terça-feira, 2 de setembro de 2008

Londres 2012, é hoje!

As Olimpíadas acabaram. Expectadora de esportes que sou queria escrever sobre o assunto enquanto assistia a cada prova. Não deu tempo e, para não deixar o espírito olímpico esfriar, decidi fazer algumas considerações mesmo depois da chama de Pequim ter se apagado. Claro que não foi possível acompanhar tudo, mas na medida do possível acompanhei, torci, chorei, muito mesmo, até nas reprises excessivas dos vencedores de medalhas na TV. Discussões à parte sobre o desempenho de nossos atletas na China, o que mais me chama a atenção é a capacidade da grande mídia em construir heróis. Essa semana, os atletas que trouxeram medalhas foram vistos nos principais programas de TV, em capas de revistas, em matérias nos jornais. César Cielo e Maurren Maggi, medalhistas de ouro, nem se fala. Esses atletas são realmente merecedores de todas as honras, assim como a turma do vôlei de praia, de quadra, do judô, do taekwondo, da vela, da ginástica olímpica, e tantos outros anônimos. Entre tantos, dois casos me chamaram mais a atenção, que infelizmente voltaram pra casa sem alcançar o grande objetivo. Um deles é o judoca Eduardo Santos, que após perder a medalha de bronze chorou feito um bebê pedindo desculpas aos pais por não ter tido “competência” para vencer o adversário. O outro, a seleção feminina de futebol que jogou muito e que por um capricho da bola, não balançou de jeito nenhum a rede da goleira americana Hope Solo, na final contra os EUA.
A melhor do mundo, Marta, não ganha um décimo do salário dos astros do futebol masculino. A goleira da seleção feminina de futebol, Bárbara, treinou sozinha para as olimpíadas porque não tinha clube para jogar. Eduardo Santos ficou 10 anos na faixa marrom porque não tinha 1.500 reais para fazer a prova para passar para a faixa preta. Esses são só alguns exemplos de superação. Passada a euforia, a maioria dos atletas volta para o anonimato. Cielo e Maggi, que muitos brasileiros nunca tinham ouvido falar, ganharam medalhas de ouro, e como se surgissem do nada entram para a história do país. Depois do feito, os dirigentes do COB sobem ao pódio e querem sair nas fotos. O fato é que ninguém apóia antes do primeiro grande triunfo. Mas uma conquista não surge de um dia para o outro.
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Flávia Rodrigues Gomes, 14 anos, judoca, moradora da Zona Leste de São Paulo. Em sua casa, um quadro repleto de medalhas. Suas últimas principais conquistas foram o Campeonato Pan-americano de Judô realizado em Maracaibo, na Venezuela e o Campeonato Brasileiro, disputado em agosto em Salvador (BA), ambos na categoria pré-juvenil.

Flávia não tem patrocínio para treinar, não recebe salário da Federação Paulista de Judô. Até os quimonos que usa, já teve que comprar. Para bancar as viagens, a família pede doações aos vizinhos e amigos e faz rifas para arrecadar o dinheiro para as passagens e despesas da atleta.

Flávia, você tem que chegar LÁ primeiro e depois pedir ajuda!

(Adriana Balsanelli)

Um comentário:

Anônimo disse...

Pois é... e não aguento mais o povo sem assunto falando: e esse Brasil que no máximo traz bronze.
Esse Brasil, meu filho, tem outras fomes aqui que, inclusive, o impedem de ter mais destaques lá.

Flávia... infelizmente, ganhando ouro ou não, você vai ter que continuar a ser heroína. Heroína da rifa, dos favores, das doações ...