Depois de assistir a sessão de Senhora dos Afogados, adaptação para musical de Zé Henrique da obra de Nelson Rodrigues, no Teatro Imprensa, tudo o que Adriana e Maria queriam era ir para casa descansar. Sexta-feira foi um dia daqueles no trabalho. Não imaginavam, entretanto, a noite movimentada que teriam pela frente. Quando foram buscar o carro no estacionamento, um casal de velhinhos italianos, perdidos por São Paulo, pararam para perguntar como chegar à Praça da República. Estavam perto, mas como explicar o caminho para os italianos? Maria, que adora a Itália e fala italiano, pediu para o casal esperar enquanto elas pegavam o carro. Em seguida, as duas levariam os estrangeiros até seu destino. (Para Maria, somos responsáveis por receber bem qualquer visitante em nossa cidade). Já com essa incumbência, logo outro fato mudaria o rumo das coisas novamente.
Enquanto esperavam o carro, apareceu uma cadelinha, filhote de vira-latas, mais ou menos 3 meses, linda e dócil, o olhar meigo de cachorro sem dono, fazendo a maior festa para as duas. O guardador do estacionamento sugeriu que elas seriam as melhores donas para o cãozinho sem teto: "Não, não temos a mínima condição, moramos num apartamento pequeno, trabalhamos o dia todo, o cachorro vai crescer, não podemos deixá-la sozinha em casa", argumentavam, firmes, o bichinho já grudando na perna de Adriana, pedindo colo. Ele apelava, dizendo que o filhote já tinha escolhido elas: "Vejam como ela gostou de vocês", insistia o cara do estacionamento.
Decididas a não pegar a cadelinha, Adriana e Maria entraram no carro para acompanhar o casal de italianos quando, numa fração de segundos, a vira-latinha mais linda que elas tinham visto na vida saiu correndo, atravessou a rua e quase foi atropelada, ficando entre as duas rodas de um carro que vinha passando. Não tiveram mais dúvidas. Quase enfartada, imediatamente Maria saltou do carro e pegou o animal. Se olharam: em questão de minutos tinham um casal de italianos perdidos e uma cachorrinha sem dono para cuidar.
Resolvido o problema, bem mais fácil, dos italianos, levaram para casa o bichinho, que, à vontade, deitou nos pés de Maria, no assoalho do carro. Já era tarde quando, em casa, se deram conta de que não tinham comida de cachorro. A solução foi pedir ração emprestada ao zelador, ele também um cachorreiro. Depois de alimentada, a pequena corria feliz pelo apartamento. "E agora?", pensavam as duas. Tinham que achar um dono para ela ainda no final de semana. No dia seguinte, com vários compromissos, se depararam com a primeira dificuldade: ficariam fora de casa, cada uma com seus afazeres, por cerca de três horas. Adriana fez logo o que era mais urgente: levou a cadela ao pet shop para um bom banho e algum outro cuidado especial que precisasse. Contou seu problema para os donos da loja, que logo se encantaram com a bichinha. “Quem sabe algum cliente não queira ficar com ela”, sugeriram.
Maria ficou com a missão de ir buscá-la. Quando a avistou, estava linda, de banho tomado e laço vermelho no pescoço, fazendo festa ao reconhecê-la. Para sua surpresa, uma cliente que estava na loja foi logo dizendo: “Não se preocupe, fico com ela! Impossível resistir a essa coisinha fofa!” Alegria e tristeza ao mesmo tempo. Sem olhar para trás, para não ser traída pela emoção, Maria deixou a simpática cachorrinha com sua nova dona. Em menos de 24 horas aquele bichinho fez parte da vida das duas e deixou muitas saudades.
Em tempo: No dia seguinte, na outra estreia da semana - a peça O Processo, com Tuca Andrada, direção de José Henrique, no Teatro do SESC Santana -, os olhos de Adriana, minha fiel parceira de trabalho, coordenadora da Arteplural, ficavam marejados toda vez que contava essa história. Queridas e sensíveis, duas grandes amigas minhas.
(Fernanda Teixeira)
Enquanto esperavam o carro, apareceu uma cadelinha, filhote de vira-latas, mais ou menos 3 meses, linda e dócil, o olhar meigo de cachorro sem dono, fazendo a maior festa para as duas. O guardador do estacionamento sugeriu que elas seriam as melhores donas para o cãozinho sem teto: "Não, não temos a mínima condição, moramos num apartamento pequeno, trabalhamos o dia todo, o cachorro vai crescer, não podemos deixá-la sozinha em casa", argumentavam, firmes, o bichinho já grudando na perna de Adriana, pedindo colo. Ele apelava, dizendo que o filhote já tinha escolhido elas: "Vejam como ela gostou de vocês", insistia o cara do estacionamento.
Decididas a não pegar a cadelinha, Adriana e Maria entraram no carro para acompanhar o casal de italianos quando, numa fração de segundos, a vira-latinha mais linda que elas tinham visto na vida saiu correndo, atravessou a rua e quase foi atropelada, ficando entre as duas rodas de um carro que vinha passando. Não tiveram mais dúvidas. Quase enfartada, imediatamente Maria saltou do carro e pegou o animal. Se olharam: em questão de minutos tinham um casal de italianos perdidos e uma cachorrinha sem dono para cuidar.
Resolvido o problema, bem mais fácil, dos italianos, levaram para casa o bichinho, que, à vontade, deitou nos pés de Maria, no assoalho do carro. Já era tarde quando, em casa, se deram conta de que não tinham comida de cachorro. A solução foi pedir ração emprestada ao zelador, ele também um cachorreiro. Depois de alimentada, a pequena corria feliz pelo apartamento. "E agora?", pensavam as duas. Tinham que achar um dono para ela ainda no final de semana. No dia seguinte, com vários compromissos, se depararam com a primeira dificuldade: ficariam fora de casa, cada uma com seus afazeres, por cerca de três horas. Adriana fez logo o que era mais urgente: levou a cadela ao pet shop para um bom banho e algum outro cuidado especial que precisasse. Contou seu problema para os donos da loja, que logo se encantaram com a bichinha. “Quem sabe algum cliente não queira ficar com ela”, sugeriram.
Maria ficou com a missão de ir buscá-la. Quando a avistou, estava linda, de banho tomado e laço vermelho no pescoço, fazendo festa ao reconhecê-la. Para sua surpresa, uma cliente que estava na loja foi logo dizendo: “Não se preocupe, fico com ela! Impossível resistir a essa coisinha fofa!” Alegria e tristeza ao mesmo tempo. Sem olhar para trás, para não ser traída pela emoção, Maria deixou a simpática cachorrinha com sua nova dona. Em menos de 24 horas aquele bichinho fez parte da vida das duas e deixou muitas saudades.
Em tempo: No dia seguinte, na outra estreia da semana - a peça O Processo, com Tuca Andrada, direção de José Henrique, no Teatro do SESC Santana -, os olhos de Adriana, minha fiel parceira de trabalho, coordenadora da Arteplural, ficavam marejados toda vez que contava essa história. Queridas e sensíveis, duas grandes amigas minhas.
(Fernanda Teixeira)
9 comentários:
KKKK
Pior é que nào páro de pensar na bichinha!E ainda me disseram que a nova dona queria até pagar por ela.
Pra ter uma idéia de como é fofaaa.
Linda, Fê!
Mas achei que a cadelinha ia ficar por aí....Beijos!
oi, fofa.
põe o meu blog na sua lista, tb...
www.olharesloiros.blogspot.com
bjs, MÁRIO VIANA
Que história mais linda a do cachorrinha!!! Claro que eu gostei dos italianos também, mas a cachorrinha já me conquistou.
beijão, querida.
Só duas doidas de coração bom como a dupla para fazer isso! Quem hoje em dia teria coragem pra dar carona a duas pessoas desconhecidas e levar um cachorro de rua pra casa na mesma noite?
Q lindo, Fê...!
Fe, realmente estas duas estão de parabéns! É dificil neste mundo como está dar a minima conversa para alguém na noite de São Paulo e ainda por cima levar para casa uma cachorrinha.
beijos e espero que continuem assim: puras de coração.
Esta história é muito muito boa...do tipo inesquecível!!!
JUJU
Delicioso jeito de contar essa passagem bonita da vida delas.
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