quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Um dia de Cats


Pneus rasgados, restos de um fogão gigante e o porta-malas de um carro abandonado. Ferro velho e quinquilharias no beco dos bichamos. Garrafas de leite espalhadas pela mesa. Caixas de Whiskas abertas. Prato cheio para felinos de todas as raças. Línguas de gato de chocolate Kopenhagen servidas em potes de ração. Para humanos lamberem os beiços. Dois olhos amarelos reluzentes sobre um fundo negro iluminado Abaixo, quatro letrinhas – C A T S.
O foyer suntuoso do Teatro Abril, na avenida Brigadeiro Luiz Antonio, recebeu bem mais de uma centena de pessoas, sendo 92 jornalistas – entre repórteres, cinegrafistas e repórteres fotográficos – na manhã e tarde da última quarta-feira, 24 de fevereiro. A entrevista coletiva do musical de Andrew Lloyd Webber movimentou muita gente – de recepcionista e seguranças a garçons, técnicos, produtores, patrocinadores, diretores e assessores. Logo cedo, banners eram pendurados na fachada e no interior do teatro, enquanto press kits e crachás preparados, assim como as comidinhas e bebidinhas.


Para alívio do batalhão de fotógrafos e cinegrafistas, a passagem de três cenas atrasou pouco. E foi perfeita. Depois, a cantora Paula Lima e os atores Saulo Vasconcelos e Sara Sarres sentaram-se ao lado dos diretores americanos Richard e Stan, da coreógrafa inglesa Marina, do presidente da Time for Fun Fernando Altério, da produtora geral Almali, do maestro Miguel Briamonte, do diretor residente Floriano e do compositor Toquinho.

Durante uma hora, responderam perguntas, encaminhadas ao microfone pelas ágeis e competentes jornalistas da Arteplural Adriana Balsanelli e Lígia Azevedo, cada uma de um lado do salão lotado pela massa de entrevistadores. Ambas se encarregaram de manter o ritmo equilibrado do evento. Coletiva terminada, algumas emissoras aproveitaram para fazer individuais com os artistas. Dentro do teatro, a Globonews preparava link com o Estúdio I, de Maria Beltrão. No fim da maratona, deu até para sentar e comer um pratinho de salada com quiche, mousse de chocolate com geléia de sobremesa. E o gosto doce porque tudo deu certo. A energia e o profissionalismo de todos conspiraram a favor. Ufa!
(Fernanda Teixeira)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Paula Lima e Toquinho em Cats


É do compositor, cantor e instrumentista Toquinho (na foto, durante ensaio) a versão para o português da super premiada adaptação de Andrew Lloyde Webber dos poemas de T S Elliot para o musical Cats (a info aqui é que Andrew compôs as cancões baseadas nas letras dos poemas do TS Eliot) que chega finalmente ao Brasil com estreia em São Paulo dia 4 de março no Teatro Abril. É o clássico que faltava no repertório da Time For Fun, responsável pelo público brasileiro ter visto aqui montagens como Les Miserables, O Fantasma da Ópera e A Bela e a Fera, entre outras superproduções.

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Paula Lima viverá a gata Grizabella e vai interpretar a célebre canção Memory (com mais de 150 versões gravadas por cantores como Barbra Streisand, Barry Manilow, José Carreras e Sarah Brightman) no musical Cats. De cara, a cantora conquistou a equipe internacional - os americanos Richard Stafford (diretor e coreógrafo) e Stan Tucker (supervisão musical) e a coreógrafa associada, a inglesa Marina Stevenson. Eles estão no Brasil ensaiando o elenco brasileiro que dará vida ao musical de Andrew Lloyd Webber que mudou a história dos musicais da Broadway e tornou-se o segundo mais visto na história da Broadway (o primeiro é O Fantasma da Ópera e o terceiro é Les Miserables).

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4. Levando em conta os ensaios e audições de Les Miserables, em 2.000, a Time Four Fun (na época CIE-Brasil) completa em 2010 dez anos com a montagem da superprodução Cats. Antes vieram Fantasma da Ópera, Les Misérables, Miss Saigon, Chicago e A Bela e a Fera. Cats já foi traduzido para dez línguas e recebeu mais de 30 prêmios, entre eles 7 Tony. Desde sua abertura em Londres, em 1981, Cats já foi apresentado em mais de 20 países e 250 cidades.

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Os brasilienses Sara Sarres (Fantasma da Ópera, Les Miserables,) e Saulo Vasconcelos (Fantasma da Ópera, A Bela e a Fera, Les Miserables) voltam a se encontrar no musical Cats. Grandes amigos, os dois artistas já protagonizaram as mais importantes superproduções originais realizadas pelas Time Four Fun aqui no Brasil – Les Miserables e O Fantasma da Ópera. Por conta disso, a dupla comemora 10 anos morando em São Paulo.

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Nuno Cobra (o guru de Ayrton Senna) é o preparador físico do artista Saulo Vasconcelos, o veterano dos musicais do teatro Abril, que fará o papel do gato líder do grupo, o sábio e benevolente Old Deuteronomy na superprodução Cats, que esreia dia 4 de março no Teatro Abril, com assinatura da Time For Fun.

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Os bastidores do Teatro Abril fervilham de criatividade. Entre os ensaios diários - das 9h30 às 18h30, um time de técnicos, incluindo figurinistas e peruqueiros, trabalha a todo vapor. Precisam dar conta da adaptação de 150 peças no figurino (entre roupas e adereços) e 64 perucas que estarão em cena na superprodução. Eles não terão folga nem no Carnaval.

(Fernanda Teixeira)

domingo, 21 de fevereiro de 2010

De tudo um pouco


Dezembro e janeiro passaram acelerados na velocidade dos jogos de inverno do Canadá. Contabilizamos dia após dia as tragédias das enchentes e quando vimos já era fevereiro. O aniversário dos 50 (como tudo aconteceu tarde na minha vida - a primeira transa, o primeiro namorado, a saída de casa - me sinto aos 40) foi uma farra, comemorado na esquina de casa, no Prestíssimo.

Amigos, amigos e amigos de todas as tribos - like always, porque gosto de misturar gente, gente querida e cheia de charme, animada, que freqüenta minha vida há um tempo. Gente que veio de fora, gente que nem pôde vir mas circula com liberdade pelo meu mundo. Amigos, poderosos estimulantes – a voz grave de Klebi cantando rock. O meu amor? Um vício, não uma droga pesada, viu Maria Rita Kehl? Aerado, com sabor de chocolate, Coca-Cola e pipoca no cinema.

De Ipanema para o Jardim Paulista, passei meu mês predileto em casa, o melhor lugar do mundo agora. Sair, só para trabalhar. De preferência, a pé, quando dá. Porque sempre tem de emendar uma reunião fora, um ensaio em algum teatro, estreia ou jantar. Quero fazer a vida perto de onde moro, conhecer o bairro, a vizinhança, os diferentes cachorros da rua. Ouvir o latido da daschund Lili, que vem da janela do 6. andar do prédio da frente, o assobio da Rosana e da Priscila.

O Carnaval chegou junto com o convite inesperado para o camarote no Sambódromo. Noite quente, especial, inesquecível. A luz colorida emanando das fantasias e do brilho dos olhos da Sandra, da Kátia, Vivi. O trabaho dos fotógrafos Marcos Ribas e Luizinho Coruja. O samba no pé do ator Cássio Scapin. A animação da atriz Ana Petta, que viajaria ao Rio no dia seguinte para assistir ao desfile das escolas cariocas. O parceiros de trabalho Almali e Mari, da t4f, levaram para a avenida os estrangeiros que estão ensaiando o musical Cats, no Teatro Abril. O ritmo da bateria entra pelos poros e ecoa forte se confundindo com a batida do coração. E a gente sai correndo atrás delas. Uma de cada escola. Na avenida, a torcida pela Mocidade (na TV, pela Unidos da Tijuca, do Rio). Perigo de se acostumar. Quem não gosta de coisa boa? No domingo, dia de ressaca boa.

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A felicidade é como a voz de Fernanda Porto ou Natalie Cole. A tranqüilidade é azul, introspectiva, silenciosa.

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Aventuras noturnas por caminhos desconhecidos
Pesadelos
Medo
Acordar na realidade
Alívio do sonho sobressaltado.

(Fernanda Teixeira)

sábado, 20 de fevereiro de 2010

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Grande Estreia!!!

Por Maria Lúcia Candeias
Doutora em teatro pela USP
Livre Docente pela Unicamp

Será que “Usufruto” é mesmo a primeira peça que Lúcia Veríssimo escreveu? Fui até olhar se ela é filha dos Veríssimos do Rio Grande do Sul (Érico ou Luiz Fernando) mas não, ela nasceu no Rio de Janeiro (pai paraibano). Sua competência como dramaturga estreante provavelmente se alicerça na sua enorme experiência como atriz de teatro, cinema e TV.

É surpreendente! Tudo se passa no interior de um apartamento ainda acabando de ser construído e que já tem dois compradores interessados: uma mulher (a própria autora) e um homem em vias de casar-se (Raphael Viana). Além do conflito imobiliário, passam a discutir posturas de vida e experiências amorosas, num papo de uma atualidade não muito comum em nossos palcos. É imperdível.

É claro que não é só o texto que agrada muito, pois a atuação dos dois é impecável, assim como a como sempre ótima direção de José Possi Neto. Também, ele é o campeão das montagens na FAAP. Basta lembrar a inesquecível “Salomé” de Oscar Wilde que não obteve nem o sucesso nem todos os prêmios que merecia, visto que foi apresentada com o chão do palco coberto de água. Caso único e muito adequado à bela leitura cênica. Isso, entre outros inúmeros acertos da brilhante carreira, como nesse “Usufruto”.

Desta vez, o cenário de Jean-Pierre Tortil é discreto, muito funcional e, como sempre, de extremo bom gosto. Os figurinos não ficam atrás e são assinados por Rebecca Beolchi. Além disso, basta dizer que a trilha sonora é da Túnica Teixeira. Quem melhor do que ela em teatro que não é musical?

Em resumo, a estréia de Lúcia é iluminada – não só pela iluminação – pelo talento do Possi e ninguém deve perder. É um arraso.