sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Teatro Imprensa escolhe 12 peças para ocupar suas salas em 2009

O Teatro Imprensa deu um passo que garantirá parte do que há de mais contemporâneo no teatro da cidade para suas salas. O Centro Cultural Grupo Silvio Santos recorreu aos jornalistas Valmir Santos e Kil Abreu para fazer a curadoria do Projeto Vitrine Cultural, que analisou mais de 400 e selecionou 12 espetáculos. O intuito é fomentar projetos com forte potencial artístico. Resultado: ocuparão o teatro este ano, entre outros, Juliana Galdino (ex-Medéia, de Antunes Filho); Janaína Leite (talentosa atriz do premiado grupo XIX); Cássia Goulart (indicação ao prêmio Shell 2008 de melhor atriz) e Os Crespos, grupo de atores negros que espetáculo de alta qualidade na cidade, porém pouco divulgado.

"Fizemos apostas, esperamos ter escolhido o melhor, embora ao menos 90 peças tivessem potencial para ocupar as salas do Teatro Imprensa", disse Kil Abreu, um dos curadores. Ele ressalta a vantagem de um espaço que abre suas portas para fomentar o teatro em pleno ano de crise. As peças 'Cachorro Morto', de Leonardo Faria; 'Quase Nada', de Alain Brum; 'Frozen', de Rachel Ripani, e 'Music Hall', de Gabriela Flores, também prometem forte qualidade artística. Há também o espetáculo 'Henfil Jà!', de Curitiba. Foram escolhidas, ainda, três peças suplentes para o espaço: a peça 'Pelo Cano', da palhaça Paola Musatti; 'As Alegres Comadres', de Tetembua Dandara, e 'A Mão e a Luva', do Núcleo de Estudos do grupo Tapa. Este conteúdo premiado servirá a um bom objetivo: formação de público. Cada uma das peças ficará em cartaz por três meses a preços populares (R$ 10), com duas apresentações por semana. O projeto prevê investir cerca de R$ 1 milhão com o apoio da Lei Rouanet. Os espetáculos receberão cachê sempre como se a sala tivesse sido lotada, no caso do Espaço Vitrine (48 lugares).

Para a Sala Imprensa (452 lugares), foram selecionadas as peças 'Amanhã é Natal', 'Eldorado' e 'O Livro dos Monstros Guardados'. Para a Sala Imprensa há apenas um suplente, o espetáculo 'Réquiem'. A premiada produtora de teatro infantil e também diretora do Centro Cultural Grupo Silvio Santos, Cintia Abravanel, anunciou que a intenção é fazer com que programa continue e possa sempre privilegiar boas produções artísticas na cidade.

Os Escolhidos
ESPAÇO VITRINE
Bartleby
Cachorro Morto
Comunicação a Uma Academia
Ensaio sobre Carolina
Festa de Separação
Frozen
Henfil Já!
Music-Hall
Quase Nada
SUPLENTES
Pelo Cano
As Alegres Comadres
Mão na Luva
SALA IMPRENSA
Amanhã É Natal
Eldorado
O Livro dos Monstros Guardados
SUPLENTE
Réquiem

Juan Velásquez – especial para o blog do dudu

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

A vida vale pelos encontros

Os encontros que a vida nos proporciona são os momentos mais saborosos da existência. Conhecer pessoas interessantes - sejam elas sensíveis, inteligentes, criativas, engraçadas ou afetuosas - é revigorante, como se a gente tivesse ganhado o dia. Foi com essa sensação que nós saímos do almoço com a cantora Marina de La Riva e o pianista Nelson Ayres, depois do show que eles apresentaram no Cosipa Cultura. Também dividimos a mesa com a simpática Patrícia Kisser, empresária da artista, Maitê Urias do Santos, produtora do teatro e o produtor José Maria Pereira Jr, da Mesa 2 Produções.

Antes, fomos brindadas por um impecável pocket show, às 12h30, no projeto A Mulher e o Piano, série de shows idealizada pela Mesa 2 Produções, com cantoras e pianistas. No restaurante por quilo, ficamos à vontade para bater papo enquanto devorávamos a comida. Ficamos ainda mais encantadas com a simplicidade e a simpatia de Marina e Nelson. Todos bons contadores de histórias, entre um e outro caso, ficamos sabendo que Marina é magra de ruim. Brincalhona, Patrícia entregou os pecados da gula da cantora, que caiu de boca na feijoada.

Além da conversa agradável, o papo foi regado a passagens engraçadas, contadas por Marina com as devidas intervenções de Patrícia Kisser, que perde a cantora, mas não perde a piada. Não vamos esquecer quando Marina ganhou dois vestidos, na época em que dividiu o palco com Frank Sinatra Jr., na turnê que este fez pelo Brasil, ano passado. Os modelitos tinham 17 metros de saia, o que deu muito trabalho para a produtora carregar sem amassar ou estragar os mimos da cantora.

No final do almoço, Marina foi abordada por um rapaz que queria um autógrafo no seu CD. Ela não perdeu tempo para mostrar a Nelson Ayres que tinha feito uma dedicatória a ele no CD. O pianista não sabia. No encarte do disco estava escrito "para meu eterno muso Nelson Ayres..." , e ela aproveitou para nos contar por que ele era seu muso. Disse que, um dia após show que fizeram juntos, tiveram longa conversa sobre música. Nelson nem desconfiava que o diálogo tinha sido determinante para Marina decidir os rumos de sua carreira e abraçar a definitivamente “sua música”. Foi ali que ela resolveu exatamente o que realmente queria fazer.

Para completar, Marina revelou, ainda, o lado engraçado do maestro, quando contou que, a pedido de um jornal, escreveu um artigo sobre um pianista cubano. Depois de pesquisar sobre a vida e a obra do músico (que se apresentaria em São Paulo), para elaborar ainda mais seu texto, resolveu, então, recorrer ao amigo Nelson Ayres, para quem perguntou, por email: "O que passa pela cabeça de um maestro durante uma apresentação?". Ao que o brincalhão Nelson não titibeou: “Ele fica pensando em como fazer para ficar com a bilheteira do teatro no final do show”.

(Adriana Balsanelli e Fernanda Teixeira)

Ano novo: esperança, mas não milagre

Agora sim, o ano novo chegou. Fim da vergonha e dos discursos hipócritas do legado Bush. Fim das estúpidas justificativas para as guerras do “bem contra o mal“, verdadeiros massacres sem causas, ou melhor, com cau$as particulares e gananciosas. Começa a era Obama. Cheiro de mudança no ar. Expectativas de melhoras e esperança para toda a terra. Calma lá, humanidade. Pés no chão. Muitas horas nessa calma. É indiscutível o momento histórico e todas as perspectivas de transformações, mas aquele que tomou as rédeas da White House não opera milagres e não é nenhum super herói, como rabiscou há poucos dias um artista americano, Barack Aranha ou Homem Obama.

Muita calma, pois a infeliz roda das tragédias continua a girar na história. Pés no chão, humanidade. Ainda há muitos conflitos, desingualdades e mortes cruéis acontecendo no mundo. A economia está oscilante e o desemprego começa a crescer. A miséria é teimosa e ainda há muita fome nas mesas. Não é ser pessimista, e sim realista. Muita gente ainda morre nos rincões esquecidos da África e milhares e milhares padecem de cólera no continente considerado como o berço da humanidade. E não é só por lá que a cólera mata, não. Quem dera se fosse.

Em Gaza a cólera é pior e mata mais ainda. Mata sem dó e de forma cruel, crianças e idosos. Hoje já são mais de mil mortos e passam dos 4 mil feridos, em menos de um mês de conflito. E não é só lá. Segundo informações do Instituto de Heidelberg, da Alemanha, além do conflito entre Israelenses e Palestinos, em Gaza, existem outros 344 conflitos armados no mundo, de acordo com notícias publicada no site do consultor jurídico (www.conjur.cojm.br), no dia 9 de janeiro. É mole?! É mole mais sobe, como diria Simão. Mas infelizmente nesse caso sobem os números drásticos da morte.

Cruel. Infelizmente. É. E o negócio, pelo que parece, é a esperança e a Fé. Essas são as palavras. Esperanças e fé. Entretanto, todo cuidado é pouco, pois ao extremo até ela se torna um perigo. O exemplo é a data 11/9. Não precisa falar mais nada, concorda?! Cultura é assim, tem que ser respeitada. Não é, Bush?! Eu se fosse o Osama faria do George filho uma boa feijoada com orelha e toucinho para os nossos bons amigos suínos. Como um pobre mortal jagunço paulista, limito-me a escrever. Fazer o quê?! Enfim...é isso. Esperança e fé. Fé no Obama, pessoas, porque Cristo não sei se vem mais. Andar com fé, que a fé não costuma faiá, como cantaria nosso Gil.

E por falar em nosso, aqui no Brasil a situação parece melhor, pelo menos as perspectivas são boas. A pobreza diminuiu, mas, como disse, a miséria é teimosa e ainda há muita fome nas mesas. “O que será que será” quando o assistencialismo acabar?! Não faço a menor idéia, mas espero que o pobre não espere mais a bolsa no rio e saia ao mar pra pescar. Isso sem falar nas vendas fragmentadas da Amazônia, devastação nas espécies, queimadas, seca no sertão sem solução, crianças no tráfico e nas ruas da Luz, e a prostituição infantil como grande atrativo turístico nas esquinas quentes do Nordeste. Esperança, uma dose dupla de esperança para nós. Afinal, o ano novo chegou e esperamos que ele realmente seja novo. Chega de milícia disfarçada de polícia no morro, fazendo o papel dos bandidos. Já basta a lentidão da justiça, as piadas da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) e a impunidade parlamentar (in) justamente voltada aos que deveriam servir de exemplo. Mas quem sou, pobre jagunço paulista.

Agora é esperar. Não digo sentar. Agir na medida do possível aquilo que estiver ao nosso alcance, com o intento de transformar os velhos hábitos e as velhas crenças. Hora de progredir, prosperar. É chegada a hora da transformação. Mais consciência. Mais humanidade para os homens. Vamos rezar. De maneira diferente, Não aquelas fórmulas decoradas e muitas vezes sem sentido. Vamos orar. E como a voz do povo é a voz de Deus, vamos orar para os Homens. Justamente para essas boas causas. Por mais consciência e bondade. Por mais alegria e compreensão. Mais amor e luz nos corações daqueles que acreditam apenas na existência do próprio umbigo. Boicote à falsidade e à mentira. Menos Big Brother e mais livros.

Vai efeito, faz jus à causa esperança, transforma a humanidade e faz com que ela desperte. Mudança. Falta-nos a pureza do Chaplin nos atos e o encantamento das crianças no relacionar e viver. Mais humildade e conteúdo, menos futilidade. Abaixo aos estereótipos midiáticos e as competições individuais que só dividem ao invés de somar. Chega de individualismo. Vamos lavar o sangue do mundo. Pelo menos tentar. Difícil em escala mundial, mas possível se começarmos pelo vizinho, não acha?! Salve Jah, mãe natureza. Pois o efeito está aí. É só não se afogar para ver. Acordemos, pois!

(Osvaldo Nery Neto)

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Ainda sobre a paz

Faço finalmente o meu primeiro – e bem tardio – post nesse blog. Depois de mil temas pensados – uns três começados e não terminados – decidi aproveitar o post da Fernanda, e dar também meu comentário sobre o tema do Oriente Médio. E acho que, no final das contas, pode ser uma bela introdução também sobre mim mesma.

Tenho amigos muçulmanos, palestinos cristãos, descendentes de judeus e árabes no Brasil. E também, como muitos brasileiros, tenho um sangue mesclado: um sobrenome de novos cristãos, um pezinho na Andalucía – terra onde essas duas culturas têm convivido lado a lado por anos, e algumas feições que já me renderam conversas pouco entendidas, por ser confundida com uma árabe mas não saber nada da língua.

Na noite passada, fiquei por horas ouvindo comentários dos mais variados lados sobre o conflito em Gaza. Minha amiga palestina diz que é um genocídio o que se está fazendo com os palestinos. Um amigo libanês declara seu repúdio a Israel e me dá um longo comentário de como a ação israelense está sendo desproporcional. O outro amigo judeu conta da reunião da comunidade para discutir o que os judeus daqui fariam a respeito. Da sensação de haver um ataque da mídia sempre ferrenho a Israel, e da necessidade de se manter o apoio ao país – embora meu próprio amigo tivesse mais dúvidas do que respostas, e algumas críticas a seus pares.

Me perguntaram: mas você ainda tem dúvidas de que lado está? Respondo que estou do lado da moderação dos dois lados. Dizem que isso é estar em cima do muro. Acho que não. E inclusive acho que é o lado em que a maioria das pessoas está. Não sou nenhuma especialista na questão – e a cada vez que mais tento entender, mais vejo a complexidade da situação, um histórico de mútuas acusações e falhas de ambos os lados. Só queria deixar aqui um registro da sensação que tenho. Alguém que, com seus 20 e alguns anos, passou boa parte da vida vendo manchetes sanguinolentas sobre a região. Tantas, que poderiam ter se tornado banais. Se há um lado, é o da paz, como bem disseram Fernanda Teixeira e Célia Forte há alguns posts atrás.

Só queria contar ainda um fato marcante, de que me recordo sempre que vejo na televisão as imagens dos conflitos ali. Estava na Espanha, em meio a uma turma de bolsistas do mundo inteiro, quando estourou a Guerra no Líbano. Nos reunimos – brasileiros, espanhóis, marroquinos, franceses, cristãos e muçulmanos – e cantamos, juntos a Milonga del Moro Judío, de Jorge Drexler. Ele, um uruguaio também herdeiro do sangue de ambos os lados, falava de Jerusalém, que hoje está “em paz”. Mas o versos que ele compôs traduzem bem o que sentíamos, e acho que continuam a valer enquanto perdurarem os conflitos na região.

Para ouvir a canção no Youtube, clique aqui. Abaixo transcrevo a letra:

Por cada muro un lamento
En jerusalén la dorada
Y mil vidas malgastadas
Por cada mandamiento.
Yo soy polvo de tu viento
Y aunque sangro de tu herida,
Y cada piedra querida
Guarda mi amor más profundo,
No hay una piedra en el mundo
Que valga lo que una vida.

Yo soy un moro judío
Que vive con los cristianos,
No sé que dios es el mío
Ni cuales son mis hermanos.

No hay muerto que no me duela,
No hay un bando ganador,
No hay nada más que dolor
Y otra vida que se vuela.
La guerra es muy mala escuela
No importa el disfraz que viste,
Perdonen que no me aliste
Bajo ninguna bandera,
Vale más cualquier quimera
Que un trozo de tela triste.

Yo soy un moro judío
Que vive con los cristianos,
No sé que dios es el mío
Ni cuales son mis hermanos.

Y a nadie le dí permiso
Para matar en mi nombre,
Un hombre no es más que un hombre
Y si hay dios, así lo quiso.
El mismo suelo que piso
Seguirá, yo me habré ido;
Rumbo también del olvido
No hay doctrina que no vaya,
Y no hay pueblo que no se haya
Creído el pueblo elegido.

(Lígia Azevedo)

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Sobre cavaleiros inexistentes, alephs e escritores imortais

Pensei muito sobre como fazer meu début neste blog. Poderia comentar algo sobre a situação política atual, como a Fê fez tão bem, resenhar algum filme que vi recentemente, falar sobre algum CD interessante ou uma banda legal e desconhecida que tenha parado sem querer em meus ouvidos. Mas o único jeito de começar direito seria com a minha grande paixão, os livros.

Sempre amei os livros. E digo os livros, não literatura, porque a paixão não se refere somente às palavras que parecem ter o ritmo certo na mão do autor, mas também ao papel, à diagramação, à capa, ao cheiro, à textura. É muito difícil que me peguem sem um livro na bolsa. Sempre carrego um comigo, para garantir que, em qualquer lacuna do cotidiano, possa escapar para seja lá qual universo fantasioso que ele possa abrir para mim.

Em especial, sou fascinada pelo realismo fantástico. Terminei, anteontem, O Cavaleiro Inexistente, de Ítalo Calvino. Não posso dizer que se tornou um de meus favoritos, mas gostei muito. Como todo Calvino, é bem escrito, com um humor de refinada ironia lançado aqui e ali pela freira-narradora. O cavaleiro que não existe, mas é capaz de ser, ao lado de seu escudeiro que não tem consciência de ser, mas existe, lançam o pensamento a múltiplas direções, desde Quixote até os gregos Heráclito e Parmênides. O enredo fantástico beira o absurdo, com cavaleiros de Carlos Magno e do Santo Graal, aldeões corajosos, viúvas insaciáveis e amores improváveis.

Para citar um de meus favoritos, indico Borges. O Aleph foi minha porta de entrada ao mundo do realismo fantástico. Desde Os Imortais até o conto que dá nome ao livro, meus olhos não podiam se desviar das palavras que pareciam inexistir, como se o autor e suas histórias estivessem diretamente em meu pensamento, sem mediação. Difícil acreditar que ele – apesar de todas suas polêmicas pessoais – não gostasse do que escrevia. Mais do que como autor, ele gostaria de poder definir seu mérito como leitor (afinal, você nunca escreve algo tão bom quanto gostaria, mas sempre lê o que considera o melhor possível). Assim, se puder utilizar a mesma fórmula, quero me definir como leitora de sua obra.

(Caroline Carrion)

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Pela paz

Penso que a humanidade não aprende com as experiências do passado. A história se repete. Os crimes de guerra continuam acontecendo, seja de qual lado estiverem os homens. Do holocausto da era Hitler ao racismo contido nessa batalha entre judeus e palestinos. Ouço no rádio que a guerra na Faixa de Gaza mata um israelense para cada 100 palestinos. O massacre assusta o mundo todo. Os jornalistas correspondentes que cobrem o conflito de perto, perplexos, não conseguem esconder seu pavor e passam esse sentimento para todos nós. Entram no ar sem ar. Às vezes, precisam recuperar o fôlego. Vi, outro dia, o repórter Alberto Gaspar, da Globo, falar ao vivo enquanto corria para uma abrigo antiaéreo. Do estúdio, o âncora, no intuito de aclamá-lo, pedia que ele respirasse fundo antes de passar seu boletim. A avassaladora limpeza étnica, proposta pelo ditador alemão (que achava que apenas os arianos puros mereciam viver) assume outras formas?

Na segunda semana de bombardeios contra a Faixa de Gaza, leio na Folha Online que o número de mortos entre os palestinos chegou a 630, enquanto os feridos chegam a 3 mil, segundo fontes hospitalares. Há centenas de civis entre os mortos - crianças, estudantes, mulheres, refugiados - testemunhas de um inferno cheio de atrocidades - que nós nem chegamos perto de imaginar existir. De acordo com outras fontes da mesma matéria, "trata-se de um ataque sem precedentes por parte de uma das potências militares mais sofisticadas em uma das zonas urbanas de maior densidade demográfica do mundo". Para a Cruz Vermelha e a ONU, as maiores organizações de ajuda nessas situações, o acesso às vítimas do conflito é o grande desafio humanitário no local da guerra, onde o sofrimento da população é insustentável. Terrível. Impossível não se abalar com os fatos.

O mundo precisa perder a paciência e decidir finalmente pelo fim imediato da guerra. Enquanto as autoridades árabes e as israelenses tentam ser convencidas e não se entendem, é sabido que nenhum consenso sai sem o apoio dos Estados Unidos. Mais uma vez Bush, mesmo já com o rabo entre as pernas, alega que quer garantias de um acordo. Falta pouco para o País que elegeu Barack Obama (negro, filho de muçulmano e de sobrenome Hussein) seu novo presidente perder esse controle mundial. Graças a Deus.

Enquanto isso, deve ter muito árabe com cabeça mais aberta querendo que o filho aprenda a língua do povo de Israel, assim como do outro lado os que desejam que seus descendentes também saibam mais da cultura árabe. E assim termos todos um pouco mais de paz e esperança num ano novo ano mais justo e feliz para cada um de nós.
(Fernanda Teixeira)
***
Célia Forte pega carona
Não quero comentar sobre o comentado, pois algozes sempre existirão, mas quanto mais civis comentarem assim, assim mesmo do jeitinho que você fez, sobre assuntos "deles lá", acredito que guerras serão coisas do passado. Eu estava com um nó na garganta que definitivamente desatou ao ler você. Sabe por quê? Porque posso, agora, ao menos desabafar: vamos nos indignar com quem mata por motivos vis, ou seja, por todo e qualquer motivo. Como assim? Vai lá e simplesmente mata? Devo ficar mais indignada com a morte nas esquinas por causa do crack, do tênis, celular, do que com a morte oficializada na Faixa de Gaza, no Iraque, no Golfo (lembram do Golfo?), no Vietnã (lembram do Vietnã?)? É, oficializada, pois se homens engravatados do mundo inteiro veem o que está acontecendo e simplesmente, DIPLOMATICAMENTE, demoram quinze dias para pensar no que fazer? Por favor, alguém explique essa história pra mim. Não quero os analistas. Quero os sensatos. Quem pode parar esse tipo de guerra? Um tsunami? Uma tempestade? Ou simplesmente um menino na Praça da Paz? Sei lá, não sei. Bem, Fernanda, obrigada Pela Paz. Eu, com fé, vou ficar por aqui torcendo para que 2009 seja um reflexivo caminho para que os homens e mulheres com ética e boa vontade cheguem melhores em 2010. Dá muito menos trabalho ser bom, se não for por índole, que seja, no mínimo, por inteligência.