E não é para menos. Parece que a gente está participando de
um show maravilhoso e íntimo que nos apresenta pessoalmente ninguém menos do
que Marlene Dietrich. Tudo bem simples sem os exageros da Broadway. Mas em compensação Sylvia
Bandeira nos leva para passear na Alemanha, na França e até
no Brasil, cantando as músicas da época tão bem que não dá pra saber se quem
canta melhor “Rien de Rien” é ela ou a Edith Piaf. É simplesmente fantástico,
ainda mais que contracenam com ela José Mauro Brant, Márcia Luna Cabral e
Silvio Ferrari – os três com larga experiência em musicais – fazendo papéis
variados neste e surpreendendo o tempo
todo pela qualidade do trabalho seja como atores seja como cantores.
Com enorme eficiência também se apresenta o trio musical que
inclui piano (Roberto Bahal), violoncelo (Jefferson Martins) e clarinete
(Fernando Oliveira) que num teatro íntimo como o Nair Belo tem o mesmo efeito
de uma grande orquestra e a vantagem de criar no público a ilusão de uma
participação muito maior no espetáculo.
O ótimo texto foi escrito por Aimar Labaki (autor de teatro e principalmente de novelas,
jornalista e ex-crítico teatral) a direção surpreendente leva a assinatura de
William Pereira que durante os últimos quatro anos só tem dirigido óperas.
William se encarrega também dos cenários adequados que incluem algumas
projeções de vídeo (ópera prima produções), quem se encarrega da iluminação é o
fantástico Paulo Cesar Medeiros (que no caso cumpre seu papel sem que seu
trabalho chame muita atenção, pois é tudo concebido para ser singelo) e os
figurinos são de muito bom gosto de adequação, são de Marcelo Marques.
Há momentos em que tem-se a sensação de estar assistindo uma
filmagem internacional executada na época da protagonista. Maravilhoso !
Ninguém deve perder.
Maria Lúcia Candeias
Doutora em Teatro pela USP, Livre Docente pela Unicamp.
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