A tarde de sol quente não era
garantia alguma de que estaríamos livres de um sufoco no mar do Caribe
colombiano. A chuva do dia anterior tinha deixado o mar muito bravo. Ouço o
motor diminuir, sinal da aproximação de mais uma daquelas ondas enormes.
“Quantos metros teria?”, tento calcular para me distrair. Cerro os dedos para
me segurar firme no apoio em frente à poltrona, uma queda no mar seria o caos. Fecho
os olhos, prefiro não ver. “Ave Maria
cheia de graça....”, emendo uma oração na outra como um mantra, repetindo,
repetindo pro tempo mais rápido.
A viagem de volta da Ilha de
San Pedro de Majagua (no arquipélago San Rosario) para a cidade de Cartagena, na Colômbia, estava se
configurando uma aventura inesquecível. Sentadas nos bancos de trás, nossas
companheiras de viagem Renata e Rosa riam muito. De nervoso. Quando a lancha
atracou, todas molhadas, tivemos de trocar de roupa no banheiro da marina. Em
uma hora embarcaríamos rumo a Bogotá. Nunca fiquei tão animada com a perspectiva
de pegar um avião.
(Fernanda Teixeira)