espetáculo é a junção de todos os elementos da cultura Hip-Hop (a dança, a palavra, a música, o grafite e os elementos de rua) alinhavados pela narrativa épica conduzida por atores-mcs. Recomendo!

Cindi Hip-Hop – Pequena Ópera Rap
Rua Dr. Augusto de Miranda 786, Pompéia - São Paulo - SPSábados, às 21h e domingos, às 20h

(Adriana Balsanelli)

terça-feira, 5 de maio de 2009

Nove anos com Gabriel Villela

Fidelidade, lealdade, casamento profissional, afinidades. Não sei qual palavra definiria melhor a parceria de quase 10 anos com o diretor Gabriel Villela. Como jornalista responsável pela assessoria de imprensa de pelo menos 11 de seus espetáculos, sempre me senti privilegiada com os convites para integrar sua equipe, "sua turma", como ele gosta de dizer. Sim, porque a gente vira amigo, desenvolve um sentimento especial pelas pessoas em volta dele. Dos técnicos à camareira, passando, é claro, pelos atores. Com alguns, laços de amizade; com outros, a simples passagem pela minha vida deixou sinais importantes.

Leopoldo Pacheco, Vera Zimmermann, Domingos Quintiliano, Serrroni, Renatinha Alvin, Thiago Lacerda, Dona Cleide, Maria do Carmo Soares, Walderez de Barros, Fábio Mazzoni, Daniel Maia, Babaya, Rachel Ripani, Cacá Toledo, Dib Carneiro, Magali Bif, Marcelo Várzea, Pascoal, Pedrinho, Rodrigo, Rodolfo, César Augusto, Ivan Andrade e mais um pá de gente que conheci por causa dele. Estava prestes a escrever Alcides Nogueira, mas este veio antes e também é caso de amor à parte – conheci o Tide no incrível Traças da Paixão (com Claudinho Fontana e Walderez de Barros), que fui convidada a fazer por Chico Marques.

Da Ópera do Malandro (2000, de Chico Buarque), quando era diretor artístico do TBC, depois da saída de Fauzi Arap, a Vestido de Noiva (de Nelson Rodrigues, prestes a estrear no Teatro Vivo), nossa rica trajetória passou por momentos mais ou menos difíceis – e quando digo isso me refiro às adversidades que acompanharam alguns dos trabalhos. Como em Mossoró, no Rio Grande do Norte, a 350 km de Natal, quando o calor absurdo do clima semi-árido do sertão daquela terra ameaçava derreter nossos miolos. Estávamos tão longe e tão perto naqueles dias, ele tentando proteger "meu coraçãozinho", como disse na época.

Além de conviver com um profissional criativo, inteligente, de cultura refinada - com as raízes mineiras do barroco e a visão panorâmica da arte universal impregnada em seus olhos e coração -, tenho a sorte de conhecer o homem sensível, generoso, carinhoso, preocupado em jogar foco de luz sobre as várias pessoas da ficha técnica da peça que está dirigindo. Como todos os que se gostam, algumas vezes tivemos brigas, sempre superadas por esse fascínio exercido por ele sobre quem está perto, essa força estranha que puxa a gente para o lado de quem amamos e respeitamos.

Nessa estrada de aprendizado, realmente usufruí o que pude de nossa convivência – mesmo observando, muitas vezes só de longe, os trabalhos de mesa, a confecção de figurinos (seja no TBC ou em ateliês montados por ele em outros locais) e cenários, a afinação da luz, enfim todas as etapas de um processo de produção teatral, os ensaios, as entrevistas, as passagens de cena para televisão, as coletivas de imprensa. De Calígula (2008, Sesc Pinheiros), Salmo 91 (2007, Sesc Santana e Oficina), Leonce e Lena (2006, Sesc Avenida Paulista), Esperando Godot (2006, Sesc Belenzinho), Fausto Zero (2003, Espaço Promon), A Ponte e a Água de Piscina (2004, CCBB - SP), O Auto da Liberdade (2003, Mossoró, RN), Gota D'Água (2001, Tom Brasil e TBC) até Saltimbancos (2001, TBC), só posso comemorar sua lealdade a mim.

Gosto quando ele me liga para trocarmos figurinha sobre qualquer assunto e, principalmente, sobre os espetáculos, a ansiedade na véspera das estreias. Atualmente, andamos nos vendo mais, por conta da estreia de Vestido de Noiva, de Nelson Rodrigues, com Leandra Leal, Vera Zimmermann, Luciana Carnieli, Marcello Antony, Cacá Toledo, Helô Castilho, Rodrigo Fregnan, Pedro Moutinho, Flávio Tolezani, Maria do Carmo Soares.

(Fernanda Teixeira)

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Vestido de Noiva - Bastidores

Uma das coisas mais bacanas de trabalhar com o diretor Gabriel Villela é ter a chance de aprender sempre mais sobre teatro. Acompanhar uma entrevista com Gabriel, além de ser um grande prazer, é uma lição sobre teatro, autores, filósofos, pensadores, diretores e tudo o que envolve o universo teatral. As coletivas que antecedem suas montagens sempre rendem boas matérias para os colegas da imprensa e engraçadas conversas de bastidores.

O assédio da imprensa é intenso e assim foi também na coletiva de imprensa da peça Vestido de Noiva, nova montagem do diretor que estreia dia 9 de maio, no Teatro Vivo. Como brincou o ator Marcelo Antony, “Gabriel Villela ao centro e seus apóstolos”, conduzia a coletiva, com espaço para todos falarem e divagar sobre Nelson Rodrigues.

O encontro reuniu cerca de 20 veículos, no Teatro Vivo, na tarde de quarta-feira, 29 de abril. Durante mais de uma hora, os jornalistas entrevistaram o diretor, seus assistentes e os 10 atores do elenco. Ficamos sabendo que as pinceladas do diretor Gabriel Villela em sua encenação de Vestido de Noiva vão de referências ao espetáculo Café Muller, da coreógrafa alemã Pina Bausch, a homenagem a Antunes Filho. Abaixo alguns momentos da coletiva.

(Adriana Balsanelli)