quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

22 de dezembro


Gente, 22 de dezembro e o trabalho ainda come solto por aqui. É um tal de entrevistar, escrever texto, atualizar site, criar notinha, sair para reunião de prospecção, editar boletim de notícias de tecnologia, enviar email das estreias teatrais de janeiro.... ufa!

Mal temos tempo de olhar para o lado, tomar um cafezinho. O bicho pegou neste final de ano, graças a Deus, que é preciso agradecer mesmo quando se tem trabalho. Trabalho gostoso e equipe unida e criativa - formada por talentos individuais, pessoas do bem, de bom coração, mente aberta, personalidade leve e divertida. Uma combinação saborosa para a receita de trajetória bem-sucedida de uma assessoria de imprensa cada vez mais comprometida com valores humanos.

A proposta é trabalhar com felicidade, mesmo nos momentos difíceis – que não são poucos - conseguindo fazer do cotidiano uma experiência mais prazerosa (ou menos dolorida) para todos. Algumas dessas lições foram aprendidas com meu pai, um cara querido por muita gente.

Ao longo dos anos, de tanto bater a cabeça, a gente vai acumulando conhecimento e sabedoria com todas as aventuras passadas. E conviver é bem difícil, sim. Mas vale experimentar essa espécie de arte onde somos aprendizes e, ao mesmo tempo, mestres. Doce ofício diário da convivência.

Bom, pessoal, arrumei 10 minutinhos para estes pensamentos, vamos encerrar o dia agora, voltando em 3 de janeiro de 2012. Lindos, aproveitem para descansar e um caminhãozinho carregado de muita energia positiva pra vocês e suas famílias!

Beijo da Fê Teixeira

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Arteplural deseja um Feliz Natal e um 2012 repleto de alegrias, saúde e muita harmonia!

 

É o que nós desejamos a você, família e amigos!

Fernanda Teixeira, Adriana Balsanelli, Douglas Picchetti, Helô Cintra, Renato Fernandes, Sandra Polaquini e Nair Teixeira.

E Dudu, nosso Cachorro!

Para cartão de natal 2012

quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Mundo das ideias


Ando pela vida prestando atenção em tudo, distraída com detalhes. Rego ideias para projetos de trabalho, viagens, simples mudanças, livros que um dia lançarei.  Embaixo do chuveiro, no balcão da loja, deitada olhando o teto. Hipnotizo-me por situações diversas, pelo jeito cuidadoso do vendedor fazer o pacote, as mãos delicadas, dobrar o produto, cortar os frios, embrulhar o presente. Deito os olhos nas imagens selecionadas e as congelo em instantes quilométricos. Prazer que poderia durar mais que os poucos minutos de seu tempo real. Saio do pensamento satisfeita, extasiada.



Ando pela vida prestando atenção no geral e apertando o desligar. Costumo não seguir nem ser seguida por nenhum carro quando estou na direção. Perco o rumo e erro o caminho algumas vezes. Músicas conduzem pensamentos para lugares desconhecidos. Retomo a trajetória sem problema, que esse mundo é muito rico em personagens e histórias para contar. Ligo o gravador e registro o que é para lembrar e esquecer.



Ando por aí sem reparar quando a faxineira troca os tapetinhos limpos da cozinha sem necessidade. Também deixo de colocar água no vaso de flores lindas. Das próximas vezes, vou colar bilhetinhos para mim mesma, que não gosto de planta morrendo. Sem falar nos comprovantes de estacionamento que a gente nunca sabe em que bolso ou lugar da bolsa guardou e acaba por confundir com extratos bancários na hora de pagar. As chaves do carro, os documentos. Meu Deus, onde estão?



Sigo vivendo assim. Os quadros da minha casa moram no chão, escovo os dentes de meu cachorro diariamente, vou ao cinema para alimentar a alma, escuto música bem alto quando acordo, leio três páginas de qualquer livro antes de dormir, danço em frente ao espelho para acalmar o coração, me escondo debaixo da mesa ou atrás de portas para surpreender quem chega, acendo a luz durante o almoço na casa de minha mãe, faço desfiles de moda com meus sobrinhos. Gosto de alcachofra, pipoca e Coca-Cola. De lugar arejado, sol, mar, praia, piscina, sorvete, de andar de avião, do mês de janeiro em São Paulo, de andar de moto e pegar onda, do calçadão de Ipanema.



Distraída e alerta, prossigo prestando atenção em pequenos prazeres cotidianos. Só não pergunte se notei a cor do sofá da sala da minha analista.



(Fernanda Teixeira)

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Em seu quarto Nelson Rodrigues, Grupo Gattu provoca amor à primeira visita



SÃO PAULO – Com 10 anos de intensas atividades, desde sempre sob a direção da culta e talentosa Eloisa Vitz,  mestra na arte paradoxal de mesclar cartesianismo  e os devaneios da paixão, o Grupo Gattu (sobrinho involuntário do tiozão  TAPA) comemora sua 11ª encenação (a quarta de textos rodriguianos com A Serpente).
Com bom conceito por parte de um setor da crítica (o mais antenado) e de um público fiel (ainda reduzido, como nos tempos heróicos do TAPA ), a jovem diretora e sua numerosa e  empenhada equipe não conseguem esconder a perplexidade. Motivo: a “classe teatral” teima em se manter alheia aos belos frutos da rotina de 30 horas semanais de preparo das técnicas teatrais a que o conjunto se impôs nesse tempo todo de caminhada.
Para enfrentar os desafios da modernidade de encenação de um texto, o Grupo continua dedicando-se  às técnicas corporais, da dança, da voz, do canto, da música, das artes plásticas e agora, para A Serpente,  também da yôga e da circense corda bamba .
Fica, então, a critério de cada um do meio teatral aliviar essa constrangedora situação, alimentada, talvez, pela serpente do ciúme para com os  eleitos das musas.
A Serpente causa taquicardia e vertigens
Nelson Rodrigues escreveu A Serpente dois anos antes de falecer, com aquela postura narrativa hiperbólica que durante toda a vida o precipitou no redemoinho das polêmicas. Os personagens rodrigueanos invariavelmente espelhavam o avesso da classe média, segundo ele, mentirosa, dissimulada, preconceituosa, de erotismo voluptuoso além das religiões e do bom senso, um poço de defeitos, enfim.

Podemos não concordar totalmente com o autor na visão apocalíptica da realidade, colocada no palco com palavras candentes, diálogos lapídeos (que remetem à natureza da pedra) e ação vertiginosa serpenteando por vários locais com a leveza do cinema. Mas temos que reconhecer, aplaudir e reverenciar seu colossal instinto cênico. Nenhum autor, desde então, conseguiu tamanha e perene façanha no imaginário do brasileiro com o mínimo de informação cultural.
Deixemos o enredo por conta das surpresas contundentes  armadas  pelo próprio autor. Podemos adiantar que a direção de Eloisa Vitz consegue a façanha de tornar aquela sucessão de corpos que se atracam (não há poesia no sexo da mente rodrigueana) em pulsante estética de grandeza trágica, apolínea. O realismo fantástico perseguido confessadamente pela diretora é emoldurado por iluminação de cores sombrias e música pesada, com um grande achado: o do cenário móvel de escadas tortuosas, que obriga os atores a representar caminhando perigosamente como se fosse em corda bamba, daí a sensação de  vertigem provocada no público.Há ainda momentos de belíssimos efeitos  dramáticos com a alternância do ritmo  dos movimentos dos  personagens em confronto físico.

No reduzido elenco, na pele de Ligia, a irmã casada virgem, brilha Daniela Rocha Rosa, de perturbadora  sensualidade e  assustadora entrega aos descaminhos eróticos, nessa que marcou a derradeira transgressora da antológica galeria  feminina rodrigueana.

Não menos intensos são os desempenhos da Eloisa Vitz (a irmã bem casada) e de Elam Lima (de Boca de Ouro, onde foi impressionante na medida da imaginação desmesurada de Nelson Rodrigues,  penúltima montagem do Gattu). Diogo Pasquim (o marido falsamente impotente) e Laura Vidotto (a empregada crioula das “ventas triunfais”) também se entregam às coreografias eróticas com aquele equilíbrio que se espera dos bons fingidores, que ambos são.
Parafraseando Maria Lúcia Candeias, nossa colega de site e a crítica mais constante nas estreias, diante do que lhe parece deslumbrante vindo de um palco:  é conhecer o Gattu e  “morrer de paixão”
SERVIÇO:
A SERPENTE / Teatro Gil Vicente (dentro da Uniban) / Avenida Rudge, 315, Campos Elíseos/ fone 3618-9014/155 lugares / sábado 21 h e domingo 20h/ R$ 30,00/ 70 minutos/ 16 anos/ até 18 de dezembro. Sobre estacionamento ao lado informar-se na portaria da  Uniban  ou pelo telefone a partir de 2 horas antes da sessão.

Por Afonso Gentil, especial para o Aplauso Brasil

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

As histórias de Regina

Perdi o medo de ir ao dentista, é fato. Não sofro mais do mal-estar em deixar alguém enfiar a mão, algodões e todos aqueles instrumentos – motorizados ou não – dentro da minha boca. Já não me apavoro com a possibilidade iminente de ter um treco, morrer asfixiada na hora de moldar, a massa entre os dentes, primeiro a parte de cima e, ufa, ainda tem a parte debaixo, aquela ânsia de vômito.

A rotina mudou quando comecei a freqüentar o consultório da Dra. Regina Hitomi, pertinho de casa, sétimo andar de um prédio da alameda Santos. Indiquei-a para vários amigos – minha professora de inglês Lica e o Douglas, da Arteplural. Porque ela trabalha com uma equipe de mulheres muito engraçadas - e com histórias sempre divertidas para contar – passei a chamá-las de “as dentistas”.

De ascendência oriental, formada pela USP, Regina é a alma do consultório, sempre bem-humorada, vai cutucando o dente e a pessoa na cadeira nem sente. Parece tudo fácil, mecânico. A verdade é que doutora Regina é fera, um capricho danado em todos os procedimentos. Louca por dentes, tem um mini museu na sala de espera, com dentaduras, moldes, instrumentos, injeções de anestesia do tempo em que eu era criança.

Provando uma obturação definitiva, outro dia me afoguei experimentando a peça que, de repente, escapou e escorreu pela garganta. Sorte a minha estar deitada e não sentada na cadeira, dei um pulo, tossi, tossi, até conseguir cuspir longe o negócio e a chavinha de parafuso, não sem antes puxar todo o ar possível a fim de evitar a morte súbita no dentista. Exagerada.

Entre as histórias interessantes que escuto na cadeira, sem poder responder, estão curiosidades como ficar sabendo que, depois da Segunda Guerra, para evitar a falência os sócios de uma indústria na Inglaterra criaram um tecido inovador, diferente de tudo o que existia até então. O negócio deu tão certo que os irmãos resolveram ganhar o mercado americano, abrindo uma filial nos Estados Unidos, em Nova York. Nascia o nylon, batizado com esse nome por conta da divisão das sílabas remeter a Nova York e Londres. Ny e Lon.

Ir ao dentista ficou interessante mesmo. Regina sempre tira da cartola a história relacionada a um de seus pacientes. Sabia que o zíper foi inventado no Japão? No começo, seus próprios criadores não botavam muita fé no sucesso, aceitação do novo produto. Temiam que fosse machucar as pessoas, pegando a pele, os pêlos. Mal sabiam eles que a YKK hoje é uma das maiores fabricantes de zíper do mundo, ainda pertencente à família Chaccur.

 
As dentistas são alegres e simpáticas. Gostam de dar e receber presentes. Assim, sempre que temos cortesias para peças de teatro, não hesito em convidá-las. Todas aceitam. Carinhosas, fazem questão de retribuir. No Inverno, Dra. Dani confeccionou de presente para mim dois lindos cachecóis, e ganhei da Regina uma planta linda.

(Fernanda Teixeira) 

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

MAIS DE VINTE ANOS DE CARREIRA MAIS DE VINTE PRÊMIOS!!!




É o caso de Gabriel Villela. A maioria deles referentes às suas em geral brilhantes encenações, como essa atual “Hécuba” de Eurípedes,mas há outros que premiam suas atuações como cenógrafo ou como figurinista. Essa amplitude de conhecimento talvez explique os fantásticos acertos dessa extraordinária tragédia grega, do século V a.C., em cartaz no Teatro Vivo, que no seu comando enche os olhos, ouvidos e o coração. Pessoas mais tocadas por essa experiência como eu, provavelmente terão momentos em que julgam estar diante de um coro grego original.

Vários motivos: coro extremamente afinado. Canções desconhecidas e bonitas, em língua diferente (não se parecem com as da Umbanda paulista), mérito também de Babaya e Ernani Maletta. Máscaras e adereços de Shicó do Mamulengo, Giovanna Vilela e José Rosa. Figurinos deslumbrantes utilizando tecidos que não se tem certeza se são africanos ou orientais (o diretor).

Como se isso fosse pouco, os atores cantores arrasam. Destacam-se aqueles que incorporam as principais personagens. Walderez de Barros continua com tudo em cima, mas a rodeiam jovens muito talentosos e promissores: é o caso de Nábia Vilela (linda, voz excelente) e Luiz Araújo que se encarregam dos filhos de Hécuba. Todos dão conta do recado incluso os menos jovens como Léo Diniz, Fernando Neves e Flávio Tolezani.

Vale destacar ainda a cenografia, assinada por Márcio Vinícius, de super bom gosto, discreta e totalmente funcional. Nota dez.

Por tudo o que foi dito, é pra lá de imperdível.

Não deixe de ver.

Maria Lúcia Candeias
                                                 Doutora em teatro pela USP
                                                 Livre Docente pela Unicamp