Adriana Balsanelli fez fotos nos bastidores do programa Ronnie Von, durante a gravação do musical Florilégio, com Carlos Moreno e Mira Haar. O programa vai ao ar dia 1º de outubro a partir das 22h na TV Gazeta. Em uma das fotos, está a diretora Carmen Farao. O espetáculo será apresentado às sextas, sábados e domingos às 16h no Museu da Casa Brasileira.
quinta-feira, 30 de setembro de 2010
sexta-feira, 24 de setembro de 2010
Sem despedida
Depois de quase 24 anos, o cotidiano do trabalho no escritório de arte havia mudado radicalmente. Tudo continuava no mesmo lugar, a casa, a rua, as pessoas. Tinha se apagado o glamour dos tempos em que os artistas passavam as tardes tomando champanhe, chá e conversando sobre estilos, escolas artísticas, tendências.
Aldemir Martins fez sua última exposição lá, em 2004, e até hoje ela guarda duas gravuras autografadas pelo artista plástico, pintor e escultor, famoso pela série de gatos pintada ao longo da vida. Também conheceu Raquel Taraborelli, Manabu Mabe, Inos Corradin. Desse convívio frutífero, hoje reconhece o traço de vários artistas, sabe seu valor no mercado de arte, entende do riscado.
Quando veio para São Paulo, saída da casa dos pais no Interior, teve um ou dois empregos e logo encontrou seu porto seguro na galeria. Assim, ganhando o próprio dinheiro, depois pôde estudar, fazer faculdade na cidade grande. Não tinha nem 20 anos e, com a carteira de motorista na bolsa, tomava ônibus para se locomover, não raro pegando a linha errada, se perdendo em São Paulo, milhões de habitantes, número consideravelmente superior ao de Brotas. Esperta e determinada, logo conseguiu se matricular na universidade.
Acompanhou o negócio de seu patrão crescer e acumulou histórias da época em que ele chegou ao Brasil, vindo da Romênia, fugido da guerra na Europa. Empilhava os tapetes persas em um caminhãozinho, rodava pelas estradas e vendia Brasil afora, danado ele, dotado de forte tino comercial.
Nem passava pela sua cabeça muitos anos depois sentar nos persas, também empilhados no terceiro andar da galeria, nas festas de fim de ano com a turma, regada a churrasco, cerveja, uísque e champanhe. A fumaça impregnando tudo. Já não tinha comprador para os tapetes, transformados em produtos fáceis de serem encontrados em qualquer loja, e a preços baixos. Vender tapete barato ele não admitia. Parecia colecionador o produto. Ela conta que o pessoal aproveitava o aconchegante e escondido ambiente também para dar uma dormidinha depois do almoço.
Foram mais de três anos ensaiando a despedida. Um adeus que não aconteceu no último dia. Ficou entalado, era pedir demais. De onde tiraria forças para beijar e abraçar os amigos de mais de duas décadas? Saiu à francesa, deixou para chorar no caminho de casa. Sabia que voltaria lá outros dias, já refeita dessa emoção difícil de conter.
Dito e feito. Hoje, passado um mês desde aquela tarde, mais tranqüila, ela visita o pessoal, os amigos que fez lá, tira dúvidas de quem ficou no seu lugar. Já digeriu a situação e anda por aí feliz, feliz da vida.
(Fernanda Teixeira)
terça-feira, 21 de setembro de 2010
A despedida
Os gatos arrepiaram na última sessão de Cats em São Paulo, no Teatro Abril. Bilheteria cheia de gente amontoada a 45 minutos do começo do musical. Quem deixou para o final da temporada não assistiu. Depois de 6 meses em cartaz, era grande o número de pessoas que não conseguiu comprar ingresso e voltou para casa sem ver um dos musicais mais longevos da história da Broadway (o outro é O Fantasma da Ópera). A sessão das 16 horas ainda demoraria e a despedida era ensaiada no clima de ansiedade dentro do teatro repleto de famílias, crianças, pipoca, Coca-Cola.
A iluminação colorida, as letras cheias de charme e criatividade (na versão do cantor e compositor Toquinho) dos belos temas musicais e as elaboradas coreografias molhavam os olhos. Os nossos e os dos artistas. Dava para ver o brilho refletido na face de cada um. Algumas lágrimas teimando em escorrer, que dois dedos limpavam antes de chegar à boca. A plateia, boquiaberta, admirava o talento dos artistas para cantar, dançar e interpretar. Tudo ao mesmo tempo. Com muita precisão.
No palco, 30 figuras iluminadas, abençoadas por um dom, habilidade para embalar fantasias, devaneios de simples mortais. Um personagem mais cativante que o outro – do Bom Deuteronomy de Saulo Vasconcelos, passando pela Grizabella da estreante nesse universo Paula Lima e seu potente vozeirão, a Jellylorum da linda e experiente Sara Sarres, a Bombalurina da não menos talentosa Gianna Pagano, o Gus de Fernando Patau, o Mungojerrie de Césinha Moura. As piruetas do gato mágico Mistoffeles (Jhean Allex), o charme irreverente de Rum Tum Tugger de Cleto Baccic.
De repente, no canto do palco, olhos azuis, a peruca de um dos gatos escondendo os cabelos ruivos. A querida produtora Rosana Guerra era uma surpresa no meio do elenco, "infiltrada" entre os felinos no meio da apresentação. O elenco foi surpreendido e homenageado, ainda, pelas "canjas" surpresas do pianista Miguel Briamonte e do diretor residente Floriano Nogueira, ambos também caracterizados de gatos. Na boca de cena, as produtoras Bia Ramsthaler, Enide Nascimento e Luanda lançavam pétalas vermelhas de rosa sobre os atores. Aplausos e mais aplausos.
Os espectadores fizeram de Cats em São Paulo um sucesso. E nós trabalhamos sete meses na assessoria de imprensa do espetáculo, com o mesmo prazer do dia da coletiva e da estreia. Cotidianamente, criamos laços, empatia, relações de afinidade, com o elenco, produção, técnicos, stages, peruqueiras, o diretor de palco Raul, o maestro Paulo Nogueira.
Levamos ao backstage do teatro, semanalmente, equipes de quase todas as emissoras de TV e rádio de São Paulo, Interior e outras capitais. Até o último final de semana, tinha matéria agendada nos bastidores. Quase todos os atores e envolvidos concederam entrevistas, tal era o revezamento aplicado para todos participarem.
Nos primeiros meses, os artistas demoravam mais em seus camarins, se preparando com empenho para que nem um risco da trabalhosa maquiagem saísse do modelo. No final, todos estavam afinadíssimos e se transformavam, em média em 20 minutos, em gatos da tribo Jellicle. Com o passar dos meses, fomos reconhecendo cada artista por trás daqueles rostinhos felinos.
No pouco tempo livre antes das sessões, entre uma preparação vocal e outra corporal, ajuste de microfones, visitinhas uns nos camarins dos outros. Era um tal de gato pra lá, gato pra cá nos amplos bastidores do Teatro Abril. Aos poucos, foram despedindo dessa rotina. A descontração era tanta que, em quase todos os dias de pauta, tivemos que buscar Saulo Vasconcelos em uma salinha escondida lá embaixo, onde sempre rolava um animado campeonato de videogame.
Por tudo isso e outros preciosos detalhes de bastidores que não precisam ser revelados, sentiremos saudades de um trabalho delicioso. Obrigado a todos pela experiência de termos convivido todos esses meses. Que a gente se encontre em breve, em outro grande musical!
A iluminação colorida, as letras cheias de charme e criatividade (na versão do cantor e compositor Toquinho) dos belos temas musicais e as elaboradas coreografias molhavam os olhos. Os nossos e os dos artistas. Dava para ver o brilho refletido na face de cada um. Algumas lágrimas teimando em escorrer, que dois dedos limpavam antes de chegar à boca. A plateia, boquiaberta, admirava o talento dos artistas para cantar, dançar e interpretar. Tudo ao mesmo tempo. Com muita precisão.
No palco, 30 figuras iluminadas, abençoadas por um dom, habilidade para embalar fantasias, devaneios de simples mortais. Um personagem mais cativante que o outro – do Bom Deuteronomy de Saulo Vasconcelos, passando pela Grizabella da estreante nesse universo Paula Lima e seu potente vozeirão, a Jellylorum da linda e experiente Sara Sarres, a Bombalurina da não menos talentosa Gianna Pagano, o Gus de Fernando Patau, o Mungojerrie de Césinha Moura. As piruetas do gato mágico Mistoffeles (Jhean Allex), o charme irreverente de Rum Tum Tugger de Cleto Baccic.
De repente, no canto do palco, olhos azuis, a peruca de um dos gatos escondendo os cabelos ruivos. A querida produtora Rosana Guerra era uma surpresa no meio do elenco, "infiltrada" entre os felinos no meio da apresentação. O elenco foi surpreendido e homenageado, ainda, pelas "canjas" surpresas do pianista Miguel Briamonte e do diretor residente Floriano Nogueira, ambos também caracterizados de gatos. Na boca de cena, as produtoras Bia Ramsthaler, Enide Nascimento e Luanda lançavam pétalas vermelhas de rosa sobre os atores. Aplausos e mais aplausos.
Os espectadores fizeram de Cats em São Paulo um sucesso. E nós trabalhamos sete meses na assessoria de imprensa do espetáculo, com o mesmo prazer do dia da coletiva e da estreia. Cotidianamente, criamos laços, empatia, relações de afinidade, com o elenco, produção, técnicos, stages, peruqueiras, o diretor de palco Raul, o maestro Paulo Nogueira.
Levamos ao backstage do teatro, semanalmente, equipes de quase todas as emissoras de TV e rádio de São Paulo, Interior e outras capitais. Até o último final de semana, tinha matéria agendada nos bastidores. Quase todos os atores e envolvidos concederam entrevistas, tal era o revezamento aplicado para todos participarem.
Nos primeiros meses, os artistas demoravam mais em seus camarins, se preparando com empenho para que nem um risco da trabalhosa maquiagem saísse do modelo. No final, todos estavam afinadíssimos e se transformavam, em média em 20 minutos, em gatos da tribo Jellicle. Com o passar dos meses, fomos reconhecendo cada artista por trás daqueles rostinhos felinos.
No pouco tempo livre antes das sessões, entre uma preparação vocal e outra corporal, ajuste de microfones, visitinhas uns nos camarins dos outros. Era um tal de gato pra lá, gato pra cá nos amplos bastidores do Teatro Abril. Aos poucos, foram despedindo dessa rotina. A descontração era tanta que, em quase todos os dias de pauta, tivemos que buscar Saulo Vasconcelos em uma salinha escondida lá embaixo, onde sempre rolava um animado campeonato de videogame.
Por tudo isso e outros preciosos detalhes de bastidores que não precisam ser revelados, sentiremos saudades de um trabalho delicioso. Obrigado a todos pela experiência de termos convivido todos esses meses. Que a gente se encontre em breve, em outro grande musical!
(Fernanda Teixeira, Adriana Balsanelli e Douglas Picchetti)
sexta-feira, 17 de setembro de 2010
Pensamento
Será que um dia eu vou conseguir largar tudo isso e cultivar orquídeas? (Pensamento rápido na hora do estresse. Logo sumiu da cabeça.) Difícil, me amarro nesse ritmo maluco.
(Fernanda Teixeira)
(Fernanda Teixeira)
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