Por Maria Lúcia Candeias
Doutora em teatro pela USP
Livre Docente pela UNICAMP
O teatro tem tratado com muita simpatia os transexuais e apresentado com grande humor como é o caso de “Tango Bolero e Cha Cha Chá” entre outros. A peça que mais se aproximou de tentar combater o preconceito mais ou menos generalizado, foi “Transex”, há alguns anos atrás, de autoria de Rodolfo Garcia Vazques. Transex se apresentou nos Satyros com Ivam Cabral como protagonista, enfocando uma personagem extremamente sonhadora, gentil, delicada e sensível como se acredita serem muito mais as mulheres do que os homens.
Em “Luis Antonio Gabriela” Nelson Baskerville tem a coragem de escrever e dirigir uma montagem confessadamente autobiográfica. Trata de um irmão que, sem condições de se dar bem por aqui (como acontece com boa parte dos transexuais) imigra para a Espanha como prostituta. Aqui quando alguém se dá bem é em cabeleireiros, algumas pouquíssimas vezes no palco e olhe lá. Basta lembrar que a maioria dos condomínios não as aceita como moradora.
Vale lembra que autor do texto acatou intervenção dramatúrgica de Verônica Gentilin. Mas a brilhante direção (incluindo cenário, iluminação que assina com Marcos Felipe) é só do tarimbado Baskerville mesmo. Com elenco às vezes cantando (Gustavo Sarzi) ou dançando ou dando apartes cômicos o encenador consegue maneirar e acalmar as emoções da platéia, sem cair no dramalhão. Os ótimos figurinos são de Camila Murano. Por todas essas razões e mais ainda por se tratar de um texto com enfoque completamente diferenciado é imperdível.
Na minha opinião, é talvez a melhor obra nacional que se seguiu a Plínio Marcos e Nelson Rodriques. Está em cartaz no Galpão de Folias de quinta a sábado às 21hs e nos domingos às 18hs. Até 17 de julho. Não deixe de ver.
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