Há quanto tempo não se assiste a uma peça com trajes de época e atores lutando esgrima! Alfredo Mesquita também deve estar adorando onde quer que esteja, pois incluiu esses conhecimentos na sua Escola de Arte Dramática. Além desses aspectos “Ligações Perigosas” coloca no palco ótimos atores, entre os quais cito Chris Couto e Clara Carvalho e mais seis, isso sem contar os dois excelentes protagonistas, Maria Fernanda Cândido e Marat Descartes. São qualidades que por si só já fariam a montagem imperdível, mais somam--se a elas a divisão do palco pela cenografia é perfeita (Guta Carvalho e Frank Deseuxis), os figurinos maravilhosos (Maria Gonzaga), a trilha leva a assinatura da consagrada Tunica. Isso sem contar a iluminação do “Doutor” Maneco Quinderé (que já passou de mestre e merece o título de doutor).
A gente se pergunta se com essa turma qualquer um não faria um super espetáculo, mas não é bem assim. Quem coordena tudo é o diretor, um trabalho difícil (cada componente do grupo experiente pensando uma coisa), o qual Mauro Baptista Vedia (ficou conhecido por “A Festa de Abigail”), já provou que tira de letra.
Soma-se a tudo isto, o fato de que o texto de Christopher Hampton, mostra-se atual, mesmo depois mais de 20 anos, embora possa ser considerado machista, ou antimonárquico na medida em que o autor é inglês. É muito atual, a despeito de simplesmente ilustrar as conclusões de Machiavel, vigentes hoje e sempre, constantes de carta escrita ao redor de 1500.
É um espetáculo a que se assiste com enorme prazer.
Não perca.
Maria Lúcia Candeias
Doutora em teatro pela USP Livre-docente pela Unicamp
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