quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Festa da cerveja e bronca ao telefone

Na redação do jornal onde trabalhava, entre uma e outra reportagem, sempre sobrava um tempo à tarde para descer até a padaria e tomar uma cervejinha com dois ou três amigos da equipe de repórteres da editoria de variedades. Nesse dia não foi diferente. Entre o fechamento e a última revisão, ela, Dagoberto Bordin, a Tereza Pagliaro, a Mariângela de Jesus e o Rogério Menezes deram uma escapadinha. Homem tranquilo, jornalista experiente, o editor Wladyr Nader não se importava, gostava do pessoal, tinha até certo orgulho de contar com tantos repórteres em um jornal pequeno como a Folha da Tarde, na época o primo pobre da Folha de S. Paulo. Jornalista em começo de carreira, ela estava no meio de um texto mas deu uma pausa no computador e saiu, convencida pelos meninos. Atravessaram a Barão de Limeira e tomaram, como de costume, a tal cerveja, acompanhada de sanduíche de queijo quente.

Voltaram logo, a repórter, então, se apressou em se sentar em frente a seu micro. Antes passou na arte e pediu ao diagramador uma ilustração para a matéria que produzia. Seria uma caneca ou um copo de cerveja, bem espumante, para destacar a Festa da Cerveja, programada para acontecer naquele próximo fim de semana, na casa de Portugal, conforme dizia o release. Achou inusitadas as informações sobre os produtos: cervejas que vinham de várias regiões de Portugal. Ainda pensou, engraçado Portugal ser celeiro de cerveja, não sabia que tinha tanta variedade dessa bebida em Portugal e eles exportavam ainda por cima....

Terminada a materinha – era um destaque para o suplemento de variedades Programe-se, editado pelo Orlando Fassoni -, a ilustração caiu como uma luva. No dia seguinte, jornal rodado, ela ainda nem tinha aberto o caderno que era encartado no jornal às sextas-feiras. O telefone tocou na redação ainda vazia, ela atendeu. Do outro lado, uma voz em tom irritadíssimo perguntava quem havia feito aquela matéria, escrito aquelas besteiras, sobre a festa da cerveja, e que era um absurdo um repórter ser tão desatento e distraído, que ela iria reclamar com o editor, que iria pedir a demissão do responsável e coisa e tal. Tentando acalmar a senhora, a jornalista só piorava a situação. Moral da história: a cervejinha no bar deu no que deu e acabou confundido o leitor programado para ir à tradicional Festa da Cereja na Casa de Portugal. Em tempo: Quase vinte anos se passaram e hoje eu ainda dou muita risada ao contar essa história. Melhor: ninguém no jornal ficou sabendo do tal telefonema.

(Fernanda Teixeira)

5 comentários:

Anônimo disse...

que história saborosa e engraçada!!! morri de rir e mostrei
pra todo mundo aqui!
vamos comemorar essa revelação com pizza?

Nanete Neves disse...

Fê, sempre achei essa sua história ótima. Agora que ela virou uma crônica tão gostosa de ler, que tal mandá-la pro Comunique-se?
Beijão, querida

Anônimo disse...

oi nani, como devo fazer para mandar? beijo e obrigada, querida!

Unknown disse...

Fê, essa história é sensacional!!! Ainda bem que vc resolveu escrever e compartilhar com mais pessoas. Toda vez que lembro morro de rir. Beijos!!!

Nanete Neves disse...

Oi Fê,
Liga na redação do Comunique-se, que é aqui na Fradique Coutinho, aliás, e pergunta como faz para mandar o texto para sair no "Literário" ou no "Em Pauta".
O fone vem na news letter deles: 3897-0855.
Tenho certeza que logo veremos este texto de novo lá.

beijo, Nani