A atual adaptação de João Fábio Cabral para a peça “Zoológico de Vidro” (The Glass Menangery), - traduzida por aqui como “À Margem da Vida”, - sintetiza a obra com extrema competência e inclui, ao final, memórias do autor sobre visita feita à irmã alguns anos depois. A atual versão intitulada “Rosa de Vidro” está em cartaz no SESC Anchieta terceiro piso.
Tennessee teve inúmeros textos montados com enorme sucesso na Broadway e depois transformados em filmes assistidos por milhões de espectadores em todo o mundo. Os jovens possivelmente não o conheçam, pois morreu em 86 e talvez tenha sido menos remontado do que merece. A obra que serviu de modelo para a adaptação foi seu primeiro grande sucesso.
Além disso, como é autobiográfica, tem no protagonista – o próprio escritor – que por vezes faz cenas como personagem e outras como narrador, pouco comum para a década de 50. Esse aspecto a transformou em exercício de interpretação obrigatório nas escolas de teatro, muitas vezes também fora dos Estados Unidos. Não se sabe dizer se originalmente foi escrita para que ele justificasse para si mesmo, para a família ou para o público pelo fato de ter deixado mãe e irmã (anteriormente abandonadas pelo pai) viverem sozinhas sem seu apoio.
Vale ressaltar que foi escrita na década de 40, quando foi descoberto o primeiro remédio para moléstias psiquiátricas, a bipolaridade. O espetáculo dirigido por André Cortez é impecável graças às suas ótimas marcações, e direção do elenco, bem como aos irretocáveis cenário e figurinos (André Cortez), luz (Fábio Retti) e trilha (Aline Meyer). Os maravilhosos atores – todos envolvendo completamente a platéias – são: Júlia Brobow, Gilda Nomace, Tales Penteado e Ricardo Gelli.
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Maria Lúcia Candeias
Doutora em teatro pela USP
Livre Docente pela Unicamp