sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Nunca antes na história desse País

Depois de viajar mais que seu antecessor, desde que assumiu o cargo, fazendo propaganda de sua imagem no Exterior, o presidente do Brasil continua preocupado ao extremo com marketing pessoal e agora resolveu doar R$ 30 milhões (ou será R$ 1 bilhão?) para ajudar a reconstruir o Haiti. Tudo porque quer porque quer ter uma cadeira na ONU.

Será o benedito? E o Jardim Romano aqui em São Paulo, que vive sob as águas desde que o Verão começou, cara pálida? E São Luis do Paraitinga? E Cunha, Guararema e todas as cidades do interior de São Paulo e do País? E todos aqueles que continuam perdendo seus entes queridos em desabamentos pelo Brasil afora, em bairros e cidades? Será que não dava para fazer alguma coisa com tanto dinheiro e tirar os pobres das ruas? O bolsa-família é esmola. E receber esmola não educa ninguém. Precisamos de um plano para acabar com a miséria aqui no Brasil. Tudo bem, dá para contribuir com a força de paz no Haiti, mas essa fortuna não está sobrando por aqui, pelo que sabemos.

A esquerda não está no poder no Brasil. A situação há muito deixou de ser de esquerda. Não é de esquerda, nem direita. Está no meio do caminho, no centro mesmo. Por falar nisso, cabe aqui reproduzir, com a devida citação da fonte, evidentemente, artigo de Ferreira Gullar, publicado na edição de domingo passado, dia 25 de janeiro, no jornal Folha de S. Paulo. Ele é mais uma prova de que o presidente não comunga com a esquerda há tempos.

De esquerda era o poeta maranhense que escreveu o artigo abaixo. Presidente do Centro Popular de Cultura (CPC) da União Nacional dos Estudantes (UNE), foi filiado ao Partido Comunista na época do golpe militar de 1964. Fundador do Grupo Opinião, ao lado de Oduvaldo Vianna Filho, foi preso quando o AI 5 foi promulgado. Nesses dias, sim, existia direita e esquerda, burguesia e proletariado. Hoje não tem mais direita, esquerda. As ideologias ficaram no passado. Ou alguém ainda tem a ingenuidade de acreditar no contrário?

(Fernanda Teixeira)
***
Uns mentem, outros deliram

Por Ferreira Gullar

Lula está convencido do papel que a História
lhe teria destinado; parece personagem de Gogol

"Seria simplificação excessiva dividir os políticos em duas categorias distintas: a dos honestos, sinceros, imbuídos de espírito público, e a dos desonestos, mentirosos e voltados apenas para seus próprios interesses: enfim, anjos de um lado e demônios, do outro. Sabemos que não é assim, e alguns escândalos ocorridos há pouco, no Congresso e fora dele, deixaram isso bem claro. Daí sermos levados a considerar que, queiramos ou não, o mundo político tem características peculiares que, se não nos devem levar a abrir mão das exigências éticas no comportamento de qualquer cidadão, ensinam-nos a admitir uma margem de tolerância que permita ao transviado arrepender-se e corrigir-se, mesmo porque todos nós estamos sujeitos, vez por outra, a pisar na bola.

É certo que há erros e erros e, como se sabe, se errar é humano, persistir no erro é indesculpável. E, infelizmente, em nosso universo político, há muitos que não apenas erram e persistem, como abusam da tolerância alheia.Os valores éticos não podem ser relativizados, é claro, mas o desvio será tanto mais grave quanto mais importante for o lugar que ocupe o infrator no âmbito da sociedade. Por exemplo, o suborno é inaceitável, seja praticado por quem for, mas será certamente mais grave se quem o praticar for o governador do Distrito Federal ou um senador da República. Não será menos grave se tratar de um ministro de Estado e, mais grave ainda, se for o presidente da República. Este, então, por sua condição de chefe de Estado, está obrigado a seguir com rigor e transparência todas as normas éticas e constitucionais.

Pois bem, mentir não é pecado apenas perante Deus, mas igualmente perante os cidadãos. Há um tipo de político para quem isso não tem importância, desde que contribua para manter seu prestígio ou a governabilidade. Há mesmo aqueles que garantem serem mentirosas as acusações verdadeiras que lhes são feitas, atribuindo-as aos adversários políticos ou à imprensa. Eles têm consciência de que a maioria da opinião pública sabe que mentem, mas estão se lixando para ela, já que os seus currais eleitorais só acreditam no que eles dizem e sempre votarão neles. O resultado é que importa, o pragmatismo está acima da ética.E não é isso que fazem tantos políticos e, entre eles, Lula e seu partido?

Todo mundo sabe que eles se opuseram ferozmente à política econômica do governo anterior, chegando Lula a afirmar que o Plano Real era um golpe eleitoral que não duraria seis meses; que a Lei de Responsabilidade Fiscal era uma farsa e o Proer, um pretexto para dar dinheiro a banqueiros. No entanto, desde o primeiro dia de seu governo, Lula aplica essas medidas que combateu, sem jamais dizer que as herdou do governo passado. Pelo contrário, sua turma afirma que FHC lhes deixou uma herança maldita, quando, na verdade, a inflação de 2002 foi provocada pela possível vitória de Lula, que assustava os investidores. E, como se não bastasse, não hesitam em dizer que a oposição não tem programa de governo, sabendo que se apropriaram dele, uma vez que ostentam, como seu, o programa que era do governo anterior.

Deve-se reconhecer que ter seguido a política econômica que dera certo foi uma decisão correta do governo Lula, mas como admitir que governa apoiado nas medidas que, se dependesse dele e seu partido, jamais teriam sido adotadas? Não o admite porque seria aceitar que deve grande parte de seu êxito ao adversário, o que desarmaria a tese segundo a qual ele, Lula, não é apenas mais um presidente que o povo elegeu, e, sim, o único, até hoje eleito, que efetivamente o representa.

Essa convicção não se baseia em argumentos lógicos e, sim, numa visão mistificada, segundo a qual, depois de séculos, um filho do povo, nascido na pobreza, derrotou os ricos e tomou-lhes o poder. Por essa razão, o próprio Lula considera-se um predestinado. Não por acaso, em seus discursos, ele sempre afirma: "Nunca antes na história deste país...". E quer anular tanto o TCU quanto a imprensa, já que um predestinado não pode ser nem fiscalizado nem criticado.Por isso mesmo, não diria que ele é um mentiroso nem um farsante, já que está convencido do papel que a História lhe teria destinado. Lembra-me aquele personagem de Gogol que, chegando à província, foi tomado equivocadamente como o inspetor geral a serviço do czar e passou então a agir como tal, certo de que era o que não era. Lula, como aquele personagem, pode acordar dessa ilusão, em 2010, quando o verdadeiro inspetor chegar à cidade. Ou não."

Nada pode ser pior que estar soterrado

Por Douglas Picchetti

Eu sempre peço para, depois de morto, ser cremado ou jogado no mar. Minha família e meus amigos já sabem - quem não souber, fique sabendo agora. Um dos maiores medos da minha vida é acordar vivo num caixão. Deus me livre, já imaginaram? Sem água, sem comida, sem poder me mexer, e o pior de tudo: sem sono, para poder dormir por horas e horas. Seria impossível se levantar, virar de lado ou deitar de bruços.

É exatamente nesse pesadelo que estão vivendo milhares de haitianos agora. Ainda existem corpos soterrados pelos escombros e todos os dias alguém é resgatado com vida, ou pelo menos consciente. Trauma eterno. O pior de tudo, além da dor insuportável, é não saber o que aconteceu. Imaginem só: você estava fazendo compras, andando pela rua, levando seu cão para passear e, de repente, BUM: acorda soterrado, com outra visão, em outro universo e sem ninguém pra te contar nada. A hipótese de que aconteceu um terremoto gravíssimo, que abalou as estruturas do mundo inteiro – inclusive as emocionais – e que exista uma equipe à procura de desaparecidos até hoje, dezessete dias após o desastre, nem deve passar pela cabeça da vítima.

Eu não costumo me abalar com tragédias, mas essa me agonizou, principalmente pelo meu medo de ser enterrado vivo. Nessas condições, eu certamente prenderia a respiração e pronto! Acabaria logo com a tortura.Agora, se mesmo sabendo do meu medo, quiserem teimar e me enterrar, não poderei me defender. Mas, por favor: coloquem uma campainha no meu caixão ou me enterrem numa super casinha, cheia de comidas, água e um depósito bonitinho para fazer as necessidades. Se não eu ficarei muito, mas muito chateado.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Urban Manners 2 - Artistas Contemporâneos da Índia - Exposição no Sesc Pompeia


O repórter Cunha Jr, do programa Metrópolis, da TV Cultura, entrevistou alguns dos artistas da exposição, como a dupla Tukral & Tagra (acima), que falou perto de seu obra, Now in Your Neighborhood (2008), uma escultura gigante de um dinossauro cor-de-rosa feito de garrafas plásticas. O dinossauro incorpora a estética conscientemente lúdica da dupla de artistas, ao mesmo tempo em que aborda assuntos reais sobre desperdício e excesso de produção.
Abaixo, a fotógrafa Anne (abaixo), mulher do famoso fotógrafo indiano falecido em 1999, Raghubir Singh, cuja obra é uma série de fotos surpreendentes. O artista elaborou surpreendentes imagens nas quais as cores parecem incorporar a forma que oferece a beleza total de seu país. Seu uso altamente sensível de cor e de estruturas complexas de imagens, estende uma ponte entre as tradições pictóricas ocidentais e indianas, ainda assim permanecendo unicamente indiana.
As fotos, feitas pelo celular, são de Adriana Balsanelli.





Duas que vale conferir


Por Maria Lúcia Candeias
Doutora em teatro pela USP
Livre Docente pela Unicamp

A Cia de Teatro Encena vinha apresentando sempre montagens com textos experimentais, colocando o ponto de vista dos jovens de agora em contraposição à visão dos atuais coroas. Desta vez mudou de foco encenando ninguém menos que Jorge de Andrade, autor paulista, que, em “Os Ossos do Barão”, analisa os efeitos da crise de 29, que empobreceu os donos de fazenda e de cujos efeitos foi possível se salvar graças ao café e à imigração italiana.

Dois interesses a princípio antagônicos, mas que acabam se compondo como é hábito em nosso país pouco afeito a guerras, apesar de ter participado de algumas e criado revoluções mais ou menos localizadas. Talvez esse seja o foco que o grupo defende e enfatiza, pois é com o qual conta com a empatia da platéia. Há interesse do público do começo ao fim, inclusive rindo nas partes cômicas.

Pessoas acostumadas a assistir famílias de alta estirpe em cena, provavelmente estranharão a simplicidade de cenário (Jorge Jacques) e figurinos (Walter Lins), os quais muitas vezes parecem mais próximos do experimentalismo que até hoje caracterizou o grupo. São detalhes que não impedem a apreciação da obra, mas podem chamar a atenção de espectadores muito exigentes.

O elenco, composto por dez atores, não é inteiramente regular, mas dá conta do recado, especialmente na primeira parte, tendo como destaque Orias Elias - que também assina a direção do espetáculo - no papel do fazendeiro. Uma peça bastante otimista em contraste com tantas pessimistas, a maior parte das quais vindas de fora. Além do que trás para a cena uma das obras primas da dramaturgia paulista. Vale conferir.

Na corrente oposta está Roberto Lage que reestreou “Teatro Para Pássaros” no Teatro Sérgio Cardoso, desta vez fazendo montagem experimental. O texto é de Daniel Veronese, um dos argentinos mais premiados em seu país, já conhecido nas Américas e que nunca tinha sido montado por aqui.

É um espetáculo extremamente instigante: a primeira impressão é de que se trata de uma peça do absurdo, mas com uma característica nova, apresentando o absurdo que sempre se caracterizou pela falência da razão nas relações afetivas. A segunda impressão é a de que é de um autor que considera a juventude absurda. A terceira é a de que se trata de uma crítica à juventude brasileira, pois o país é muitas vezes citado nominalmente. Será?

Vale assistir porque mexe com a gente e o elenco (Ana Fuser, Bete Correia, Daniel Gaggini, Flávia Tonalesi , Luciana Rossi e Mário Condor) é maravilhoso, a direção com ritmo impecável de Lage, assim como ótimos cenário (Rodrigo Paz) e figurinos (Ed Mendes e Luiz Parisi).

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Antunes Virou Dramaturgo


Por Maria Lúcia Candeias
Doutora em teatro pela USP
Livre Docente pela Unicamp

Mais que premiado e consagrado encenador brasileiro, Antunes Filho estreou na dramaturgia com a peça “Lamartine Babo” e se saiu muito bem. Não foi pesquisar minuciosamente a vida do grande compositor popular (1908/1963) de sucessos eternos como “Eu Sonhei que Tu Estavas Tão Linda”, “O Teu Cabelo Não Nega”, “Linda Morena”.

Isso entre inúmeras outras, inclusive em parceria com campeões como Noel Rosa (“Último Desejo”), bem como com os campeões de futebol, principalmente do Rio, para os quais escreveu hinos como “uma vez flamengo, flamengo até morrer”. Compôs também para um time gaúcho, entre outros. Mas é como sambista e mestre das marchinhas que está enfocado no ótimo texto curto.

Como não poderia deixar de ser, trata-se de um excelente musical com a maior parte do elenco se apresentando em coro e cantando lindamente sob direção de Fernanda Maia. E não é à toa, pois foi ela, juntamente com Zé Henrique da Paula, quem primeiro transformou “Senhora dos Afogados”, de Nelson Rodrigues, em teatro musicado. É imperdível. Mesmo sem a direção de Antunes que confiou a tarefa a Emerson Danesi, que deu bem conta do recado. Coisas do CPT (Centro de Pesquisas Teatrais do Sesc Consolação) ,que tem formado bons profissionais.

Vale destacar que todos esses acertos se devem, sem dúvidas, à impecável interpretação do elenco que traz nos papéis centrais Sad Medeiros, Adriano Bolsch e, especialmente, Marcos de Andrade, que faz um Silverinha (ou seria um Lamartine?) com perfeição. Aliás, Marcos de Andrade também está arrasando em “A Falecida Vapt Vupt”, onde aparece com outros ótimos parceiros Geraldo Mário e Lee Taylor. Eles dão vida aos papéis centrais da peça de Nelson Rodrigues que, dirigida por Antunes, se passa num bar, com texto bem curto como indica o nome da montagem.

São duas reestréias imperdíveis: A Falecida nos finais de semana e Lamartine –que indico com mais entusiasmo - às quintas-feiras.

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Convencional Imperdível


Neil Simon é o autor mais bem sucedido da Broadway. É claro que quem só gosta dos experimentais, off e off off Broadway, não o valoriza tanto assim e até chama suas peças de teatrão.

Mesmo nesse caso, talvez não devesse deixar de ir ao teatro Folha para assistir “Estranho Casal”, ainda que já tenha visto no cinema ou no teatro. A direção de Celso Nunes é perfeita e não é à toa. Afinal o grupo do Celso, o “Pessoal do Vitor”, ficou famoso nos anos 70, pois foi dos primeiros a montar texto surrealista. Esteve na vanguarda dos anos 70 e hoje, como todos nós com o tempo, ficou mais convencional, quando as inovações são incorporadas por todos. Além da brilhante carreira de encenador, foi quem fundou o Departamento de Artes Cênicas da Unicamp.

A montagem conta ainda com o apoio da cenografia de José Dias um dos melhores do país, assim como o iluminador Paulo César Medeiros e conta com ótimos dos figurinos de Ney Madeira. Seu trunfo maior, são os maravilhosos atores entre os quais destacam-se Carmo Dalla Vecchia, Edison Fieschi, e Marcelo Várzea. O objetivo é mostrar ao espectador que não importa a sexualidade dos envolvidos, nem o tipo de relacionamento, seja amizade, família ou casamento, morar junto é muito difícil. Se você precisa ver para crer não perca, se concorda com as teses vá para se divertir muito.

Por Maria Lúcia Candeias
Doutora em teatro pela USP
Livre Docente pela Unicamp

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Cariocas, o melhor assunto dessa crônica

Dezembro passa rápido. Nem bem atravessamos incólumes o clima emotivo estressante do Natal, pimba!, acordamos em 2010 achando tudo diferente. Entre os dois, a brisa light do Réveillon. Na casa da Flávia, a doce e amada prima veterinária resgatada há alguns anos para todo o sempre, vislumbramos o brilho dos fogos riscando o céu negro. Thanks always for your love e deliciosa recepção para a "paulistada" na virada.

Abençoada pela meia lua, o barulho das ondas, a vista do Morro Dois Irmãos bem pertinho e a presença acolhedora do Cristo Redentor, fizemos festa dos sonhos com direito à paisagem privilegiada. Amigas cariocas – sim, elas são a fina flor de um tipo de gente generosa e cheia de atenção com visitantes -, agradeço pela hospitalidade e carinho. Vocês fazem o Rio ficar ainda mais especial (deixa minha alma tranquila saber que Flávia está rodeada de gente boa).

De volta a São Paulo, casa nova, vizinhos novos, o janeiro sempre esperado, promissor, gosto de quero mais, apesar da mesma rinite de todo começo de ano. Penso só ter inferno astral nos primeiros cinco minutos do dia em que nasci. O calor do verão mostra suas unhas afiadas. Não anda nada fácil dormir ultimamente. Mesmo assim, é a estação preferida. Pouca roupa, sensação de oxigênio com aroma de lavanda, os fins de tarde convidativos - e meu amor sempre por perto. E Dudu, olhos amedoados, minha sombra.

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Demorei a retomar as crônicas tamanha avalanche de notícia triste. Confesso ter ficado abalada. As mesmas enchentes de todos os anos, as catástrofes, a dor, a miséria, a fome. Sei lá, a gente fica mal. Já se foi o tempo em que falavam que, "apesar dos políticos, pelo menos, no Brasil a gente não tinha catástrofes naturais, como vulcões, maremotos, tsunamis, furacões". Agora, além dos políticos, já temos o que faltava. Com isso, chegamos no 1. mundo – pela porta dos fundos.

Enquanto cada vez mais o mundo cria sistemas de alerta para prevenir a população contra a ação devastadora dessas forças da natureza -, aqui no Brasil continuamos nas trevas. E olhe que os cientistas brazucas garantem termos a tecnologia necessária para tomar as providências. Para eles, agora é só integrar essa ferramenta com a ação humana. O quanto antes, cara.

Do contrário, tragédias como as enchentes que assolaram cidades do Brasil na virada de 2010 vão continuar matando muita gente. Pobres e ricos. E os gestores, homens do poder público, continuam a culpar uns aos outros (independente de partido, deixo claro que não vou usar o espaço aqui para falar de ninguém em especial), e sempre a administração passada etc e tal. Enche, não tenho mais saco para políticos. Cansei de todas as ideologias. Que ideologias, cara pálida?

Pagamos impostos e queremos viver sem medo da casa cair em cima de nossas cabeças, soterrar nossos filhos, despencar morro abaixo, matando enlameadas nossas famílias, queimando sonhos, sonhos, sonhos. Não consigo dormir, fico pensando que o pedido de todo ano novo na virada teria de ser um só para todas as pessoas. Como se o povo fosse às ruas, com energia, para exigir o mínimo: que apareçam grupos de políticos honestos e com força para acabar com a corrupção generalizada e fazer algo por todos os brasileiros, ricos e pobres. Enquanto morremos afogados pela força das águas, eles escondem dinheiro nas meias, elaboram estratégias mirabolantes para a próxima eleição, na mente sempre o que pode angariar mais votos. Nada a fazer. Populismo é isso.

Eles têm o dever cívico de soltar o dinheiro das propinas para acudir esse povo, ta tanta gente que precisa ter suas casas novamente, reconstruir suas cidades, suas identidades, referências, seus planos, catar os caquinhos. É hora dos governos agirem para ajudar essas pessoas. De nada adianta fazer Olimpíada e Copa do Mundo aqui. Ou o presidente ser escolhido personalidade do ano pelo presidente francês. Sabemos que a visão que os outros países têm dele não é real. Foi plantada nas inúmeras viagens desde a posse. O clipping impresso do nosso presidente deve encher salas e salas. Mas será que a palavra Brasil também?

É tempo ainda de fazer alguma coisa na Educação para que, pelo menos, essas tragédias possam ser minimizadas, se não prevenidas. Só com Educação teremos instrumentos para formar opinião e sair dessa santa ignorância de achar que ganhar esmola é o melhor que pode acontecer na vida de cada um. Desejos vão mais longe. Abaixo a apologia da ignorância. Pobre também quer estudar e melhorar de vida.
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Nos 10 dias do novo ano, a Arteplural trabalhou a estreia de cinco espetáculos - sendo uma reestreia. O sexto está a caminho. 2010 promete novidades, planos que desejamos concretizar para continuar dando cada vez mais trabalho digno às pessoas. Esse é um dos combustíveis de minha vida. Quero passar dos 80 fazendo planos, projetos, sempre projetos, como Baudelaire escreveu.

Depois do Manhattan Connection, na primeira tentativa de dormir, noite passada, desliguei a TV quando Fernanda Young tentava entrevistar Marcelo Tas. Muito chato, centrado na apresentadora e sua vida pessoal, com inserts de cenas em sua casa, seus filhos. Egotrip total. O nome do programa deveria ser mudado para "Irritando o telespectador".

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Enquanto isso, leio na Folha que o governo quer reeditar plano sem referência a torturadores. O presidente terá de administrar o confronto entre os que atacam o Programa Nacional dos Direitos Humanos (liderados pelo ministro Nelson Jobim) e os que defendem a apuração dos crimes dos militares, capitaneados pelos familiares de desaparecidos.

"O governo estuda a exclusão da expressão "repressão política" do Programa Nacional de Direitos Humanos para acabar com os conflitos gerados pelo decreto", informa a colunista Eliane Cantanhêde na Folha de ontem. "O texto passaria a prever a investigação da violação aos direitos humanos na ditadura, sem especificar se dos militares ou da esquerda. A proposta é do ministro Nelson Jobim (Defesa) e poderá ser aceita por Paulo Vannuchi (Direitos Humanos).

Fora o calor, dá para dormir com um barulho desses?

(Fernanda Teixeira)

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

Os Ossos do Barão estreia no Ruth Escobar



O imigrante italiano Egisto Ghirotto, ex-empregado da fazenda do Barão de Jaraguá, enriqueceu com a Revolução Industrial em São Paulo e tornou-se proprietário de tudo que pertenceu ao Barão no passado (inclusive os ossos e sua cripta mortuária). Apesar de rico e dono de tantos bens, Egisto está descontente por não possuir qualquer título de nobreza. Seu sonho, portanto, é concretizar o casamento de seu filho Martino com Isabel, bisneta do Barão de Jaraguá. Em busca desse sonho, Egisto põe um plano em prática, visando a atrair a família de Isabel para uma armadilha que envolve os ossos do barão.

A comédia - escrita por um dos mais importantes autores de teatro do Brasil - já teve adaptações para TV e resgata o período de mobilidade social e industrialização, resultado da grande crise econômica de 1929. Décima terceira montagem da Cia Encena, a peça tem cenário, assinado por Jorge Jacques, ex-integrante dos Satyros e conta com a participação especial de vários atores veteranos como Débora Muniz, musa do cinema nacional e uma das atrizes do filme Encarnação do Demônio, de Zé do Caixão.

OS OSSOS DO BARÃO, de Jorge Andrade, estreia 8 de janeiro de 2010 no Teatro Ruth Escobar. Sextas e sábados às 21 horas e domingos às 19 horas. Direção: Orias Elias. Co-Direção: Walter Lins. Elenco: Cadú Camargo, Daniella Murias, Débora Muniz, Dora Coppola, Jacintho Camarotho, Lourdes Bastos, Orias Elias, Roberto Francisco, Sylvia Malena e Zulhie Vieira. Figurino e Trilha Sonora: Walter Lins. Cenografia: Jorge Jacques. Luz: Orias Elias. Temporada: até 30 de março de 2010. Faixa etária: 12 anos. Duração: 90 minutos. Capacidade: 390 pessoas.


TEATRO RUTH ESCOBAR – Sala Dina Sfat. Rua dos Ingleses, 209 – Bela Vista. Telefone: 3289-2358. Possui acesso para deficientes. Estacionamento: Sistema Valet.

Festival de Comédias com Eduardo Martini

O público poderá conferir a versatilidade do ator, autor e diretor Eduardo Martini, em quatro espetáculos por semana, de quinta a domingo, no Festival de Comédias, no Teatro União Cultural. Entre as peças, está a inédita As 10 Maneiras Incríveis de Como Destruir seu Casamento.

As 10 Maneiras Incríveis de Destruir seu Casamento - Estreia
Com direção de Eduardo Martini e texto de Sergio Abritta, o espetáculo estreia no Festival de Comédias. No palco, Eduardo Martini, Luciana Riccio, Vivi Alfano e Bruno Albertini se revezam em 31 personagens que desfilarão toda sua complexidade num espetáculo divertido e multimídia. Em dez cenas, a peça mostra dez maneiras inusitadas e diferentes de como pôr um ponto final no casamento.

Estreia dia 7 de janeiro, quinta, às 21h. Texto: Sergio Abritta. Direção: Eduardo Martini. Elenco: Eduardo Martini, Luciana Riccio, Vivi Alfano e Bruno Albertini. Indicação etária - 14 anos. Duração: 90 minutos. Temporada – Quintas, às 21 horas. Até 28 de janeiro.

I Love Neide
Com texto de Marcelo Saback e Pablo Diego e direção de Clarisse Abujamra, a peça acompanha a trajetória de Neide Boa Sorte, uma psicóloga que destila o seu (mau) humor quando trata de assuntos como a sinceridade feminina, casamento, família, comportamento etc. Desde o encontro com seu futuro marido, Waldisney (batizado assim em homenagem a Walt Disney), suas consultas como psicóloga, sua hilária viagem a Salvador, onde por acidente vai parar no trio elétrico de Carlinhos Brown até a descoberta de seus talentos como radialista e conselheira, além de sua experiência surreal em uma rave.

Reestreia dia 8 de janeiro, sexta-feira, às 21h. Texto - Marcelo Saback e Pablo Diego. Direção - Clarisse Abujamra. Com – Eduardo Martini. Indicação etária - 14 anos. Duração – 90 minutos. Temporada – Sextas, às 21 horas. Até 29 de janeiro.

Até que o Casamento nos Separe
O ator divide a direção e dramaturgia com Cris Nicolucci na peça que conta a história de um casal que está junto há 20 anos. Eduardo Martini e Vivi Alfano são Otávio e Maria Eduarda que, com a maior sinceridade, abrem sua vida, cheia de comédia, contrapontos e riqueza de detalhes.

Reestreia dia 9 de janeiro, sábado, às 21h. Direção e Texto – Eduardo Martini e Cris Nicolucci. Elenco – Eduardo Martini e Vivi Alfano. Duração – 80 minutos. Indicação etária - 14 anos. Temporada – Sábados, às 21 horas. Até 30 de janeiro.

Na Medida do Possível
Com direção de Marcelo Saback, o texto de João Batista, Léo Jaime e Carlos Góes, trata da crise dos homens de 40 anos. Eduardo Martini é Adamastor, que, em quatro quadros, dá vida a um homem solteiro, casado, viúvo e separado. O espetáculo é uma resposta bem-humorada aos livros, peças e filmes sobre o universo feminino. Em tom de comédia, a peça enfoca a sensibilidade masculina e os preconceitos que a sociedade ainda tem.

Reestreia dia 10 de janeiro, domingo, às 19h30. Direção - Marcelo Saback. Texto - João Batista, Léo Jaime e Carlos Góes. Com Eduardo Martini. Indicação etária - 14 anos. Duração – 70 minutos. Temporada – Domingos, às 19h30. Até 31 de janeiro.

Teatro União Cultural – Rua Mario Amaral, 209. Paraíso. Telefone 2148 2900 / 2148 2904. Capacidade: 262 lugares. Horário de funcionamento da bilheteria: de terça a domingo, das 14h às 22 horas. Aceita os cartões: Visa, Máster e Diners. Possui acesso para deficientes e ar condicionado. Estacionamento conveniado na Rua Teixeira da Silva, 560 a R$10,00.

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Convite Os Suburbanos


Depois de 5 anos em cartaz e mais de meio milhão de espectadores no Rio de Janeiro, a comédia Os Suburbanos estreia em São Paulo dia 8 de janeiro, sexta, às 21h30 no Teatro das Artes, no Shopping Eldorado. Com direção e texto de Rodrigo Sant´Anna - o Dodô da Turma do Didi -, a peça é composta de 6 esquetes e retrata o comportamento, peculiaridades e maneirismos dos moradores das periferias brasileiras.
VOCÊ É NOSSO CONVIDADO! Quem quiser ir, com mais um acompanhante, por favor envie email para imprensa@artepluralweb.com.br