segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Recordar é Viver é inesquecível

Quem ler o programa da peça “Recordar é Viver” talvez até hesite em assistir, pois parece que o brilhante autor, Hélio Sussekind, classifica os personagens que protagonizam a história como muito problemáticos - Pai doente e mãe com síndrome do pânico –mas não é bem assim.
Qualquer pessoa da platéia vai rolar de rir e certamente verá um maravilhoso retrato de sua própria família. Sem psicoses ou surtos, mas, como diria Marcelo Médice, “cada um com seus pobrema”. A intimidade que se tem em qualquer clã que cresceu junto é pouco igualável fora deste âmbito e, mesmo que resulte num enorme afeto, este será tão acompanhado pela total falta de cerimônia, a ponto de que, quem vê de fora, julgar como muito pouco respeito mútuo.

Contribuem para esse resultado impecável, a direção totalmente coerente de Eduardo Tolentino, não só no que tange à leitura apresentada pelo elenco competentíssimo, mas também no que concerne ao espetáculo, propriamente dito. A iluminação de Paulo César Medeiros tem a eficiência de sempre. O mesmo ocorre com os cenários e figurinos de Lola Tolentino totalmente adequados e de extremo bom gosto.
Lembrando de tudo, a gente fica até curiosa de saber como seriam os bastidores entre mãe e filho (Lola e Eduardo) até chegarem ao acordo sobre o visual que se vê no palco...
Suely Franco (a mãe) está arrasando a ponto de nem o Sérgio Brito (o pai) lhe fazer concorrência. José Roberto Jardim (Henrique) surpreende com a precisão com que interpreta o filho tímido que na verdade é o protagonista. Seus irmãos Paula e João (Ana Jansen e Camilo Bevilacqua) também convencem nos papéis e conquistam o público, assim como Anna Cecília Junqueira, a delicada Bruna, namorada de Henrique.

Em síntese é uma montagem maravilhosa que você não pode perder.

Maria Lúcia Candeias
Doutora em teatro pela USP
Livre Docente pela Unicamp



Nenhum comentário: