quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Aventura e medo na lancha

“Para que santo devo rezar em situações como esta?”, pergunto para minha amiga Sandra, tentando manter a calma e o ritmo da respiração. “Não sei, para qualquer um.” Antes de esconder a cabeça no interior da capa de nylon azul, distribuída aos passageiros pelo marinheiro no começo da viagem, que só fui entender depois sua utilidade, nova enxurrada varre a lancha.
 
A tarde de sol quente não era garantia alguma de que estaríamos livres de um sufoco no mar do Caribe colombiano. A chuva do dia anterior tinha deixado o mar muito bravo. Ouço o motor diminuir, sinal da aproximação de mais uma daquelas ondas enormes. “Quantos metros teria?”, tento calcular para me distrair. Cerro os dedos para me segurar firme no apoio em frente à poltrona, uma queda no mar seria o caos. Fecho os olhos, prefiro não ver.  “Ave Maria cheia de graça....”, emendo uma oração na outra como um mantra, repetindo, repetindo pro tempo mais rápido.
 
A viagem de volta da Ilha de San Pedro de Majagua (no arquipélago San Rosario) para a cidade de Cartagena, na Colômbia, estava se configurando uma aventura inesquecível. Sentadas nos bancos de trás, nossas companheiras de viagem Renata e Rosa riam muito. De nervoso. Quando a lancha atracou, todas molhadas, tivemos de trocar de roupa no banheiro da marina. Em uma hora embarcaríamos rumo a Bogotá. Nunca fiquei tão animada com a perspectiva de pegar um avião.
 
(Fernanda Teixeira)