Não é fácil, mas Franz Kepler conseguiu. Um casal de advogados divorciados atende dois
clientes mais jovens querendo entrar em acordo para assinar o fim do
matrimônio. Em geral, quando as relações chegam ao final um culpa o outro por não formar o par que parecia perfeito no
começo do relacionamento. José Rubens Chachá ( como sempre nota mil) faz o
defensor da garota jovem, Natália Rodrigues, que interpreta com precisão, uma
garota um tanto tímida. O oposto da
defensora do seu ex, Suzy Rêgo, que está o tempo todo fervilhando de raiva, numa
composição muito divertida, em defesa do jovem que não gosta de brigar Pedro
Henrique Moutinho. Com texto tão diferente e brilhante de Kepler, elenco de
ótimo nível o espetáculo já merece ser assistido. Mas não é só por isso.
O diretor Otávio Martins não só brilha como diretor desse
elenco, como do espetáculo como um todo. A iluminação de Wagner Freire é como sempre
impecável e de extremo bom gosto. Os figurinos de Marichilene Artisevekis cujo
trabalho eu desconhecia são elegantes – mas nem tanto – como pede a peça. A
cenografia de Marco Lima é também adequada e bonita, ocupando com inteligência
o espaço do Teatro Raul Cortez, cujo palco é enorme e essa questão se resolve tirando e colocando
móveis grandes e muito bonitos. Além disso, não é possível não citar a música
original e bem casada com tudo o que acontece em cena, de autoria de Ricardo
Severo.
Quem costuma ir ao teatro para se divertir, ou para ver uma
encenação excelente, sem fazer a menor questão de grandes nexos ou lições, vai
morrer de rir e adorar “Divórcio”, uma
comédia pra lá de divertida. Se é o seu caso, não perca.
Maria Lúcia Candeias,
doutora em teatro
pela USP, Livre Docente pela Unicamp.
Nenhum comentário:
Postar um comentário