Hernanes está jogando muito, com Dagoberto, Marlos e agora Fernandão. Desse jeito ninguém segura o São Paulo. A má fase passou, Deus ajude. Pena que não ficaram com Muricy, o técnico era a cara do grupo. Mas temos que concordar que é um clube que sabe contratar.
(Fernanda Teixeira)
segunda-feira, 24 de maio de 2010
quinta-feira, 20 de maio de 2010
Agora é moda por aqui também
Por Maria Lúcia Candeias
Doutora em teatro pela USP
Livre Docente pela Unicamp
Quem gosta de ir ao teatro e está acostumado a ver uma história com começo meio e fim, ou várias histórias com um tema comum e algumas conclusões, provavelmente está estranhando bastante, muitos espetáculos que colocam os personagens numa mesma circunstância e só.
Esse estilo foi teorizado por Hans-Thyes Lehmann (alemão com livro editado pela Perspectiva) e se chama pós-dramático. Apresenta como que algumas fotografias de uma mesma circunstância sem busca de uma progressão ou lógica. Insisto em chamá-lo circunstancial e não teatro de situação, porque esse nome já foi usado por Sartre para denominar o teatro existencialista que acreditava que não nascemos com uma personalidade fixa, mas somos moldados pelos acontecimentos de nossas vidas.
A turma do pós-dramático não acredita em nenhuma das duas coisas, apenas no caos. Há peças como “In On It” (Teatro FAAP) ou mesmo “Cachorro Morto” (Teatro Imprensa) que guardam alguma proximidade com essas teorias. No entanto, quem casa inteiramente com elas são “Cinema” e “Êxtase”.
Êxtase focaliza alguns amigos de balada bebendo e conversando juntos sobre temas jogados como é comum aos beberrões. É uma encenação irretocável assinada por Mauro Baptista Vedia, sendo o texto de um inglês pouco conhecido por aqui, Mike Leigh, cuja peça “A Festa de Abigail” já esteve em cartaz com o mesmo diretor e fez um sucesso menor do que o merecido.
Colaboram para os acertos de Êxtase, o maravilhoso elenco super afinado (Érika Puga, Amanda Lyra, Eduardo Estrela, Francisco Eldo Mendes e Fernando Catani), incluindo-se especialmente Mário Bortolotto, que volta ao palco com tudo, depois do terrível acidente de que foi vítima. Além deles há a excelente contribuição da cenografia de Álvaro Razuk, da iluminação de Marcelo Montenegro e dos figurinos de Maitê Chasseraux.
É possível que quem bebe fique louco por um copinho na platéia, mas quem não bebe e sai logo do agito das festas, talvez ache muito longo. O espetáculo está em cartaz de terça a quinta no CCBB (com van saindo do antigo edifício Zarvos) às 19,30hs.
Já “Cinema” leva a assinatura do consagrado diretor Felipe Hirsch. Criação coletiva,focaliza rápidos relacionamentos que ocorrem na platéia de um cinema em sessões diferentes nas quais se ouve sons de alguns filmes. São flashes em geral sedutores interpretados por quinze bons atores. O cenário (são só as poltronas) assinado por Daniela Thomas, os figurinos por Verônica Julian e a eficiente luz por Beto Bruel. Está em cartaz no SESI de sexta a domingo às 20hs.
Novamente apenas flashes de momentos no mesmo local. Essa estética composta de tomadas rápidas faz lembrar o dança-teatro criado por Pina Bausch, mas. nos parece, ela ganha de todos. Basta lembrar o espetáculo “Água” sobre brasileiros que apresentou no Alfa em 2001, no qual o elenco brindava falando Tim Tim, e as mulheres viviam passando as mãos no cabelo especialmente quando conversavam (coisa que a gente não nota mas todas as brasileira não param de fazer). Não dá pra comparar com a alemã, mas quem mais se aproxima dela por aqui é sem dúvidas Mariana Muniz.
Fui assistir espetáculo para surdos dirigido por ela,“Encontros de Dois”, esperando uma mímica que eu não entendesse e meu queixo caiu. Os atores se movimentavam, dançavam, falavam e gesticulavam com extrema competência (Carol Vuditti, Deborah Andrade, Emilene Gutierrez, Fernando Dourado, Lúcia Kakazu, Leonardo Costa e Patríck Amstalden). Ao mesmo tempo em que uns se comunicavam por gestos outros por palavras de maneira que toda a platéia entendia seus felizes encontros cheios de afeto. Esteve em cartaz em curta temporada no Teatro Olido e vão para outras cidades. Se voltarem para cá você não deve perder.
Doutora em teatro pela USP
Livre Docente pela Unicamp
Quem gosta de ir ao teatro e está acostumado a ver uma história com começo meio e fim, ou várias histórias com um tema comum e algumas conclusões, provavelmente está estranhando bastante, muitos espetáculos que colocam os personagens numa mesma circunstância e só.
Esse estilo foi teorizado por Hans-Thyes Lehmann (alemão com livro editado pela Perspectiva) e se chama pós-dramático. Apresenta como que algumas fotografias de uma mesma circunstância sem busca de uma progressão ou lógica. Insisto em chamá-lo circunstancial e não teatro de situação, porque esse nome já foi usado por Sartre para denominar o teatro existencialista que acreditava que não nascemos com uma personalidade fixa, mas somos moldados pelos acontecimentos de nossas vidas.
A turma do pós-dramático não acredita em nenhuma das duas coisas, apenas no caos. Há peças como “In On It” (Teatro FAAP) ou mesmo “Cachorro Morto” (Teatro Imprensa) que guardam alguma proximidade com essas teorias. No entanto, quem casa inteiramente com elas são “Cinema” e “Êxtase”.
Êxtase focaliza alguns amigos de balada bebendo e conversando juntos sobre temas jogados como é comum aos beberrões. É uma encenação irretocável assinada por Mauro Baptista Vedia, sendo o texto de um inglês pouco conhecido por aqui, Mike Leigh, cuja peça “A Festa de Abigail” já esteve em cartaz com o mesmo diretor e fez um sucesso menor do que o merecido.
Colaboram para os acertos de Êxtase, o maravilhoso elenco super afinado (Érika Puga, Amanda Lyra, Eduardo Estrela, Francisco Eldo Mendes e Fernando Catani), incluindo-se especialmente Mário Bortolotto, que volta ao palco com tudo, depois do terrível acidente de que foi vítima. Além deles há a excelente contribuição da cenografia de Álvaro Razuk, da iluminação de Marcelo Montenegro e dos figurinos de Maitê Chasseraux.
É possível que quem bebe fique louco por um copinho na platéia, mas quem não bebe e sai logo do agito das festas, talvez ache muito longo. O espetáculo está em cartaz de terça a quinta no CCBB (com van saindo do antigo edifício Zarvos) às 19,30hs.
Já “Cinema” leva a assinatura do consagrado diretor Felipe Hirsch. Criação coletiva,focaliza rápidos relacionamentos que ocorrem na platéia de um cinema em sessões diferentes nas quais se ouve sons de alguns filmes. São flashes em geral sedutores interpretados por quinze bons atores. O cenário (são só as poltronas) assinado por Daniela Thomas, os figurinos por Verônica Julian e a eficiente luz por Beto Bruel. Está em cartaz no SESI de sexta a domingo às 20hs.
Novamente apenas flashes de momentos no mesmo local. Essa estética composta de tomadas rápidas faz lembrar o dança-teatro criado por Pina Bausch, mas. nos parece, ela ganha de todos. Basta lembrar o espetáculo “Água” sobre brasileiros que apresentou no Alfa em 2001, no qual o elenco brindava falando Tim Tim, e as mulheres viviam passando as mãos no cabelo especialmente quando conversavam (coisa que a gente não nota mas todas as brasileira não param de fazer). Não dá pra comparar com a alemã, mas quem mais se aproxima dela por aqui é sem dúvidas Mariana Muniz.
Fui assistir espetáculo para surdos dirigido por ela,“Encontros de Dois”, esperando uma mímica que eu não entendesse e meu queixo caiu. Os atores se movimentavam, dançavam, falavam e gesticulavam com extrema competência (Carol Vuditti, Deborah Andrade, Emilene Gutierrez, Fernando Dourado, Lúcia Kakazu, Leonardo Costa e Patríck Amstalden). Ao mesmo tempo em que uns se comunicavam por gestos outros por palavras de maneira que toda a platéia entendia seus felizes encontros cheios de afeto. Esteve em cartaz em curta temporada no Teatro Olido e vão para outras cidades. Se voltarem para cá você não deve perder.
Foto de cena de Êxtase
quarta-feira, 19 de maio de 2010
Vitória da ética na política brasileira
Pressão popular legítima aprova o Ficha Limpa. Uau, nem acredito! Também, ia pegar muito mal, em ano de eleição, votar contra. Era comprar o próprio caixão e enterrar a vida política. Valeu a pressão da sociedade. E que o Congresso funcione sempre assim: sendo a caixa de ressonância da população.
(Fernanda Teixeira)
Programa nuclear iraniano: acordo mediado pelo Brasil vale o quê?
China, Rússia, Estados Unidos, Alemanha, França e Inglaterra. De um lado, as grandes superpotências mundiais. De outro, Brasil, Turquia e Irã... Ai, meu Deus, queria tanto estar do outro lado...
***
É fato que o mundo nem deu bola para o acordo firmado em Teerã entre Brasil, Turquia e Irã. Tão alardeado pela diplomacia do Brasil, o tratado já chega com prazo de validade vencido. Não se passaram 24 horas e o gurpo dos grandes já anunciava outra medida.
Além do mais, quem coloca a mão no fogo sobre a credibilidade do Irã. Será que o Brasil tinha de dar esse crédito?
O Conselho de Segurança da ONU vai votar as sanções ao Irã e Brasil disse que vai ficar de fora dessa briga. Brasil entrou em jogada de alto risco e é difícil imaginar que o país seja tão influente a ponto de modificar a tendência do Conselho de Segurança da ONU.
O marketing do governo brasileiro continua fazendo ponto. Mas agora aposto que Lula não é mais "o cara".
***
Votação do Ficha Limpa vai acontecer em sessão extraordinária no Plenário, em regime de urgência. Isto sim é democracia. Temos de barrar a candidatura de políticos condenados pela Justiça. É tão básico que parece estúpido a gente vibrar.
***
Quando a gente não vota em uma Eleição não pode nem viajar para fora. No caso dos políticos, tudo podem. Chega, né?
O Conselho de Segurança da ONU vai votar as sanções ao Irã e Brasil disse que vai ficar de fora dessa briga. Brasil entrou em jogada de alto risco e é difícil imaginar que o país seja tão influente a ponto de modificar a tendência do Conselho de Segurança da ONU.
O marketing do governo brasileiro continua fazendo ponto. Mas agora aposto que Lula não é mais "o cara".
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Votação do Ficha Limpa vai acontecer em sessão extraordinária no Plenário, em regime de urgência. Isto sim é democracia. Temos de barrar a candidatura de políticos condenados pela Justiça. É tão básico que parece estúpido a gente vibrar.
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Quando a gente não vota em uma Eleição não pode nem viajar para fora. No caso dos políticos, tudo podem. Chega, né?
(Fernanda Teixeira
domingo, 16 de maio de 2010
Quem diria, acabei no futebol! Ou é o começo?
Depois do jogo contra o Cruzeiro, quarta da semana passada, quando o São Paulo voltou a jogar, o time que entrou em campo hoje contra o Botafogo deu sono. Acabei dormindo no sofá de tão chata a partida. De nada adiantou o gol de Leo Lima no começo. Com os jogadores na retranca de novo, aquele jogo mole, o tricolor perdeu de virada.
***
Para baixar a bola, nada como um pênalti perdido. Neymar que o diga. No Santos, deu empate contra o Ceará.
***
O Corinthians ganhou do Grêmio. Os "mano" estão em 1º no Campeonato Brasileiro. Resta saber se vinga até final do ano.
***
E o Palmeiras, jogou?
***
Dunga, leva o Adriano, vai! Ou o Gaúcho. Falta um jogador de peso, ops, de peso mas não o Ronaldo.
(Fernanda Teixeira)
sexta-feira, 14 de maio de 2010
Espetáculos para não perder
Por Maria Lúcia Candeias
Doutora em teatro pela USP
Livre Docente pela Unicamp
Alguns espectadores que saem do Teatro Bibi Ferreira discutem se “A Dança Final” está ultrapassada ou não. Tudo por conta do Viagra. Em primeiro lugar a peça em cartaz no momento, com as maravilhosas interpretações de Denise Weinberg e Norival Rizzo, foi escrita por Plínio Marcos em 93 e reescrita em 2002, para a primeira montagem dirigida por Kiko Jaez, onde se incluía o Viagra que o protagonista não podia tomar.
O espetáculo atual se baseia no texto de 93 e não inclui o medicamento propositadamente, pois menciona que alguém do mesmo prédio não podia tomá-lo por ser diabético. Nunca li o texto original só o vi nas duas encenações, sempre brilhantes, como tudo que o autor escreveu. A peça montada com Nuno Leal Maia, no papel principal tinha uma evolução dramática que envolvia a platéia. A atual não tem. E, nesse aspecto foi modernizada e transformada num teatro pós-dramático.
Além disso, conta com belos figurinos de Leopoldo Pacheco, ótima iluminação de Wagner Freire e trilha como sempre irretocável de Aline Meyer. Sem dúvidas merece ser vista. Há quem prefira a primeira montagem, mas ambas são ótimas. De todo modo é um Plínio. Tem que ver.
Essa questão de ultrapassado ou não, é coisa de pouquíssimo antes do século XX. Como é sabido, só no fim do XIX, com a invenção da eletricidade, o espetáculo teatral passou a ter maior importância do que o texto escrito. E, alterar algo que o autor escreveu, deixou de ser uma atitude iconoclasta. Hoje, pode-se cortar ou ampliar qualquer texto se parecer necessário.
É o que eu gostaria que tivessem feito em “O Grande Inquisidor”, mas tenho que reconhecer que mexer em Dostoievski talvez fosse excesso de ousadia. A peça transforma em monólogo teatral um trecho que consta do livro “Os Irmãos Karamazov”. Um Inquisidor – ninguém menos do que Celso Frateschi – questiona Cristo (ótima participação de Mauro Schames) sobre aspectos inaceitáveis no mundo criado por ele. Hoje, teríamos mais questões irrespondíveis para colocar no diálogo, que, apesar de não estar mais atualizado, toca em pontos fundamentais.
O espetáculo singelo, conta com a direção certeira da Rubens Rusche, cenários e figurinos adequados de Sylvia Moreira e iluminação impecável também de Wagner Freire. Quem gosta de textos instigantes, com atores nota dez, não pode perder nenhum dos dois.
Doutora em teatro pela USP
Livre Docente pela Unicamp
Alguns espectadores que saem do Teatro Bibi Ferreira discutem se “A Dança Final” está ultrapassada ou não. Tudo por conta do Viagra. Em primeiro lugar a peça em cartaz no momento, com as maravilhosas interpretações de Denise Weinberg e Norival Rizzo, foi escrita por Plínio Marcos em 93 e reescrita em 2002, para a primeira montagem dirigida por Kiko Jaez, onde se incluía o Viagra que o protagonista não podia tomar.
O espetáculo atual se baseia no texto de 93 e não inclui o medicamento propositadamente, pois menciona que alguém do mesmo prédio não podia tomá-lo por ser diabético. Nunca li o texto original só o vi nas duas encenações, sempre brilhantes, como tudo que o autor escreveu. A peça montada com Nuno Leal Maia, no papel principal tinha uma evolução dramática que envolvia a platéia. A atual não tem. E, nesse aspecto foi modernizada e transformada num teatro pós-dramático.
Além disso, conta com belos figurinos de Leopoldo Pacheco, ótima iluminação de Wagner Freire e trilha como sempre irretocável de Aline Meyer. Sem dúvidas merece ser vista. Há quem prefira a primeira montagem, mas ambas são ótimas. De todo modo é um Plínio. Tem que ver.
Essa questão de ultrapassado ou não, é coisa de pouquíssimo antes do século XX. Como é sabido, só no fim do XIX, com a invenção da eletricidade, o espetáculo teatral passou a ter maior importância do que o texto escrito. E, alterar algo que o autor escreveu, deixou de ser uma atitude iconoclasta. Hoje, pode-se cortar ou ampliar qualquer texto se parecer necessário.
É o que eu gostaria que tivessem feito em “O Grande Inquisidor”, mas tenho que reconhecer que mexer em Dostoievski talvez fosse excesso de ousadia. A peça transforma em monólogo teatral um trecho que consta do livro “Os Irmãos Karamazov”. Um Inquisidor – ninguém menos do que Celso Frateschi – questiona Cristo (ótima participação de Mauro Schames) sobre aspectos inaceitáveis no mundo criado por ele. Hoje, teríamos mais questões irrespondíveis para colocar no diálogo, que, apesar de não estar mais atualizado, toca em pontos fundamentais.
O espetáculo singelo, conta com a direção certeira da Rubens Rusche, cenários e figurinos adequados de Sylvia Moreira e iluminação impecável também de Wagner Freire. Quem gosta de textos instigantes, com atores nota dez, não pode perder nenhum dos dois.
Saudações são-paulinas
Quem sou eu para discordar do Dunga, mas na minha seleção levaria Adriano e Ronaldinho Gaúcho. Agora só mesmo no álbum, que estou quase complentando. O Domingos Quintiliano, grande iluminador, companheiros de tantas peças, e que agora está no "Faustão", já fechou.
***
O São Paulo voltou a jogar. Hernanes, Dagoberto e agora Fernandão ainda vão dar o que falar. Na Libertadores e no Brasileirão. Além de boa pinta, parece que o cara chegou para somar, e muito. Rogério Ceni continua fzendo a diferença. Pegou cada bola na partida contra o Cruzeiro!
(Fernanda Teixeira)
terça-feira, 4 de maio de 2010
Renata Aspesi e Roberto Alencar em cena
COREOGRAFIA EXPLORA A INFLUÊNCIA DA
FOTOGRAFIA DE JOHN DEAKIN NA OBRA DE FRANCIS BACON
FOTOGRAFIA DE JOHN DEAKIN NA OBRA DE FRANCIS BACON
Estudiosos da figura humana, Francis Bacon e John Deakin
inspiraram “Um Porco Sentado”, criado por Roberto Alencar
para o 14º Cultura Inglesa Festival.
Nesses tempos de poderosas ferramentas de edição de imagem é difícil imaginar um fotógrafo especializado em moda optar pelo “real, sem maquiagem”. Mas nos anos 50, a revista Vogue Britânica mantinha em seu staff o fotógrafo John Deakin (1912-1972) que, paradoxalmente, teve a sua obra marcada pelo grotesco. Os bailarinos Roberto Alencar e Renata Aspesi, da recém-formada Incunabula Companhia, foram buscar inspiração nas obras de Deakin e nas influências da pintura de Francis Bacon (1909-1992) para criar “Um Porco Sentado” que será apresentado durante o 14º Cultura Inglesa Festival.
para o 14º Cultura Inglesa Festival.
Nesses tempos de poderosas ferramentas de edição de imagem é difícil imaginar um fotógrafo especializado em moda optar pelo “real, sem maquiagem”. Mas nos anos 50, a revista Vogue Britânica mantinha em seu staff o fotógrafo John Deakin (1912-1972) que, paradoxalmente, teve a sua obra marcada pelo grotesco. Os bailarinos Roberto Alencar e Renata Aspesi, da recém-formada Incunabula Companhia, foram buscar inspiração nas obras de Deakin e nas influências da pintura de Francis Bacon (1909-1992) para criar “Um Porco Sentado” que será apresentado durante o 14º Cultura Inglesa Festival.
Para Roberto, Deakin e Bacon eram profundos estudiosos da figura humana e, por isso, sua opção por um minucioso exame na temática do corpo na arte e na sociedade atuais. “Deakin e Bacon se contaminaram em todos os âmbitos. As obras dos dois não seriam as mesmas se não tivessem se encontrado”, explica o coreógrafo.
Alencar lembra que além da parceria, a estreita amizade fortaleceu a troca mútua representada nas obras dos dois artistas. “Um exemplo desta troca é o retrato de Francis Bacon feito por Deakin para um editorial da Vogue, em 1954. O fotógrafo colocou o amigo sentado e, em suas costas, um porco cortado ao meio, pendurado contra um fundo preto. As duas metades da carne do animal dão a ilusão de que o pintor possui asas. Inspirado por esta imagem criada por Deakin, Bacon pinta o retrato do Papa Inocêncio X sentado, com as mesmas asas de porco dilacerado da fotografia original”, lembra.
Em “Um Porco Sentado”, Alencar e Aspesi fazem este mesmo movimento de adaptação de uma linguagem para outra. Como Bacon que transpôs para a pintura a fotografia de Deakin, os criadores-intérpretes levam as obras dos dois artistas para uma nova linguagem: a do palco. O espetáculo foi concebido e dirigido por Roberto Alencar com a direção geral de Lúcia Romano, iluminação do premiado Domingos Quintiliano, trilha sonora de Gustavo Domingues e Cenografia de Rogério Marcondes.
SERVIÇO
“Um Porco Sentado” será apresentado de 14 a 16 de maio na Sala Cultura Inglesa do CBB (Duke of York Auditorium), Rua Ferreira de Araújo, 741, Pinheiros. Sessões: sextas e sábado às 21h e aos domingos às 19h. Ingresso: um livro novo ou usado. Duração: 50 minutos Idade: 14 anos. O teatro possui 160 lugares, acesso para portadores de necessidades especiais, ar-condicionado e o estacionamento R$ 10,00 (1a hora) e R$ 5,00 (2a hora). Informações pelo telefone 3095-4466 e pelo site http://www.culturainglesasp.com.br/festival" www.culturainglesasp.com.br/festival
O ESPETÁCULO
O estranhamento causado nos espectadores quando entram em contato com as obras dos artistas que inspiram a coreografia dão o tom ao espetáculo. Para isto, os criadores recorreram a elementos que causam distorções e deslocamentos. “Queremos que quem esteja na platéia não perceba que se tratam de corpos humanos. Para isso, buscamos máscaras, próteses, objetos e lentes que deformam os nossos corpos”, explica Alencar.
No espetáculo, quatro objetos mostrarão ao espectador uma outra característica das obras de Bacon e Deakin. Tanto nas fotografias quanto nas pinturas, há sempre elementos que demarcam “zonas de isolamento”, separando os objetos retratados. Em “Um Porco Sentado”, um armário muito apertado, uma poltrona, um balancinho usado em fisioterapia e uma moldura vitrine com rodinhas e cortinas funcionarão como estes delimitadores de espaços. Ao mesmo tempo, estes artefatos também se acoplam entre si e aos bailarinos, colaborando com a sensação de distorção dos corpos humanos.
O espetáculo será pontuado por sonoridades que remeterão os espectadores a lugares. “Fomos buscar sons que pudessem sugerir sensorialmente uma cama, um ringue de lutadores, um matadouro, rinhas de cahorros, vitrines numa calçada ou de lugares ‘invisíveis’ como a corrente sanguínea do corpo e o interior da boca ou do esôfago para compor a trilha sonora do espetáculo”, explica Roberto.
DIRETORA, CRIADOR E INTÉRPRETES
Bailarino e Ator, Roberto Alencar é integrante da Cia. Borelli de Dança desde 1999, no qual atua como bailarino e assistente de coreografia. Como intérprete desta companhia, participou de diversos espetáculos, como “Gárgulas” (Prêmio Cultura Inglesa 2004), “Kasulo” (Festival Internacional de Lima) e “Plásmica substância” (Prêmio APCA de Melhor Coreografia). Como ator, destacam-se o filme “Salve geral” (direção Sérgio Rezende), a novela “Dance, dance, dance” (TV Bandeirantes), a minissérie “Carandiru – outras histórias” direção Hector Babenco (TV Globo) e a peça “Passatempo”(direção de Renata Melo).
Após iniciar sua carreira no Balé de Brasília, Renata Aspesi seguiu para temporada na Alemanha, onde participou de espetáculos produzidos pelo diretor de teatro Peter Koettliz. De 1996 a 1998, dançou pela companhia Euro City Ballet de Charleroi, na Bélgica. Ganhou prêmios especiais em três edições do Seminário Internacional de Dança de Brasília e Prêmio Aluísio Batata, concedido pela Fundação de Cultura do Distrito Federal. Entre 2001 e 2005 trabalhou na Borelli Cia de Dança, trabalhando em montagens e ministrando oficinas e workshops nas unidades do CEU em São Paulo, SESI e SESC. Atualmente é intérprete da companhia P.U.L.T.S. Teatro Coreográfico, sob direção de Marcelo Bucoff.
Bacharel em Teoria do Teatro pela ECA-USP, com especialização em Dança Teatro (USP) e em Dance Studies (Laban Centre, em Londres), Lúcia Romano é Mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC – SP e tem Doutorado em Artes Cênicas pela ECA-USP, sobre A Criação Feminina no Teatro Contemporâneo. Estreou profissionalmente com o grupo Barca de Dionisios, do qual é fundadora. Atuou em diversos espetáculos teatrais, filmes e novelas, e foi apresentadora dos programas Telecurso 2000 e America On Line. Em 2007, recebeu o Prêmio Shell de melhor atriz. Esta foi a quarta premiação de sua carreira, que foi pontuada pela conquista dos prêmios Virtuoses/MINC (1998) e APCA, nas categorias de atriz revelação/1987 e pesquisa em linguagem cênica/1992.
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