sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Ainda tem marmelada

Vou estrear este espaço falando de um assunto que lembra minha infância. Estive presente no lançamento do livro Circo Teatro – Benjamim de Oliveira e a Teatralidade Circense no Brasil, da pesquisadora Ermínia Silva, no dia 20 de agosto, numa festa emocionante no Circo Zanni, que contou com a presença de muitos artistas circenses. Alguns veteranos e outros da nova geração.

Passei minha infância e parte de adolescência no interior, numa cidade de pouco mais de três mil habitantes, onde a chegada de um circo era um dos poucos eventos culturais. Meu primeiro contato com a arte e com o teatro foi através dos espetáculos circenses. A presença do circo na cidade era motivo para reunir a família, encontrar os amigos, fazia a alegria das crianças e agitava a vida social dos mais velhos. “O circo era um domingo de sol no dia-a-dia duro da gente”.

Mas com o tempo a chegada desses artistas na cidade foi ficando cada vez mais esporádica. Lembro-me de que a última vez que eu fui ao circo já morava em São Paulo, e estava no interior passando um final de semana. Diante de meia platéia, naquela pequena lona com chão de serragem, saí do espetáculo com a estranha sensação de melancolia, como se para aqueles circenses estar ali fosse a última possibilidade de mostrar sua arte. Isso porque o picadeiro já não trazia a mesma magia. Nessa época acreditava que o circo estava em decadência. Com tantas possibilidades de diversão no cinema, na televisão e no shopping center, aqueles esquetes já não eram tão atrativos. O circo era triste! E a idéia que se tinha era de que o circo estava acabando.

Há mais ou menos três anos esse meu preconceito começou a mudar. A Cia Estável de Teatro estreou o espetáculo Auto do Circo, sobre a história do circo no Brasil. Durante o processo de montagem, a cia contou com a orientação da historiadora Ermínia Silva. A partir do Auto e da minha convivência com a Estável, conheci pessoas como a Ermínia – quarta geração de uma família de donos de circo. Desci do salto do meu preconceito, hoje acredito que o nosso desinteresse pelo circo é parecido com o nosso desinteresse pelas nossas origens, nossas raízes. Entender a importância que essa arte tem na nossa vida é valorizar a nossa identidade cultural e a construção da nossa história. Pude então entender que o circo nunca morrerá, mas pode se transformar, se apropriar de outras linguagens, sem perder a magia e encantamento do velho circo-família que conheci quando criança. Sobre o livro da Ermínia, isso é um assunto para outro post!
(Adriana Balsanelli)

Cia Estável abriu a festa com cenas do espetáculo O Auto do Circo

Ballet da Cia La Minima

Ermínia Silva em sessão de autógrafos

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Intrépida Trupe

Depois de muito pensar e produzir duas tentativas frustradas de postagem, resolvi fazer minha estréia com um misto de texto e foto. No último final de semana, fui assistir ao espetáculo METEGOL, da Intrépida Trupe. Vê-los ao vivo só comprova o que eu sempre soube: eles são realmente muito competentes. É impossível não ficar com os olhos presos nas piruetas, acrobacias e na coreografia do grupo. Fica difícil não soltar um “ooooo” a cada movimento.

Acompanhei, junto com o Fred, uma passagem de cena para a TV. A maneira com que eles trabalham nos faz ter a impressão que aquilo tudo é muito simples e divertido. A minha vontade era pedir para me pendurar naquele emaranhado de cabos e sair fazendo igual.

As fotos são desse dia. Além dos Intrépidos, as cenas mostram Cuca Lazzarotto, repórter e apresentadora do Metrópolis, em ação.

(Vanessa Fontes)




segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Por que Dudu?


Ganhei este blog da equipe da Arteplural. Já veio batizado e tenho a responsabilidade de escrever o primeiro texto. Ele é nosso. Digo "ganhei" porque aceito como um presente o desafio de compartilhar com eles - com quem convivo diariamente, num ambiente de trabalho saudável e divertido - idéias, reflexões ou simples observações do dia-a-dia.

É estimulante passar grande parte da vida dividindo o cotidiano com pessoas dedicadas, interessantes e especiais, além de talentosas. Nesse tempo, estivemos juntos em momentos mais pessoais também, alguns tristes, outros muito alegres – a morte do meu pai, que era responsável pelo nosso departamento financeiro; o nascimento do Caio, filho do Fred, as comemorações de aniversário, o "juntar" das escovas de dente e até mesmo o mecânico do carro.

Porque são bem-humorados, juntos resolveram que este espaço deveria se chamar Blog do Dudu. Dudu é o daschund, salsicha, lingüiça ou o popular Cofap que passa os dias com a gente. Nosso irriquieto cão farejador parece estar sempre alerta, procurando notícia, de uma sala à outra. Uma peste, late sem parar até perder o fôlego quando alguém chega ou sai, abana o rabo, pede colo e vira de barriga para cima pedindo cafuné. A simples presença do mascote Arlequim, nome especial para os lingüiças malhados de preto e cinza, faz o escritório respirar um clima leve e descontraído. E esse é espírito do blog. Sem modéstia, pretende ser alegre, espontâneo, brincalhão e charmoso, além de inteligente como o Dudu. Valeu, galera! Boa sorte pra gente!

Alimento para a alma

Saí do show de Cida Moreira e André Frateschi, sexta à noite, no Bixiga, com uma sensação de prazer infinito, de respirar até o fim e sentir o ar encher o peito de satisfação. Dois seres iluminados rasgando com suas vozes roucas e marcantes o ambiente underground do Teatro Ágora.

O fim de semana continuou teatral, com a Intrépida Trupe fazendo piruetas dificílimas com uma facilidade intrigante, como se estivessem flutuando no ar. Depois comprei bombons para brindar o final da temporada de A Javanesa. Agradeço Leopoldo Pacheco, Alcides Nogueira, Bel Gomes e Marcio Aurelio por todos esses anos de parceria. A noite de domingo ainda reservava surpresas agradáveis: Closer, no Teatro Augusta, e o aniversário da Macida Joachim.
(Fernanda Teixeira)